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REB Volume 5 (2): 1-8, 2012
Importância Econômica das Plantas Tóxicas Para a Pecuária
As
perdas econômicas ocasionadas pelas plantas podem ser classificadas como
diretas ou indiretas conforme o impacto que estas representam (Riet-Correa
& Medeiros, 2001). Perdas diretas são assim entendidas, como a perda que
ocasiona morte de animais, diminuição dos índices reprodutivos (abortos,
infertilidade, malformações), redução da produtividade nos animais
sobreviventes (diminuição da produção de leite, carne, lã) e aumento da
incidência de outras doenças devido depressão imunológica.
As
perdas indiretas incluem os custos empregados para controlar as plantas tóxicas
nas pastagens, construção de cercas, pasto alternativo, as medidas de manejo
para evitar as intoxicações, compra de gado para substituir os animais mortos,
e os gastos associados ao diagnóstico e tratamento das intoxicações
(Riet-Correa & Medeiros, 2001).
Condições Para Ocorrência da Intoxicação
Os
principais fatores determinantes para indicar a freqüência e ocorrência dos
casos de intoxicação em animais são: a palatabilidade, disponibilidade da espécie
tóxica e a fome. As intoxicações podem ocorrer tanto por plantas não palatáveis
como palatáveis. A Palicourea marcgravii St. Hil (Rubiaceae),
popularmente conhecida como erva de rato, é a principal planta tóxica
brasileira, responsável pelos casos de “morte subida” (Barbosa et al.,
2003). Além de estar amplamente distribuída no território nacional, esta planta
é muito palatável (Soto-Blanco et al. 2004). Normalmente, as espécies
pouco palatáveis são ingeridas somente em condições especiais. Em época de
estiagem e secas prolongadas, espécies tóxicas como Senecio spp. e Ipomoea
carnea permanecem verdes e disponíveis nos pastos (Haraguchi, 2003). A fome
constitui, aí, a principal causa de intoxicação.
Espécies Tóxicas no Brasil
No
Brasil são conhecidas cerca de 110 plantas tóxicas (Riet-Correa et al. 2006).
Espécies como a Palicourea longiflora e Strychnos cogens (Loganiaceae),
são responsáveis por até 90% das causas de morte de gado na região Amazônica
(Gonzaga et al., 2007). O monofluoroacetato, encontrado na P.
marcgravii age como um bloqueador da respiração celular e faz desta, uma
espécie de alta toxidez e efeito acumulativo (Soto-Blanco et al., 2004).
O gênero Palicourea, é conhecido tradicionalmente pelos indígenas para
confecção venenos de flechas denominados curares (Souza et al, 2004).
Outras plantas importantes por provocar "morte súbita" em bovinos são
Arrabidaea bilabiata, Arrabidaea japurensis, na região Norte e Mascagnia
rígida, na região Nordeste (Haraguchi, 2003).
Tokarnia
et al. (1998) comprovaram que a ingestão de favas de Stryphnodendron
obovatum (barbatimão) em doses de 5 g/kg/dia é capaz de provocar aborto em
animais intoxicados. O barbatimão pode acusar ainda distúrbios digestivos e
fotossensibilidade (Riet-Correa, 2007). Em experimento, Almeida et al.
(2006) demonstraram que a ação tóxica da Leucaena leucocephala em
ouvinos causa perda de pêlos, catarata e infertilidade nos animais.
Barbosa et al. (2005) estudaram a ação tóxica
da Ipomoea asarifolia (batatarana) em búfalos e ruminantes comprovando
sintomas de intoxicação como tremores e incoordenação motora nestes animais. A Ipomoea
carnea (Convolvulaceae), conhecida como mata-cabra, é outra espécie tóxica
do gênero, encontrada em diversas regiões do Brasil, e tem sua ação tóxica
provocada por alcaloides tropânicos (Schwarz et al. 2004).
Outra
espécie de importante por causar intoxicação no Brasil é a Sida carpinifolia
(Malvaceae) conhecida popularmente, como malva-brava e distribuída nas
regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, esta espécie é considerada uma erva
daninha na agricultura dado sua fácil propagação. O alcaloide indolizidínico 1,
2, 8-triol, denominado swainsonina, presente nesta, é responsável por
alterações clínicas neurológicas (Seitz et al., 2005).
As
intoxicações por espécies de Senecio (seneciose) provocam também perdas
econômicas importantes pela queda na produtividade dos animais, e mesmo por sua
morte (Karam et al., 2002). Os alcaloides pirrolizidínicos, princípios
ativos tóxicos encontrados nesta espécie, determinam uma lesão irreversível e
progressiva no fígado daqueles que a consumirem. Basile et al. (2005)
aponta a Senecio brasiliensis (flor das almas) como uma das principais
causas de mortes em bovinos adultos no Rio Grande do Sul. Os alcaloides
pirrolizidínicos são também, os responsáveis pelas intoxicações com Crotalaria
spectabilis (Fabaceae) (Souza; Hatayde & Bechara, 1997) e Trema
micrantha (Grandiúva) nos pastos brasileiros (Traverso et al.,
2002).
CONCLUSÃO
A
grande diversidade de plantas e de princípios tóxicos, ainda desconhecidos,
dificulta o tratamento nos casos de intoxicados (Baleroni Guerra et al.,
2002). As medidas mais comumente empregadas envolvem a aplicação de glicose,
extratos hepáticos, purgantes oleosos e repouso já que, ainda não se conhecem
tratamentos específicos (antídotos) (Haraguchi, 2003).
Para
o desenvolvimento de técnicas profiláticas e procedimentos terapêuticos
adequados, torna-se indispensável à identificação do princípio ativo tóxico.
Como destacam Gonzaga et al. (2007) estudo da toxicidade de plantas pode
representar ainda uma ferramenta alternativa e promissora para o
desenvolvimento de biocidas naturais viáveis no controle de pragas na 6
agricultura.
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