sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Qigong Can Help Fight Fatigue in Prostate Cancer Survivors

Oct. 30, 2013 — The flowing movements and meditative exercises of the mind-body activity Qigong may help survivors of prostate cancer to combat fatigue. These are the findings of a trial study led by Dr. Anita Y. Kinney at the University of New Mexico Cancer Center and Dr. Rebecca Campo at the University of North Carolina at Chapel Hill. The study took place at the Huntsman Cancer Institute at the University of Utah, and was published in Springer'sJournal of Cancer Survivorship.
Man practicing Qigong. The flowing movements and meditative exercises of the mind-body activity may help survivors of prostate cancer to combat fatigue. (Credit: © wong yu liang / Fotolia)

Severe fatigue is one of the most common cancer-related symptoms reported by cancer survivors, particularly for prostate cancer survivors receiving androgen deprivation therapy (ADT). This subjective sense of physical, emotional or cognitive exhaustion may persist for months or years following treatment. It greatly diminishes survivors' quality of life by limiting their ability to perform daily activities and causes significant distress.

Because cancer patients are often advised to participate in physical activity as a nonpharmacological way to manage cancer-related fatigue and levels of distress, senior author Kinney and lead author Campo launched a trial study to determine if the mind-body activity Qigong holds any promise for older cancer survivors in this regard. Qigong is performed at a slow pace, is not overly physically exertive, and can even be performed sitting. It combines slow, flowing movements with coordinated deep breathing and meditative exercises.

Forty participants who suffered from high levels of fatigue were recruited for a 12-week randomized controlled trial. The group was on average 72 years old. Half of the group took part in Qigong classes, while the other participants attended stretching classes.

Qigong classes seemed to have been more popular with the participants, as its class attendance was higher than that of the stretching group. More importantly though, according to Kinney, "Qigong participants reported significant declines in how much fatigue or distress they experienced, compared to those who participated in the stretching class."

"Qigong may be an effective nonpharmacological intervention for the management of senior prostate cancer survivors' fatigue and distress," says Campo, who adds that further larger trials would be needed to confirm these benefits in older prostate cancer survivors and in racially and ethnically diverse populations.

Journal Reference:
Rebecca A. Campo, Neeraj Agarwal, Paul C. LaStayo, Kathleen O’Connor, Lisa Pappas, Kenneth M. Boucher, Jerry Gardner, Sierra Smith, Kathleen C. Light, Anita Y. Kinney.Levels of fatigue and distress in senior prostate cancer survivors enrolled in a 12-week randomized controlled trial of Qigong. Journal of Cancer Survivorship, 2013; DOI:10.1007/s11764-013-0315-5

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Fiocruz alerta para cuidados contra a mosquito transmissor da dengue

15/01/2014 - 17h24

Flávia Villela
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – As chuvas de verão aumentam o risco de proliferação do mosquito transmissor da dengue, doença infecciosa que pode levar à morte. Para chamar a atenção sobre o problema, especialistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgam a iniciativa 10 Minutos Contra a Dengue, criada em 2011, para que as pessoas combatam o foco do Aedes aegypt dentro de casa.

A pesquisadora Rafaela Vieira Bruno informa que em 80% dos casos o Aedes aegypt vive e se reproduz dentro e no entorno das residências, e, se cada um evitar água parada em suas casas, será possível impedir o nascimento da grande maioria dos mosquitos nas cidades.

“Qualquer local que possa armazenar um pouquinho de água é suscetível para a fêmea colocar os ovos. E não apenas água limpa; ela consegue colocar em áreas com um pouquinho de matéria orgânica também”, comenta ela, ao mencionar que mesmo piscinas e fontes com chafariz podem servir de criadouro. “O ideal é fazer a limpeza periodicamente ou cobrir os locais. Cloro e água sanitária contribuem para eliminar o ovo [do mosquito]”, informa.

