Publicado em 14/setembro/2012
Amy Smith (à direita) e o time de Agricultura Urbana: IDDS surgiu para produzir protótipos e não artigos
Em 2010, a revista norte-americana Time divulgou sua lista anual das pessoas mais influentes do mundo. Entre os nomes estava Amy Smith, criadora do Encontro Internacional de Design para o Desenvolvimento Social(International Development Design Summit – IDDS na sigla em inglês).
Amy é pesquisadora do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos. Durante a palestra de abertura da sexta edição do encontro, ocorrida em 2 de julho, na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, ela contou que a ideia de realizar o IDDS surgiu de uma frustração. Ela percebeu que quando participava de conferências acadêmicas, sempre se via diante de pessoas muito inteligentes, todas reunidas em uma mesma sala. Mas eram pessoas que apenas falavam; entretanto, ninguém fazia nada.
Então ela decidiu criar uma conferência diferente, onde seriam apresentadas coisas reais, como protótipos, e não artigos ou papers. E assim surgiu o IDDS.
As primeiras edições ocorreram em 2007 e 2008, no MIT. Um dos primeiros protótipos apresentados foi uma máquina de processamento de grãos movida a pedais. Isso mostra o caráter “mão na massa” presente nos encontros. Outra aspecto é dar lugar a “tecnologistas” e não exatamente “tecnologias”.
“O importante desses encontros não é apenas aquilo que os participantes fazem durante o IDDS, mas principalmente depois, quando eles retornam para suas casas e comunidades”, declarou Amy Smith durante a palestra de abertura.
“O importante desses encontros
não é apenas aquilo que os participantes
fazem durante o IDDS,
mas principalmente depois,
quando retornam para suas casas”
Após esses dois encontros, percebeu-se que era importante ter o feedback dos moradores. Mas eles estavam a quilômetros de distância….. Então, decidiu-se ir a campo e, para isso, em 2009, o IDDS foi realizado em Gana, na África Ocidental, na Kwame Nkrumah University of Science and Technology (KNUST) onde o foco do trabalho foi a cocriação: designers e usuários trabalharam juntos.
Segundo Amy, foi possível perceber como é diferente ir nas comunidades conhecer as realidades dos moradores, conviver e conversar com eles. Ao mesmo tempo, também percebeu-se que muitas das tecnologias e protótipos desenvolvidos não eram distribuídos para outras pessoas, nem tinham continuidade.
No ano seguinte, em 2010, a sede do IDDS foi a Colorado State University (CSU), nos Estados Unidos, com o objetivo de transformar os protótipos em produtos reais, negócios e empreendimentos. A ideia era estudar meios de criar um impacto maior para a disseminação desses projetos.
Formando empreendedores
Em 2011, o IDDS ocorreu novamente na Kwame Nkrumah University of Science and Technology (KNUST), em Gana. A intenção era criar tecnologias que pudessem levar a geração de negócios. Um dos exemplos da tecnologia criada na ocasião é um carregador de celular de baixo custo para ser usado em aldeias sem energia elétrica. “Uma mulher não queria voltar para a sua aldeia sem levar um desses carregadores”, contou a idealizadora do IDDS, lembrando que um empreendedor poderia começar um negócio próprio carregando celulares.
Todos esses encontros realizados pelo IDDS já criaram uma comunidade de mais de 200 inovadores de 32 países que foram responsáveis por desenvolver mais de 40 protótipos de tecnologia ou negócios sociais, todos voltados para comunidades carentes.
Além do carregador de celular de baixo custo também já foram desenvolvidas soluções tecnológicas como: um protetor de mamilo que diminui as chances de transmissão do vírus da aids (HIV) entre a mãe e seu bebê e um empreendimento de irrigação para que pequenas propriedades agrícolas em Bangladesh tenham abastecimento regular de água para suas propriedades e de seus vizinhos.
Foco no processo
Alguns projetos do IDDS vão adiante e acabam tendo continuidade. Entretanto, todos os participantes entendem o processo de cocriação e podem se transformar em designers e inventores.
Segundo o especialista em inovação social e o empresário social americano Paul Polak, autor do livro Out Of Poverty (Fora da Pobreza) “estima-se que 90% dos profissionais de tecnologia e design dedicam seus esforços criativos ao desenvolvimento de produtos voltados aos 10% mais ricos da população mundial”. Um dos focos do IDDS é exatamente romper com esta barreira. Pelos projetos inovadores e inventores que surgiram até agora, eles estão no caminho certo.
(Com informações do IDDS Brasil)
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