Do site: www.saudecomciencia.com
Autoria: Dra. Renata Fraia
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Novas pesquisas sobre os benefícios dos ácidos graxos para o organismo são publicadas a cada ano, mas a falta de conhecimento sobre as fontes confiáveis destes nutrientes fazem com que o consumidor haja com desconfiança diante das gôndolas
É consenso entre os principais órgãos de saúde do mundo a importância de incluir ácidos graxos essenciais na alimentação.
óleo de peixe/foto: Petr Kratochvil
Os ácidos graxos da série ômega-3, especialmente, são nutrientes essenciais para a composição de células nervosas e para a realização de diferentes funções celulares.
Contudo, eles não estão naturalmente presentes nas dietas da maioria das pessoas, sendo que os peixes de águas salgadas profundas são suas principais fontes. Os ácidos graxos da série ômega-6 são essenciais para o organismo, uma vez que não podem ser sintetizados, por isso precisam ser obtidos através da alimentação e podem ser encontrado em diversas fontes, especialmente nas sementes oleaginosas.
Além dos ômegas, as sementes oleaginosas são importantes fontes de vitamina E, fitosterois e compostos fenólicos, sendo também amplamente utilizadas como matéria prima para a indústria de cosméticos.
Diante disso, uma alternativa para o consumidor é incluir na rotina alimentar produtos à base de óleos vegetais ou de peixes ou mesmo apostar em suplementação alimentar. O problema é identificar se os rótulos das embalagens de óleos e suplementos realmente tem o que dizem ter.
“O consumidor não consegue avaliar a qualidade ou mesmo comprovar a identidade dos óleos apenas pelos aspectos visuais ou sensoriais. Neste caso o que vale realmente é a confiança na empresa produtora,” afirma o pesquisador do Laboratório de Óleos e Gorduras da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp, Renato Grimaldi.
Segundo Grimaldi o preço muito baixo para óleos mais nobres, como os que são provenientes de castanhas, é um indicativo para o consumidor desconfiar da identidade do produto. Acontece que a extração mecânica através de prensagem é o processo mais adequado para preservação dos nutrientes nos óleos. No entanto, desta forma, os produtores conseguem extrair em média apenas 1 litro de óleo para cada 4 quilos de sementes.
“Quando a empresa quer extrair todo o óleo presente na amêndoa, semente ou mesmo polpa, precisa ser utilizado um processo combinado, que envolve prensagem mecânica e o uso de solventes, sendo que o mais comum é o hexano. Apesar de ser um solvente tóxico, as empresas apresentam tecnologias altamente avançadas, que garantem que não exista solvente residual nos óleos, sendo considerado um produto seguro. Os processos mecânicos não conseguem extrair todo o óleo presente nas sementes ou amêndoas,” explica Grimaldi.
Óleos puros e com nutrientes intactos
Boa parte dos óleos nobres disponíveis no mercado, com identidades confiáveis e que realmente apresentam todos os nutrientes preservados são importados. Na legislação brasileira não existem parâmetros de identidade para estes óleos especiais.
“O consumidor que quer adquirir capsulas de ômega-3, por exemplo, precisaria enviar o produto para testes se quisesse ter certeza de sua identidade”, afirma Grimaldi.
“Quando falamos nas fontes de ômega-3, como alguns óleos de peixes, o mais importante é saber se estes óleos são livres de metais pesados, substancias altamente toxicas. Outro ponto é que estes óleos precisam ser originados de peixes de águas frias e profundas, para serem fontes dos dois principais ácidos graxos da série Omega 3, conhecidos como EPA e DHA. Alguns peixes são produzidos em cativeiros e alimentados com fontes de óleos vegetais, o que faz com que não apresentem EPA e DHA. Os produtos com óleo de peixe, ricos em EPA e DHA dificilmente terão preços competitivos”.
Utilizada como óleo de mesa e na indústria cosmética, a amêndoa doce é outro exemplo matéria prima com alto custo produtivo. Tradicional aliada das gestantes, que utilizam o produto para prevenir estrias, é possível encontrar cremes e óleos de amêndoas doces com variados preços.
“Poucos são os produtos que realmente têm efeito positivo para hidratação da pele. Nestes casos, certamente a culpa não é da matéria prima. Na verdade o consumidor está comprando um óleo rotulado como óleo de amêndoas, mas na verdade está utilizando um outro óleo completamente diferente, o que evidentemente não terá o efeito prescrito no rótulo.”
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