sexta-feira, 27 de maio de 2016

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Brasil reduziu desmatamento, mas ainda enfrenta diversas ameaças à biodiversidade, alerta PNUMA

Mineração, atividades extrativistas, expansão econômica na Amazônia e pesca destrutiva são citadas em novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) como riscos para os habitat naturais do Brasil. Mata Atlântica e Cerrado também estão ameaçados.
Mais de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos e água foram despejados sobre a região de Mariana, em Minas Gerais, com a queda das barragens. Onze pessoas morreram, 12 estão desaparecidas e milhões foram afetadas pela lama tóxica e pela falta de água em dezenas de cidades em dois estados brasileiros, com possibilidade de outros serem atingidos. Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

O Brasil tem apresentado avanços na redução do desmatamento da Amazônia e do Cerrado, mas precisa fortalecer a proteção da Mata Atlântica e combater ameaças — que incluem atividades da agricultura, mineração, geração de energia, pesca e extração de petróleo — a sua biodiversidade.

A conclusão é de um novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), publicado no último domingo (20) — Dia Internacional para a Diversidade Biológica. O documentoavalia os progressos da América Latina e do Caribe no cumprimento das Metas de Aichi de Biodiversidade, adotadas por mais de 190 países em 2010.

De 2005 a 2009, o Brasil registrou uma queda de 36% na taxa de desflorestamento da porção da Amazônia em seu território. Na comparação entre os anos 1990 e 2000, o índice anual de perda da cobertura vegetal do Cerrado caiu de 0,79% para 0,44%.

Apesar desses progressos, a análise do PNUMA estima que, de 1990 a 2015, o Brasil registrou uma redução de quase 55 mil hectares no tamanho de suas florestas. Até o ano passado, o maior compromisso de reflorestamento feito pelo país previa a restauração de cerca de 12 mil hectares.

A agência da ONU alerta para a situação da Mata Atlântica brasileira — que foi dramaticamente fragmentada e é, atualmente, composta por zonas separadas que não ultrapassam os mil hectares cada.

Segundo o PNUMA, a fragmentação de todos os tipos de florestas afeta negativamente não só a biodiversidade local, mas também a capacidade de a vegetação estocar carbono.

Ao lado da Caatinga e do Pantanal — região pantanosa mais extensa em todo o planeta —, o Cerrado também corre riscos associados a mudanças no uso das terras nas regiões onde a vegetação é encontrada. A expansão da agropecuária é citada como uma das ameaças ao bioma que, no Brasil, concentra a maior biodiversidade do mundo verificada em áreas de savana.

O incidente envolvendo a ruptura das barragens da Samarco em novembro de 2015 foi lembrado pelo PNUMA como exemplo de perigo associado à mineração para os habitats naturais brasileiros.

Segundo a agência das Nações Unidas, desde o final do ano passado, o Brasil enfrenta efeitos “devastadores” da liberação de substâncias tóxicas que já percorreram 850 km e se deslocaram de Minas Gerais até o Espírito Santo.

O PNUMA citou ainda outros casos de contaminações do meio ambiente provocadas por atividades mineradoras e extrativistas, como os vazamentos de petróleo em Loreto e o despejo de resíduos nocivos em córregos na Amazônia — prática realizada por décadas e suspensa apenas em 2009 por pressão de comunidades indígenas.
Investimentos trazem riscos para região da bacia Amazônia

O programa da ONU chama atenção também para os investimentos em infraestrutura na bacia Amazônica: 416 represas já estão operando ou estão em construção na região e outras 334 já foram propostas ou planejadas.

Brasil, Chile e Equador são citados como as nações que concentram o maior número desses projetos — que podem levar à ampliação de redes rodoviárias para porções da Amazônia antes intocadas. Comércio e busca por bens como madeira, minérios e petróleo podem motivar expansões capazes de provocar degradação ambiental, ressalta o PNUMA.

O relatório destaca a dependência dos estados latino-americanos e caribenhos de recursos oriundos de habitats naturais. Mais de dois terços do abastecimento de energia do Brasil, por exemplo, é fornecido por hidrelétricas — proporção que tende a aumentar devido a projetos já previstos para a bacia Amazônica.
Reservas privadas, parcerias internacionais e terras indígenas são destaques na proteção de habitats naturais

Ainda sobre a porção brasileira da bacia Amazônica, o PNUMA considerou como uma das mais efetivas formas de proteção da natureza a categorização oficial de faixas do território como “terras indígenas”. Evidências indicam que florestas administradas por indígenas apresentaram taxas anuais de desmatamento menores e menos variáveis do que em outras regiões protegidas.

O relatório elogia o projeto Gestão Ambiental e Territorial Indígena (GATI), que já foi implementado em 32 terras indígenas desde 2010 — escolhidas para contemplar todos os biomas florestais brasileiros, mas também pelo fato de registrarem ameaças à biodiversidade que poderiam ser contidas pela iniciativa.
Exploração de madeira na Amazônia é um dos riscos associados à expansão da infraestrutura na região. Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

O programa busca fortalecer as práticas de uso sustentável e conservação dos recursos naturais através de capacitação e eventos de troca de informações.

A pesquisa do PNUMA também destaca o impacto positivo que propriedades privadas protegidas podem ter em meio aos esforços de conservação. No Brasil, a rede privada de reservas já alcança quase 480 mil hectares.

De acordo com a agência das Nações Unidas, essas terras podem conscientizar comunidades sobre os benefícios da preservação ambiental e complementar — mas não substituir — o papel das unidades de conservação do Estado.

O PNUMA revela ainda que um quinto da Amazônia brasileira está sob proteção de 300 unidades de conservação através de iniciativas como a Integração de Áreas Protegidas do Bioma Amazônico (IAPA) — uma parceria do programa da ONU, da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o World Wildlife Fund e a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN).
Pesca excessiva e poluição ameaçam vida marinha

O Brasil também é citado no relatório — junto com a Colômbia e o Peru — por abrigar comunidades pesqueiras que poderão ser afetadas pelo colapso dessa atividade — causado por gestões não sustentáveis e ineficientes dos recursos naturais.

Em décadas recentes, a pesca continental registrou uma queda de cerca de 60% na produção, que está sob pressão de métodos tradicionais ignorados por políticas que visam à implementação de estratégias mais sustentáveis.

Outra ameaça à vida marinha no Brasil é a poluição. O país apresenta “zonas oceânicas mortas” onde a biodiversidade dos mares não consegue sobreviver devido aos baixos níveis de oxigênio da água. A maior parte dessas regiões estaria associada a áreas urbanas, como Recife, Rio de Janeiro e São Paulo.
Brasil é um dos campeões da agricultura sustentável

Apesar dos diversos desafios à preservação da biodiversidade, o Brasil também foi destaque na análise do PNUMA por abrigar a terceira maior área de cultivo do mundo adequada ao Padrão da Rede de Agricultura Sustentável (SAN) — quase 236 mil hectares distribuídos por 339 fazendas, a maioria das quais é de cafeicultores.
Informação e monitoramento são pontos fortes de estratégias brasileiras

O país foi elogiado ainda por ser o único Estado que realiza um acompanhamento quantitativo da conscientização da população sobre a perda de biodiversidade. Em 2012, 50% dos brasileiros tinham conhecimento sobre o tema — índice que representa um aumento em comparação aos 43% de 2006.

Iniciativas para monitorar e projetar riscos para espécies também foram louvadas por preverem diferentes cenários de acordo com a execução plena ou não do Código Florestal brasileiro.

