sábado, 11 de janeiro de 2014

Receitas gostosas para a prisão de ventre das crianças

Do blog:

Apenas um lembrete: as fibras são muito importantes para o bom funcionamento dos intestinos, porém, absorvem água, o que pode dificultar ainda mais a evacuação. É preciso de água e gordura saudável para ajudar (azeite, óleo de coco, etc.)

Bolo de banana com fibras

½ xicara de castanha do pará torrada
½ xicara de uvas passas pretas (sem semente)
2 xicaras de chá de aveia integral em flocos finos
2 colheres de sopa de farelo de trigo
1 colher de sopa de fermento em pó (ou bicarbonato de sódio)
5 bananas nanicas maduras
1 xicara de óleo de azeite de oliva

Bata no liquidificador o azeite com as bananas e parte das uvas passas, por cerca de 3 minutos.

Misture com o farelo, a aveia, as castanhas e as uvas, e por último o fermento. Mexendo delicadamente, até misturar bem.

Coloque em forma untada e polvilhada com farelo de trigo.

Asse em forno médio por cerca de 35 minutos.

Bolo de tâmaras e suco de maçã

2 xícaras de chá de farinha de trigo integral
4 colheres de chá de fermento em pó
3/4 xícara de suco de maçã (orgânico de preferência) = 150ml
2 colheres de chá de gengibre em pó
4 colheres de sopa de óleo (girassol ou óleo de coco)
3 colheres de sopa de leite de aveia
1 xícara de chá de tâmaras (cerca de 150grs)

Deixe as tâmaras de molho no suco de maçã.

Bata no liquidificador até se desmancharem completamente.

Junte os outros ingredientes, bata por mais um minuto.

Despeje em forma untada e enfarinhada.

Leve ao forno médio por 45 minutos.

Bolo de abóbora com coco

2 copos de farinha de trigo
2 copos de leite de aveia ou arroz
1/2 copo de óleo
1 copo de abóbora ralada
1 copo de coco ralado
1 colher de sopa de fermento
1 colher de café de bicarbonato de sódio
1 pitada de sal

Pré-aqueça o forno a 180º C. Misture a farinha de trigo com o fermento, o bicarbonato, o coco, a abóbora e o sal. Reserve.

Bata no liquidificador o leite de aveia ou de arroz e o óleo. Junte em seguida à tigela da farinha, e mexa até obter uma massa cremosa. Coloque em forma untada. Asse por cerca de 50 minutos.

Bolo de frutas

250 g de tâmaras
250 g de figos secos
250 g de nozes pecan ou castanhas do pará
500 g amêndoas
500 g passas pretas sem caroço
500 g passas brancas sem caroço

Pique ou moa finamente todos os ingredientes, exceto as passas. Depois, junte as passas e misture bem.

Forre uma forma de pão com papel manteiga encerado, e coloque nela a mistura.

Cubra com filme plástico. Deixe na geladeira durante a noite toda. Desenforme e corte em fatias finas.

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Descubra Houten, na Holanda, verdadeiro paraíso ciclista!

Houten, Holanda, paraíso das bicicletas_revistaecologica.com_meioambientebrasil.com.br

Precisamos aprender a partir de experiências como estas, importar as melhores práticas

O Boston Globe tem um ótimo artigo com acompanhamento de vídeo em Houten, mais uma cidade na Holanda que se parece com o paraíso de um ciclista!

Bem, parece que Houten merece um lugar na lista, não só por causa do que eles fizeram, mas por causa de sua atitude em relação à melhoria contínua. Quando há um acidente envolvendo um ciclista, vão estudá-lo e, se há uma maneira de fazer a rua mais segura, eles realmente o fazem. Não é algo que toda a cidade possa afirmar.

Houten, uma cidade com cerca de 49.000 pessoas, tem status de estrela do rock em círculos internacionais de engenharia de transportes.

“Se a Holanda é o paraíso para bicicletas”, Furth anuncia “, então Houten é o céu dos céus”. [...]

[Houten] é um lugar com mais bicicletas do que pessoas, onde cerca de 26 por cento das viagens pendulares são feitas de bicicleta, onde crianças e jovens de 85 anos podem pedalar felizes no trânsito, e que a probabilidade de ser morto em uma bicicleta está entre as mais baixas do mundo, cerca de cinco vezes menos do que nos Estados Unidos.

Quase todos os principais recursos de rua são separados das ciclovias, semáforos específicos para as bicicleta, estradas exclusivas bicicleta e sinais de preferência para os ciclistas que, juntos, oferecem uma mensagem: A bicicleta é a rainha.

Fonte: TreeHugger, por Michael Graham Richard, que agradece ao ao leitor Jack van de V. por enviar o artigo. Tradução: Google. Adaptação: Bosco Carvalho
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Ciência: Não há desculpas para não beber um café

Por Renata Silva/Ciência 2.0
Publicado: 10.01.2014

Afinal, o café é mais amigo que inimigo. Muitos estudos sobre ele debruçam-se sobretudo sobre as vantagens que apresenta para a saúde. É uma bebida que "consumida de forma regular pode melhorar a capacidade física e até mesmo a capacidade mental das pessoas".

São boas notícias portanto para quem gosta de um bom café, desde que a ingestão seja moderada - entre três a quatro chávenas de café por dia. "Para além de não apresentar riscos para a saúde, tem um efeito protetor a nível cardiovascular", acrescenta a nutricionista Inês Tomada acerca dos benefícios.

O café é considerado um alimento funcional porque nele existe, para além da cafeína, uma série de compostos com propriedades antioxidantes. Trata-se de substâncias como os polifenóis, nomeadamente o ácido cafeico.

Os polifenóis são também importantes no controlo das lipotropinas, ou seja, das gorduras no sangue. "Há trabalhos que demonstram claramente o aumento do colesterol bom no sangue, portanto das lipoproteínas de alta densidade".

No que toca a café e saúde há uma questão que surge quase de imediato. "Os pacientes perguntam-nos muitas vezes: tenho as tensões elevadas, será que posso tomar café?". Inês Tomada responde que há que avaliar caso a caso. "De uma forma geral não há uma ligação direta entre o consumo de café e a tensão arterial. Às pessoas com mau controlo da tensão arterial aconselhamos a ingestão de um descafeinado ou então de cafés preparados a partir de espécies com menor concentração de cafeína como a arábica".

Efeito protetor em várias doenças

Existem de facto muitos mitos à volta do café. Pensou-se, por exemplo, durante muito tempo que o consumo de café era prejudicial ao fígado. "A ingestão moderada do café é hojeconsiderada um protetor de cirrose hepática, do carcinoma do fígado, dos cancros mais frequentes neste órgão", elucida a especialista.

Rita Alves, que publicou um estudo sobre o café e a saúde, adianta ainda outras ideias erradas sobre o café. "Diz-se que o café desidrata ou que 'descalcifica os ossos'. Contudo, os estudos mais recentes mostram que a ligeira perda de água ou cálcio é rapidamente compensada pelo organismo e que, se o consumo for integrado numa dieta saudável, esse efeito não é de todo preocupante".

Atenção ao açúcar!Mas nem tudo são rosas numa bebida como o café. Há um "espinho" que adicionamos chamado açúcar com o qual é preciso ter cuidado. "Num expresso: um pacote de açúcar a juntar ao café pode representar 35, 40 quilocalorias... agora dependendo do número de cafés que se toma ao longo do dia isso pode ter contributo em termos energéticos".

A título de curiosidade, um café sem açúcar tem entre duas a cinco quilocalorias. Não tem propriamente açúcar no sentido de sacarose, mas tem compostos químicos que lhe conferem um sabor doce.

De acordo com Inês Tomada, esta bebida pode ter ação benéfica em doenças como a diabetes mielitus do tipo 2, o Alzheimer e o Parkinson. "Têm saído vários estudos nos últimos anos que concluem que há um efeito protetor no desenvolvimento da diabetes até porque tem efeitos no controlo dos níveis de açúcar no sangue e nos níveis de insulina após as refeições".

Para quem bebe habitualmente descafeinado, é importante saber que este contém praticamente todas as propriedades do café, a nível de antioxidantes à exceção da cafeína. Contém os compostos polifenóis e um outro grupo de compostos muito importantes: os ácidos clorogénicos. "Estes têm atividade antioxidante, anticancerígena e aumentam a motilidade intestinal, funcionando quase como um laxante natural ao potenciar um maior número movimentos intestinais", explica a nutricionista.

O café é composto ainda pelos dieterpenos, associados ao aumento do colesterol. Contudo, essas substâncias só passam para a bebida em si se esta for tomada de forma não filtrada, o que hoje em dia raramente acontece. "Utilizamos o filtro de papel, o que faz com os compostos fiquem retidos".

