Texto: Bruno Abreu
No centro das grandes cidades, as hortas passam um pouco despercebidas, e nem toda a gente lhes dá o devido valor. Ao lado do Bairro da Picheleira, em Lisboa, uma horta escolar fez toda a diferença. «Em vez de os alunos saltarem os muros para fugir da escola, havia miúdos problemáticos que saltavam para dentro da escola para virem ajudar na horta», conta o professor Nuno, da EB Engenheiro Duarte Pacheco, no Beato. O sucesso imediato fez com que a horta se tornasse pequena para tanto entusiasmo.
Esta sexta-feira foi, portanto, inaugurada a segunda parte do projeto: uma horta comunitária localizada ao lado da escola que foi posta ao serviço do bairro. O terreno estava ao abandono, mas agora tem estacas a segurar a terra e está tudo pronto para plantar. A Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, Maria Simonetta Luz Afonso, deu a primeira cavadela na terra, uma forma simbólica de inaugurar a obra.
Agora a horta não é apenas um monte de terra para plantar cenouras ou manjericão, mas mais do que isso. Planta-se também o futuro. «Aqui as crianças aprendem a cidadania. Foram eles próprios a terem a ideia, a apresenta-la e a avançarem com ela. Envolveram-se, envolveram as comunidades. Foi um trabalho de grupo que permite que aprendam a olhar para a cidade», explicou a presidente da Assembleia Municipal.
E de facto assim é. O entusiasmo dos alunos, com idade de escola primária, é evidente desde que apresentaram a proposta à câmara. Escolheram o espaço, na altura degradado e forrado a ervas daninhas, como o local onde iam crescer os seus legumes. «Esta foi uma iniciativa dos alunos e que partiu da escola. Visa criar um sentido de responsabilidade inerente à cidadania. É um exemplo», disse por seu lado João Casanova de Almeida, secretário de Estado do Ensino e Educação Escolar, também presente na inauguração.
Envolvido no projeto esteve também a Junta de Freguesia do Beato, que tomou a horta como projeto prioritário para o bem-estar da comunidade. «A horta é agora um espaço público, que não estava a ser usado, mas que agora poderá ser cultivado. Em tempo de crise é importante fomentar estes valores e promover a educação cívica e a cidadania ambiental. As próprias crianças podem também aprender que os legumes não vêm dos supermercados mas sim da terra», afirmou o presidente Hugo Xambre Pereira.
Um molho de manjericão foi transferido da horta da escola para a comunitária, onde vai começar a florir, juntamente com este projeto.
Foto de Alexandre Pona/ ASF
Data: 12.10.2012
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