As estimativas indicam que a aplicação da lei poderá ter impactos negativos segundo a espécie analisada, pois o Código poderá instituir mudanças no uso da terra que vão diminuir o território que alguns animais — como o tatu-bola-da-caatinga — possuem atualmente como habitat.

Da ONU Brasil, in EcoDebate, 27/05/2016

Fritjof Capra e os transgênicos, parte 5/6, artigo de Roberto Naime

Fritjof Capra (Viena, Áustria, 1 de fevereiro de 1939) é um físico teórico e escritor que desenvolve trabalho na promoção da educação ecológica. Foto e informações da Wikipedia

[EcoDebate] Felizmente há uma alternativa ecologicamente aprovada e muito bem documentada para os transgênicos. Nova e que esta lentamente tomando conta da agricultura mundial numa revolução silenciosa.

É conhecida como “agricultura orgânica”, “agricultura sustentável” ou “agroecologia”. Quando os agricultores plantam safras organicamente, eles usam tecnologia baseada no conhecimento ecológico e não no químico ou na engenharia genética para aumentar seus campos, o controle das pestes e promover fertilidade no solo.

Quando o solo é cultivado organicamente, seu conteúdo de carbono aumenta, e assim a agricultura orgânica contribui para reduzir o aquecimento global. De fato, tem-se estimado que aumentando o conteúdo de carbono nos solos empobrecidos do planeta a níveis plausíveis absorveria quantidade de carbono equivalente àquelas emitidas pelas atividades humanas.

O renascimento da agricultura orgânica é um fenômeno mundial. Agricultores em mais de 130 países produzem atualmente alimento orgânico para comercializar. A área total que está sendo trabalhada de forma sustentável é estimada em mais de sete milhões de hectares e o mercado do alimento orgânico tem crescido numa estimativa de U$ 22 bilhões ao ano.

Há evidência abundante que agricultura orgânica é uma alternativa ecológica saudável à química e à tecnologia genética da indústria da agricultura. A agricultura orgânica aumenta a produtividade de forma viável econômica e socialmente além de ambientalmente benigna.

Numa sociedade sustentável, todas as atividades humanas, assim como os processos industriais devem utilizar energia solar exatamente como fazem os ecossistemas.

Em virtude do papel crítico que o carbono tem sobre as alterações globais, fica evidente que o uso de combustíveis sólidos é insustentável em longo prazo. Portanto, mudar para uma sociedade sustentável centralmente inclui mudar o modelo energético baseado em combustíveis fóssil, principal fonte de energia da Era Industrial, para a energia solar.

O sol tem fornecido energia a este planeta por bilhões de anos; virtualmente todas as formas de energia, madeira, carvão, petróleo, gás natura, vento, hidro-energia e assim por diante, são formas de energia solar.

Entretanto, nem todas são renováveis. No debate atual sobre energia, o termo “energia solar” é aplicado mais especificamente para referir-se a formas de energia que vêm de fonte inesgotáveis ou renováveis, a luz do sol para aquecimento solar e eletricidade fotovoltaica, vento, hidro-energia e biomassa (matéria orgânica).

A tecnologia solar mais eficiente envolve equipamentos pequenos, a serem usados pelas comunidades locais e que geram uma ampla variedade de postos de trabalho. Portanto, o uso da energia solar reduz a poluição ao mesmo tempo em que aumenta a demanda de trabalho.

Nas décadas anteriores, depositava-se muita esperança que a energia nuclear pudesse ser o combustível ideal para substituir o carvão e o óleo, nas logo tornou-se aparente que ela trazia enormes riscos e custos e que não era uma solução viável.

Os riscos começam com a contaminação das pessoas e do meio-ambiente com substâncias radioativas causadoras de câncer, durante todos os estágios do ciclo deste combustível. Juntando-se a isso, há a emissão inevitável de radiação em acidentes nucleares e mesmo durante operações rotineira de manutenção dos equipamentos.

Há também o insolúvel problema de segurança na estocagem do resíduo do material radioativo, a ameaça de terrorismo nuclear e a possibilidade de perda de direitos civis básicos numa “economia totalitária do plutônio”.

Todos estes riscos combinados aumentam o custo de operação de estações de geração de energia nuclear a um nível que as tornam altamente não-competitivas.

Hoje, a energia nuclear é a fonte energética de menor crescimento, caindo para um mero percentual de crescimento em 1996, sem nenhuma perspectiva de melhoramento. De acordo com o jornal inglês “The Economist“, nenhuma estação de geração de energia nuclear no mundo tem mais sentido comercial.

A energia solar, por oposição, é o setor que mais cresce desde a última década. O uso de células solares (células fotovoltaicas que convertem a luz solar em eletricidade) cresceu perto de 17% ao ano nos anos 90.

Uma estimativa mostra que mais de meio milhão de lares no mundo, a maioria em vilarejos remotos que não estão ligados à energia elétrica, agora obtém energia de células solares.

A recente invenção de telhas solares no Japão promete levar uma nova explosão na eletricidade fotovoltaica. Estas placas-telhas são capazes de transformar os telhados em pequenas estações geradoras de energia e que muito provavelmente revolucionarão a geração de energia.

A utilização de energia eólica tem crescido ainda mais espetacularmente. Durante a década de 90 cresceu perto de 24% e em 2001 a capacidade de geração de energia eólica cresceu espantosamente para próximo a 31%. Desde 1995 esta energia cresceu mais de cinco vezes enquanto o carvão diminuiu 8%.

Referências:


Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Celebração da vida [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.
Nota da redação: Sugerimos que leiam, também, os artigos anteriores desta série:





in EcoDebate, 27/05/2016

São Paulo precisa tratar melhor suas árvores, defende especialista

Para o professor Marcos Buckerigde, do Instituto de Biociências da USP, a cidade de São Paulo merecia ter um centro especializado em estudos de árvores urbanas
Foto: Jorge Maruta/USP Imagens

Por Marcia Avanza, da Rádio USP

Um velho problema volta a assustar os paulistanos. Num único dia, durante uma tempestade, cerca de 180 árvores caíram na cidade. Uma pessoa morreu, sete ficaram feridas e até agora não se conseguiu calcular o prejuízo causado pela falta de energia.

A repórter Marcia Avanza foi ouvir o professor Marcos Buckerigde, do Instituto de Biociências da USP para entender por que caem tantas árvores. Ele explica que é normal a queda de árvores durante as tempestades, especialmente aquelas que estão doentes ou são muito velhas.

No entanto, o monitoramento poderia contribuir para minimizar o problema. O próprio Instituto de Biociências está desenvolvendo testes mais simples e rápidos para monitoramento. Para Buckerigde, a cidade de São Paulo merecia ter um centro especializado em estudos de árvores urbanas.

in EcoDebate, 25/05/2016

OUTRO OLHAR - Permacultura nas grandes cidades

Abundant Harvest Today In An Urban Backyard Food Forest

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Tabor Tilth: Permaculture in the City

Karla talks about Rooftop Farms

Bioconstrução - Telhado verde

Água de Chuva, Bioconstrução e Agroecologia /Fazenda Atalanta

Cobertura jornalística de crimes influencia opinião pública antes de julgamento, sugere estudo

Pesquisa analisa como a cobertura jornalística de grandes crimes pode influenciar a opinião pública antes das investigações e julgamentos emitirem vereditos

Por Denis Pacheco, do Jornal da USP

Ao afirmar que o jornalismo “não espera o resultado da batalha, informa a cada troca de tiros”, o professor Bernardo Kucinski cristalizou em uma única frase uma das importantes bases para se entender o jornalismo online nos dias de hoje. Sua obra Jornalismo na era virtual é uma das referências de uma pesquisa realizada por Margibel de Oliveira, doutora pelo Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.