Café não aconselhado a crianças e adolescentes

À cafeína atribuem-se muitos defeitos. No entanto, só deverá causar problemas acima das 300 mg. Devemos contar também com a ingestão de outras bebidas com cafeína, como o Ice Tea ou as bebidas energéticas. "Quando ingerida acima dos 300 mg pode diminuir a absorção de cálcio a nível intestinal. Em vez de ser absorvido é excretado na urina. Está associada à diminuição da ação de alguns medicamentos", aponta a nutricionista.

Em pessoas mais sensíveis, este composto pode também associar-se ao aparecimento de enxaquecas.

Apesar de todos os seus benefícios, a nutricionista Inês Tomada não recomenda nem para crianças, nem para adolescentes o consumo desta bebida. Precisamente pela cafeína presente em refrigerantes que as crianças muitas vezes bebem depois do jantar, causando distúrbios de sono. "Só a partir da idade adulta é que o consumo de café pode ser introduzido, porque pelo teor de cafeína que tem está associado a um algum nervosismo, ansiedade, agressividade. E muitas vezes também a falta de apetite em idades que são cruciais em que é necessário promover o crescimento", sublinha.

No caso de grávidas e lactantes é aconselhado um consumo reduzido de café - dois cafés por dia no máximo. "O café atravessa a barreira placentária e portanto vai ter efeitos no feto e também vai ter efeitos no bebé ao nível do leite materno".

A investigadora Rita Alves refere ainda outros grupos de pessoas aos quais não é aconselhável o consumo de café: "Indivíduos com gastrite, refluxo gastro-esofágico, anemia, distúrbios do sono, ansiedade, arritmias cardíacas ou hipertensão, devem evitar tomar café ou fazê-lo com precaução e com o conhecimento do seu médico, uma vez que pode ocorrer um agravamento dos sintomas referidos".
"Para além de não apresentar riscos para a saúde, tem um efeito protetor a nível cardiovascular", refere Inês Tomada, acerca do café
Foto: waferboard/Flickr

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Revista Brasileira de Plantas Medicinais - links para edições de 2013


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Links obtidos no site da

O verão pede uma alimentação mais adequada ao forte calor

09 Janeiro 2014

Entre os dias 21 de dezembro e 20 de março a terra fica mais próxima do sol no hemisfério sul. Isso faz com que o dia seja mais longo que a noite e as temperaturas fiquem mais altas. Além de propiciar as melhores condições para férias e viagens à praia, as altas temperaturas - comuns do verão – afetam o metabolismo do corpo, exigindo uma alimentação mais adequada ao calor. 

Tendo em vista o aspecto das mudanças no metabolismo diante o aumento das temperaturas e as mudanças de hábitos alimentares quando saímos de casa para viajar, a nutricionista da Coordenação de Atenção à Saúde do Servidor (CAS) do Ministério da Saúde, Nádia Nascimento Amore, conversou com o Blog da Saúde sobre dicas de alimentação no verão. Confira a entrevista:

Por que devemos mudar a alimentação no verão? Qual a relação entre temperatura ambiente e o nosso corpo? O que acontece com nosso metabolismo? 

O ideal seria seguirmos uma alimentação saudável e equilibrada, de acordo com os preceitos do Guia Alimentar para a População Brasileira, ao longo de todo o ano. Porém, no verão, o consumo de frutas, verduras e legumes são ainda mais importantes, pois auxiliam na hidratação e reposição de sais minerais perdidos na sudorese, geralmente aumentada nesta época do ano. Com o aumento da temperatura externa, nosso metabolismo sofre alteração para se adaptar às altas temperaturas e uma das consequências disso é o aumento da transpiração. Além disso, atingir e manter a temperatura interna exige menos esforço de nosso organismo e, por isso, sentimos menor necessidade de alimentos com alta densidade energética, como por exemplo, massas, pães e alimentos mais gordurosos.

Quais os alimentos mais adequados para ingerir nesta época do ano? 

Devemos dar preferência a alimentos mais leves e de fácil digestão, incluindo frutas com alto teor de água (como melancia, abacaxi, laranja) e saladas cruas com vegetais variados (alface, agrião, escarola, rabanete, cenoura, pepino, tomate entre outros), pois aumentam a sensação de refrescância. Água, água de coco e sucos de frutas sem adição de açúcar também podem ser ingeridos com maior frequência. 

E quais são os alimentos que devemos evitar nessa época do ano e por quê? 

Alimentos e preparações muito gordurosas (maionese, frituras, feijoada) devem ser evitados, pois sua digestão é mais lenta e acaba demandando maior esforço do organismo. A própria digestão deixa a pessoa mais lenta, pois o fluxo sanguíneo se concentra no estomago para facilitar a digestão. No verão, aquela moleza que dá após uma refeição será ainda maior. Sorvetes de chocolate, flocos, e os sabores que não levam frutas devem ser trocados por picolés de fruta. A carne deve ser magra, com pouca ou nenhuma gordura aparente. 

Durante as férias, alguns costumam consumir maiores quantidades de álcool. Como reduzir os danos provocados pelo álcool ingerido no verão?

Uma das estratégias para se evitar os efeitos nocivos do álcool no organismo é intercalar o seu consumo com água.

Como nas férias estamos fora de casa, às vezes é difícil achar os alimentos adequados a uma alimentação balanceada, principalmente verduras e legumes. Que alimentos podem ser fáceis de achar para comer e nutritivos ao mesmo tempo? 

Sucos de frutas sem adição de açúcar e água de coco são opções saudáveis, refrescantes e fáceis de encontrar na praia. Deve-se prestar atenção à higiene do local e da pessoa que prepara / vende esse tipo de alimento. Outra opção são os picolés de frutas ou levar de casa frutas frescas, de preferência numa bolsa térmica para evitar que se deteriorem.

O calor interfere na preparação de alguns alimentos a ponto de termos que tomar maiores cuidados? 

É importante que alimentos que necessitem de refrigeração (como queijos brancos, iogurtes, ovos) fiquem o menor tempo possível exposto à temperatura ambiente. Para isso, pode-se usar uma bolsa térmica do transporte do mercado para casa e evitar o consumo dos mesmos caso tenham passado um bom tempo fora da geladeira.

E frutos de mar e pescados: que cuidados tomar com eles? 

Deve-se saber a procedência (se são produtos frescos, de produtores idôneos, fiscalizados e autorizados pela vigilância sanitária) e se foram manipulados e preparados em boas condições de higiene, já que os pescados são produtos muito suscetíveis à deterioração bacteriana.

Caso sejam mantidos os hábitos alimentares da estação anterior, como nosso corpo pode responder a uma alimentação mais pesada durante o verão? 

Geralmente, alimentos mais “pesados” para o verão costumam diminuir a disposição e gerar maior cansaço e lentidão ao longo do dia, além de não repor adequadamente a quantidade de líquido e sais minerais perdidos diariamente. O que pode gerar uma desidratação e no futuro, com a repetição deste padrão, até mesmo um cálculo renal.

Lucas Pordeus Leon / Blog da Saúde
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sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Agricultura familiar camponesa é prioridade para a ONU

2014 é Ano Internacional da Agricultura Familiar (AIAF). A declaração foi feita pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) e tem o objetivo de estimular as políticas agrícolas, ambientais e sociais no país.

No entendimento da Organização das Nações Unidas, o AIAF 2014 promoverá uma ampla discussão e cooperação no âmbito nacional, regional e global para aumentar a conscientização e entendimento dos desafios que os pequenos agricultores enfrentam e ajudar a identificar maneiras eficientes de apoiar os agricultores familiares.

De acordo com a FAO, uma série de fatores que são fundamentais para o bom desenvolvimento da agricultura familiar, tais como: condições agroecológicas e as características territoriais; ambiente político; acesso aos mercados; o acesso à terra e aos recursos naturais; acesso à tecnologia e serviços de extensão; o acesso ao financiamento; condições demográficas, econômicas e socioculturais; disponibilidade de educação especializada; entre outros.

Para a agricultora e coordenadora nacional do Movimento de Mulheres Camponesas, Rosângela Piovizani, a declaração da FAO reforça a importância do papel socioeconômico, ambiental e cultural da agricultura familiar e camponesa.

O Brasil, na opinião da agricultora, tem um grande potencial de produzir comida, mas falta uma política de desenvolvimento rural concreto que possibilite a produção e valorização do agricultor. “Tivemos políticas interessantes como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), mas temos desafios a vencer, tais como, a efetivação da reforma agrária, a falta de investimentos no setor e o uso de agrotóxicos”, avalia Rosângela, para quem essas questões dificultam a produção do pequeno agricultor.

