19 Março 2013 Por: Lino Manuel
Doze mulheres, na sua maioria viúvas e mães solteiras, e seis homens do distrito da Namaacha, sul da província de Maputo, que se juntaram no ano 2000 em associação, denominada “Pala Wassokoti”, conciliam a produção de hortícolas e legumes com a de sumos e essência de algumas plantas medicinais, numa pequena unidade industrial de agro-processamento.
Na referida fabriqueta, os dezoito camponeses, assistidos por um técnico zimbabueano, da área da engenharia alimentar, produzem polpa de manga, ananás, laranja e maracujá, com a qual fabricam sumo natural, com diferentes sabores e abastecem o mercado local e alguns estabelecimentos comerciais da cidade de Maputo.
Produzem igualmente óleo de eucalipto citriodora, usado no tratamento da tuberculose, complicações respiratórias e saunas, como fixador de perfumes, e ainda gel de aloé vera, planta com vastas propriedades curativas, com destaque para a restauração do sistema imunológico.
A pequena fábrica funciona desde o ano 2010 e possui uma capacidade de produção diária de quatrocentos litros de sumo, cem de gel de aloé vera e dois litros e meio de óleo de eucalipto citriodora, cujas folhas, devido a um composto químico chamado citronenal, exalam um perfume semelhante ao dos citrinos.
A mesma foi construída e equipada com fundos doados pelo Governo da Itália e pela Regione Emilia Romagna, Organização não Governamental daquele país europeu, com a comparticipação da ADIPSA, uma unidade de Apoio ao Desenvolvimento de Iniciativas Privadas no Sector Agrário, junto ao Ministério da Agricultura do nosso país.
Actualmente aquela unidade de agro-processamento emprega vinte e cinco trabalhadores, sete dos quais contratados e os restantes são membros da associação “Pala Wassokoti”, nome tsonga que em língua portuguesa significa “toca da formiga”.
Aquela associação detém o Título de Uso e Aproveitamento da Terra, de uma área de trinta e três hectares. Nela, os seus membros produzem legumes e hortícolas que são vendidos nos mercados grossistas da Malanga e do Zimpeto, ambos na cidade capital, e culturas alimentares como milho e feijões, para o consumo familiar.
Ernesto Buque, presidente da associação, sublinha que com o Direito de Uso e Aproveitamento da Terra (DUAT) concedido pelo Governo do Distrito à “Pala Wassokoti”, a título provisório, os camponeses associados se sentem seguros.
“A nossa vida depende da utilização da terra; desde que iniciamos a exploração da área, ora legalizada, nenhum de nós sente a necessidade de pedir emprego, antes pelo contrário, empregamos algumas pessoas da comunidade, que nos ajudam a produzir hortícolas,”frisou E. Buque.
Segundo ele, os trinta e três hectares de terra, pertencentes à associação “Pala Wassokoti”, estão divididos em duas áreas, uma localizada na zona baixa, onde os associados produzem legumes, hortícolas, milho e feijões, em parcelas individuais e noutra de sequeiro, usada para a produção da fruta. Nesta última também fazem a multiplicação de aloé vera e futuramente, do eucalipto citriodora.
“Recebemos, há sensivelmente três anos, cento e cinquenta plantas de aloé vera, do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Eduardo Mondlane e multiplicamos; hoje temos esta planta às centenas”, sublinhou.E. Buque explicou ainda que, por enquanto, a folha de eucalipto usada para a extracção de óleo medicinal é colhida na floresta na Namaacha, que amiúde é devastada pelas queimadas descontroladas. Para assegurar que a espécie não se extinga, os camponeses da associação vão introduzi-la na sua área. (x)
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