segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Angola: Plantas nacionais contra a malária

O Instituto Superior Politécnico de Benguela está a desenvolver, na África do Sul, um estudo para a produção de medicamentos contra a malária a partir de plantas medicinais nacionais, segundo anunciou ontem o docente da instituição Pedro Catarino.

O docente, que falava ontem à Radiodifusão Nacional de Angola, disse que o projecto vai ser desenvolvido durante dois anos e faz parte de uma investigação aturada sobre a possibilidade de enquadramento da medicina tradicional na medicina convencional.

“Temos conhecimentos das plantas tradicionais utilizadas contra a malária no país. Na África do Sul existe já essa tecnologia, então surgiu a necessidade de se provar se as plantas têm efeito ou não”, confirmou. “Já tínhamos no instituto um projecto desenvolvido onde estávamos a fazer a ligação da medicina tradicional à medicina convencional. Depois, surgiu a hipótese de uma colaboração com a África do Sul onde, por exemplo, eles têm uma linha anti-malária desenvolvida”, disse. O Instituto Superior Politécnico de Benguela, ex-Universidade de Benguela, venceu recentemente o concurso do Ministério do Ensino Superior, Ciência e Tecnologia, no valor de 72 milhões de dólares, para financiar estudos ligados à mediania tradicional e a possibilidade do seu enquadramento na medicina convencional.

Apostas do Executivo

O Executivo defende a inserção da medicina tradicional no sistema nacional de Saúde para aumentar a cobertura dos cuidados a ter com os cidadãos, segundo o ministro de Estado e Chefe da Casa Civil da Presidência da República, Carlos Feijó, durante a primeira conferência de medicina tradicional e práticas complementares.

Carlos Feijó, que falava em representação do Presidente da República, sublinhou a necessidade de se estabelecer uma Política Nacional de Medicina Tradicional e Práticas Complementares nos próximos tempos. A secretária dos Assuntos Sociais do Presidente da República, Rosa Pacavira, expressou, também, o desejo de um conhecimento sobre o papel curativo das plantas e produtos naturais, recordando que a medicina tradicional sempre desempenhou um papel de importância transcendental no país. 

“Em Angola as plantas medicinais são abundantes, o que constitui uma nota de realce para a medicina alternativa”, disse. Os participantes na primeira conferência nacional de medicina tradicional recomendaram a aprovação urgente da Política de Medicina Tradicional e Práticas Complementares de Angola e a legislação que regule o exercício. Apontam a necessidade de se reforçar o Sistema de Informação Sanitária, de modo a torná-lo capaz de agregar dados sobre o exercício da Medicina Tradicional, elaborar programas de formação e capacitação dos terapeutas tradicionais, bem como dos profissionais do sistema de alfabetização.

Promover a investigação científica pelas instituições de ensino e de investigação nacionais e criar mecanismos de articulação com o Instituto Nacional de Conhecimento Tradicional do Ministério do Ensino Superior, Ciências e Tecnologias faz também parte das recomendações. Os participantes decidiram que se deve reconhecer e proteger o exercício da medicina tradicional, no âmbito da valorização dos recursos nacionais e protecção da biodiversidade; assim como reforçar a sua integração no sistema nacional de ciências e inovação para fins de sistematização e no sistema nacional de saúde para a sua aplicação.



Data: 12.09.2012
Link:
http://jornaldeangola.sapo.ao/20/0/plantas_nacionais_contra_a_malaria

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