“Penso que temos que fazer um desenvolvimento para dentro e matar a fome do povo brasileiro”, disse a agricultora. “Fazer a reforma agrária significa destinar terras não só para a produção, mas também para moradia e lazer. Isso vai desonerar o estado e repercutir em outros setores como a saúde, educação e a segurança”, destaca a agricultora.

Agricultura familiar camponesa - A agricultura familiar consiste em um meio de organização das produções agrícola, florestal, pesqueira, pastoril e aquícola que são gerenciadas e operadas por uma família e predominantemente dependente de mão-de-obra familiar, tanto de mulheres quanto de homens.

Por que a agricultura familiar camponesa é importante?

Está vinculada à segurança alimentar mundial
Preserva os alimentos tradicionais
Protege a agrobiodiversidade e defende o uso sustentável dos recursos naturais
Representa uma oportunidade para impulsionar as economias locais
Promove a saúde e o bem-estar das comunidades

Data: 10.01.2014

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Conservas caseiras de frutas

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Conheça quatro sites para aprender programação

Do site:

09.01.2014
Alfabetização digital. Você já deve ter ouvido esse termo, certo? Acontece que, com o passar dos anos e o desenvolvimento cada vez maior das Tecnologias da Informação (TICs), essa expressão começa a ter seu significado ampliado.

Hoje em dia, não basta familiarizar o aluno com o ambiente cibernético para utilizar as principais ferramentas do computador, como o editor de texto ou navegadores de internet. Já é possível compreender como os programas foram criados, qual sua lógica de operação, que ferramentas as indústrias utilizam para criá-los e aprender a criar os próprios jogos, programas e aplicativos de celular. Mas, como isso é possível? A resposta: linguagem de programação.

Para se ter uma ideia da importância do negócio, basta dizer que o governo dos Estados Unidos lançou a campanha “Hour of code” (Hora do código), lançada dentro da Semana do Ensino da Ciência da Computação, para incentivar estudantes de diferentes idades a escreverem suas primeiras linhas de código e desfazer a ideia de que programação é coisa para poucos.

Listamos a seguir quatro sites interessantes para você conhecer essa linguagem e planejar a melhor maneira de incluir esse conteúdo em suas aulas. E o melhor: você não precisa ser um expert em informática para utilizá-los.

Hora do Código
Lançada pelo presidente americano Barack Obama na abertura da Semana de Ensino da Ciência da Computação, que aconteceu de 9 a 15 de dezembro de 2103, a plataforma reúne uma série de tutoriais – sempre precedidos por uma apresentação em vídeo das atividades propostas – para diversas faixas etárias e com diferentes níveis de complexidade sobre algumas das principais linguagens de programação. As atividades vão desde a criação de movimentos para o simpático passarinho do jogo Angry Birds até o desenvolvimento de aplicativos para smartphones, passando pelo ensino de fundamentos de linguagens como Java Script e Python.A maior parte do conteúdo está em inglês, mas é possível encontrar alguns exercícios em português escolhendo o idioma na caixa de seleção no rodapé da página inicial. Saiba mais aqui.

Scratch
Desenvolvido pelo laboratório de mídia do renomado Instituto de Tecnologia de Massachusetts (o MIT, sigla em inglês), o site é voltado principalmente para o público entre 8 e 16 anos. Com ele, é possível criar facilmente, por meio de bloquinhos com diversos comandos que se encaixam para a formação do código, animações, jogos e histórias interativas que apresentam, de forma simples e divertida, a lógica de funcionamento da programação. O site está disponível em português e em mais 40 línguas. O menu de idiomas também se encontra na parte inferior da página. Acesse aqui.

App Inventor
Curso online gratuito, transmitido pela plataforma de Moocs (sigla em inglês para Cursos online massivos e gratuitos. Saiba aqui o que são e como funcionam os Moocs), foi desenvolvido pelo MIT com aulas em vídeo legendadas e material disponível em português. O objetivo é que os alunos estejam aptos a desenvolver um aplicativo para celular ao final do curso, que dura seis semanas. Não é preciso ter conhecimento prévio de programação para realizar o curso. Para participar, basta fazer a inscrição no site do projeto.

CC50 (Ciência da Computação 50)
Plataforma do curso de mesmo nome oferecida pela Universidade de Harvard e que foi inteiramente traduzida para o português em 2011 pelo então estudante do curso de Eletrotécnica do Instituto Federal do Espírito Santo (IFES) Gabriel Guimarães. A versão brasileira do curso foi autorizada e apoiada pelo professor titular do curso em Harvard, David Malan, que disponibilizou todo o material para que Gabriel o traduzisse.

O CC50 é o módulo básico do curso de Ciência da Computação oferecido pela universidade americana, baseado na linguagem de programação C – linguagem base para o desenvolvimento de sistemas e softwares – e conta com aulas em vídeo, desafios de resolução de problemas e material didático disponível para download. A duração estimada do curso completo é de cerca de três meses, com duas aulas semanais de uma hora. Conheça o curso aqui.

Fonte: Nova Escola
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Epigenetics: New Link Between Nutrition, Cancer

Jan. 9, 2014 — In "Epigenetics: A New Link Between Nutrition and Cancer," a recent article from Nutrition and Cancer: An International Journal, a publication of Routledge, researchers explore the possible effects that diet can have on gene expression through epigenetic mechanisms. Explaining the impact of nutrition on epigenetic mechanisms may help to predict an individual's susceptibility to cancer, provide dietary recommendations, or provide therapeutic applications of natural compounds to fight against cancer.

Epigenetic modifications are heritable and potentially reversible changes in gene expression that do not require changes to the actual DNA sequence. By taking advantage of these modifications, researchers believe it is possible to mediate environmental signals and provide a link between susceptibility genes and environmental factors in the cause of cancer.

However, it should be noted that any protective effect is unlikely due to a single dietary component and thus, the identification of specific relevant compounds and metabolites is necessary. Metabolism can also play a large role in affecting the potential to induce epigenetic changes. Along with dietary components, eating patterns, and environmental factors, there are many variables that can complicate studies aiming to identify specific components which might prevent cancer development.

Further studies are necessary to determine effective doses and concentrations of bioactive food components in cancer prevention or treatment. More research is also necessary to determine proper responses for healthy individuals attempting to prevent cancer, as well as individuals with different stages of cancer.

Journal Reference:
Gordana Supic, Maja Jagodic, Zvonko Magic. Epigenetics: A New Link Between Nutrition and Cancer. Nutrition and Cancer, 2013; 65 (6): 781 DOI:10.1080/01635581.2013.805794

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Fitoestrógenos

Do facebook da 

Drogas: repressão mundial pode cair até 2016

Manifestantes uruguaios reivindicam legalização da maconha. Pressões sociais poderão influenciar ONU?

Documentos vazados e declarações públicas revelam: às vésperas de uma revisão das políticas proibicionistas, cada vez mais países opõem-se a elas

Por Gabriela Leite

A legalização da maconha no Uruguai pode ser apenas o primeiro rombo, numa barragem ameaçada por águas revoltas. Um documento restrito da ONU, vazado em dezembro pelo jornal britânico The Guardian escancarou: os Estados Unidos terão grande dificuldade para manter, nos dois próximos anos, o consenso global que lideram, em favor da proibição do uso de certas plantas psicoativas e seus derivados.

Os documento revelado pelo The Guardian tem enorme relevância e ajuda a entender a dinâmica das legislações repressoras. A cada década, a Assembleia Geral da ONU revisa, em sessão especial, as determinações de sua Convenção Única Sobre Drogas Narcóticas. Celebrada em 1961, este evento tornou-se a base das legislações nacionais antidrogas. Ao longo dos últimos 50 anos, suas orientações foram mantidas, sem que se abrisse nenhum debate relevante. O país que mais pesou para esta postura imobilista foram os EUA — envolvidos oficialmente, desde 1971, numa “guerra contra as drogas”. Às vésperas da próxima revisão, marcada para 2016, o consenso está ruindo.

O jornal britânico obteve o primeiro rascunho do texto preliminar para a reunião da Assembleia Geral. Preparado pela Comissão sobre Drogas Narcóticas da ONU, ele revela algo muito curioso: diversas nações estão questionando o proibicionismo e exigindo uma mudança de postura.

As divergências são de natureza distinta e a América do Sul tem, também neste tema, protagonismo. As ressalvas do Equador pedem que a política de repressão seja substituída por “abordagens mais eficiente e efetivas”. A Venezuela argumenta que as posturas atuais não levam em conta “as dinâmicas do mercado criminal da droga”.

