Título do trabalho: Plantas medicinais utilizadas por
idosos com diagnóstico de Diabetes mellitus no tratamento dos sintomas da
doença
Autores: FEIJÓ, A.M.; BUENO, M.E.N.; CEOLIN, T.;
LINCK, C.L.; SCHWARTZ, E.; LANGE, C.; MEINCKE, S.M.K.; HECK, R.M.; BARBIERI,
R.L.; HEIDEN, G.
Fonte: Revista Brasileira de Plantas Medicinais [online].
2012, vol.14, n.1, pp. 50-56.
Parte do resumo
Foram entrevistados 18 idosos com idade entre 60 e 77
anos, sendo 14 do sexo feminino. Os participantes citaram 20 plantas medicinais
utilizadas como terapia complementar no tratamento do Diabetes mellitus. Entre
estas, as mais citadas utilizadas para diminuir os níveis de glicose no sangue foram
Sphagneticola trilobata, Bauhinia spp. e Syzygium cumini, sendo
que para as duas últimas há comprovação científica do efeito hipoglicemiante. A
infusão foi a forma de preparo predominante. Considera-se importante a
realização de estudos farmacológicos que investiguem os efeitos das plantas
utilizadas pela população, a fim de que o uso proporcione os benefícios
desejados e não cause danos à saúde.
Sobre as plantas relatadas pelos participantes (com
observações minhas), e com discussão dos pesquisadores, as que possuem
pesquisas sobre efeito hipoglicemiante são:
Encontrou-se para Baccharis genistelloides efeito
hipoglicemiante (Xavier et al., 1967) e para Baccharis trimera efeito
hepatoprotetor, analgésico, anti-ulcerativo, antiinflamatório (Soicke et al.,
1986; Gene et al., 1996) e potencial atividade antidiabética (Oliveira et al.,
2005), reforçando os efeitos indicados pelo entrevistados.
Obs.:
Baccharis trimera pode ser sinônimo de Baccharis trimera var. genistelloides
Baccharis trimera
Bauhinia forficata é amplamente
utilizada na medicina popular brasileira para o tratamento de diabetes. Um
estudo realizado com ratos diabéticos verificou que o tratamento com esta
planta não apresentou efeito hipoglicemiante (Volpato et al., 2008). Em outra
pesquisa realizada com extrato aquoso de folhas de B. forficata e Cissus
sicyoides comprovou-se que apresenta potencial fonte de antioxidantes
naturais e pode ser útil na prevenção de complicações diabéticas associadas ao
estresse oxidativo (Khalil et al., 2008).
Cissus sicyoides
Bauhinia forficata
Obs.: link sobre confusões que ocorrem com a B. forficata
O extrato metanólico das folhas de Bauhinia
cheilandra foi testado em ratos diabéticos nas doses de 300, 600 e 900 mg
Kg-1, demonstrando atividade hipoglicemiante significativa (Almeida et al.,
2006). Foi encontrado também outro estudo que comprova a eficácia de B.
forficata na redução da hiperglicemia e o mesmo sugere a validade do uso
clínico da planta no tratamento do DM tipo 2 (Lino et al., 2004). Estas
pesquisas confirmam o uso referido pelos sujeitos do estudo.
Campomanesia xanthocarpa e Cuphea carthagenensis são tradicionalmente
usadas no Sul do Brasil na forma de infusão para tratar os níveis elevados de
colesterol e triglicérides. O tratamento crônico com extrato aquoso de C.
xanthocarpa induziu redução significativa no ganho de peso em ratos, em comparação
ao grupo controle. Além disso, a análise bioquímica mostrou que esse tratamento
reduziu aglicemia, enquanto nenhum efeito sobre os níveis lipídicos foi
observado (Biavatti et al., 2004), vindo ao encontro ao efeito citado pelos
entrevistados.
Em relação a Cynara scolymus citada pelos indivíduos
portadores de Diabetes mellitus, os estudos indicam efeito antioxidante
(Skarpanska-Stejnborn et al., 2008), melhora dos sintomas da Síndrome do Intestino
Irritável (Bundy et al., 2004) e atividade antiespasmódica (Emendörfer et al.,
2005), sem efeitos hipoglicemiantes.
Estudo realizado com o extrato metanólico de Equisetum
arvense indicou efeito antidiabético significativo desta planta (Safiyeh et
al., 2007). Também foram realizadas pesquisas com as partes aéreas de E.
myriochaetum, encontrando como resultado efeito hipoglicemiante em
pacientes diabéticos tipo 2 a
partir de 90 minutos após a administração (Revilla et al., 2002).
Um estudo realizado com Hydrangea macrophylla var.
thunbergii em ratos constatou que a planta reduziu significativamente a
glicose no sangue, os níveis de triglicérides e de ácidos graxos livres duas
semanas após a administração na dose de 200 mg kg-1 (Zhang et al., 2009).
