quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Projetos apoiados pela FAPESP ganham prêmio em congresso de Nutrição

21/08/2013

Por Frances Jones

Agência FAPESP – Dois projetos apoiados pela FAPESP ganharam destaque no 5º Congresso Brasileiro de Nutrição Integrada (CBNI) e no evento educacional Ganepão 2013, organizado pela empresa Ganep Nutrição Humana, realizado este ano em São Paulo.

O prêmio de melhor trabalho clínico foi para o projeto "Influência de polimorfismos nos genes LEP, LEPR e MC4R sobre fatores cardiometabólicos e compulsão alimentar em crianças com excesso de peso", desenvolvido na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) a partir de um Auxílio à Pesquisa – Regular sob responsabilidade do chefe do ambulatório de obesidade do Hospital das Clínicas, Marcio Corrêa Mancini, e de dois estudos de mestrado com Bolsa FAPESP: “Efeito dos polimorfismos nos genes da leptina e do receptor da leptina sobre a compulsão alimentar em crianças e adolescentes obesos” e “Efeito das variações alélicas no gene do receptor de melanocortina tipo 4 sobre o comportamento alimentar em crianças e adolescentes obesos”.

Foram estudadas 492 crianças e adolescentes entre 7 e 18 anos com excesso de peso que procuraram tratamento para essa condição no Hospital das Clínicas de São Paulo.

Inicialmente, os pesquisadores aplicaram em cada um dos jovens um questionário sobre compulsão alimentar. Além disso, registaram as medidas antropométricas, como, por exemplo, a razão entre cintura e altura, e fatores cardiometabólicos, como dosagens de insulina, colesterol, triglicérides, entre outros.

Em seguida foi realizado um exame genético nos pacientes. Analisaram-se três genes relacionados à regulação da ingestão alimentar e do gasto energético: o gene da leptina (LEP), o do receptor da leptina (LEPR) e o do receptor de melanocortina tipo 4 (MC4R).

A ideia era observar nesses genes algumas variações genéticas relativamente comuns na população, chamadas de polimorfismos, a fim de verificar se elas conferiam maior risco de obesidade, de alterações metabólicas e de compulsão alimentar periódica. Ao todo, foram analisados seis desses polimorfismos.

“Nesse trabalho abordamos as mutações chamadas polimorfismos de nucleotídeo único [SNPs, na sigla em inglês], que ocorrem quando há troca de uma base por outra numa sequência de DNA [citosina por guanina, por exemplo]”, disse Clarissa Fujiwara, uma das autoras do trabalho.

“Pelos resultados preliminares, observamos que dois polimorfismos do gene LEPR apresentam ‘efeito protetor’, pois os indivíduos que os possuíam apresentaram menor medida de compulsão alimentar”, disse Fujiwara. “Por outro lado, um dos polimorfismos também estudados no gene LEPR e no gene MC4R conferiram maior risco cardiometabólico.”

De acordo com a pesquisadora, o estudo da relação desses polimorfismos com a obesidade ainda é bastante controverso na literatura, porque se trata de uma doença multifatorial. “Embora esteja bem estabelecido que a obesidade e as alterações metabólicas relacionadas a ela dependam do ambiente, sabemos que diversos genes apresentam importante influência no maior risco de desenvolvimento dessas doenças.”

Ácido fólico

A pesquisa premiada do A. C. Camargo Cancer Center faz parte de um estudo feito no âmbito de um Auxílio à Pesquisa coordenado pelo cirurgião oncológico Samuel Aguiar Junior, diretor do Núcleo de Tumores Colorretais do A. C. Camargo.

“O estudo tinha como objetivo avaliar a ingestão de folato (ácido fólico) de pacientes com câncer colorretal, o câncer de intestino, em uma população de um hospital da cidade de São Paulo, o A.C.Camargo”, disse Aguiar Junior à Agência FAPESP.

De acordo com o pesquisador, o folato tem um papel bastante controverso no câncer de intestino. “Existem estudos que mostram que a deficiência de folato pode causar câncer de intestino e outros indicam o contrário: a suplementação é que pode causar câncer. Diante da controvérsia, começamos essa linha de pesquisa. É um trabalho bem preliminar ainda, porque por enquanto só estudamos pacientes com câncer”, disse.

Uma nutricionista aplicou um questionário de frequência alimentar em 197 pacientes. Em seguida, foi feita uma dosagem sérica do folato, por meio de um exame de sangue.

“Esperávamos encontrar uma deficiência de folato, mas o que nos surpreendeu é que não há deficiência de folato nesses pacientes. Pelo contrário. Foram encontrados até pacientes com um erro de ingestão de folato a partir de suplementos”, disse Aguiar Junior.

A pesquisa verificou que em torno de 11% dos pacientes com câncer pesquisados ingeriam folato em excesso. Ele ressaltou, porém, que não se pode dizer que a alteração está relacionada à doença.

“Respondemos à primeira questão: não existe deficiência de folato em pacientes com câncer de intestino em São Paulo. Vamos começar agora a comparar uma população normal, sem câncer. Queremos ver se existe diferença de ingestão entre esses pacientes com câncer e pacientes sem câncer”, disse Aguiar Junior. 

Link:

Nenhum comentário:

Postar um comentário