Mas também alguns governos europeus, aponta o The Guardian, estão descontentes. A Suiça, por exemplo, mostrou preocupação com a criminalização dos usuários, fato que os afasta dos serviços de saúde pública e procurar ambientes informais e sem segurança. Alertou que a transmissão do HIV por drogas injetáveis está ajudando a espalhar a epidemia da AIDS em muitos países. Já a Noruega insistiu para que se afirmem questões relacionadas à descriminalização, além de uma reavaliação crítica da chamada “guerra às drogas”. Os própria União Europeia, enquanto bloco, reivindicou que o tratamento à dependência de drogas e o acesso a cuidados médicos possa surgir como alternativa à prisão do usuário.

As divergências apontadas pelo rascunho dão dimensão oficial a um movimento anterior. Nos últimos meses, governantes de diversos países manifestaram, em declarações públicas, dúvidas quanto ao proibicionismo. Em março do ano passado, o secretário da presidência do Uruguai fez discurso a favor da regulamentação do uso e da venda da maconha — projeto de lei que já tramitava em seu país, e foi aprovado recentemente. Meses depois, o presidente da Guatemala, Otto Pérez Molina manifestou opinião semelhante diante da própria Assembleia Geral da ONU. Apontou o fracasso do proibicionismo e advertiu: “não podemos seguir fazendo o mesmo e esperar resultados diferentes”. Em junho, na reunião de cúpula da Organização dos Estados Americanos (OEA), Colômbia, Guatemala e México haviam liderado o bloqueio a uma proposta de Washington, que propunha declaração de apoio à convenção da ONU.

Meio século depois de adotado o proibicionismo, seu fracasso fica óbvio também em números: segundo estimativas da própria ONU, o tráfico de drogas cresceu a mais de 350 milhões de dólares por ano, e acredita-se que até 2050 o número de usuários aumente 25%. Todo o dinheiro gasto por governos de países de todo o mundo, para proibir e punir pessoas relacionadas ao tráfico e consumo de drogas parece estar indo por água abaixo. Nascem, então, novas propostas para lidar com o assunto — principalmente tratando as drogas como questão de saúde pública, mais que de segurança. Além do Uruguai, primeiro país a adotar uma política abertamente alternativa à repressão, mudanças parciais já são adotadas por Holanda, Portugal, e alguns estados norte-americanos.

A ONU saberá acompanhar estas mudanças? As sociedades terão força para pressioná-la? Os dois próximos anos — até a próxima Assembleia Geral de revisão — serão decisivos e repletos de fatos novos. Já em março de 2014, a Comissão sobre Drogas Narcóticas das Nações Unidas irá realizar, em Viena, seu encontro anual. Nele, será examinado oficialmente o texto que o The Guardian vazou.

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A mudança climática segundo os testemunhos do gelo. Entrevista com Jefferson Simões, glaciologista

“Por meio da glaciologia foi possível detectar o impacto da poluição global devido à ação humana no período pós-revolução industrial”, garante o glaciologista e coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Criosfera.
Bolha de ar congelado preserva atmosfera. Foto: BBC

Isoladas do mundo moderno, seja pelo clima inóspito, seja pelas longas distâncias, as grandes geleiras têm muito a dizer sobre o nosso planeta. E descobrir a riqueza de informações armazenadas sob camadas e camadas de neve é a tarefa da glaciologia e dos estudos dos testemunhos do gelo. De acordo com o glaciologista Jefferson Simões, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o estudo consiste na “reconstrução da história do clima e da composição química da atmosfera a partir das amostras de neve e gelo que acumularam através de milhares e milhares de anos”.

A pesquisa sobre a atmosfera do passado foi capaz de traçar um panorama deste cenário pelos últimos 800 mil anos. Simões relata que graças a esses estudos é possível afirmar que nunca a concentração de gases do efeito estufa foi tão alta quanto no presente. “O efeito estufa é um processo natural”, evidencia ele. “O que vivenciamos é o efeito estufa intensificado, que é um processo antropogênico e que consiste na maior emissão de gases que já existem na natureza.”

Em entrevista concedida por telefone à IHU On-Line, Simões esclarece os principais equívocos nas discussões envolvendo o aquecimento global e o derretimento das “calotas polares”, demonstrando a importância do papel das regiões geladas para o clima do planeta. Chama a atenção também para a polêmica daqueles que refutam o argumento do aquecimento global – incentivada por grupos de pressão para incitar o negacionismo do conhecimento científico. “Alguns lugares aquecem mais e outros inclusive esfriam, mas na média temos um aumento da temperatura na superfície do planeta”, defende.

Jefferson Simões foi pioneiro no Brasil nos estudos do gelo e, atualmente, é pesquisador líder do Programa Antártico-Brasileiro. O Proantar, como é chamado, é um programa daGoverno Federal para pesquisa no Continente Antártico. Criado em 1982, mantém uma estação de pesquisa durante todo o ano na Antártica (Estação Antártica Comandante Ferraz). Em 25 de fevereiro de 2012, um incêndio danificou 70% da Estação. No entanto, a pesquisa não foi interrompida, e vários acampamentos sazonais, além de dois navios de investigação e um módulo autônomo, colaboraram para que os estudos prosseguissem.

E qual seria a importância para um país tropical também fincar sua bandeira no continente gelado, marcando presença política e cientificamente? Para o glaciologista a resposta é clara e remete à história geológica do mundo. Simões lembra que a Antártica foi parte do supercontinente Gondwana, que há cerca de 200 milhões de anos reunia todos os demais continentes do hemisfério sul. “A Antártica é parte integral do sistema Terra e se quisermos melhorar e ter um processo sustentável para este planeta, ela sempre estará incluída”, pontua ele. Mais do que isso, a Antártica também é o último ambiente totalmente preservado e é preciso criar novas maneiras para explorá-lo de maneira sustentável. “Se falharmos com aAntártica, certamente vamos falhar com o resto do planeta também”, conclui Simões.

Jefferson Cardia Simões é professor do Instituto de Geociências da Ufrgs. Possui graduação em Geologia pela mesma universidade, doutorado em Glaciologia pelo Scott Polar Research Institute (SPRI) da Universidade de Cambridge e pós-doutorado peloLaboratoire de Glaciologie et Géophysique de l’Environnement (LGGE) do Centre National de la Recherche Scientifique – CNRS.

Simões é criador do Centro Polar e Climático da Ufrgs e atualmente é coordenadord-geral do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Criosfera e o delegado nacional no Scientific Committee on Antarctic Research (SCAR) do Conselho Internacional para a Ciência.
O glaciologista Jefferson Simões. Foto: ABC

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Fenômenos como o efeito estufa, o aquecimento global e o derretimento das calotas polares são frequentemente vistos como fatores relacionados. De que forma realmente se estabelece a relação entre eles?

Jefferson Simões - Esses termos se tornaram jargões que escondem as definições adequadas. O efeito estufa é um processo natural, que permite que a temperatura média do planeta esteja ao redor de 14,6º. O que vivenciamos é o efeito estufa intensificado, que é um processo antropogênico e que consiste na maior emissão de gases que já existem na natureza – como o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH) – que acumulam, aumentando a concentração na atmosfera. Essa intensificação, que ocorreu principalmente após o início da Revolução Industrial, levou, por exemplo, a um aumento de 40% na concentração do CO2 nos últimos 200 anos. Além disso emitimos alguns gases artificias que também intensificam o efeito estufa.

Tudo isso intensifica o efeito estufa, o que, entre várias de suas consequências, pode levar a um aquecimento da atmosfera. Então os cientistas falam geralmente em mudanças do clima induzidas por mudanças da composição química da atmosfera, das quais uma das consequências seria o aquecimento atmosférico. O jargão “aquecimento global” é considerado não adequado, mesmo porque o que temos é mudança na temperatura da atmosfera. Alguns lugares aquecem mais e outros inclusive esfriam, mas na média temos um aumento da temperatura na superfície do planeta.

Já no caso das calotas polares, este também é um termo arcaico que não deve ser usado, porque não é uma informação geográfica fidedigna. Ele não informa sobre os processos que realmente estão ocorrendo nas regiões polares. Não identifica as diferentes formas de gelo que existem nas regiões polares e que respondem de maneiras diferentes às mudanças do clima, que como eu enfatizo não é só um aquecimento da atmosfera. “Calotas polares”misturam principalmente três tipos de gelo diferentes no planeta: os mantos de gelo, que no caso da Antártica chega a quase 14 milhões de quilômetros quadrados, com espessura média de dois quilômetros – esse é um dos tipos de gelo, e as geleiras também estariam aí, que chamamos de gelo glacial; também existe o “mar congelado” ou “gelo marinho”; e finalmente temos o permafrost, um solo permanentemente congelado que também responde às mudanças do clima.

