Um documento com 17 recomendações, pactuadas por
representantes de ministérios do Meio Ambiente e ministérios da Saúde de países
da América Latina e Caribe, além de especialistas dos setores de biodiversidade
e sáude, é um dos principais resultados da Oficina Reginal sobre as
Inter-relações entre Saúde Humana e Diversidade Biológica para as Américas,
realizada de 4 a
7 de setembro de 2012, em Manaus. Participaram 52 representantes de 25 países
das Américas do Sul, Central, do Norte e Caribe.
Promovido pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS)
e pelo Secretariado da Convenção de Biodiversidade (CBD), com apoio financeiro
do governo do Japão, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do governo
brasileiro, o seminário estabeleceu um forum de diálogo e troca de experiências
para as Américas.
Os participantes discutiram a aplicação do Plano Estratégico
para a Biodiversidade 2011-2020, em particular no que se refere à saúde;
práticas nacionais e regionais que incorporam questões de diversidade biológica
e saúde nos programas de conservação e nas estratégias de saúde; o
desenvolvimento de atividades conjuntas para obter benefícios conjuntos; o
fortalecimento do Plano Estratégico regional; e a promoção da cooperação
transregional e das redes de apoio.
Dois representantes da Fiocruz fizeram apresentações, no
intuito de fornecer subsídios aos grupos de trabalho. Daniel Buss, do Instituto
Oswaldo Cruz, abordou o tema "Água e segurança alimentar", e Joseane
Costa, colaboradora da Fiocruz e pesquisadora da UFPA em Plantas Medicinais e
Fitoterápicos, "Medicina tradicional e bem estar cultural".
Na sua apresentação, Joseane Costa ressaltou que as
recomendações estratégicas propostas pelos organismos internacionais devem ser
incorporadas pelos países por meio de políticas públicas.
"Um caso brasileiro que reflete essa premissa é a
aprovação da Política Nacional de Plantas Mecinais e Fitoterápicos e da
Política de Práticas Integrativas e Complementares, ambas aprovadas pelo
governo brasileiro em 2006, no intuito de atender às recomedações feitas pela OMS,
registradas na Declaração de Alma Ata, que expressa a necessidade de incorporar
as plantas medicinais e a fitoterapia nos sistemas de saúde dos países,
considerando que 80% da população mundial utiliza essas plantas ou preparações
delas oriundas na sua atenção primária à saúde", explica a pesquisadora.
Outro ótimo exemplo do reflexo das recomendações
internacionais na agenda brasileira, de acordo com Joseane, é a Política
Nacional de Promoção das Cadeias de Produto da Biodiversidade, do Ministério do
Meio Ambiente do Brasil. Ela conta que,
ao longo do seminário, representantes de diversos países ficaram interessados
no modelo de implementação dessas políticas no Brasil.
"O seminário estimulou o diálogo entre os países sobre
o desenvolvimento de planos estratégicos regionais em torno da Medicina
Tradicional e das relações culturais dos povos, de forma que as práticas que
não transitam no eixo das relações dominantes – pautada no modelo biomédico -
passem a ser valorizadas e respeitadas dentro de seus sistemas de conhecimento
e, consequentemente, do ethos relativos aos processos de cuidado, intrínsecos a
cada cultura e sociedade", diz.
No que se refere às inter-relações entre saúde e
biodiversidade, tema da Oficina, Joseane destaca a necessidade de se ampliar as
discussões para que se proponha um conceito abrangente.
"O conceito deve ser pautado nas mais diversas áreas do
conhecimento, na perspectiva do que ocorreu com a saúde coletiva, para que tema
não fique aprisionado aos limites da biologia e/ou da medicina. Áreas como a
sociologia, etnologia, história, filosofia, entre outras, devem ser
fortemente incorporadas, para dar suporte às diversas dimensões que envolvem o
tema", defende.
Entrem no link, pois há vários documentos importantes para
baixar
Data: 20.09.2012
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