Na tese As notícias de crimes: uma análise retórico-argumentativa do discurso jornalístico online por antecipação ao discurso jurídico, a pesquisadora analisou como a retórica da cobertura jornalística de grandes crimes pode influenciar a opinião pública antes das investigações e julgamentos emitirem veredictos. O método de pesquisa integrou análise do discurso e questionários que avaliaram a recepção do conteúdo por um grupo específico: alunos de Direito.
Tomando como base os casos Isabella Nardoni, menina de cinco anos de idade jogada do sexto andar do Edifício London, em São Paulo, na noite do dia 29 de março de 2008 e o de Eloá Cristina, notoriamente conhecido como o mais longo sequestro em cárcere privado já registrado pela polícia de São Paulo e que se encerrou em 17 de outubro daquele mesmo ano, Margibel utilizou como fontes matérias veiculadas pelos jornaisFolha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, comparando-as com boletins de ocorrência, denúncias da promotoria e as sentenças dos tribunais.

A pesquisadora optou pelos casos devido a grande repercussão midiática que geraram e pelo fato de já haver sentenças emitidas. Atualmente lecionando em uma faculdade de Direito, ela chegou até seu objeto de estudo a partir de uma inquietação surgida em aula para uma turma de calouros: Margibel notou que havia pouco ou nenhum questionamento dos jovens estudantes sobre a fonte de informação utilizada em sala. “Se eu levasse algum texto jornalístico para a sala de aula, eles não questionavam e usavam para fundamentar as peças deles”, explica ela.

Na disciplina em questão, alunos aprendem a organizar peças jurídicas como a petição inicial, a contestação e pareceres jurídicos, e devem questionar se as notícias registram fatos concretos ou interpretações. Para a professora, faltava a eles o questionamento da fonte como uma “fonte fidedigna, ou se aquele jornal, independente do texto trazido para a sala, tinha credibilidade para que eles o usassem na fundamentação”.

Tanto a imaturidade acadêmica dos alunos, quanto a desatenção do público geral foram alguns dos fatores comuns identificados por Margibel. Contudo, para a pesquisadora, é crucial que o público leitor – em especial futuros juristas – aprenda a enxergar na cobertura de crimes elementos e interpretações que vão além dos fatos comprovados e denotam suposições por parte de veículos e jornalistas.
Investigar não é julgar

Realizando a análise dos enunciados das manchetes, assim como excertos das notícias em busca de prejulgamentos dos jornalistas, Margibel se utilizou de instrumentos da análise linguística para tabelar padrões de discurso que faziam inferências ao destacarem fatos no decorrer das investigações.
Foto: Pedro Bolle/USP Imagens

Ao notar que, devido ao volume de produção que é exigido do jornalismo online, o discurso não hesita em prejulgar, mesmo sem um posicionamento de uma real autoridade jurídica, a pesquisadora pontuou as marcas linguísticas que revelavam tais prejulgamentos. Estas incluíam desde o uso de enunciados que denunciavam suspeitas infundadas de autoridades ou testemunhas, até a aplicação constante do chamado “discurso relatado” (“segundo a polícia”, “segundo vizinhos”) em que diferentes tipos de relatos, com diferentes funções, assumiam um caráter argumentativo. Ao tomar constantemente os relatos dos outros, algo que é praxe no fazer jornalístico, o discurso pode transformar o profissional de seu papel de investigador para o de um denunciante ou até mesmo julgador.

Observando o fluxo intenso de notícias, Margibel atribuiu ao modo operante do jornalismo online a necessidade de manter o público ligado. “No online, a ideia é manter a audiência conectada. Sabemos que temos ferramentas de medição de acessos, então veículos de comunicação fazem estudos sobre como manter a atenção do público”.

Para a especialista, uma alternativa é investir em um tipo de linguagem que expresse um discurso sem a interferência subjetiva do jornalista. Por exemplo: usar mais ‘é possível, é provável’ nas manchetes, evitando assim dar certezas que ainda não existem. Citando as notícias que alegavam, dois dias após o crime, que Isabela Nardoni havia sido asfixiada, a professora recorda que, naquela altura, a polícia ainda não havia concluído o inquérito. “A denúncia não havia sido oferecida pelo promotor e já havia esse prejulgamento – e na verdade já era um sentenciamento”, reforça.

“Transmitir a informação de uma maneira que as pessoas consigam digerir é um grande caminho”, mas pensar bem na linguagem utilizada é essencial, afirma a professora, relembrando a citação de Kucinski – que além de jornalista, escritor e cientista político foi também docente da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP – ao concluir que o jornalismo “é bom quando, na batalha, ele acerta seu alvo. Mas quando ele não acerta, demonstra um caráter de fragilidade”.

A tese de doutorado foi orientada pela professora Lineide do Lago Salvador Mosca, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.

in EcoDebate, 24/05/2016

Curso de Bioconstrução - O Barro, as mãos, a casa - Parte 1: Introdução

ONU diz que ainda dá tempo de reverter impactos de dano ambiental

Estudo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, afirma que governos precisam agira já; foram avaliadas todas as regiões do mundo.

Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.

Os impactos dos danos ambientais em todas as partes do mundo estão aumentando. Mas segundo o Programa da ONU para o Meio Ambiente, Pnuma, se os governos agirem agora, haverá tempo para reverter as consequências.

Esta é a conclusão de um estudo, divulgado pela agência nesta quarta-feira, em Nairóbi, no Quênia.

Informações

Os cientistas afirmam que as mudanças climáticas estão ocorrendo numa velocidade muito mais alta do que se imaginava. E as ameaças globais estão se intensificando.

O estudo, Perspectivas do Meio Ambiente Mundial (Geo-6), avaliações regionais, reúne seis relatórios separados com informações detalhadas. A publicação antecede a segunda Assembleia da ONU para o Meio Ambiente, Unea, que será aberta neste 22 de maio, na sede do Pnuma, em Nairóbi.

O crescimento da população, em quase todas as regiões do planeta, a urbanização rápida e o aumento do nível do consumo são considerados alguns dos fatores para o crescimento dos danos ambientais.

Escassez

Mas outros tópicos como desertificação, degradação e as mudanças climáticas também agravam os efeitos, como por exemplo com a escassez de água.

Outros impactos são os efeitos negativos aos ecossistemas marinhos e o aumento da contaminação ambiental, que se tornou um risco à saúde.

O estudo contou com 1203 cientistas e centenas de instituições de mais de 160 países.

Para o diretor do Pnuma, Achim Steiner, a agência apresenta as evidências e oferece as ferramentas para evitar mais impactos ambientais. Steiner defende a utilização dos recursos naturais de forma sustentável.

O estudo cita o caso, por exemplo, da América Latina, considerada uma região rica em biodiversidade, mas que sofre com a dependências das economias locais de matéria prima e de recursos naturais, que representam a metade de todos os produtos de exportação.

A América Latina tem 12 dos 14 biomas do mundo.

Centros Urbanos

A qualidade do ar nas cidades latino-americanas também baixou e as emissões de dióxido de carbono subiram com a expansão dos centros urbanos.