Então é muito difícil e errado simplificar que o aquecimento da atmosfera derrete as calotas polares. Essa afirmação está errada do ponto de vista geográfico e glaciológico. É claro, isso não quer dizer que esse gelo do planeta como um todo não esteja respondendo às mudanças do clima, quer naturais ou induzidas pelo homem.

IHU On-Line – Quais os fatores envolvidos no aquecimento global?

Jefferson Simões - Temos que falar em mudanças no clima na escala global, que envolvem sim o aumento da temperatura média da atmosfera – para o qual o jargão seria aquecimento global -, mas também mudanças nos padrões de precipitações, de ventos, aumento da frequência de eventos extremos, como enxurradas, cheias, secas… Ou seja, o processo de mudanças do clima é muito mais complexo do que somente o termo aquecimento global.

IHU On-Line – Críticos das perspectivas apocalípticas do aquecimento global citam fenômenos cósmicos, mais do que qualquer ação humana, como os grandes responsáveis pelo aumento das temperaturas. Como você encara estas afirmações, tendo em vista fenômenos como o Mínimo de Maunder ou o Mínimo de Dalton, quando a ausência de manchas solares coincidiu com uma “pequena idade do gelo” na Europa?

Jefferson Simões - Isso se trata de informações totalmente infundadas. Cabe dizer que 98% dos pesquisadores, nos artigos publicados internacionalmente, indicam que as mudanças do clima que estão ocorrendo, inclusive o aumento da temperatura da atmosfera ao longo dos últimos 50 anos, têm sim já uma influência do homem. Ou seja, nós mudamos a química da atmosfera e estamos mudando o balanço de energia do planeta. Mais importante a saber nessa história e nessas críticas é que essas pessoas mostram desconhecimento total da ciência chamada paleoclimatologia, a ciência que estuda há 200 anos a evolução do clima, e que considera evidentemente a variabilidade de manchas solares, de processos cósmicos – principalmente nas variações dos parâmetros orbitais, que chamamos de ciclos deMilankovitch, em diferentes escalas de tempo. Essas críticas demonstram a falta de conhecimento ou, pior ainda, como já foi constatado, envolve grupos de pressão geralmente ligados à extrema direita norte-americana, que iniciaram há 20 anos uma campanha de falsificações das informações para entregar um processo de negação – e por isso nós os chamamos de negacionistas – do conhecimento científico sobre as mudanças da química da atmosfera e do clima do planeta induzido pelo homem.

IHU On-Line – Qual a importância da glaciologia para a compreensão do clima mundial? Em que consiste os testemunhos do gelo?

Jefferson Simões - A ciência glaciológica fornece dois tipos de informações essenciais para o estudo das mudanças do clima. Primeiro os testemunhos de gelo, que são a reconstrução da história do clima e também da composição química da atmosfera a partir das amostras de neve e gelo que acumularam através de milhares e milhares de anos. Hoje nós já temos dados de 800 mil anos, onde reconstruímos a composição química da atmosfera ao longo de todo esse período e, por isso, e só por esse tipo de estudo, podemos afirmar que nunca nos últimos 800 mil anos as concentrações de CO2 e CH4 estiveram tão altas quanto estão no presente. Temos esse registro de milhares e milhares de anos.

Mais do que isso, o estudo de testemunhos de gelo são uma forma elegante de reconstruir, muitas vezes até com os detalhes sazonais, a temperatura da atmosfera do planeta, eventos de erupções vulcânicas, a tendência de maior ou menor área de mar congelado e, portanto, de épocas mais frias e mais quentes, a variação nas áreas de onde vem a precipitação – se cai na Antártica ou mesmo nas geleiras dos Andes e outras montanhas. Mais modernamente, por meio da glaciologia, foi possível detectar nos testemunhos de gelo o impacto da poluição global devido à ação humana no período pós-revolução industrial. Seu potencial para informações fornecidas para a ciência do meio ambiente é bastante amplo.

Outro é o caso exatamente da questão da avaliação do impacto das mudanças climáticas da massa de gelo do planeta, o que nós chamamos de criosfera. São cerca de 30 milhões de quilômetros cúbicos de gelo que existem no planeta, e que respondem, em diferentes escalas de tempo, às mudanças do clima – principalmente aumento ou diminuição de temperatura. Então a comunidade de glaciologia monitora principalmente as geleiras pequenas, que são aquelas que respondem mais rapidamente. A partir disso, poderemos determinar qual é a contribuição do derretimento das geleiras para o aumento do nível do mar.

IHU On-Line – O aumento do nível do mar devido ao derretimento do gelo dos polos é algo possível? Por quê?

Jefferson Simões - Nós temos um serviço de monitoramento das geleiras há mais de 160 anos, e hoje satélites como o Cryosat, da Agência Espacial Europeia, e o ICEsat, da NASA, monitoram os grandes mantos de gelo da Antártica e da Groelândia. O que eu falei foi que existe desconhecimento, inclusive um erro entre os diferentes tipos de gelo no planeta. O que contribui para o aumento do nível do mar são os mantos de gelo da Antártica e daGroelândia e das geleiras, que foram formados pela precipitação e acumulação de neve através de milhares de anos e estão em cima de ilhas ou de continentes. Ao derreter, vão levar ao aumento do nível do mar. Infelizmente, tanto a imprensa quanto as pessoas não informadas confundem isso com o mar congelado, como o Oceano Ártico, que pode derreter totalmente e não vai contribuir para o aumento do índice do mar porque está flutuando. É simplesmente a aplicação básica do Princípio de Arquimedes.

IHU On-Line – De que maneira a diminuição da espessura do mar congelado é afetada pelo aumento das temperaturas? Como isso impacta o meio ambiente nas perspectivas local e global?

Jefferson Simões - Na verdade o que está acontecendo no Ártico é o desaparecimento é a redução da área do mar congelado. O mar congelado não só está diminuindo de área, a área que é congelada do mar, mas também a sua espessura. Mas lembro que a espessura desse gelo é de três a cinco metros, e embaixo tem um Oceano. No momento em que se tira esse cobertor do Oceano, muito mais energia é perdida para a atmosfera, aquecendo ainda mais o ar. Ao aquecer a atmosfera, intensifica-se o processo de aquecimento em todo o Ártico e isso afeta o clima do Hemisfério Norte como um todo. Na Antártica o cenário ainda não está claro, na verdade tem inclusive aumentado um pouco a extensão do gelo marinho por um processo muito mais complexo.

Ao desaparecer gelo marinho, afeta-se a biota, principalmente os microrganismos que vão receber mais radiação, especialmente ultravioleta, porque nós tínhamos uma capa de mar congelado protegendo essa biota. Cortamos rotas de migração das espécies maiores, principalmente dos grandes mamíferos – e não estamos falando só de ursos polares, mas de raposas e outros.

Afetamos diretamente a teia alimentar, e tem que ocorrer uma adaptação. Por outro lado, esta alteração também força modificações políticas e geopolíticas. Hoje a abertura do Oceano Ártico está permitindo a navegação de navios não quebra-gelos entre a Europa e a Ásia viaÁrtico, e isso deve afetar primeiramente o mercado de transporte marítimo. Também existem estudos, principalmente da Rússia e dos Estados Unidos, que estão mudando a estratégia militar naval, de uma estratégia submarina para uma de superfície, porque agora vai se poder entrar com navios que navegam na superfície.

IHU On-Line – Em 25 de fevereiro de 2012, um incêndio danificou 70% da Estação Antártica Comandante Ferraz. As perdas de dados e especialmente equipamentos já foram recuperadas?

Jefferson Simões - Na verdade nunca houve perda de dados. O que aconteceu é que perdemos a Estação Antártica Comandante Ferraz que, naquela época, só tinha 30-40% de todas as nossas pesquisas. Isso é outro grande erro que sai na imprensa, sobre o papel daEstação Antártica Comandante Ferraz. Ela é importante por três motivos: é uma base para pesquisa em algumas áreas específicas da ciência Antártica brasileira – principalmente na biologia marinha e ciências da atmosfera; ela dá apoio logístico para o resto do programa; e também tem um aspecto político, que é a casa do Brasil na Antártica.

Cerca de 60-70% da pesquisa científica brasileira na Antártica não é feita nessa Estação. É feita em navios e em acampamentos, ou mesmo no módulo Criosfera I, que está a 2,5 mil quilômetros ao Sul da Estação Antártica Comandante Ferraz. Imagine, essa é a distância entre Rio de Janeiro e Belém. E esse módulo, que é de responsabilidade da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, do INPE e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, está plenamente funcional. Ou seja, o que nós perdemos é aquela estrutura da Estação. Já temos agora módulos emergenciais permitindo que desde o verão de 2013 – 2014 se voltasse plenamente à pesquisa Antártica mesmo no local da Estação. A Estação em si só deve ser construída ou finalizada em 2016-2017 devido, principalmente, ao aspecto logístico, que permite que possamos construir alguma coisa somente entre dezembro e março.