Rafaela explica que os ovos deixados pelo mosquito aguentam até um ano sem água e que basta um único contato com a água, em até dez dias, para eles se transformem em mosquitos aptos a transmitir a doença. A bióloga alerta, no entanto, que não é suficiente vistoriar o próprio quintal, se o vizinho não fizer a sua parte.

“O mosquito tem uma capacidade de voar até 800 metros. Se você não cuida, mas o seu vizinho cuida, ele pode ser picado por um mosquito que nasceu até 800 metros de distância da casa dele”, disse a pesquisadora. “Por isso, é tão importante que haja um esforço da comunidade em geral, de todo mundo”, completa.

As vistorias devem ser feitas em caixas d’água, para verificar que estão vedadas, calhas de chuva, ralos externos, vasilhas de animais, bandejas de ar-condicionado e de geladeiras, além de vasos sanitários desativados ou pouco utilizados e todos os outros locais que possam acumular água.

Edição: Beto Coura
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Poluição pode fazer boto-cinza desaparecer da costa fluminense

Hoje, a Baía de Guanabara tem apenas 40 botos-cinza, uma população estimada em até 1.000 nos anos 70. Foto: Instituto Boto Cinza

Por Lúcia Müzell, da RFI.

Um dos símbolos da cidade do Rio de Janeiro corre o risco de desaparecer da costa fluminense. Afetados pela poluição e o desenvolvimento, os botos-cinza estão se tornando raros nas baías de Guanabara e Sebatiba. Para tentar reverter a situação, protetores deste golfinho querem inserir o animal na lista de ameaçados de extinção.

Hoje, a Baía de Guanabara tem apenas 40 botos-cinza, uma população estimada em até 1.000 nos anos 70. O oceanógrafo José Lailson, coordenador do Laboratório de Mamíferos Aquáticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, explica como os diversos tipos de poluição marinha afetam os golfinhos.

“Eles estão entre os animais mais contaminados do planeta. E boa parte destes poluentes mexem com duas coisas críticas em sistemas biológicos: ao atingir o sistema hormonal, afetam os sistemas imune e o reprodutivo”, afirma. “O que ocorre não é uma intoxicação aguda pelo poluente, seguida da morte do animal. O que acontece é que entra na cadeia alimentar, chega ao boto, ele começa a não reproduzir e a morrer de doenças.”

Brito Junior lembra que os botos-cinza não costumam migrar – por isso não escapam da poluição. Ele observa que a construção desmedida de empreendimentos na costa não respeita a fauna e a flora local:

“Aqui, é muito difícil de as pessoas fazerem uma regulamentação e aplica-la. A todo o momento, licenciam novas obras, constroem-se mais píers de atracamento, se intensificam as dragagens. Com tudo isso, você aumenta o tráfego de embarcações, que aumentam a poluição sonora”, comenta o pesquisador. “Construíram um píer grande bem na área mais utilizadas pelos botos antigamente”, lamenta.

Na Baía de Sebatiba, a situação não é tão crítica, mas bastante preocupante. A mortandade dos golfinhos é três vezes superior do que o verificado em outras espécies, de acordo com a bióloga Kátia Pereira da Silva, do Instituto Boto Cinza. Mesmo assim, o animal ainda não faz parte das listas oficiais dos ameaçados de extinção, uma bandeira defendida pelos protetores do mamífero.

“Infelizmente o boto-cinza ainda não entrou na lista oficial, por falta de dados suficientes que viabilizem esta entrada. Já está sendo feito um trabalho com os dados de todas as instituições e pesquisadores para que o boto entre nesta lista”, diz. “É muito claro que essa espécie está sofrendo muitos impactos na nossa costa, e a mortalidade dela vem aumentando, com o passar dos anos.”

Os especialistas alertam para os riscos crescentes deste problema, na medida em que as instalações para a extração do pré-sal avançam a todo o vapor na costa fluminense.

Matéria da RFI, reproduzida pelo EcoDebate, 17/01/2014

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Planta em Foco: Valeriana, no Boletim PLANFAVI, n. 28, 2013

Valeriana officinalis L (Valerianaceae)

Sinonímia popular: erva-dos-gatos, erva valeriana selvagem. 
Sinônimos botânicos: Valeriana wallichii DC, Valeriana jatamansi Jones.

