No Brasil, discussão sobre o uso da maconha está longe de chegar a um consenso.
Câmara analisa dois projetos de lei que propõem a legalização da maconha. A Califórnia foi o primeiro estado norte-americano que regulamentou o uso medicinal da planta. O repórter João Arnolfo foi até lá para conferir como este sistema funciona. Você vai conhecer uma médica que há 15 anos trata as pessoas com maconha e um paciente que planta o próprio remédio. Confira agora o primeiro capítulo.
Câmara analisa dois projetos de lei que propõem a legalização da maconha. A Califórnia foi o primeiro estado norte-americano que regulamentou o uso medicinal da planta. O repórter João Arnolfo foi até lá para conferir como este sistema funciona. Você vai conhecer uma médica que há 15 anos trata as pessoas com maconha e um paciente que planta o próprio remédio. Confira agora o primeiro capítulo.
Há 200 anos, médicos ingleses descobriram que na Índia e no Tibete era comum o uso da planta da maconha como remédio.
Aqui, no ocidente, até os anos 1950, farmácias vendiam pomadas e remédios à base dacannabis, nome científico da planta.
A partir de 1970, países como o Brasil atenderam ao governo norte-americano, proibindo o uso e o cultivo.
Duas décadas depois, a proibição da cannabis como medicamento foi derrubada pelos eleitores americanos.
Desde 1996, quando eles legalizaram o uso medicinal da maconha na Califórnia, dezenas de médicos passaram a se dedicar ao atendimento de pacientes que gostariam de usar acannabis no lugar de outros remédios.
A doutora Hanya Barth ficou famosa em San Francisco com sua clínica que recomenda maconha.
Ela conta que os primeiros pacientes começaram a aparecer 15 anos atrás. Hoje, acannabis ajuda a combater, dores, ansiedade, depressão e até o mal de Parkinson.
“About 15 years ago I saw my first patients who came specifically for me to evaluate them for medical marijuana. I didn´t know much about it and they taught me so much... One patient after another was telling me how the marijuana helped them. Whether it helped them with backpain, anxiety, back pain, depression, with Parkinson disease… so such a huge variety of ways in which marijuana supported people´s health, mentally and physically.”
[TRADUÇÃO] – “Há uns 15 anos eu vi chegarem os primeiros pacientes vindos especificamente para avaliar o uso de maconha medicinal. Eu não sabia muito sobre isso e eles me ensinaram muito. Um paciente após o outro me falou como a maconha os ajudou, como ela ajudou com as dores nas costas, ansiedade, depressão, mal de Parkinson. Assim como uma enorme variedade de maneiras nas quais a marijuana ajudou a saúde das pessoas, mental e fisicamente."
"What I can say is that ten years ago people was resistant to come to me, they were worried about the stigma attached to using marijuana, that is not so true anymore as it was then.”
[TRADUÇÃO] – "O que eu posso dizer é que dez anos atrás as pessoas eram resistentes a me procurar, eles se preocupavam sobre o estigma do uso da maconha, o que não é mais tão verdadeiro como já foi."
O paciente James Loch recebeu de seu médico a recomendação para usar maconha medicinal.
Ele sofre de dores crônicas, por causa de um acidente que o deixou com pinos de metal na perna.
Em vez de comprar, ele planta sua própria maconha medicinal, para consumo próprio e de sua família - tudo dentro da lei.
Ele conta que decidiu plantar por causa do preço e da qualidade.
“I grow it, because of the price. And I could grow better marijuana than I could by.”
[TRADUÇÃO] – "Eu cultivo a maconha por causa do preço. Eu posso produzir melhor marijuana do que a que eu posso comprar."
James Loch usa a droga para aliviar as dores e conta que a cannabis reduz a pressão e o deixa relaxado.
“I use it for extensive pain I have in my leg, it relieves pain and also relieves a lot of tensions there in my leg. I get optic migraine headaches, from when i hit my head in the pavement a few times, it helps to relieve that, i've been told by doctors that's you know is very helpful, so these things and along with a few other things you know, and it definitively relax me and lowers my blood pressure too.”
[TRADUÇÃO] – "Eu uso por causa de uma dor constante em minha perna, ela alivia a dor e também alivia as tensões na perna. Eu tenho dores de cabeça que migram de lugar, em razão de várias pancadas que levei no pavimento, e a maconha alivia essas dores também, bem como me relaxa e baixa minha pressão sanguínea também."
James tem permissão do governo da Califórnia, extensiva para a mulher e o filho, e cultiva até duas vezes o consumo dele e da família.
“It is for me because I have a California growing permit, a license, and my wife has a license and the son also, so we're able to grow enough to provide for (the whole family?) Yes, yes. And actually this is just... Probably I can grow twice as much or more, we try not to be abusive at all with the situation."
[TRADUÇÃO] – "É assim para mim porque eu tenho uma licença da Califórnia para cultivar a planta, e minha mulher e meu filho também, assim nós podemos plantar bastante para prover toda a família. Eu conseguiria plantar duas vezes ou mais, mas nós tentamos não abusar da situação."
Cada vez mais gente na Califórnia troca remédios de farmácia pela planta caseira.
A experiência norte-americana tem impacto no resto do mundo - inclusive no Brasil, onde o Congresso já entrou no debate.
O deputado Domingos Dutra, do Pros do Maranhão, lembra que outros países também liberaram o uso medicinal da maconha.
"Hoje, no mundo inteiro, governos descobrem que melhor forma de combater o narcotráfico pode ser encontrada na liberação esse caminho... A Suécia liberou, Portugal, Uruguai acaba de liberar e nos EUA quase todos os estado liberaram... Portanto, o Brasil tem que entrar nesse debate.”
Já o deputado Darcísio Perondi, do PMDB gaúcho, é contra.
"A maconha é uma droga lesiva, destrói, como o crack, e é porta de entrada para outros, quem fala precisa rever com urgência. Uruguai nem instalou e em dois ou quatro anos vai revisar. Maconha faz mal."
O professor de psiquiatria da universidade de Brasília Raphael Boechat acha que é preciso fazer distinção entre uso medicinal e recreativo.
"Casos como do CDB tem resultados maravilhosos com epilepsia, ja devia estar nas farmácias. Mas maconha são mais de 300 substâncias, não sabemos o que fazem. Como toda droga maconha faz mal sim. Agora se pergunta se deve reprimir, acho que não."
No Senado, um projeto que propõe a legalização já recebeu do relator Cristovam Buarque uma indicação favorável para o uso médico da cannabis.
Na Câmara, dois projetos de lei propõem a legalização para tirar o lucro do narcotráfico.
Um é do deputado Eurico Junior, do PV do Rio. Ele quer permitir o plantio e consumo pessoal, inclusive para tirar o lucro dos traficantes.
Outro é do deputado Jean Wyllys, do PSol de São Paulo, que defende a legalização para uso medico e também recreativo. Os dois projetos serão analisados numa comissão especial, cujo relator pode ser o deputado Paulo Teixeira, do PT de São Paulo.
Reportagem — João Arnolfo
Edição — Mauro Ceccherini
Data: 08.12.201
Data: 08.12.201
Link:
Nenhum comentário:
Postar um comentário