IHU On-Line – Por que estar na Antártica? Qual a relevância de um projeto brasileiro para estudar o continente?

Jefferson Simões - A Antártica, antes de tudo, é importante porque é parte essencial do sistema clima. É o principal sorvedouro de energia, no nosso jargão de climatologia. Ela coordena toda a circulação atmosférica e oceânica; 80% das águas frias dos oceanos são formadas embaixo de gelo da Antártica. Basta lembrar aos gaúchos que as friagens, ou frentes frias que entram de tempos em tempos, são formadas no Oceano Austral ao redor da Antártica.

Compreender o papel da Antártica no meio ambiente global é essencial para a preservação ambiental, previsão meteorológica e climática, preservação dos recursos marinhos renováveis (a biota antártica é evidentemente parte da teia alimentar global).

A Antártica foi também, no passado, parte do supercontinente de Gondwana, e evidentemente a evolução geológica da Antártica está associada à evolução geológica de todo o planeta, principalmente dessas massas continentais que formavam aquele supercontinente: a América do Sul, a África, a Índia, a Austrália, a Nova Zelândia e aAntártica. Ou seja, a Antártica é parte integral do sistema Terra, e se quisermos melhorar e ter um processo sustentável para esse planeta, ela sempre estará incluída.

IHU On-Line – Você foi o primeiro brasileiro a se especializar na glaciologia. Qual foi o seu interesse em estudar essa ciência?

Jefferson Simões - Na verdade, fui o pioneiro na ciência glaciológica não só no Brasil, mas na língua portuguesa, e o interesse básico foi sempre a preocupação com a questão ambiental, de ser pioneiro e trazer uma nova área de ciência para o Brasil, e também a própria atração, eu diria até lúdica, do programa Antártico-Brasileiro, que permite realizar expedições e trabalhar com uma gama muito interessante de profissionais, desde cientistas – cientistas da natureza, físicos e cientistas sociais -, passando também por diplomatas do Itamaraty e militares que cuidam da logística. Ou seja, é um meio muito rico profissionalmente e permite uma visão inter e multidisciplinar da ciência e, eu diria, da realidade.

IHU On-Line – Quais as perspectivas de pesquisas para o ano de 2014?

Jefferson Simões - Nesse final do ano o programa acabou de aprovar um edital. Tivemos 20 projetos de pesquisas selecionados. Então vão começar a se intensificar as pesquisas de campo na Antártica no verão de 2014 e 2015, e principalmente nós aqui iniciaremos algumas travessias no manto de gelo da Antártica, a 2,5 mil quilômetros ao Sul de Ferraz – inclusive com a colocação do segundo módulo automatizado, que vai ser chamado Criosfera II, onde nós vamos ter não apenas a coleta de dados meteorológicos, da química da atmosfera e de novos testemunhos de gelo e geofísica de geleiras. Também pretendemos implementar um plano de ação para toda a ciência antártica brasileira conforme orientação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

IHU On-Line – Deseja acrescentar mais alguma coisa?

Jefferson Simões - Gosto sempre de lembrar que a Antártica é a nossa última chance para protegermos parte deste planeta. Se falharmos com a Antártica, certamente vamos falhar com o resto do planeta também.

Por Andriolli Costa e Ricardo Machado

(EcoDebate, 10/01/2014) publicado pela IHU On-line, parceira estratégica do EcoDebate na socialização da informação.

[IHU On-line é publicada pelo Instituto Humanitas Unisinos - IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS.]

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Ex-plantadores de coca investem em cacau orgânico no Peru

No Peru, em uma região antes dominada pelo narcotráfico e pela produção de coca, cresce hoje uma plantação sustentável de cacau. Os agricultores locais se tornaram especialistas no plantio orgânico.
Por várias décadas, as plantações de coca dominaram a província de San Martín, uma região fértil e quente entre a Cordilheira dos Andes e a Amazônia brasileira, a mil quilômetros de Lima, no Peru. Os moradores viviam sob o domínio de narcotraficantes e do grupo guerrilheiro Sendero Luminoso. “A coca crescia daqui até o horizonte”, recorda Adán Rivera, que também se via obrigado a cultivar a matéria-prima da cocaína.

O passado de Rivera é marcado pela atuação dos traficantes. “Nós ainda éramos crianças. Um dia estava com minha família e amigos na estrada quando uma caminhonete parou e homens uniformizados desceram”, conta. O compartimento de carga do veículo transportava alguns homens amarrados. “Dias depois, os corpos foram encontrados, sem as mãos.”

Rivera não sabe porque os homens foram mortos, mas sabe quem os matou: “Eles eram do Sendero Luminoso”. A organização, que planejou sua marcha do cinturão tropical no flanco Leste em direção à capital Lima, desconfiava dos agricultores e usava exemplos sangrentos para intimidar os “contra-revolucionários”. Na época, Rivera tinha medo de andar pela estrada.
A província de San Martín trocou a coca por cacau e colhe os frutos da mudança

Hoje é diferente. Os filhos de Rivera vão à escola na cidade vizinha. Ele agora supervisiona uma plantação de cacau orgânico. O cultivo pertence à empresa alemã Forest Finance, que investe no cultivo sustentável de cacau. “O Peru produz há alguns anos cacau de alta qualidade. Nós queremos continuar essa tradição”, diz o chefe da empresa, Harry Assenmacher.

Redução das taxas de pobreza pela metade

“Desde 1980 até a metade dos anos de 1990, o Peru era o maior produtor mundial de coca”, afirma Fernando Rey, diretor da Comissão Nacional para o Desenvolvimento da Vida sem Drogas (Devida). A comissão, que funciona num prédio vigiado por soldados na capital Lima, quer afastar o Peru da coca.

Nesse meio tempo, a Colômbia se transformou na principal produtora de coca. Junto com a Bolívia, os três países ainda formam o chamado triângulo de ouro da máfia internacional da coca. Fernando Rey sabe que tem um trabalho difícil: no sudeste do Peru, a produção da planta segue sem perturbações, mas na província de San Martín, a mudança teve sucesso.
Adán Rivera ainda lembra como era o plantio e o manuseio da coca

Rey fala do milagre de San Martín. “Hoje a região produz 12 mil toneladas de cacau, um terço da produção peruana”. O país é o 12º produtor de cacau no mundo, mas o segundo na produção do fruto orgânico, atrás da República Dominicana. “O índice de pobreza caiu de 70% para 31% nos últimos dez anos”, complementa. Em nenhuma outra região do país andino a economia cresceu com tanta força.

Além dos investimentos do Estado em escolas, estradas e segurança, a produção agrícola também vive uma expansão. A área utilizada para a agricultura duplicou. Além do cacau, os agricultores cultivam café, arroz e palmeiras e se beneficiam dos preços altos no mercado internacional. A União Europeia injetou nos últimos anos 36 milhões de euros na região.

Mas o problema das drogas ainda está longe de ser resolvido. “A rota das drogas muda. A cocaína peruana, que antes era destinada aos Estados Unidos, é hoje levada para a Europa através do Brasil e da África “, explica o diretor da Devida.

Cooperativa faz escola

A província de Huánuco, que faz fronteira com San Martín, também deu início a uma nova era. Os 55 mil habitantes da capital provincial, Tingo María, junto com a organização agrária El Naranjillo, têm hoje uma das maiores cooperativas de cacau orgânico da America Latina.
Francisco Rodriguez conta que o cacau da mais trabalho, mas a legalidade compensa

Antes, a cidade era uma grande produtora de coca. Os fazendeiros da região não eram apenas plantadores, relembra Francisco Rodriguez, integrante da cooperativa. “Muitos mantinham seu próprio laboratório. Com cloro e gasolina, produziam pasta de coca a partir das folhas”. Rodriguez é do povoado de Huayhuantillo, onde setenta famílias trocaram a cultura de coca por cacau orgânico nos últimos anos – como a maioria dos quase dois mil cooperados. “A transição foi difícil, levou alguns anos. O cacau exige mais e rende menos que a coca. Mas agora o negócio é legal e seguro”, diz ele.

Em Huayhuantillo, a nova escola de ensino fundamental e o gramado bem cuidado da praça comprovam a mudança. Nas ruas, não se vê lixo. As casas têm fossa séptica – bem diferente de outras vilas isoladas e suas casas pobres de telhados sobre estacas, que ainda vivem da coca. A cooperativa paga aos produtores um complemento de 36 centavos de euro por quilo em relação ao preço de mercado. Além disso, oferece saúde gratuita e ajuda a manter as crianças na escola.