Planta perene com pequenas flores brancas ou rosadas com odor adocicado e que florescem no verão atingindo até 2,0 m. Nativa da Europa e de alguns países da Ásia, também é cultivada na América do Norte, no Japão e na Rússia. Os medicamentos, preparados a partir dos órgãos subterrâneos, são utilizados desde o tempo de Hipócrates.

Usos populares: Os usos populares estão relacionados aos distúrbios do sono e também a ansiedade, estresse, entre outros.

Fitoquímica: contem diversos compostos farmacológicas, destacando-se o óleo essencial (acido valerênico), ésteres iridóides (valepotriatos) e seus produtos de decomposição tais como baldrinal e homobaldrinal, aminoácidos (arginina, GABA, glutirosina) e alcaloides. Também são encontrados ácidos fenólicos e flavonoides.

Farmacologia: Possui ação depressora central, sedativa, ansiolítica, espasmolítica e relaxante muscular. Os ácidos valerênicos podem contribuir com a redução degradação do GABA, um dos efeitos responsáveis pela ação sedativa. Outro mecanismo se dá pela presença de glutamina no extrato, substrato para formação do GABA.

American Herbal Pharmacopoeia and therapeutic compendium: Valerian Root, 1999, Santa Cruz, CA.

Índice Terapêutico Fitoterápico ITF. 2008 EPUB.

‘A obesidade e a fome são os dois lados de um sistema alimentar que não funciona’, entrevista com Esther Vivas


Entrevista com Esther Vivas , ativista social e pesquisadora de políticas agrárias e alimentares.

Qual é o estado do atual modelo de produção, distribuição e consumo de alimentos?

Atualmente, enquanto milhões de pessoas no mundo não têm o que comer, outros comem muito e mal. A obesidade e a fome são os dois lados da mesma moeda: a de um sistema alimentar que não funciona e que condena milhões de pessoas à má nutrição. Vivemos, definitivamente, em um mundo de obesos e famélicos. Os números deixam isso claro: 870 milhões de pessoas no mundo passam fome, enquanto 500 milhões têm problemas de obesidade, segundo indica o relatório O Estado Mundial da Agricultura e da Alimentação 2013, publicado recentemente pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), e que este ano analisa a mácula da má nutrição. Uma problemática que não afeta apenas os países do Sul, mas que aqui está cada vez mais próxima.

A fome severa e a obesidade são apenas a ponta do iceberg. Como acrescenta a FAO, dois milhões de pessoas no mundo sofrem deficiências de micronutrientes (ferro, vitamina A, iodo…), 26% das crianças têm, em consequência, atraso no crescimento e 1,4 bilhão vivem com sobrepeso. O problema da alimentação não consiste apenas em se podemos comer ou não, mas no que ingerimos, de que qualidade, procedência, como foi elaborada. Não se trata apenas de comer, mas de comer bem.

E quem sai ganhando com este modelo?

A indústria agroalimentar e a grande distribuição, os supermercados, são os principais beneficiários. Alimentos quilométricos (que vêm da outra ponta do mundo), cultivados com altas doses de pesticidas e fitossanitários, em condições precárias de trabalho, prescindindo do campesinato, com pouco valor nutritivo… são alguns dos elementos que o caracterizam. Em suma, um sistema que antepõe os interesses particulares do agrobusiness às necessidades alimentares das pessoas.

Como afirma Raj Patel em seu livro Obesos e famélicos (Los Libros de Lince, 2008): “A fome e o sobrepeso globais são sintomas de um mesmo problema. (…) Os obesos e os famélicos estão vinculados entre si pelas cadeias de produção que levam os alimentos do campo à nossa mesa”. E acrescento: para comer bem, para que todos possam comer bem, é preciso romper com o monopólio destas multinacionais na produção, distribuição e consumo de alimentos. Para que acima do afã do lucro, prevaleça o direito à alimentação das pessoas.

