É crescente a quantidade de pessoas que vêm aderindo a Medicina Complementar e Alternativa (MCA) fazendo uso de medicamentos fitoterápicos no Brasil. Esse número, segundo a Associação Brasileira de Fitoterapia (Abfit), cresce a cada ano no país e no mundo e seus benefícios são comprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que recentemente aprovou o Arpynflan, um medicamento fitoterápico produzido pela indústria baiana Natulab.
O Arpynflan, um anti-inflamatório natural produzido a partir do extrato da raiz de Harpagophytum procumbens (popularmente conhecida como Garra-do-diabo), é recomendado para o tratamento de quadros reumáticos, acompanhado de dor, como artrite, artrose e lombalgia (dor na região lombar da coluna) e já é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
As cobranças da Anvisa aumentaram a qualidade dos produtos no mercado brasileiro e a confiança do consumidor. As novas regras de produção e de registro desse tipo de medicamento no país estão discriminadas desde 2010, na Resolução RDC 14/2010 da Anvisa. Com isso, eles garantem o mesmo efeito que um medicamento sintético.
Uma medicação fitoterápica tem como base plantas medicinais, mas está longe de ser semelhante ao uso das plantas de forma caseira. Os fitoterápicos são medicamentos industrializados, regulamentados da mesma forma que os medicamentos convencionais (os alopáticos), porém com legislação específica. De acordo com a legislação sanitária brasileira, fitoterápico é o "medicamento obtido com emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais".
Entre as vantagens que fazem a população procurar pelos fitoterápicos nas prateleiras das farmácias, segundo Rodrigues, está os poucos efeitos adversos. O farmacêutico também diz que a principal procura destes medicamentos está relacionado a distúrbios leves e suaves, principalmente relacionada a dores crônicas. "Eles ampliam as alternativas de tratamento. É uma opção terapêutica medicinal", diz.
Mas apesar dos benefícios, Rodrigues faz um alerta: "como qualquer medicamento, o mau uso deles pode ocasionar problemas à saúde", diz.
Estes são remédios que desempenham papel importante em cuidados contra dores, inflamações, disfunções, entre outros incômodos, conforme explica o médico Alexandros S. Botsaris, presidente da Abfit: "Em geral, os fitos tem melhor tolerância. Eles ainda atuam melhor em algumas áreas, como proteção vascular, doenças do tubo digestivo, e imunomodulação".
Há também uma vantagem econômica em relação aos remédios convencionais. "Eles custam muito menos para desenvolver e produzir, assim seu preço de balcão é muito menor", lembra Botsaris.
"Eu acredito que a principal mudança vem do mercado mundial", diz o presidente da Abfit. Para Alexandros, em vários mercados, em especial os de maior nível de renda e qualidade de vida, como Canadá, Austrália, Alemanha e Estados Unidos, entre outros, há um movimento maior no mercado dos medicamentos fitoterápicos, com estudos e consumo mais relevantes, diferentemente do Brasil. "Infelizmente o Brasil, detentor de uma mega diversidade [de plantas medicinais] deveria liderar o processo, em vez de vir a reboque", observa.
Com o aumento no consumo destes medicamentos no Brasil, segundo Rodrigues, é possível aumentar as pesquisas no seguimento e ampliar os estudos da flora brasileira, já que os medicamentos, em sua maioria, são com plantas já conhecidas no mundo, em especial pela medicina oriental. "Teríamos produtos cada vez mais nacionais", espera.
Uma pesquisa divulgada em 2011 pela consultoria IMS Health, empresa que audita o mercado farmacêutico mundial, revelou o estudo IMS Pharma Review, que analisou o cenário global e nacional do setor. Como resultado, ela estipulou que, em 2015, a previsão é de que esse mercado movimente R$ 110 bilhões e o Brasil esteja na 6ª colocação em relação ao consumo mundial. O estudo revelara ainda que o mercado de Fitoterapia movimentou R$ 1,1 bilhão no Brasil em 2011, um aumento de 13% em relação ao ano anterior.
Data: 19.08.2013
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