O Instituto Superior Politécnico de Benguela está a
desenvolver, na África do Sul, um estudo para a produção de medicamentos contra
a malária a partir de plantas medicinais nacionais, segundo anunciou ontem o
docente da instituição Pedro Catarino.
O docente, que falava ontem à Radiodifusão Nacional de Angola, disse que o
projecto vai ser desenvolvido durante dois anos e faz parte de uma investigação
aturada sobre a possibilidade de enquadramento da medicina tradicional na
medicina convencional.
“Temos conhecimentos das plantas tradicionais utilizadas contra a malária no
país. Na África do Sul existe já essa tecnologia, então surgiu a necessidade de
se provar se as plantas têm efeito ou não”, confirmou. “Já tínhamos no
instituto um projecto desenvolvido onde estávamos a fazer a ligação da medicina
tradicional à medicina convencional. Depois, surgiu a hipótese de uma
colaboração com a África do Sul onde, por exemplo, eles têm uma linha
anti-malária desenvolvida”, disse. O Instituto Superior Politécnico de Benguela,
ex-Universidade de Benguela, venceu recentemente o concurso do Ministério do
Ensino Superior, Ciência e Tecnologia, no valor de 72 milhões de dólares, para
financiar estudos ligados à mediania tradicional e a possibilidade do seu
enquadramento na medicina convencional.
Apostas do Executivo
O Executivo defende a inserção da medicina tradicional no sistema nacional de
Saúde para aumentar a cobertura dos cuidados a ter com os cidadãos, segundo o
ministro de Estado e Chefe da Casa Civil da Presidência da República, Carlos
Feijó, durante a primeira conferência de medicina tradicional e práticas
complementares.
Carlos Feijó, que falava em representação do Presidente da República, sublinhou
a necessidade de se estabelecer uma Política Nacional de Medicina Tradicional e
Práticas Complementares nos próximos tempos. A secretária dos Assuntos Sociais
do Presidente da República, Rosa Pacavira, expressou, também, o desejo de um
conhecimento sobre o papel curativo das plantas e produtos naturais, recordando
que a medicina tradicional sempre desempenhou um papel de importância
transcendental no país.
“Em Angola as plantas medicinais são abundantes, o que constitui uma nota de
realce para a medicina alternativa”, disse. Os participantes na primeira
conferência nacional de medicina tradicional recomendaram a aprovação urgente
da Política de Medicina Tradicional e Práticas Complementares de Angola e a
legislação que regule o exercício. Apontam a necessidade de se reforçar o
Sistema de Informação Sanitária, de modo a torná-lo capaz de agregar dados
sobre o exercício da Medicina Tradicional, elaborar programas de formação e
capacitação dos terapeutas tradicionais, bem como dos profissionais do sistema
de alfabetização.
Promover a investigação científica pelas instituições de ensino e de
investigação nacionais e criar mecanismos de articulação com o Instituto
Nacional de Conhecimento Tradicional do Ministério do Ensino Superior, Ciências
e Tecnologias faz também parte das recomendações. Os participantes decidiram
que se deve reconhecer e proteger o exercício da medicina tradicional, no
âmbito da valorização dos recursos nacionais e protecção da biodiversidade;
assim como reforçar a sua integração no sistema nacional de ciências e inovação
para fins de sistematização e no sistema nacional de saúde para a sua aplicação.
Data: 12.09.2012
Link:
http://jornaldeangola.sapo.ao/20/0/plantas_nacionais_contra_a_malaria
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