E quem sai perdendo?

Estamos correndo o risco do desmantelamento de um setor, o agrário, estratégico para a nossa economia. Algo que não é novo, mas que com as atuais medidas só se agravou. Atualmente, menos de 5% da população ativa no Estado espanhol trabalha na agricultura, e uma parte muito significativa são pessoas maiores de idade. Algo que, segundo os padrões atuais, é símbolo de progresso e modernidade. Talvez, teríamos que começar a nos perguntar com que parâmetros se definem ambos os conceitos.

A agricultura camponesa é uma prática em extinção. Atualmente, milhares de propriedades fecham suas portas. Sobreviver no campo e trabalhar a terra não é tarefa fácil. E quem mais sai perdendo no atual modelo de produção, distribuição e consumo de alimentos são, precisamente, aqueles que produzem os alimentos. A renda agrária situava-se, em 2007, segundo a COAG, em 65% da renda geral. Seu empobrecimento é claro. Avançamos para uma agricultura sem camponeses. E, se estes desaparecem, nas mãos de quem fica a nossa alimentação?

Que relação existe com a atual situação de crise?

A crise econômica só piorou esta situação. Cada vez mais pessoas são empurradas a comprar produtos baratos e menos nutritivos, segundo se desprende do relatório Geração XXL (2012), da companhia de pesquisa IPSOS. Como estes indicam, na Grã-Bretanha, para dar um exemplo, a crise fez com que as vendas de carne de cordeiro, verduras e frutas frescas diminuíssem consideravelmente, ao passo que o consumo de produtos enlatados, como biscoitos e pizzas, aumentasse nos últimos cinco anos. Uma tendência generalizável a outros países da União Europeia.

Milhões de pessoas sofrem hoje as consequências deste modelo de alimentação “fast food”, que acaba com a nossa saúde. As doenças vinculadas ao que comemos só aumentaram nos últimos tempos: diabetes, alergias, colesterol, hiperatividade infantil, etc. E isto tem consequências econômicas diretas. Segundo a FAO, a estimativa do custo econômico do sobrepeso e da obesidade foi, em 2010, de aproximadamente 1,4 bilhão de dólares.

Existe alguma alternativa? Quais são os elementos e a condições necessárias para elas?

Como indica a organização internacional GRAIN, a produção de alimentos multiplicou-se por três desde os anos 1960, ao passo que a população mundial tão somente duplicou desde então, mas os mecanismos de produção, distribuição e consumo, a serviço dos interesses privados, impedem aos mais pobres a obtenção necessária de alimentos.

O acesso, por parte do pequeno agricultor, à terra, à água, às sementes… não é um direito garantido. Os consumidores não sabem de onde vem aquilo que comem, não podem escolher consumir produtos livres de transgênicos. A cadeia agroalimentar foi se alargando progressivamente afastando, cada vez mais, produção e consumo, favorecendo a apropriação das diferentes etapas da cadeia por empresas agroindustriais, com a consequente perda de autonomia de camponeses e consumidores.

Diante deste modelo dominante do agrobusiness, onde a busca do lucro econômico se antepõe às necessidades alimentares das pessoas e ao respeito ao meio ambiente, surge o paradigma alternativo da soberania alimentar. Uma proposta que reivindica o direito de cada povo a definir suas políticas agrícolas e alimentares, a controlar seu mercado doméstico, a impedir a entrada de produtos excedentes através de mecanismos de dumping, a promover uma agricultura local, diversa, camponesa e sustentável, que respeite o território, entendendo o comércio internacional como um complemento à produção local. A soberania alimentar implica em devolver o controle dos bens naturais, como a terra, a água e as sementes, às comunidades e lutar contra a privatização da vida.

Não são propostas utópicas? Que estratégias são requeridas?

