A melaleuca é uma árvore com
propriedades medicinais, originária da Austrália. Uma das principais espécies do
gênero empregadas na terapêutica, é a Melaleuca arternifolia,
pertencente à Família Myrtaceae. É também conhecida como árvore-do-chá, árvore-ti
ou mirto-de-mel.
De suas folhas se extrai um óleo com
boas quantidades de terpenos, terpinenol, sesquiterpenos e cineol, substâncias
derivadas do metabolismo secundário da planta, e, portanto, responsáveis pela
defesa da planta e que possuem atividade antimicrobiana.
Estudos revelaram que os componentes
do óleo impedem a produção de superóxidos pelos monócitos, mas não pelos
neutrófilos, células responsáveis pela defesa do corpo e pela inflamação, sendo
que as primeiras estão mais presentes na inflamação crônica e as segundas na
aguda. In vitro também foi visto que suprimem a produção de fator de
necrose tumoral, interleucinas e prostaglandinas, agentes pró-inflamatórios. E
além de solvente, já foi observada ação do seu óleo sobre bactérias gram
negativas, gram positivas e fungos.
Exemplos de microorganismos, nos quais
foi observada sensibilidade frente ao óleo desta planta, como Tricophytum
sp, Candida sp e Microsporum sp são agentes patogênicos também em
animais. Simões et al (2002) realizaram
um estudo para determinar a ação antimicrobiana sobre cepas de estafilococos do
óleo de melaleuca in vitro e in vivo, e concluíram que houve boa
ação do óleo. Nesta pesquisa, cepas de estafilococos resistentes, as
denominadas MRSA, também foram inibidas. Estas bactérias são as principais
causadoras de infecções na pele dos cães, embora, como nos humanos, façam parte
da microbiota normal. Nos humanos, a espécie presente é a S. aureus, e
em cães, a S. pseudointermedius.
Diante disso, já encontramos o óleo da
melaleuca em shampoos e loções medicamentosas ou o próprio óleo bruto para uso
tópico destinados ao tratamento de diversos problemas de pele, desde os
ocasionado por fungos e bactérias, até os por ácaros que causam a sarna sarcóptica
em cães, gatos e cavalos. Como já dito, os terpenos são os responsáveis por tal
ação e supõe-se que nos ectoparasitas seu efeito seja pela inibição da enzima
acetilcolinesterase, influenciando no metabolismo do parasita e levando a
morte.
O shampoo de melaleuca permite limpeza e
proteção da pele, por sua ação bactericida e fungicida, além de antiinflamatória.
Um dos exemplos comerciais do shampoo é indicado a animais sensíveis, é
hipoalergênico por ser fitoterápico, e seu uso é muito seguro, tanto para
tratar quanto para uso contínuo como preventivo. É interessante ressaltar que
tal fator é uma vantagem ao empregarmos um produto fitoterápico, que pode ser
usado continuamente sem problemas de criação de resistência por parte de
patógenos ou efeitos colaterais aos animais, o que ocorreria no caso de
antibióticos e anti-fúngicos, além disso podemos utilizar em filhotes e idosos
sem restrições.
É importante ressaltar que alguns
animais apresentam reações alérgicas aos componentes do óleo da melaleuca, com
quadros de intoxicação onde o animal apresenta sinais de hipotermia,
desidratação, ataxia, tremores e coma, por isso, muito cuidado no uso do óleo
bruto e ao instituir uma terapia sem monitoramento de um médico veterinário
para o seu animal.
Ainda seria interessante estudar
tratamentos com o óleo de melaleuca em outras espécies como as aves e outras
afecções dos animais domésticos como a sarna demodécica, que possui tratamento
muitas vezes custoso e ineficaz para alguns animais, além de em grande maioria
de casos estar associada com problemas bacterianos e fúngicos da pele dos cães
o que dificulta o sucesso terapêutico.
Texto e foto: Médica Veterinária Carolina Granconato de Abreu
Referências
Allerdog
Hipoalergênico – Manual técnico. CEPAV PHARMA Ltda. Disponível em:
FARIA, A. M.
Tratamentos convencionais e fitoterápicos para o controle de sarna sarcóptica
nos animais domésticos (Revisão de literatura). Trabalho apresentado na
Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2011.
Melaleuca –
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Melaleuca
SIMÕES, R. P. et al. Revista
Lecta, Bragança Paulista, v. 20, n. 2, p. 143-152, jul./dez. 2002.
Olá. Minha cachorrinha tem demodicidose e se coça muito. Queria experimentar o uso tópico do óleo de melaleuca com babosa. Qual a quantidade segura (e eficiente) de melaleuca a ser diluída na água para que eu possa usar em um borrifador ou no xampu?
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