Com relação a Morus nigra foi encontrado efeito
antioxidante moderado (Al-Mustafa & Al-Thunibat, 2008) e o fruto da planta
tem ação protetora contra danos de biomembranas e biomoléculas (Naderi et al.,
2004).
Quanto a Phaseolus vulgaris, através de experimentos
com o extrato das vagens em ratos diabéticos foi encontrado efeito
hipoglicemiante (Pari & Venkateswaran, 2003; Pari & Venkateswaran,
2004) e hipolipemiante (Pari & Venkateswaran, 2004).
Pesquisa realizada em ratos comprovou o efeito
hipoglicemiante de Stachytarpheta cayennensis, com ação similar a
glibenclamida (medicação hipoglicemiante) (Adebajo et al., 2007), justificando
o uso na busca deste efeito pelos sujeitos do estudo.
Estudo realizado com teste oral de tolerância à
glicose mostrou que apenas a casca de Syzygium cumini apresentou
atividade anti-hiperglicêmica (Villaseñor & Lamadrid, 2006). Outro estudo
refere que S. cumini reduziu a glicemia de ratos nãodiabéticos. Porém,
este efeito foi associado com redução do consumo de alimentos e o peso
corporal, indicando que este pode não ser um verdadeiro efeito hipoglicemiante
(Oliveira et al., 2005). Pesquisas realizadas com as folhas da planta
preparadas em forma de chá mostraram que esta não possui efeito hipoglicemiante
(Teixeira et al., 2006; Teixeira & Fuchs, 2006).
Pesquisa realizada com ratos hipertensos utilizando o
extrato bruto etanólico de folhas de Echinodorus
grandiflorus demonstrou significativo efeito anti-hipertensivo, sugerindo a
eficácia para tratamento oral de hipertensão arterial (Lessa et al., 2008).
O extrato aquoso de Persea americana apresentou
redução dos níveis de glicose no sangue de ratos diabéticos (Edem et
al., 2009).
A raiz de Polymnia sonchifolia (yacon) apresenta
propriedades benéficas ao organismo, entre elas o controle da glicemia (Vilhena
et al., 2000). Diferentemente da maioria das raízes, que armazenam carboidratos
na forma de amido, o yacon armazena carboidratos na forma de frutanos. O corpo
humano não possui enzimas que hidrolisam os fruto-oligossacarídeos, dessa
forma, eles passam através do trato digestivo sem ser metabolizados, o que significa
que o yacon fornece pouca energia e torna-se alimento promissor para dietas e para os diabéticos, sendo considerado um
alimento funcional (Seminario et al., 2003; Candido & Campos, 2005).
Em relação às plantas identificadas encontrou-se
estudos que comprovam a associação com o efeito hipoglicemiante para 11 destas
(Baccharis genistelloides, Baccharis trimera, Bauhinia
cheilandra, Campomanesia xanthocarpa, Equisetum arvense, Equisetum
myriochaetum, Hydrangea macrophylla, Phaseolus vulgaris, Stachytarpheta
cayennensis, Persea Americana e Polymnia sonchifolia). Para
duas plantas (Bauhinia forficata e Syzygium cumini) os estudos
contradizem-se quanto à redução da glicemia.
As referências poderão ser encontradas no link:
http://www.scielo.br/pdf/rbpm/v14n1/v14n1a08.pdf
Sobre as outras espécies
Campomanesia xanthocarpa
Fonte:
Equisetum arvense
Foto:
Equisetum myriochaetum
Foto:
Hydrangea macrophylla
Foto:
Polymnia sonchifolia
Foto:
Stachytarpheta cayennensis
Syzygium cumini
Foto:
Phaseolus vulgaris (feijão)
Persea americana (abacate)
Prof. Marcos Roberto Furlan gostaria de saber como é feito o tratamento com a Baccharis genistelloides.
ResponderExcluirObrigada Fabiana
Oi, Fabiana!
ExcluirGrato pela procura.
No blog há outras postagens sobre plantas para diabetes. Basta colocar na busca a palavra, que irá encontrar os links.
Quanto à dosagem, ainda não determinada cientificamente, depende da forma em que for usar, da idade, dentre outros fatores. Geralmente, para adulto, é uma colher de sopa por xícara de chá, 3 vezes ao dia. Mas há espécies mais indicadas.
Se for seca e para uso Interno:
Infuso ou decocto a 2,5%: 50 a 200mL ao dia.
Tintura: 5 a 25mL ao dia.
Extrato Fluido: 1 a 5mL
Dose: 1 a 4g ao dia.
Nesse link, encontra mais informações sobre outras espécies
http://saude.londrina.pr.gov.br/protocolo_saude/downloads_site_protocolosaude_2007/prot_fitoterapia.pdf