Um dos argumentos que os detratores da soberania alimentar utilizam é que a agricultura ecológica é incapaz de alimentar o mundo. Mas contrariamente a este discurso, vários estudos demonstram que esta afirmação é falsa. Esta é a conclusão de uma exaustiva consulta internacional impulsionada pelo Banco Mundial em parceria com a FAO, o PNUD, a Unesco, representantes de governos, instituições privadas, científicas, sociais, etc., projetado como um modelo de consultoria híbrida, que envolveu mais de 400 cientistas e especialistas em alimentação e desenvolvimento rural durante quatro anos.

É interessante observar como, apesar de que o relatório tivesse estas instituições na retaguarda, concluía que a produção agroecológica provia de ingressos alimentares e monetários os mais pobres, ao mesmo tempo que gerava excedentes para o mercado, sendo melhor garantia de segurança alimentar que a produção transgênica. O relatório da IAASTD, publicado no começo de 2009, apostava na produção local, camponesa e familiar e na redistribuição das terras nas mãos das comunidades rurais. O relatório foi rechaçado pelo agrobusiness e arquivado pelo Banco Mundial, embora 61 governos o aprovassem discretamente, com exceção dos Estados Unidos, Canadá e Austrália, entre outros.

Alcançar este objetivo requer uma estratégia de ruptura com as políticas agrícolas neoliberais impostas pela Organização Mundial do Comércio, pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional, que erodiram a soberania alimentar dos povos a partir de seus ditados de livre comércio, planos de ajuste estrutural, endividamento externo, etc. Frente a estas políticas, é preciso gerar mecanismos de intervenção e de regulação que permitam estabilizar os preços, controlar as importações, estabelecer cotas, proibir o dumping e, em momentos de sobreprodução, criar reservas específicas para quando estes alimentos escassearem. Em nível nacional, os países têm que ser soberanos na hora de decidir seu grau de autossuficiência produtiva e priorizar a produção de alimentos para o consumo doméstico, sem intervenções externas.

Mas, reivindicar a soberania alimentar não implica em um retorno romântico ao passado; antes, trata-se de recuperar o conhecimento e as práticas tradicionais e combiná-las com as novas tecnologias e os novos saberes. Não deve consistir tampouco em um projeto localista, nem numa “mistificação do pequeno”, mas em repensar o sistema alimentar mundial para favorecer formas democráticas de produção e distribuição de alimentos.

A que responde o auge dos grupos de consumo? Como foi a evolução mais recente destes grupos na Espanha?

Os grupos e as cooperativas de consumo propõem um modelo de agricultura cujos objetivos se centram em encurtar a distância entre produção e consumo, em relações de confiança e solidariedade entre ambos os extremos da cadeia, entre o campo e a cidade; em apoiar uma agricultura camponesa e de proximidade que cuida da nossa terra e que defende um mundo rural vivo com o propósito de poder viver dignamente do campo; e em promover uma agricultura ecológica e de temporada, que respeite e tenha em conta os ciclos da terra. Assim mesmo, nas cidades, estas experiências permitem fortalecer o tecido local, gerar conhecimento mútuo e promover iniciativas baseadas na autogestão e na autoorganização.

De fato, a maior parte dos grupos de consumo encontra-se nos núcleos urbanos, onde a distância e a dificuldade para contatar diretamente com os produtores são maiores, e, deste modo, pessoas de um bairro ou localidade se juntam para realizar “outro consumo”. Existem, assim mesmo, vários modelos: aqueles em que o produtor serve semanalmente uma cesta, fechada, com frutas e verduras ou aqueles em que o consumidor pode escolher quais alimentos de estação quer consumir de uma lista de produtos oferecidos pelo camponês com quem trabalha. Também, em nível legal, encontramos majoritariamente grupos inscritos, como associações, e, alguns poucos, de experiências mais consolidadas e com longa trajetória, com formato de sociedade cooperativa.

Os primeiros grupos surgiram, no Estado espanhol, no final dos anos 1980 e começo dos anos 1990, majoritariamente na Andaluzia e na Catalunha, embora também encontremos alguns em Euskal Herria e no País Valencià, entre outros. Uma segunda onda se deu nos anos 2000, quando estas experimentaram um crescimento muito importante ali onde já existiam e apareceram pela primeira vez onde não tinham presença. Atualmente, estas iniciativas se consolidaram e multiplicaram de maneira muito significativa, em um processo difícil de quantificar devido ao seu caráter particular.