Na Alemanha, a organização de comércio justo GEPA e a cadeia de alimentos orgânicos Naturland são clientes da cooperativa. Cerca de 25% do cacau usado na fabricação do chocolate da rede orgânica vêm dos ex-produtores de coca do Peru. Os agricultores se dizem satisfeitos com a mudança dos negócios, e por terem escapado dos problemas constantes com compradores de coca, terroristas e militares que dominavam suas vidas.

Matéria de Oliver Ristau (ie), na Agência Deutsche Welle, DW, reproduzida pelo EcoDebate, 10/01/2014

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Tese relaciona hábitos alimentares a câncer de mama

“As mudanças de hábitos e estilo de vida do mundo moderno, a maior longevidade e as demandas enfrentadas pelas mulheres na sociedade atual contribuem para que as doenças crônicas não transmissíveis estejam entre as principais causas de morte”. A partir dessa observação, a aluna do doutorado em Saúde Pública e Meio Ambiente da Escola Nacional de Saúde Pùblica (Ensp/Fiocruz) Rita de Cássia Albuquerque elaborou sua tese, intitulada Padrões de consumo de alimentos de mulheres – análises dos registros alimentares da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009 e revisão sistemática da relação com o câncer de mama. A pesquisa, orientada por Dirce Maria Lobo Marchioni, teve como objetivo principal a investigação de padrões de consumo alimentar na população brasileira feminina com idade superior a 35 anos e a análise da relação entre os padrões de consumo alimentar e o câncer de mama. A partir do estudo, a aluna espera colaborar fornecendo evidências científicas para subsidiar ações programáticas que levem à efetiva melhora nas condições de saúde e de qualidade de vida das mulheres.
Na primeira etapa da pesquisa foram analisadas evidências científicas, a partir de trabalhos desenvolvidos em diferentes populações de todos os continentes do mundo, sobre a relação entre padrões de consumo alimentar identificados por análise fatorial e o câncer de mama

De acordo com a aluna, a importância epidemiológica do câncer, sua magnitude social, as condições de acesso da população à atenção oncológica e os custos cada vez mais elevados da alta complexidade refletem a necessidade de estruturar uma rede de serviços regionalizada e hierarquizada, que garanta atenção integral à população. As elevadas incidência e mortalidade por câncer de mama no país, segundo ela, justificam a implantação de estratégias efetivas de controle, que incluam ações de promoção à saúde, prevenção e detecção precoce, tratamento e cuidados paliativos, quando esses se fizerem necessários. “Conhecer aspectos dietéticos de grupos populacionais contribui para a melhor compreensão da relação entre hábitos alimentares e de estilo de vida, possibilitando um maior entendimento entre a associação da dieta e características socioeconômicas, demográficas e comportamentais”, opina Rita.

Na primeira etapa da pesquisa foram analisadas evidências científicas, a partir de trabalhos desenvolvidos em diferentes populações de todos os continentes do mundo, sobre a relação entre padrões de consumo alimentar identificados por análise fatorial e o câncer de mama. Foi verificado que os dados convergem para o consumo de um padrão alimentar composto por vegetais, frutas, peixes, crustáceos, soja e seus derivados, azeite, frango e, adicionalmente, para outro padrão que descreve o hábito alimentar típico da região estudada. “Esses padrões atuariam reduzindo o risco da doença, enquanto um terceiro padrão caracterizado pelo consumo de bebidas alcóolicas estaria aumentando o risco de câncer de mama”, conclui a aluna.

Na segunda etapa foi verificada a existência de padrões alimentares, semelhantes aos observados na revisão sistemática, na população feminina brasileira acima dos 35 anos. Para tanto, foram utilizados dados do módulo de consumo alimentar individual medido pela mais recente Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2008-2009). Os dados indicam que os grupos alimentares com maiores médias de consumo individual foram arroz, feijão e outras leguminosas, sucos, frutas e oleaginosas, café e chá, tanto para mulheres residentes em áreas urbanas quanto em áreas rurais.

Segundo a aluna, o estudo foi pioneiro ao utilizar dados do módulo de consumo alimentar individual, medido pela POF 2008-2009. “Pela primeira vez, o IBGE incluiu, em uma pesquisa populacional de âmbito nacional, um módulo específico sobre o consumo individual, o que contribuirá para conhecer aspectos dietéticos de indivíduos e grupos populacionais, e desta maneira auxiliar na melhor compreensão da relação entre seus hábitos alimentares e de estilo de vida”, opina.

Rita de Cássia Albuquerque, graduada em nutrição pela Uerj, tem especialização em Terapia Nutricional pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (2002) e mestrado em Saúde Pública e Meio Ambiente (Ensp/2008). Rita realiza pesquisas nas áreas de Nutrição, Epidemiologia e Saúde Pública, com ênfase em Epidemiologia do Câncer, Epidemiologia Nutricional, Avaliação do Consumo Alimentar de Populações, Educação e Orientação Nutricional.

Informe Ensp / Agência Fiocruz de Notícias, publicado pelo EcoDebate, 10/01/2014

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Grave déficit de abelhas ameaça cultivos na Europa

A Europa tem um déficit de 13,4 milhões de colmeias, ou seja, de 7 bilhões de abelhas, para polinizar seus cultivos corretamente, afirmaram cientistas da Universidade de Reading. Matéria da AFP, no Yahoo Notícias.

Segundo as conclusões do estudo [Promoting Pollinating Insects in Intensive Agricultural Matrices: Field-Scale Experimental Manipulation of Hay-Meadow Mowing Regimes and Its Effects on Bees] publicado nesta quarta-feira na revista Plos One, devido ao desenvolvimento dos cultivos de oleaginosas (como soja, girassol ou canola, usados principalmente como agrocombustíveis), as necessidades de polinização cresceram cinco vezes mais rápido do que o número de colmeias entre 2005 e 2010.

“A Europa tem apenas dois terços das colmeias de que precisa, isto é, um déficit de 13,4 milhões de enxames, o equivalente a 7 bilhões de abelhas”, informaram os autores do estudo.

Na metade dos 41 países estudados, “não há suficientes abelhas para polinizar corretamente os cultivos, principalmente na França, Alemanha, Reino Unido ou Itália”, acrescentaram os cientistas.

O caso da Grã-Bretanha é um dos mais preocupantes, pois este país tem menos de um quarto do número de abelhas de que precisa para a polinização.

Segundo os cientistas, a agricultura se tornou cada vez mais dependente dos polinizadores “selvagens” (besouros, etc), espécies que podem ser vulneráveis, especialmente no caso das monoculturas, concluíram os cientistas.

“Este estudo mostra que a política europeia na área dos biocombustíveis tem como consequência imprevista nos tornar mais dependentes dos polinizadores silvestres”, destacou Tom Breeze, um dos autores do estudo.

Promoting Pollinating Insects in Intensive Agricultural Matrices: Field-Scale Experimental Manipulation of Hay-Meadow Mowing Regimes and Its Effects on Bees Pierrick Buri, Jean-Yves Humbert, Raphaël Arlettaz Research Article | published 09 Jan 2014 | PLOS ONE 10.1371/journal.pone.0085635

EcoDebate, 10/01/2014

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Mudanças climáticas já alteram a distribuição de plantas e animais na Europa Central

Doronicum clusii. Foto de Jörg Schmill

[Olivia Poisson, University of Basel] Na Suíça, plantas, borboletas e pássaros se mudaram 8-42 metros acima entre 2003 e 2010, dizem cientistas da Universidade de Basel, em pesquisa publicada [ Plants, birds and butterflies: short-term responses of species communities to climate warming vary by taxon and with altitude ] na revista online “ PLoS One ”.

O aquecimento do clima está mudando a distribuição de plantas e animais em todo o mundo. Recentemente foi demonstrado que nas últimas duas décadas, as comunidades de aves europeias e borboleta passaram, em média, 37 e 114 quilômetros ao norte, respectivamente.

Tobias Roth e Valentin Amrhein, da Universidade de Basel, identificaram que, na Suíça, plantas, borboletas e aves também se ‘mudaram’ para cima. A uma altitude de 500 metros, as plantas têm, em média, se deslocado para cima 8 metros, borboletas e pássaros 38 metros e 42 metros, respectivamente. O estudo foi baseado em dados coletados entre 2003 e 2010, em 214 áreas de amostra até uma altitude de 3000 metros, cobrindo todos os principais ecossistemas da Europa Central.