Uma outra pressão vem da demanda por recursos naturais como a água para a indústria, geração de energia e uso doméstico.

Entre as medidas propostas pelo Pnuma aos governos estão soluções inovadoras para desvincular o crescimento econômico do aumento no consumo de recursos.

A dependência de combustíveis fósseis também dever ser combatida. Para a agência da ONU, os governos têm de investir mais em pesquisa e aumentar a cooperação outras regiões do mundo na coordenação de uma política de combate à mudança climática.

in EcoDebate, 24/05/2016

Degradação ambiental e poluição causam 23% das mortes prematuras no mundo

São 12,6 milhões de mortes em 2012, o número é mais alto que óbitos gerados por conflito naquele ano; dados constam de um relatório do Pnuma, divulgado nesta segunda-feira.
Segundo relatório do Pnuma, a degradação e a poluição ambientais causam 234 vezes mais mortes prematuras do que conflitos. Foto: Banco Mundial/Curt Carnemark

Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.

Um relatório divulgado esta segunda-feira pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, alerta que a degradação e a poluição ambientais causam 234 vezes mais mortes prematuras do que os conflitos. O número equivale a 23% de todos os falecimentos deste tipo no mundo.

O documento afirma que os dois problemas representam uma ameaça à saúde pública global e são responsáveis pelos óbitos de mais de 25% de todas as crianças com menos de cinco anos.

Perigos

O relatório “Meio Ambiente Saudável, Povo Saudável”, lançado em Nairóbi, analisou os perigos da poluição do ar, das substâncias químicas, da mudança climática e de outras questões que associam o ambiente, a saúde e o bem-estar da população.

Segundo o Pnuma, em 2012, ocorreram aproximadamente 12,6 milhões de mortes prematuras causadas pela piora ambiental, o que representa quase um quarto do total mundial.

Os especialistas disseram que a maioria das mortes causadas pela degradação do meio ambiente ocorreu nas regiões sul e leste da Ásia e no oeste do Pacífico. Na sequência, estão a África Subsaariana, o leste do Mediterrâneo e a Europa.

Desnutrição

A Organização Mundial da Saúde calcula que 250 mil mortes adicionais vão ocorrer todos os anos entre 2030 e 2050, a maior parte por desnutrição, malária, diarreia e temperaturas altas, causadas pela mudança climática.

O relatório mostrou ainda que somente a poluição do ar mata 7 milhões de pessoas no mundo todos os anos. A falta de acesso à água potável e serviços de saneamento causam a morte de 842 mil pessoas por ano de diarreia, sendo que 97% delas estão em países em desenvolvimento.

A exposição a substâncias químicas mata mais de 100 mil por ano pelo contato com o pó de amianto ou asbesto e mais de 650 mil por contaminação com o chumbo.

Progresso

Ao mesmo tempo, o relatório do Pnuma mostrou progresso para erradicar quase 100 substâncias químicas que causam danos à camada de ozônio. Isso significa uma redução de até 2 milhões de casos de câncer de pele e que outros milhões de casos de catarata serão evitados todos os anos.

Os benefícios com a eliminação do chumbo da gasolina podem alcançar US$ 2,4 trilhões e evitar 1 milhão de mortes prematuras por ano.

O documento diz ainda que a implementação de medidas para reduzir as emissões de gases que causam o efeito estufa pode salvar a vida de 2,4 milhões de pessoas todos os anos até 2030.

in EcoDebate, 24/05/2016

Governo brasileiro e PNUD publicam vídeos didáticos sobre eficiência energética na construção civil

Série online traz informações sobre aquecimento solar da água e construção de prédios que consomem menos energia. Setor de edificações representa 40% do total de eletricidade consumida no Brasil. Material foi produzido por parceria do PNUD com o Ministério do Meio Ambiente.
Setor de edificações representa 40% do total de eletricidade consumida no Brasil. Foto: Embratur

Em conjunto com o Ministério brasileiro do Meio Ambiente, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) produziu uma série de oito vídeos didáticos sobre eficiência energética.

Divulgada na internet no início do mês, a campanha quer disseminar informações sobre maneiras eficazes de reduzir o consumo de energia, além de apresentar as iniciativas da agência da ONU sobre o tema.

Os seis primeiros vídeos explicam como funciona a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE) – classificação de edifícios segundo a eficácia dos sistemas de iluminação, ar condicionado e o exterior do prédio.

No Brasil, o setor de edificações representa 40% do total da eletricidade consumida no país.

O sétimo vídeo trata do Projeteee, uma ferramenta interativa voltada para universitários e projetistas que estão no começo da carreira. O instrumento oferece orientações para que os profissionais em formação projetem edificações energeticamente eficientes. O último vídeo da série é sobre o aquecimento de água por meio da energia solar.

A oficial de programas da Unidade de Desenvolvimento Sustentável do PNUD, Rose Diegues, destaca que, além de explicar iniciativas com clareza, os vídeos “retratam a realidade brasileira”.

“Quando tratamos de aquecimento solar de água, isso é a realidade de eficiência energética no Brasil. Mostrar para as crianças que existe uma casa com sistema de aquecimento solar no teto em vez de uma chaminé é divulgar a informação de forma acessível e didática”, explicou.

Material vai informar não apenas grande público, mas também especialistas

Segundo a analista em infraestrutura Alexandra Albuquerque Maciel, da Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério, os vídeos serão um importante material de apoio para as capacitações oferecidas ao longo de 2016 e 2017 aos setores público e privado.

Para estimular melhores práticas de uso dos recursos energéticos junto à sociedade, o PNUD e a pasta federal executam o projeto Transformação do mercado de eficiência energética no Brasil — conhecido como Projeto 3E.

A iniciativa busca influenciar o mercado de eficiência energética em edificações comerciais e públicas, estimulando a economia de eletricidade e, consequentemente, a redução de emissões dos gases de efeito estufa.

Um dos ramos do Projeto 3E é a capacitação em etiquetagem — classificação do nível de eficiência energética dos edifícios — para os setores público e privado. A metodologia decateogrização é diferente de acordo com a destinação do prédio: público, comercial ou residencial. E pode ocorrer em dois momentos: na fase de projeto ou após a construção do edifício.

“São considerados, no projeto, componentes necessários ao desenvolvimento do mercado de eficiência energética no Brasil: a capacitação e sensibilização, promoção de eficiência energética em prédios públicos e de mecanismos de garantia para financiamento de projetos de eficiência energética”, explica a coordenadora técnica do programa, Ludmilla Diniz.

Mais de 500 profissionais do setor de engenharia e manutenção participaram das capacitações do Ministério do Meio Ambiente e do PNUD em 2014 e 2015. Para 2016, pelo menos 26 treinamentos são esperados para treinar cerca de 900 profissionais dos setores público e privado.

Acesse todos os vídeos no portal do YouTube do Ministério.

