quarta-feira, 10 de abril de 2013

Almecegueira


Texto:
Marcos Roberto Furlan (Engenheiro Agrônomo)
Vera Marcia Domingues da Silva (Acadêmica de biologia)

Muitas espécies arbóreas deveriam ser cultuadas no Brasil em função de seus usos ao longo da nossa história, e uma delas, de nome complicado, inclusive o popular, é a almecegueira, cujo nome científico é Protium heptaphyllum. Além do citado nome popular, também é denominada pela população por nomes como breu, almecéga, almíscega, breu-vermelho e amescla, dentre vários outros. Os índios a chamam por Igcigca ou por Icica (GURGEL, 2004). 

Essa árvore é encontrada, principalmente em solos úmidos, na região Amazônica e nos Estados de Minas Gerais, da Bahia, de Goiás, do Mato Grosso do Sul e de São Paulo, e pertence à família Burseraceae, (FAJARDO et al., 2009). Produz uma resina oleosa rica em óleos essenciais, denominada por breu, a qual é característica em alguns gêneros desta família (NOGUEIRA et al., 2002). 

Essa resina, exsudada do caule, possui aplicações que vão desde a fabricação de vernizes e de tintas, na calafetagem de embarcações, em cosméticos e em repelentes de insetos (VIEIRA JUNIOR et al., 2005). 

As principais informações sobre a almecegueira foram presentes preciosos dos índios, e foram transmitidas de forma oral e, felizmente, muitas estão registradas em algumas pesquisas na área da etnobotânica. 

Um texto antigo, mas sem relação com aplicações pelos indígenas, e que relata uma de suas aplicações é o “Tratado Único da Constituição Pestilencial de Pernambuco” do médico Dr. João Ferreyra da Rosa, publicado em 1694. A almécega, segundo Duarte (1956), era indicada Rosa como defumador nas fogueiras, com o objetivo de purificar o ar e para cheirar como “pomo”, misturado a outros produtos para evitar o “contágio”. 

No link http://quintaisimortais.blogspot.com.br/2012/09/planta-amazonica-protege-pele-melhor.html, irá encontrar informações sobre pesquisa relacionada ao seu potencial medicinal.

Nas próximas postagens, mais informações sobre a espécie.
Protium heptaphyllum

Referências

ALMEIDA, A. V.; CÂMARA, C. A. G.; MARQUES, E. A. T. Plantas medicinais brasileiras usadas pelo Dr. João Ferreyra da Rosa na “Constituição Pestilencial de Pernambuco” no fi nal do século XVII. Revista Biotemas, v.21, n.4, 2008. (http://www.biotemas.ufsc.br/volumes/pdf/volume214/p39a48.pdf).

DUARTE, E. Introdução histórica. In: Andrade, G. O. (Org.). Mourão, Rosa & Pimenta: Notícia dos três primeiros livros em vernáculo sobre a Medicina do Brasil. Arquivo Público Estadual Recife, Recife, Brasil, p.175-218, 1956.

FAJARDO, C. G.; ALMEIDA VIEIRA, F. D.; MEDEIROS MORAIS, V. D.; MARACAJÁ, P. B.; CARVALHO, D. D. Polimorfismo de isoenzimas em Protium spruceanum (Benth.) Engler (Burseraceae) como base para estudos de diversidade genética. Revista verde de agroecologia e desenvolvimento sustentável, v.4, n.4, p. 27-32, 2009. (http://www.gvaa.com.br/revista/index.php/RVADS/article/viewFile/213/213).

GURGEL, C. B. F. M. A fitoterapia indígena do Brasil colonial (os primeiros dois séculos). In: Encontro Regional de História, 11., 2004. Anais eletrônicos... Rio de Janeiro: UFF, 2004. Disponível em: <http://www.uff.br/ichf/anpuhrio/Anais>. Acesso em: 10 abr. 2013.

NOGUEIRA, B. P., LOIOLA, P. O. D., SALLES, T. M. T., & GOMES, L. T. L. Metabólitos secundários de Protium heptaphyllum March. Química Nova, v.28, n.6b, p. 1078-1080, 2002. (http://www.scielo.br/pdf/qn/v25n6b/13121.pdf).

VIEIRA JUNIOR, G. M.; SOUZA, C. M. L.; CHAVES, M. H. Resina de Protium heptaphyllum: isolamento, caracterização estrutural e avaliação das propriedades térmicas. Química Nova, v.28, n.2, p. 183-187, 2005. (http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-40422005000200003&script=sci_arttext).

Nenhum comentário:

Postar um comentário