O auge destas experiências responde, do meu ponto de vista, a duas questões centrais. Por um lado, a uma crescente preocupação social sobre o que se come, diante da proliferação de escândalos alimentares, nos últimos anos, como a doença da vaca louca, os frangos com dioxinas, a gripe suína, a e-coli, etc. Comer, e comer bem, importa de novo. E, por outro lado, à necessidade de muitos ativistas sociais de buscar alternativas no cotidiano, para além de se mobilizarem contra a globalização neoliberal e seus artífices. Justamente depois da emergência do movimento antiglobalização e antiguerra, no começo dos anos 2000, uma parte significativa das pessoas que participaram ativamente destes espaços impulsionaram ou entraram para fazer parte de grupos de consumo agroecológico, redes de intercâmbio, meios de comunicação alternativos, etc.

Que papel tem as mulheres neste processo?

Avançar na construção de alternativas ao atual modelo agrícola e alimentar implica em incorporar uma perspectiva de gênero. Trata-se de reconhecer o papel que as mulheres têm no cultivo e comercialização daquilo que comemos. Entre 60% e 80% da produção de alimentos nos países do Sul, segundo dados da FAO, recai sobre as mulheres. Estas são as principais produtoras de cultivos básicos como o arroz, o trigo e o milho, que alimentam as populações mais empobrecidas do Sul global. Mas, apesar de seu papel chave na agricultura e na alimentação, elas são, junto com as crianças, as mais afetadas pela fome.

As mulheres, em muitos países da África, Ásia e América Latina enfrentam enormes dificuldades para ter acesso a terra, obter créditos, etc. Mas estes problemas não se dão apenas no Sul. Na Europa, muitas camponesas sofrem de uma total insegurança jurídica, já que a maioria delas trabalha em explorações familiares onde os direitos administrativos são propriedade exclusiva do titular da exploração e as mulheres, apesar de trabalhar nela, não têm direito a auxílios, à plantação, a uma cota láctica, etc.

A soberania alimentar tem que romper não apenas com um modelo agrícola capitalista, mas também com um sistema patriarcal, profundamente arraigado em nossa sociedade, que oprime e submete as mulheres. Uma soberania alimentar que não inclua uma perspectiva feminista estará condenada ao fracasso.

*A entrevista está publicada na revista Mundo Rural n. 13, do AgroCabildo, Cabildo de Tenerife, 14-01-2014. A tradução é de André Langer para www.ihu.unisinos.br.

** Esther Vivas, Colaboradora Internacional do Portal EcoDebate, é ativista e pesquisadora em movimentos sociais e políticas agrícolas e alimentares, autora de vários livros, entre os quais “Planeta Indignado”. Esther Vivas é licenciada em jornalismo e mestre em Sociologia. Seus principais campos de pesquisa passam por analisar as alternativas apresentadas por movimentos sociais (globalização, fóruns sociais, revolta), os impactos da agricultura industrial e as alternativas que surgem a partir da soberania alimentar e do consumo crítico.

+info: http://esthervivas.com/portugues

EcoDebate, 17/01/2014
Link:
http://www.ecodebate.com.br/2014/01/17/a-obesidade-e-a-fome-sao-os-dois-lados-de-um-sistema-alimentar-que-nao-funciona-entrevista-com-esther-vivas/

Fósforo na agricultura: A centelha vital


Maurício Antônio Lopes
Presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa

Fósforo. A referência imediata é o palito de fósforo. Equivocada: o “palito de fósforo” não tem fósforo. Tem clorato de potássio, enxofre e parafina. O fósforo está na lixa da caixinha, onde se risca o palito. Misturado a areia e a vidro moído, o fósforo da caixinha provoca a faísca de calor intenso que incendeia o clorato de potássio e a parafina do palito. E, assim, nos permitiu dominar e guardar o fogo com segurança, uma das maiores aquisições tecnológicas da humanidade que só aconteceu nos anos 1800.