Da ONU Brasil, in EcoDebate, 24/05/2016

Agroecossistema. A interação e os relacionamentos de todas as partes do sistema alimentar

Agroecossistema. A interação e os relacionamentos de todas as partes do sistema alimentar. Entrevista especial com Steve Gliessman

“Agroecologia é muito mais do que as práticas agrícolas, é a interação e os relacionamentos de todas as partes do sistema alimentar. É um conjunto de princípios de ação, não apenas um conjunto de práticas para a produção”, pontua o pesquisador americano.
Foto: Escola kids

Podemos conceber a ideia de sistema alimentar como o fluxo que se estabelece entre quem precisa comer e quem gera os alimentos, envolvendo agentes desde a produção, o plantio, o cultivo e a colheita no campo, passando pelo processamento, industrialização ou beneficiamento, até a venda e o consumo desses produtos [1]. Entretanto, percebemos uma banalização dessas relações no modo de vida da sociedade atual, baseada no capitalismo. “A agricultura veio a se concentrar principalmente em aumentar o rendimento e intensificar o processo. Virou um negócio, em vez de um meio de sustento, perdendo, nessa evolução, seu fundamento ecológico original”, classifica Steve Gliessman, professor de Agroecologia do Departamento de Estudos Ambientais da Universidade da Califórnia. É por isso que defende o regaste do conceito ecológico de produção e consumo de alimentos. Assim, compreende que “agroecologia é muito mais do que as práticas agrícolas, é a interação e os relacionamentos de todas as partes do sistema alimentar. É um conjunto de princípios de ação, não apenas um conjunto de práticas para a produção”.

Na entrevista a seguir, concedida por e-mail à IHU On-Line, Gliessman defende a agroecologiacomo “uma maneira de devolver ‘cultura’ à agricultura”. “Como a agroecologia é a ecologia dosistema alimentar inteiro, desde a semente e o solo por todo o trajeto até a mesa, sua fundação holística inclui as pessoas, a sociedade e as economias”, completa. Por isso, acredita no papel de cooperativas e outras organizações que são capazes de restaurar essas relações entre produtores e consumidores, a terra e o planeta. “Relações profundas entre consumidores conscientes e comprometidos e produtores agroecológicos são uma parte essencial da mudança do sistema alimentar”, analisa. Para ele, os governos, o Estado, também devem assumir seu papel diante da necessidade de restaurar essas conexões pelo bem de todos, do planeta. “Precisam reconhecer e apoiar essa voz da sociedade civil, e não apenas se deixar influenciar por grandes produtores, interesses corporativos e empresas internacionais”, dispara o professor.

Steve Gliessman é professor de Agroecologia do Departamento de Estudos Ambientais da Universidade da Califórnia; é doutor pela Universidade da Califórnia. Realiza pesquisas no âmbito da agroecologia, definida como a aplicação de conceitos ecológicos e princípios para a concepção e gestão de sistemas alimentares sustentáveis. Seu foco é a identificação, mensuração e monitoramento dos componentes ecológicos da sustentabilidade na agricultura, e a conexão destes componentes para os aspectos econômicos e sociais do projeto do sistema alimentar a longo prazo e de gestão. Entre suas publicações, destacamos Agroecology: The Ecology of Sustainable Food Systems (Agroecologia: A Ecologia de sistemas alimentares sustentáveis, em livre tradução) (Estados Unidos: CRC Press, 2006).

A entrevista foi publicada na revista IHU On-Line, Agroecossistemas e a ecologia da vida do solo. Por uma outra forma de agricultura, no. 485.

Confira a entrevista.
Foto: www.independent.com

IHU On-Line – Como compreender o rompimento da agricultura com sua base ecológica? Como isso se dá e quais as consequências?

Steve Gliessman – Em partes demasiado numerosas do mundo, aagricultura veio a se concentrar principalmente em aumentar o rendimento e intensificar o processo. Virou um negócio, em vez de um meio de sustento, perdendo, nessa evolução, seu fundamento ecológico original.

IHU On-Line – Em que medida a agroecologia pode ser vista como alternativa aos problemas da agricultura convencional?

Steve Gliessman – A agroecologia é uma maneira de devolver “cultura” à agricultura, assim restabelecendo a base ecológica do nosso sistema alimentar. Como a agroecologia é a ecologia do sistema alimentar inteiro, desde a semente e o solo por todo o trajeto até a mesa, sua fundação holística inclui as pessoas, a sociedade e as economias.

IHU On-Line – Quais os desafios, tanto do ponto de vista técnico como também econômico, para a expansão da agroecologia no mundo e para conversão do sistema tradicional de produção?

Steve Gliessman – O maior desafio é, muito provavelmente, desenvolver agroecossistemas [2] alternativos ante o forte controle do sistema alimentar do qual se assenhorearam atualmente grandes corporações e interesses privados que pensam do jeito que descrevi na primeira resposta. Isto exige uma compreensão profunda da economia política dos sistemas alimentares, e o desenvolvimento de alternativas para a atual estrutura de poder político e econômico.

IHU On-Line – De que forma é possível aliar as discussões ecológicas em torno da produção desde a agricultura até a pecuária?

Steve Gliessman – A principal maneira de se fazê-lo é usar o conceito de agroecossistema para redesenhar os sistemas alimentares, devolvendo aos mesmos a diversidade, especialmente pela “re-integração” de animais e plantas em sistemas equilibrados e interativos.

“Os princípios básicos do desenvolvimento da agroecologia são os conceitos de diversificação, interação, pensamento sistêmico, transdisciplinaridade, justiça social e sustentabilidade”

IHU On-Line – Como compreender os princípios da agroecologia? Qual sua origem e como vem sendo trabalhada no mundo?

Steve Gliessman – A agroecologia opera como uma ciência que ao mesmo tempo se fundamenta na teoria ecológica holística [3]. Ela opera como conjunto de práticas baseadas na experiência e no conhecimento local e, além disso, funciona como parte de um movimento social projetado para levar sustentabilidade ecológica, econômica e social a todos os lugares e pessoas de sistemas alimentares por toda a parte. Todos os três componentes são necessários, caso contrário, não será agroecologia plena.

Ela tem muitas origens, mas, para mim pessoalmente, começou nos campos dos agricultores maias no sudeste doMéxico, quando os engajei num processo de compartilhamento de conhecimento participativo em meados da década de 1970. Agora ela se tornou um movimento global.

IHU On-Line – Como a Teoria da Trofobiose [4], de Chaboussou [5], pode contribuir para que se compreenda o que está por trás da ideia de agroecologia?

Steve Gliessman – Trofobiose é apenas uma pequena parte de um sistema alimentar, que se aplica principalmente ao âmbito do cultivo, onde um organismo interage com outro, de modo a produzir mais alimentos. É uma interação positiva que raramente ocorre em lavouras convencionais, mas acontece frequentemente em agroecossistemas diversificados. Os princípios básicos do desenvolvimento da agroecologia são os conceitos de diversificação, interação, pensamento sistêmico, transdisciplinaridade, justiça social e sustentabilidade.

IHU On-Line – Qual sua avaliação acerca da produção agroecológica no Brasil e América Latina?

Steve Gliessman – Em termos do mercado maior, a agroecologia ainda forma uma parte pequena da produção agroecológica, mas para a maioria dos latino-americanos continua sendo a principal fonte de alimentos. Esse alimento vem de milhões de granjas familiares e pequenos agricultores que continuam em atividade no Brasil e naAmérica Latina.

IHU On-Line – De que forma o conceito de agroecologia pode impactar socialmente na vida de produtores e consumidores?

Steve Gliessman – Com seu foco em segurança alimentar, soberania alimentar, meios de vida sustentáveis e justiça social no sistema alimentar, produtores e consumidores precisam reconectar-se desenvolvendo interações e sistemas alimentares baseados no relacionamento. Agroecologia tem a ver tanto com os produtores quanto com os consumidores. Sua estreita relação proporciona uma base importante para a mudança do sistema alimentar.
“Relações profundas entre consumidores conscientes e comprometidos e produtores agroecológicos são uma parte essencial da mudança do sistema alimentar”

IHU On-Line – Muitas iniciativas de produção e venda de produtos agroecológicos partem da sociedade civil, através de cooperativas. Qual a importância dessas iniciativas? Qual deve ser o papel do poder público no estímulo à produção e consumo desses alimentos?

