Análise: Acadêmica Valesca Karina Brum (Nutrição - UNITAU)
Artigo:
HIRSCHBRUCH, M. D.; FISBERG, M.; MOCHIZUKI, L. Consumo de suplementos por jovens frequentadores de academias de ginástica em São Paulo. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v.14, n.6, p.539-543, nov/dez, 2008.
O estudo feito por Hirschbruch, Fisberg e Mochizuk (2008) discorre sobre o uso de suplementos alimentares em academias de ginástica da cidade de São Paulo. Os autores argumentam que a sociedade e a mídia muito têm influenciado os desportistas almejarem um corpo magro e atlético. Não obstante, para tal conquista, necessita-se de determinação e paciência, levando a uma busca indiscriminada por produtos que prometem auxiliar nesse processo.
Ainda não se tem pleno conhecimento dos efeitos desses suplementos, principalmente a longo prazo. Em vista disso, a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte, ao constatar o uso abusivo de suplementos alimentares, em locais de atividades físicas, principalmente em academias de ginástica, publicou uma diretriz para orientar os profissionais da área esportiva, e para alertar sobre atitudes inapropriadas, que podem trazer vários riscos à saúde.
O objetivo deste estudo foi avaliar os fatores relacionados ao consumo de suplementos em adolescentes e adultos jovens praticantes de atividades físicas em academias de ginástica da cidade de São Paulo.
A metodologia empregada foi o uso de um questionário com questões abertas e fechadas e uma anamnese alimentar. Tal questionário foi aplicado a 201 jovens de 15 a 25 anos de idade, frequentadores de academia de ginástica, independentemente de tempo ou de frequência de treino. O questionário continha questões pessoais (sexo, idade, renda pessoal); questões relacionadas à prática de exercícios físicos (tempo de prática, objetivo e outras); atitudes relacionados à imagem corporal (dieta, auto-imagem e outras) e ao consumo de suplementação, tanto presente, como pregresso (tipo, objetivo, indicação, posologia e julgamento da eficácia).
Resultante da pesquisa, dentre os 201 participantes, 61% deles consumiam ou já haviam consumido algum tipo de suplemento alimentar. A maior parte dos usuários ocupa-se por homens, sendo que, dentre os consumidores, a maioria é adolescentes.
O estudo comprovou que o uso de suplementos relaciona-se com um tempo maior de permanência na academia, do que aqueles que praticam há mais tempo. Seu uso e a prática de atividade física estão mais diretamente ligados a questões estéticas. Entretanto, em alguns casos, à competição.
Os isotônicos são os suplementos mais utilizados, principalmente entre as mulheres. Porém, o sexo masculino prefere o uso de géis de carboidratos, aminoácidos e proteínas, nutrientes que estão relacionados ao desempenho físico e do ganho de massa muscular. A autoprescrição é o método mais adotado entre os frequentadores.
O incentivo por parte dos treinadores e o uso, muitas vezes de colegas ou familiares, são fatores que podem ser determinantes para a autoprescrição, principalmente quando se trata de adolescentes. Os resultados os apontaram como os maiores consumidores desses produtos, pelo fato de eles serem mais influenciáveis e impacientes, buscando sempre resultados rápidos e aparentes.
O fato de que os homens fazem maior uso de suplementação, converge com outros estudos. Os homens são apontados por usarem suplementos de forma mais regular, e as mulheres de forma mais eventual.
Foi constatado, como maior objetivo da suplementação, o ganho de massa muscular, mesmo que não se tenha um conhecimento profundo e técnico de como e se o produto realmente pode auxiliar nessa conquista. Muitos suplementos não dispõem de provas científicas concretas da sua eficácia, e por muitas vezes são simplesmente formas mais caras de proteínas, açúcares ou vitaminas. De acordo com os usuários, os suplementos fazem efeito. A pergunta é: Pode ser um efeito placebo?
Todavia, sabemos que os nutrientes são essenciais ao organismo, especialmente os fornecedores de energia, quando há um gasto e um estresse maior.
A suplementação deve ser monitorada e prescrita por profissionais da área, como os nutricionistas, que conhecem seus reais efeitos. Esses tais devem instruir a seus pacientes a forma correta de uso, se for necessário ou o não uso, desmistificando os suplementos, como alguns o veem como fórmula mágica. Recomendando, se for o caso, de acordo com as necessidades individuais, promovendo e incentivando acima de tudo uma alimentação saudável e completa, buscando como primeira opção os nutrientes dos alimentos naturais.
Salvo àqueles que se exercitam por motivos competitivos e aos frequentadores de academias de ginástica a suplementação pode não ser um diferencial. O assunto carece de mais estudos e pesquisas mais amplas. Também, mais delimitadas, como estudos homogêneos somente com atletas e não atletas.
Apesar da grande disseminação do assunto, ainda vê-se a necessidade de elaboração de protocolos específicos que adentrem mais profundamente nesse grupo de desportistas, para proporcionar embasamento teórico aos profissionais da área esportiva e da saúde.
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