“Uma média de oito metros de diferença de altitude em oito anos e em todas as espécies de plantas é bastante impressionante, em razão da pouca mobilidade de comunidades de plantas”, diz Valentin Amrhein. ”Os resultados mostram que os impactos biológicos da mudança do clima, não só se tornam aparentes no longo prazo. Animais e plantas já estão hoje se adaptando às temperaturas em elevação em um ritmo surpreendente.”

Diferentes Tendências acima da linha das árvores

Enquanto as aves também se mudaram para altitudes mais elevadas, plantas e borboletas surpreendentemente não apresentaram alterações significativas em altitude acima da linha das árvores. Ao contrário do que os desenvolvimentos em altitudes mais baixas, plantas alpinas e borboletas ainda mostram uma tendência para um movimento de descida.

As explicações para esse fenômeno ainda não foram encontradas. ”É possível que o uso da terra e variações relativas nos habitats perto da linha das árvores superam os efeitos do aquecimento climático. Por exemplo, muitos pastos alpinos foram abandonados nos últimos anos”, diz Tobias Roth.”Também é possível que as plantas alpinas estão melhor protegidas contra mudanças nas condições climáticas, devido à superfície muito variada de paisagens alpinas.”

Em qualquer caso, o fato de que as comunidades de plantas e borboletas mudaram para espécies de habitats mais quentes em baixas altitudes, mas mantiveram-se relativamente estáváveis em altitudes mais elevadas não pode ser explicado com diferentes desenvolvimentos de temperatura em todas altitudes.

Os cientistas também estudaram os dados sobre a temperatura do ar de 14 estações meteorológicas: Durante os 16 anos entre 1995 e 2010, as temperaturas de verão na Suíça aumentaram cerca de 0,07 ° C por ano em todas as altitudes.

Plants, birds and butterflies: short-term responses of species communities to climate warming vary by taxon and with altitude Plos One, published January 8th, 2014 | doi: 10.1371/journal.pone.0082490
Tobias Roth, Matthias Plattner & Valentin Amrhein

Texto de Olivia Poisson, University of Basel, no EcoDebate, 10/01/2014

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Onça-pintada (Panthera onca) pode desaparecer da Mata Atlântica

Publicado em janeiro 10, 2014
De acordo com alerta feito por pesquisadores brasileiros na revista Science, restam no bioma 250 animais adultos distribuídos em oito populações isoladas e apenas 50 estão de fato se reproduzindo (foto: Sandra Cavalcanti/Instituto Pró-Carnívoros)

A Mata Atlântica está na iminência de perder um de seus mais ilustres habitantes: a onça-pintada (Panthera onca). O alerta foi feito na revista Science, em carta publicada por um grupo de pesquisadores brasileiros membros do Sistema Nacional de Pesquisa em Biodiversidade (Sisbiota).

“Uma recente reunião de especialistas em vida selvagem concluiu que a Mata Atlântica, que no passado se estendia por toda a costa brasileira e também por parte da Argentina e do Paraguai, pode em breve ser o primeiro bioma tropical a perder seu principal predador, a onça-pintada”, relataram os cientistas na carta.

“Pesquisadores estimaram menos de 250 animais adultos vivos em todo o território, distribuídos em oito populações isoladas. Ainda pior, análises moleculares demonstraram que o tamanho da população efetiva local (número de animais que estão de fato se reproduzindo e deixando descendente, um parâmetro crítico para a manutenção da diversidade genética) está abaixo de 50 animais”, destacaram.

De acordo com Ronaldo Gonçalves Morato, coautor do texto e chefe do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), entre as causas do declínio estão a perda de habitat resultante do desmatamento e da fragmentação da mata e também a caça. Estima-se que, atualmente, reste apenas entre 7% e 12% da cobertura original da Mata Atlântica.

O impacto do desaparecimento da onça-pintada para o ecossistema local é difícil de prever, mas certamente o saldo será negativo. “Quando um grande predador desaparece, pode haver explosão nas populações de herbívoros, como veados, catetos e queixadas. Em excesso, esses animais acabam consumindo todo o sub-bosque da floresta e isso implica em perda da capacidade de recomposição e perda de estoque de carbono. Em longo prazo, pode levar à quebra da dinâmica da floresta”, avaliou Morato.

Pedro Manoel Galetti Junior, professor do Departamento de Genética e Evolução (DGE) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e coautor do texto, lembrou que o desaparecimento da onça-pintada pode ainda causar aumento desmedido nas populações de predadores intermediários, como jaguatiricas e outros carnívoros.

Por sua vez, isso poderá levar a um aumento na predação de ninhos e, potencialmente, à extinção local de muitas aves, importantes dispersoras de sementes, e alterar a estrutura da vegetação. “O predador de topo de cadeia tem um papel de regulação do ecossistema e, quando ele desaparece, um distúrbio é criado. Isso pode causar a extinção de algumas espécies, até que o ecossistema encontre um novo equilíbrio”, disse Galetti, que coordenapesquisa apoiada pela FAPESP e realizada no âmbito do Sisbiota – programa lançado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em 2010 que reúne pesquisadores de diversos Estados e, em São Paulo, conta com financiamento da FAPESP.

Plano estratégico para conservação

A iniciativa de enviar o alerta para a revista Science, contaram os cientistas, surgiu após uma reunião promovida em setembro de 2013 pelo Cenap com o objetivo de elaborar um plano estratégico para a conservação da onça-pintada na Mata Atlântica.

“Na semana anterior ao evento, havia sido publicado também na Science um artigo sobre a recuperação da população de carnívoros no Hemisfério Norte graças a medidas adotadas há mais de 20 anos, como reflorestamento, reintrodução e translocação de indivíduos. Alguns fatores de manejo utilizados por lá permitiram que algumas espécies praticamente extintas voltassem a ocupar certos espaços. Nossa carta tinha o intuito de fazer um contraponto a esse artigo”, contou Morato.

O evento promovido pelo Cenap reuniu diversos membros da rede Sisbiota. O objetivo do grupo é fomentar e ampliar o conhecimento não apenas sobre predadores, mas sobre toda a biodiversidade brasileira, bem como melhorar a capacidade preditiva de respostas às mudanças de uso e cobertura da terra e às mudanças climáticas.

De acordo com os especialistas, a medida mais urgente a ser tomada para salvar a onça-pintada seria o aumento da fiscalização para evitar a perda de indivíduos tanto pela caça quanto pela redução do ambiente causada pelo desmatamento ilegal.

“Primeiro precisamos estancar a perda para então pensar em trabalhar para recuperar as populações. Estamos discutindo a possibilidade de fazer a translocação de indivíduos (colocar novos animais em uma população existente para trazer informação genética nova para o grupo), pois as análises têm mostrados que geneticamente muitas dessas populações remanescentes estão comprometidas. Mesmo se a perda de animais cessar, será necessário recompor essas populações”, afirmou Morato.

Outra possibilidade, contou o pesquisador do Cenap, é recorrer a ferramentas de reprodução assistida. “Podemos coletar sêmen de um indivíduo de uma região e inseminar uma fêmea de outra população, por exemplo. Esse mecanismo pode ser mais prático do que fazer a translocação”, contou Morato.

De acordo com o plano em elaboração pelo Sisbiota, nenhum animal seria solto sem um sistema de monitoramento 24 horas e sem um programa prévio de educação e conscientização com as comunidades do entorno. “É necessário um trabalho forte para que essas comunidades aceitem o retorno do animal. É preciso orientação para que não haja risco no contato com a população humana e para que haja um manejo de rebanhos de modo a evitar a caça por perda econômica”, afirmou Morato.

Para Galetti, antes que qualquer medida seja tomada, é preciso ampliar o conhecimento científico sobre a onça-pintada – o que inclui informações sobre a biologia, a ecologia, a genética e os sistemas em que ela está incluída, ou seja, os demais organismos que interagem com ela. “Não se pode pensar em translocar animais enquanto não se tem segurança e controle sobre os impactos da medida”, ponderou.

Muitos dos estudos que embasam a discussão do plano de recuperação da onça-pintada foram conduzidos no âmbito do Sisbiota, que completa três anos. Parte dos dados foi apresentada nos dias 9 e 10 de dezembro, em São Carlos, durante o 1º Simpósio Brasileiro sobre o Papel Funcional de Predadores de Topo de Cadeia.

O artigo Atlantic Rainforest’s Jaguars in Decline (DOI: 10.1126/science.342.6161.930-a), de Ronaldo Morato, Pedro Galetti e outros, pode ser lido por assinantes da Science emwww.sciencemag.org/content/342/6161/930.1.full?sid=b8928fb9-3760-4f2e-9188-23bc28d2dc2f

Matéria de Karina Toledo, da Agência FAPESP, publicada pelo EcoDebate, 10/01/2014

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