Steve Gliessman – Relações profundas entre consumidores conscientes e comprometidos eprodutores agroecológicos são uma parte essencial da mudança do sistema alimentar. As cooperativas oferecem uma forma de organizar essas relações. Há muitas outras que permitem essa relação direta: grupos de consumidores, associações, cooperativas de comercialização, feiras de agricultores etc. Os governos precisam reconhecer e apoiar essa voz da sociedade civil, e não apenas se deixar influenciar por grandes produtores, interesses corporativos e empresas internacionais.

IHU On-Line – Deseja acrescentar algo?

Steve Gliessman – Agroecologia é muito mais do que as práticas agrícolas, é a interação e os relacionamentos de todas as partes do sistema alimentar. É um conjunto de princípios de ação, não apenas um conjunto de práticas para a produção.

Por João Vitor Santos | Tradução Walter O. Schlupp

Notas:

[1] O tema também foi discutido durante o XV Simpósio Internacional IHU – Alimento e Nutrição no contexto dos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio, promovido pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU em maio de 2014. O tema ainda foi pauta de duas edições da revista IHU On-Line no mesmo ano. São elas: Alimento e nutrição no contexto dos Objetivos do Milênio, edição número 442, de 05-05-2014 da revista IHU On-Line; e Desperdício e perda de alimentos, edição número 452, de 01-09-2014. (Nota da IHU On-Line)

[2] Agroecossistema: é um ecossistema com presença de, pelo menos, uma população agrícola. Portanto, pode ser entendido como uma unidade de trabalho no caso de sistemas agrícolas, diferindo fundamentalmente dos ecossistemas naturais por ser regulado pela intervenção humana na busca de um determinado propósito. Os agroecossistemas possuem quatro propriedades (produtividade, estabilidade, sustentabilidade e equidade) que avaliam se os objetivos do sistema – aumentar o bem-estar econômico e os valores sociais dos produtores – estão sendo atingidos. (Nota da IHU On-Line)

[3] No modelo de pensamento sistêmico holístico ou ecológico, o universo é explicado como um grande sistema, uma rede dinâmica de eventos inter-relacionados. Sendo assim a percepção de uma determinada realidade não faz sentido se ao observá-la não considerar o seu contexto. Nessa perspectiva o observador também é parte integrante da realidade observada, pois nada se encontra isolado e tudo faz parte de uma rede de relações, na qual todos são responsáveis por tudo. Por sistema entende-se um conjunto com dois ou mais elementos (conceitos, ideias, objetos, organismo ou pessoas), em constante interação, que sempre buscam atingir um mesmo objetivo ou equilíbrio. Esta forma de compreensão e interpretação é uma inovadora estrutura conceitual do processo de pensamento, seja em relação à natureza, à sociedade ou ao processo de construção do conhecimento. A visão holística ou sistêmica é um retorno às antigas cosmovisões. (Nota daIHU On-Line)

[4] Teoria da Trofobiose: diz que uma planta desequilibrada nutricionalmente torna-se mais suscetível a pragas e patógenos. A adubação mineral e o uso de agrotóxicos provocam inibição na síntese de proteínas, causando acúmulo de nitrogênio e aminoácidos livres no suco celular e na seiva da planta, alimento que pragas e patógenos utilizarão para se proliferar. O primeiro e formular a teoria foi Francis Chaboussou. (Nota da IHU On-Line)

[5] Francis Chaboussou: pesquisador francês autor da Teoria da Trofobiose que, na década de 1970, lançou um dos pilares da agroecologia. Formado em biologia pela Universidade de Bordeaux, na França, foi pesquisador do Institut National de la Recherche Agronomique e da Estação de Zoologia do Centro de Pesquisas Agronômicas de Bordeaux. (Nota da IHU On-Line)

(EcoDebate, 24/05/2016) publicado pela IHU On-line, parceira editorial da revista eletrônica EcoDebate na socialização da informação.

[IHU On-line é publicada pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos Unisinos, em São Leopoldo, RS.]

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Henrique Cortez
editor do Portal EcoDebate

Publicado no Portal EcoDebate, 24/05/2016

Bem-estar humano e sustentabilidade, artigo de Marcus Eduardo de Oliveira

[EcoDebate] A constatação de que a busca pelo bem-estar humano – quando envidada pelo bom uso dos fundamentos macroeconômicos – é antagônica e ameaçadora à própria ideia de sustentabilidade, pode ser claramente percebida pela “tensão” provocada pela atividade econômica sobre o mundo natural, principalmente a partir das condições impostas para se alcançar mais crescimento econômico.

Por sua vez, isso reafirma e expõe, a olhos nus, a fragilidade da relação existente entre a ecologia e a economia, clamando por um novo tipo de atividade econômica voltada ao equilíbrio do meio ambiente, e não somente aos “caprichos” mercadológicos.

De igual modo, percebe-se essa fragilidade quando nos damos conta de que qualquer ação humana ocorre no âmbito dos limites do Planeta. Daí a importância conferida a um novo tipo de economia – urgente e necessária – que seja capaz de combinar moderada produção com rigoroso respeito aos limites biofísicos.

A utilidade – termo caro aos economistas – do mundo não pode estar acima da preocupação maior que é salvaguardar as condições de equilíbrio da Terra. Por isso um dos mais importantes princípios elementares do Movimento Ecologia Profunda é justamente o de que o bem-estar e o florescimento da vida humana e não-humana na Terra têm valor em si mesmos (valor intrínseco, valor inerente), sendo que esses valores são independentes da utilidade do mundo não-humano aos propósitos humanos.

Todavia, não há como escapar de determinadas assertivas: o modo de crescimento das economias, principalmente na era do industrialismo, tem sido a causa mais relevante de distúrbios ao meio ambiente.

Assim, o ônus ambiental ora presenciado em diversas frentes é sintomaticamente gerado pelo crescimento econômico. Acrescido a isso, duas outras constatações contribuem, sobremaneira, para o acirramento das atuais condições doentias do Planeta: a dimensão quantitativa populacional, com estimativas de que, em 2050, 9,5 bilhões de pessoas estarão habitando um único Planeta e o não menos doentio modo consumista da humanidade, em que os 20% mais ricos “abocanham” quase 80% de toda a produção material do planeta.

Tomando o modo american way of life como paradigma, outra assertiva, dentro dessa perspectiva, não pode ser desconsiderada: se toda a humanidade, excetuando obviamente os 4,5% da população de norte-americanos, tivesse o mesmo padrão de vida e consumo médio desse contingente populacional, a existência de três outros planetas Terras ainda não seria suficiente para o atendimento do consumo humano.

Logo, para se chegar à fórmula ideal que combine bem-estar, associando isso à qualidade de vida, com equilíbrio das condições climáticas, notadamente a partir da prática da sustentabilidade, é preciso que todos, sem exceção, aprendamos a lidar com desafios inerentes ao processo que sejam capazes de enfrentar dilemas como:

A contradição entre expansionismo produtivista e sustentabilidade;
Atenuação dos conflitos e emergências sociais legitimamente reclamada pelos menos favorecidos com os imperativos da conservação/preservação ambiental;
Conscientização de que todos estamos e participamos da mesma espaçonave Terra, numa alusão direta à ideia metafórica defendida por Kenneth Boulding.

