Ordem: Diptera. Família: Tephritidae.
Anastrepha fraterculus, conhecida popularmente como mosca-das-frutas-sul-americana, é uma das principais pragas da fruticultura brasileira. O gênero Anastrepha tem mais de 90 espécies descritas no Brasil.
* Ilustração da mosca-das-frutas
A moscas ataca frutos, na época próxima a maturação, de mirtáceas nativas (como goiabas, araçás, guabirobas, murtas, uvaias, pitangas e outras), maçãs, pêssegos, uvas, nêsperas, ameixas, mamão, citrinos, etc.
Os danos diretos podem ser descritos como o dano causado pela oviposição e pelo desenvolvimento da larva no interior do fruto. A fêmea pode furar várias vezes o fruto procurando um substrato ideal para oviposição. Após três dias, em média, do ovo eclode uma larva que se desenvolve alimentando-se da polpa.
* Fruto com presença de larvas de A. fraterculus
O desenvolvimento desta larva desencadeia um violento desbalanço hormonal, culminando com o amadurecimento precoce e a queda do fruto.
Além dos danos diretos, ainda há a contaminação do fruto por organismos oportunistas que se aproveitam dos furos deixados pela fêmea e causam a necrose da região afetada.
Outro grande problema com relação às moscas é o fato de muitas espécies do gênero Anastrepha serem consideradas pragas quarentenárias em muitos países importadores de frutos brasileiros. Isso impõe uma barreira comercial inconveniente para a fruticultura nacional.
Fonte: Wikipédia
* A. fraterculus inserindo ovos em fruto
O manejo de A. fraterculus provavelmente é dificultado pela diversidade de hospedeiros que apresenta. Zucchi (2000) relata 67 espécies de hospedeiros, com maior número na família Myrtaceae (24 espécies), seguido por Rosaceae e Rutaceae (10 espécies cada uma). Em Santa Catarina tem sido constatado pico populacional do inseto tanto na época de frutificação dos hospedeiros estudados como em outros períodos do ano (GARCIA et al.,2003; CHIARADIA et al., 2004). A disponibilidade de frutos hospedeiros e alta fecundidade são apontados como fatores determinantes na abundância de espécies de Anastrepha (URAMOTO et al., 2003). Ribeiro et al.(1995) observou que os frutos das periferias de pomares vizinhos a matas são os primeiros a serem invadidos por mosca-das-frutas, o que sugere a migração de hospedeiros silvestres. Desta forma, o manejo deste inseto é dificultado devido a migração dos adultos presentes em pomares comerciais para plantas nativas, associado ao fato de que A. fraterculus não apresenta diapausa no Brasil (SALLES, 1993), e conseqüentemente pode ocorrer infestações em todas as estações do ano (GARCIA et al., 2003).
* A. fraterculus sobre superfície de fruto
Recentemente tem sido avaliada a possibilidade de produção orgânica de fruteiras temperadas no sul do país, tendo como um dos principais entraves os danos ocasionados por mosca-das-frutas, A. fraterculus (KESKE, 2004; RIBEIRO, 2004; RUPP, 2005). A seleção de cultivares adaptadas aos locais de plantio é um dos fatores fundamentais para o manejo agroecológico de pragas e doenças (GONÇALVES e BOFF, 2002). A utilização de cultivares precoces de fruteiras de caroço tem sido uma das estratégias sugeridas no manejo de A. fraterculus em sistema orgânico (KESKE, 2004; RUPP, 2005). Atualmente, o ensacamento de frutas é alternativa mais eficaz para o manejo de mosca-das-frutas em sistema orgânico, porém apresenta a dificuldade da adoção em grandes áreas pela mão-de- obra que demanda (KESKE, 2004; RIBEIRO,2004; RUPP, 2005).
A homeopatia tem sido discutida como forma de auxiliar no manejo de plantas em agricultura (ESPINOSA et al., 2001; BONATO, 2004;CASALI, 2004). Brunini e Arenales (1993), citados por Bonato (2004), relataram aumento de resistência em plantas ornamentais e olerícolas ao ataque de pulgões com aplicações do preparado homeopático Staphisagria.
O nim tem sido pesquisado como planta inseticida no Brasil e no mundo (MARTINEZ, 2002). Produtos comerciais contendo nim têm sido comercializados na América Latina e recentemente no Brasil no manejo de vários insetos (BRECHELT, 2000), porém necessita-se de informação da eficácia agronômica destas formulações. Salles e Rech (1999) observaram, com extratos aquosos de frutos de nim, redução da postura, desenvolvimento larval e pupal da mosca-das-frutas, A. fraterculus, em laboratório.
Nos Estados Unidos, produtos comerciais com extrato de óleo de alho são registrados como repelentes de pragas para uma série de culturas, inclusive fruteiras de caroço (PENTEADO, 1999).
* A. fraterculus
Os extratos de plantas, preparados homeopáticos, repelentes, que são permitidos nas normas de produção orgânica (EPAGRI, 1999;ECOVIDA, 2004), não têm se mostrado eficazes em trabalhos de campo no manejo de A. frateculus (KESKE, 2004; RUPP, 2005). Portanto, é necessário trabalhos que viabilizem várias estratégias de manejo que atendam as normas de produção orgânica.
Monitoramento e Controle
Antes de fazer o controle químico da infestação, é necessário fazer o monitoramento com o uso de armadilhas, para se obter dados sobre a presença e população das moscas.
*Armadilha caseira
Para monitoramento desta espécie utiliza-se armadilhas do tipo McPhail ou armadilhas confeccionadas de embalagens plásticas, contendo atrativos alimentares. Esta armadilha também captura moscas da espécie Ceratitis capitata. Como atrativo alimentar pode ser utilizada proteína hidrolisada a 5%, melaço de cana a 10%, sucos de frutas, açúcar mascavo, vinagre de vinho e torula, sendo que o melaço de cana é considerado mais eficiente. Pode-se, também, misturar a proteína com melaço, na proporção de 2,5 e 5% respectivamente, visando melhorar a eficiência atrativa. A avaliação e troca do atrativo devem ser realizadas a cada 10 ou 15 dias. Para se evitar a rápida decomposição pode-se estabilizar o atrativo com Bórax (pH entre 8,5 e 9,0).
*Armadilha McPhail
* Manutenção e monitoramento de armadilha
Controle Cultural
Fazer a destruição das frutas silvestres próximas ao pomar.
Controle Biológico
O controle biológico é exercido, principalmente, com a liberação de microhimenopteros nos pomares.
A ordem Hymenoptera apresenta insetos de grande valor econômico, responsáveis pela manutenção do equilíbrio dos chamados insetos pragas. Esta ordem apresenta várias famílias de importância econômica, comportando-se como parasitoides. Esse grupo tem recebido atenção nos programas de controle de moscas em estábulos (Sereno e Neves, 1993; Marchiori, 2002; Marchiori et al., 2000).Para Smith e Rutz (1991) é importante conhecer quais são os principais grupos de parasitoides, como também as preferências destes grupos por determinados microhabitats.
Fonte (PDF): Microhimenópteros parasitóides de moscas coletados em área urbana e de mata em Itumbiara, Goiás, Brasil
Informações específicas sobre o desenvolvimento do inseto podem ser encontradas em:
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