quarta-feira, 19 de junho de 2013

Artigo: Plantas Tóxicas: Importância Para a Pecuária: Revisão Bibliográfica

Texto completo, com as referências, no link:
REB Volume 5 (2): 1-8, 2012

Importância Econômica das Plantas Tóxicas Para a Pecuária
As perdas econômicas ocasionadas pelas plantas podem ser classificadas como diretas ou indiretas conforme o impacto que estas representam (Riet-Correa & Medeiros, 2001). Perdas diretas são assim entendidas, como a perda que ocasiona morte de animais, diminuição dos índices reprodutivos (abortos, infertilidade, malformações), redução da produtividade nos animais sobreviventes (diminuição da produção de leite, carne, lã) e aumento da incidência de outras doenças devido depressão imunológica.

As perdas indiretas incluem os custos empregados para controlar as plantas tóxicas nas pastagens, construção de cercas, pasto alternativo, as medidas de manejo para evitar as intoxicações, compra de gado para substituir os animais mortos, e os gastos associados ao diagnóstico e tratamento das intoxicações (Riet-Correa & Medeiros, 2001).

Condições Para Ocorrência da Intoxicação

Os principais fatores determinantes para indicar a freqüência e ocorrência dos casos de intoxicação em animais são: a palatabilidade, disponibilidade da espécie tóxica e a fome. As intoxicações podem ocorrer tanto por plantas não palatáveis como palatáveis. A Palicourea marcgravii St. Hil (Rubiaceae), popularmente conhecida como erva de rato, é a principal planta tóxica brasileira, responsável pelos casos de “morte subida” (Barbosa et al., 2003). Além de estar amplamente distribuída no território nacional, esta planta é muito palatável (Soto-Blanco et al. 2004). Normalmente, as espécies pouco palatáveis são ingeridas somente em condições especiais. Em época de estiagem e secas prolongadas, espécies tóxicas como Senecio spp. e Ipomoea carnea permanecem verdes e disponíveis nos pastos (Haraguchi, 2003). A fome constitui, aí, a principal causa de intoxicação.

Espécies Tóxicas no Brasil

No Brasil são conhecidas cerca de 110 plantas tóxicas (Riet-Correa et al. 2006). Espécies como a Palicourea longiflora e Strychnos cogens (Loganiaceae), são responsáveis por até 90% das causas de morte de gado na região Amazônica (Gonzaga et al., 2007). O monofluoroacetato, encontrado na P. marcgravii age como um bloqueador da respiração celular e faz desta, uma espécie de alta toxidez e efeito acumulativo (Soto-Blanco et al., 2004). O gênero Palicourea, é conhecido tradicionalmente pelos indígenas para confecção venenos de flechas denominados curares (Souza et al, 2004). Outras plantas importantes por provocar "morte súbita" em bovinos são Arrabidaea bilabiata, Arrabidaea japurensis, na região Norte e Mascagnia rígida, na região Nordeste (Haraguchi, 2003).

Tokarnia et al. (1998) comprovaram que a ingestão de favas de Stryphnodendron obovatum (barbatimão) em doses de 5 g/kg/dia é capaz de provocar aborto em animais intoxicados. O barbatimão pode acusar ainda distúrbios digestivos e fotossensibilidade (Riet-Correa, 2007). Em experimento, Almeida et al. (2006) demonstraram que a ação tóxica da Leucaena leucocephala em ouvinos causa perda de pêlos, catarata e infertilidade nos animais.

Barbosa et al. (2005) estudaram a ação tóxica da Ipomoea asarifolia (batatarana) em búfalos e ruminantes comprovando sintomas de intoxicação como tremores e incoordenação motora nestes animais. A Ipomoea carnea (Convolvulaceae), conhecida como mata-cabra, é outra espécie tóxica do gênero, encontrada em diversas regiões do Brasil, e tem sua ação tóxica provocada por alcaloides tropânicos (Schwarz et al. 2004).

Outra espécie de importante por causar intoxicação no Brasil é a Sida carpinifolia (Malvaceae) conhecida popularmente, como malva-brava e distribuída nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, esta espécie é considerada uma erva daninha na agricultura dado sua fácil propagação. O alcaloide indolizidínico 1, 2, 8-triol, denominado swainsonina, presente nesta, é responsável por alterações clínicas neurológicas (Seitz et al., 2005).

As intoxicações por espécies de Senecio (seneciose) provocam também perdas econômicas importantes pela queda na produtividade dos animais, e mesmo por sua morte (Karam et al., 2002). Os alcaloides pirrolizidínicos, princípios ativos tóxicos encontrados nesta espécie, determinam uma lesão irreversível e progressiva no fígado daqueles que a consumirem. Basile et al. (2005) aponta a Senecio brasiliensis (flor das almas) como uma das principais causas de mortes em bovinos adultos no Rio Grande do Sul. Os alcaloides pirrolizidínicos são também, os responsáveis pelas intoxicações com Crotalaria spectabilis (Fabaceae) (Souza; Hatayde & Bechara, 1997) e Trema micrantha (Grandiúva) nos pastos brasileiros (Traverso et al., 2002).

CONCLUSÃO

A grande diversidade de plantas e de princípios tóxicos, ainda desconhecidos, dificulta o tratamento nos casos de intoxicados (Baleroni Guerra et al., 2002). As medidas mais comumente empregadas envolvem a aplicação de glicose, extratos hepáticos, purgantes oleosos e repouso já que, ainda não se conhecem tratamentos específicos (antídotos) (Haraguchi, 2003).

Para o desenvolvimento de técnicas profiláticas e procedimentos terapêuticos adequados, torna-se indispensável à identificação do princípio ativo tóxico. Como destacam Gonzaga et al. (2007) estudo da toxicidade de plantas pode representar ainda uma ferramenta alternativa e promissora para o desenvolvimento de biocidas naturais viáveis no controle de pragas na 6

agricultura.

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