O pano de fundo disso tudo, ademais, está na imprescindível necessidade de troca do “crescimento” (quantidade) por“ desenvolvimento” (qualidade), deixando bem clara a noção existente de incompatibilidade entre a expansão física das economias com a preservação ambiental.

Junto a isso, também se faz necessário resgatar a noção de que o bem-estar está amparado no âmbito do desenvolvimento econômico, e não no do crescimento, assim como a própria sustentabilidade, analogamente, não combina com o expansionismo econômico, com a aceleração do ciclo de negócios ou ainda com a capacidade de produção industrial sem limites que, conjuntamente, levam à apropriação desmesurada dos recursos da natureza, acarretando menos, e não mais bem-estar às populações.

Concernente a isso, é oportuno não perder de vista que a ocorrência de qualquer tipo de crescimento – especialmente da economia, da população, do consumo – tende mais a retirar qualidade de vida dos povos, exatamente porque, nesse caso, limites serão inexoravelmente transpostos.

O outro nome adequado para explicar a condição de “limites transpostos” é “destruição de recursos”. Para ilustrar isso, cabe mencionar o discurso do presidente Roosevelt feito em 1909 no Senado dos EUA: “com o crescimento constante da população e o aumento ainda mais rápido do consumo, nosso povo teria necessidade de maiores quantidades de recursos naturais […]. Se nós, desta geração, destruirmos os recursos que são necessários a nossos filhos, se nós reduzimos a capacidade de nossa terra de manter uma população, nós diminuiremos o nível de vida e nós retiraremos até o direito à vida das gerações futuras neste continente”.

Por essas e outras, não há como negar a evidência de que o modelo de crescimento econômico praticado pelas nações após a Segunda Guerra Mundial se converteu numa espécie de agente de quebra do equilíbrio ecológico, acarretando, em termos econômicos, péssima distribuição dos recursos, e, em termos sociais, esfacelamento do bem-estar aos menos favorecidos.

Marcus Eduardo de Oliveira, Articulista do EcoDebate, é economista e ativista ambiental
prof.marcuseduardo@bol.com.br

in EcoDebate, 24/05/2016
"Bem-estar humano e sustentabilidade, artigo de Marcus Eduardo de Oliveira," in Portal EcoDebate, ISSN 2446-9394, 24/05/2016,https://www.ecodebate.com.br/2016/05/24/bem-estar-humano-e-sustentabilidade-artigo-de-marcus-eduardo-de-oliveira/.

Fritjof Capra e os transgênicos, parte 4/6, artigo de Roberto Naime

Fritjof Capra (Viena, Áustria, 1 de fevereiro de 1939) é um físico teórico e escritor que desenvolve trabalho na promoção da educação ecológica. Foto e informações da Wikipedia

[EcoDebate] Humanizar o desenvolvimento do mundo, segundo Capra, significa a introdução de valores da dignidade humana e da sustentabilidade ecológica para dentro do processo de desenvolvimento.

Isto é o que os lideres da sociedade civil global têm proposto no Fórum Social Mundial. A visão alternativa proposta por esta sociedade civil, ou movimento de justiça global vê o desenvolvimento como um processo criativo, característico de toda vida, um processo de aumento de capacitação, onde a coisa mais importante que se precisa fazer é exercer controle sobre os recursos locais.

Nesta visão, o processo de desenvolvimento não é puramente um processo econômico.

É também um processo social, ecológico e ético, um processo multidimensional e sistêmico. Os atores primários do desenvolvimento são instituições da sociedade civil, baseadas na vizinhança ou em interesses comuns.

Porque as pessoas são diferentes e os lugares onde vivem são diferentes, nós podemos esperar que o desenvolvimento produza diversidade cultural de todos os tipos.

O processo por onde isso ocorrerá será muito diferente do atual sistema de comércio global. Será baseado na mobilização de recursos locais para satisfazer necessidades locais e alimentado pela dignidade humana e sustentabilidade ecológica.

Na agricultura, uma coalizão em escala mundial de ONGs foi formada para resistir a apressada e descuidada introdução de transgênicos e para promover a prática de uma agricultura sustentável.

À medida que a lacuna entre os anúncios da indústria biotécnica e as realidades da alimentação biotecnológica tornam-se ainda mais aparente nos últimos anos, a resistência contra os alimentos transgênicos cresceu e transformou-se num movimento político mundial.

Os anúncios da biotecnologia desenham um bravo novo, um mundo no qual a agricultura não mais dependerá de químicos e assim não mais danificará o meio ambiente. Alimentação será a melhor e mais segura do que foi antes, a fome mundial desaparecerá. Não se fala em redistribuição de riqueza. Deverá haver alguma mágica no meio do caminho.

Uma linguagem similar foi usada pelas mesmas corporações agro-químicas quando promoveram uma nova era de químicos para agricultura alardeada como “Revolução Verde” décadas atrás.

Desde aquela época o lado escuro da agricultura tornou-se dolorosamente evidente. Hoje é bem sabido que aquela revolução não ajudou nem agricultores, nem a terra, nem consumidores.

Os efeitos em longo prazo do uso excessivo da química na agricultura tem sido um desastre para a saúde do solo e para saúde humana, para as nossas relações sociais e para todo ambiente natural sobre o qual nosso bem estar e futura sobrevivência dependem.

Os proponentes da biotecnologia freqüentemente argumentam que as sementes de transgênicos são cruciais para alimentar o mundo. Entretanto, as agências de desenvolvimento sabem há muito tempo que as raízes da causa da fome ao redor do mundo não estão relacionadas com a produção de alimentos.

São a pobreza, a desigualdade e falta de acesso a alimento e terra. Se essas causas estruturais não forem abordadas, a fome persistirá pouco importando que tecnologia será utilizada. Mesmo nos Estados Unidos, hoje existem entre 20 e 30 milhões de pessoas mal alimentadas!

A verdade simples é que a maioria das inovações relativas a alimentos biotecnológicos tem sido orientada pelo lucro, não pela necessidade. Por exemplo, grãos de soja sofreram intervenção da engenharia para resistir especificamente ao herbicida glifosato, produzido pelas própria empresas de sementes.

Tecnologias como estas aumentam a dependência dos agricultores sobre produtos que são patenteados e protegidos por “direitos de propriedade intelectual”, o que faz as velhas práticas da agricultura de reprodução, estocagem e divisão de sementes uma prática ilegal.

Há fortes indicações que uso descontrolado de colheitas transgênicas não irá apenas falhar na solução do problema da fome, mas, ao contrário, poderá perpetuá-la e agravá-la.

Se sementes transgênicas continuarem a ser desenvolvidas e manipuladas exclusivamente por corporações privadas, agricultores pobres não poderão adquiri-las. Se a indústria biotécnica continuar a proteger seus produtos através de patentes que impeçam de estocar e comercializar sementes, os pobres se tornarão, no futuro, dependentes e marginalizados. Sem falar no que pode acontecer potencialmente com os ecossistemas.

Os riscos da atual biotecnologia na agricultura são uma conseqüência direta da falta de uma perspectiva ecológica dentro da indústria biotécnica. Modificações genéticas de colheitas são feitas com uma pressa inacreditável e transgênicos são plantados maciçamente sem testes apropriados de curto e longo prazo dos impactos sobre os ecossistemas e sobre a saúde humana.

