quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Rio Grande do Sul: Museu abriga a história da medicina no Estado


Conhecer o passado para construir um futuro melhor. A velha máxima ganha uma dimensão ainda mais ampla quando a história a ser contada é a da medicina. A saúde pública, os tratamentos, as doenças, os erros e acertos do passado serviram de base para projetar o futuro que a sociedade vive hoje. Para preservar essa memória que moldou o feitio da medicina atual no Estado, o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) idealizou o Museu de História da Medicina do Rio Grande do Sul (Muhm). Instalado no prédio histórico da Beneficência Portuguesa de Porto Alegre, o museu faz uma crônica das práticas médicas gaúchas desde o princípio, tanto no acervo físico quanto no conteúdo virtual presente no site da instituição. Objetos, documentos, livros e personagens são destacados no espaço que reconta e preserva um tempo ancestral.

Medicina missioneira

Antes da chegada dos espanhóis ao território do Rio Grande do Sul, os indígenas já tratavam doenças com poções, plantas medicinais e orações guiadas pelos pajés. Quando os jesuítas chegaram, no século 17, mesclaram essa tradição com a fé católica, criando métodos de cura muito particulares. A receita para a lepra, por exemplo, era o batismo. Para dores musculares ou mordida de cobra, confissão. Inchaço nos olhos? Água benta e sinal da cruz. E se o problema fosse febre alta e desinteria, só a justiça divina resolvia.

Saúde militar

Palco de muitas guerras, o Rio Grande do Sul sempre precisou organizar a medicina nos quartéis e nas fortificações. O primeiro hospital militar de que se tem notícia foi montado no Forte Jesus Maria e José, em Rio Grande, a primeira cidade colonial do Estado, em 1737. Em 1779, já havia mais dois hospitais militares, nos regimentos de Porto Alegre e Rio Pardo. Era obrigatória a presença de um cirurgião, importante para tratar fraturas e fazer amputações e curativos nos soldados feridos nas batalhas. Nessa época, o cirurgião não era um médico formado — não havia faculdades no país. Os hospitais militares não podiam tratar enfermos civis.

Médicos para salvar a República dos Farrapos

Conflito sangrento que durou 10 anos, a Revolução Farroupilha deixava um rastro de feridos nas batalhas. Padecendo com a falta de profissionais para tratar tantos soldados doentes, o governo da República autorizou a criação de uma escola para cirurgiões. Apesar do decreto ter sido publicado, a escola de cirurgiões nunca saiu do papel.

Origens na caridade

No início do século 19, começaram a surgir no Estado as Santas Casas de Misericórdia. Bem diferente dos hospitais de hoje, as instituições serviam para abrigar os doentes excluídos, que não tinham tratamento em casa ou eram abandonados. Tratava-se do lugar para onde eram levados órfãos, velhos, pobres, escravos e doentes mentais. Os ricos tratavam seus doentes em casa, com a assistência de médicos e enfermeiros particulares. A Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre foi fundada em 1803 e é a mais antiga do Estado. Mais tarde foram fundadas as Santas Casas de Rio Grande (1835), Pelotas (1847), São Gabriel (1855), Bagé (1883), Uruguaiana (1901) e Livramento (1903).

Evolução do ensino

A Faculdade de Medicina de Porto Alegre começou sua história como instituição privada e foi federalizada em outubro de 1931. Em março de 1940, o governo do Estado doou à faculdade o terreno para a construção do Hospital de Clínicas, cuja inauguração ocorreu somente em 1968. A partir da década de 1950, novas faculdades de Medicina surgiram no Estado. Em 1953, surgiu a Faculdade Católica de Medicina de Porto Alegre, que hoje é a Universidade Federal de Ciências da Saúde. Mais tarde vieram outras como as faculdades de Medicina da Universidade Federal de Santa Maria (1954), da Universidade Federal de Pelotas (1966), da Fundação Universidade Federal de Rio Grande (1966) e da PUCRS (1970).

Museu de História da Medicina do Rio Grande do Sul

Endereço: Av. Independência, 270, Prédio Histórico da Beneficência Portuguesa, em Porto Alegre

Telefone: (51) 3029-2900

Horário: de terça a sexta-feira, das 11h às 19h. Sábados, domingos e feriados, das 14h às 19h. Durante o horário de verão, o Muhm abre e fecha uma hora mais tarde

Para grupos escolares, é necessário fazer agendamento pelo e-mail educativo@muhm.org.br

O museu fornece transporte para escolas públicas de Porto Alegre e de algumas cidades do entorno. A entrada é franca

Reserva Técnica: Endereço: Av. Bento Gonçalves, 2.318, em Porto Alegre

Telefone: (51) 3330-2963

Horário: de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 18h

Para pesquisar na reserva, é necessário fazer agendamento pelo e-mail reservatecnica@muhm.org.br

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