Estas colheitas de transgênicos, não-testadas e potencialmente perigosas espalham-se por todo planeta criando riscos irreversíveis; infelizmente estes riscos são freqüentemente colocados de lado pelos geneticistas cujo conhecimento e treinamento ecológico é mínimo.

Nas suas tentativas de patentear, explorar e monopolizar todos os aspectos da biotecnologia as grandes corporações agro-químicas tem comprado semente e empresas biotécnicas e tem se re-estilizado como “corporações da ciência da vida”.

As fronteiras tradicionais entre as indústrias farmacêuticas, agro-químicas e biotecnológicas estão desaparecendo rapidamente na medida que se fundem para formar conglomerados gigantescos sob a bandeira da ciência da vida. O que todas estas chamadas “corporações da ciência da vida” tem em comum é o reduzido conhecimento da vida baseado numa crença errada que a natureza pode estar sujeita ao controle humano.

Ignoram a autogeração e a auto-organização dinâmica, que é a essência da vida, e ao invés disso redefinem organismos vivos como máquinas que podem ser manuseadas de fora, patenteadas e vendidas como recursos industriais. Assim, a própria vida tornou-se a última “commodity” (mercadoria).

Em anos recentes, os problemas de saúde causados pela engenharia genética assim como seus problemas sociais, ecológicos e éticos tornaram-se todos muito aparentes, e há agora um movimento global crescente muito rápido que rejeita esta forma de tecnologia.

Referências:


Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

Nota da redação: Sugerimos que leiam, também, os artigos anteriores desta série:




in EcoDebate, 24/05/2016

Agências da ONU apresentam plano para reduzir danos causados por agrotóxicos perigosos

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicaram novas diretrizes com o objetivo de reduzir os danos causados pelos agrotóxicos, que representam um risco elevado para a saúde humana e o meio ambiente.
Jovem coloca pesticida em plantação. Foto: FAO

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicaram novas diretrizes com o objetivo de reduzir os danos causados pelos agrotóxicos, que representam um risco elevado para a saúde humana e o meio ambiente.

Os produtos com toxicidade aguda são os responsáveis por um elevado número de casos de intoxicação imediata, sobretudo nos países em desenvolvimento, enquanto os produtos com efeitos tóxicos crônicos podem provocar câncer ou transtornos de desenvolvimento em crianças em fase de crescimento.

Nos países industrializados, não se permite o uso dos chamados “agrotóxicos muito perigosos” ou sua utilização é restrita. No entanto, estes continuam sendo fáceis de conseguir nos países em desenvolvimento. Além disso, mesmo os produtos perigosos que ainda são permitidos nos países industrializados podem causar graves problemas no mundo em desenvolvimento, onde as circunstâncias em que são utilizados podem ser muito diferentes.

Particularmente, os pequenos agricultores nos países em desenvolvimento não utilizam equipamento de proteção necessário, e frequentemente usam pulverizadores de mochila que representam um alto risco à saúde. Limitar a utilização desses produtos muito perigosos acaba sendo difícil, sendo empregados de forma generalizada por pessoas não qualificadas. Entre as possíveis consequências, estão numerosos casos de intoxicação, contaminação de alimentos e danos ambientais.

Localizar os responsáveis

Um grupo relativamente pequeno de praguicidas muito perigosos costuma ser a causa da maior parte das intoxicações. Em muitos casos, esses agrotóxicos podem ser substituídos por produtos menos perigosos ou pelo manejo integrado de pragas, que tem como objetivo reduzir a dependência de produtos químicos.

As diretrizes oferecem um caminho para ajudar os países a identificar e gerir os praguicidas mais perigosos. Também auxiliam na realização de inventários, avaliação dos riscos e das necessidades reais, e na adoção de medidas para mitigar riscos.

Em muitos casos, será necessário retirar o produto de forma gradual, mas quando não existem boas alternativas, poderão ser consideradas outras medidas para mitigar riscos. As condições locais de uso e a viabilidade das medidas de controle devem ser um fator importante na tomada de decisões.

A FAO também lançou um conjunto de ferramentas para o Registro de Praguicidas para ajudar os governos a realizar avaliações de perigos e riscos, como parte de seu processo nacional de aprovação de praguicidas. Esse kit também pode ser utilizado para reavaliar produtos que foram aprovados no passado, mas que atualmente são considerados muito perigosos.

Ação global unificada

O impulso para melhorar a governança dos agrotóxicos intensificou-se no ano passado quando a Conferência Internacional sobre a Gestão de Produtos Químicos aprovou em nível internacional uma resolução pedindo uma ação unificada para fazer frente aos agrotóxicos muito perigosos. A FAO e a OMS deram assessoramento para avançar neste tema.

Foi feito um pedido para que governos utilizem as novas diretrizes e o conjunto de ferramentas para revisar suas atuais listas de agrotóxicos autorizados, com o objetivo de identificar aqueles que são muito perigosos e tomar as medidas necessárias para reduzir os riscos dos usuários, dos consumidores e do meio ambiente.

Da ONU Brasil, in EcoDebate, 23/05/2016

Finger on the Pulse of Longevity

Slow Your Beating Heart: Beans vs. Exercise

How to Prevent Non-Alcoholic Fatty Liver Disease

Clase 15 Fitoterapia LMET

segunda-feira, 23 de maio de 2016

The World's Most Misunderstood Spice: Allspice - Reactions

Why Are Hot Peppers Hot? (And How Milk Helps)

The Chemistry of Pepper: The Spice that Changed the World - Reactions

Kew Gardens: Cinnamon - Alfred Prasad

Kew Gardens: Why do chillies taste hot?

Kew Gardens: A brief story of vanilla

The History Of Vanilla

The History Of Black pepper

The History Of The Spice trade

Planet Food - Spices - Travel Documentary

Planet Food - Spices - Travel Documentary

The Spice Trail: Vanilla and Saffron

Iranian Saffron "Best In The World"

Saffron Morphology, Cultivation and Economic Values

The Spice Of Life - The Spices Of India- 1983 BBC series - Edward Woodwa...

Nutmeg: Natures Perfect Package - THe Spice of Life - BBC 1983 series

The Spice of Life - Mustard: The Spice Of Nations - 1983 BBC production

The Spice of Life - Mustard: The Spice Of Nations - 1983 BBC production

Peppercorns - Fresh Ground Flavour - The Spice Of Life - BBC 1983 series

Garlic's Pungent Presence - The Spice of Life - BBC series 1983

Herbs: Aromatic Influences - The Spice of Life - BBC production 1983

The Spice Of Life - Cinnamon: The Elegant Addition- 1983 BBC production

The Spice of Life - Pepper: The Master Spice - BBC production narrated b...

The Spice of Life - Chilies: A Dash Of Daring - 1983 BBC Production

Curry Around The World - The Spice Of Life - BBC series 1983

The Spice of Life - Cloves: Nature's Little Nails - BBC Production 1983

Allspice - One Spice -The Spice of Life - 1983 BBC series

Saffron: Autumn Gold - The Spice Of Life - BBC series 1983

Saffron From Spain | Euromaxx

Saffron production in Kosovo (with subtitles)

Como a Curcumina do Açafrão da Índia Mata Células Cancerosas

Açafrão": O "ouro vermelho" do Irão - economy

Verdadeiro açafrão nasce em Sobral do Campo

Açafrão e sua história