Outra referência vem da infância: fósforo é bom para a inteligência, diziam nossos pais. Para a memória e o raciocínio, queriam dizer. Aqueles ligados à agricultura sabem que é um fertilizante essencial. Mas, a menos que falte energia elétrica ou isqueiro para acender um fogo, a maioria de nós não pensa muito nele.

No entanto, hoje o mundo está discutindo a possibilidade de uma futura crise no abastecimento de fósforo. Jeremy Grantham, o consultor financeiro que anteviu a bolha da internet e a recente bolha imobiliária, nos Estados Unidos, atento à relação entre população e alimentos, passou a recomendar que se invista em direitos de extração de insumos, do zinco ao petróleo. Mas, para ele, o fosfato de rocha é o mais valioso, o mais importante e mais crítico para o futuro das nações. Porque é imprescindível e, pelo que sabemos, insubstituível e finito.

O fósforo é vital para o crescimento e desenvolvimento da vida. Está entranhado no metabolismo de pessoas, plantas e animais. Fortalece as paredes celulares e participa na síntese de proteínas, na estruturação do DNA e RNA, na codificação genética, fotossíntese e fixação de nitrogênio.

É componente integral das moléculas do ATP (trifosfato de adenosina), o combustível das células. Atua no processamento de gorduras e açúcares, na mobilização de cálcio para formar ossos e dentes, na contração muscular, transmissão de impulsos nervosos, secreção de hormônios e manutenção do pH do sangue. Nascemos com ele, mas o suprimento diário vem dos alimentos. Daí porque fertilizante e pesticida estejam entre seus usos mais importantes, embora o usemos em coisas como detergentes, lâmpadas, aço e bronze.

O problema é que o fósforo não pode ser produzido. Pode apenas ser localizado e aplicado onde necessário. Ele foi isolado em 1669 por Henning Brand, um alquimista amador, de um extrato de urina. Por cem anos, essa foi a única fonte de fósforo, até que foi encontrado e extraído dos ossos e, muito depois, de rochas sedimentares e ígneas, de origem vulcânica.

Sua origem é incerta. Imagina-se que, a exemplo do hidrogênio, do carbono e de outros elementos essenciais à vida, seja produzido pela explosão de estrelas, hipótese fortalecida pela descoberta recente de que há 100 vezes mais fósforo nos remanescentes da explosão da supernova Cassiopea A do que em qualquer outra parte da Via Láctea. Carl Sagan já disse que nós somos feitos de “star stuff”, ou seja, do “brilho das estrelas”, numa tradução poética. É lisonjeiro, mas não garante um suprimento imediato à Terra.

As reservas mundiais de fosfato de rocha conhecidas, criadas nas eras de formação da Terra, são da ordem de 290 bilhões de toneladas. Dado o consumo atual, estima-se que se acabem em apenas 300 ou 400 anos. Não é um alarme. É um problema apresentado, à espera de soluções.

As esperanças recaem sobre a ciência. As estratégias mais imediatas buscam, de um lado, aumentar eficiência e reduzir perdas da mineração e do beneficiamento e, de outro, recuperar milhões de toneladas de fósforo, entranhado em rochas de baixo teor ou descartado como lixo e efluentes.

O Brasil, com solos pobres e reservas entre 2,8 e 4 bilhões de toneladas de rochas com baixo teor de fósforo de difícil extração, importa 57% do fostato que usa. Por isso, a Rede de pesquisa FertBrasil, que reúne universidades, institutos estaduais e a Embrapa, trabalha para usá-lo com maior eficiência, aproveitar os resíduos da mineração, recuperá-lo dos esgotos, do lixo urbano e dos resíduos agropecuários como dejetos de suínos, bovinos e aves, para reaproveitá-los como fertilizante.

O fósforo é nossa centelha vital. Enquanto trabalha o possível e o palpável, a ciência sonha com perguntas mais ambiciosas. Conseguiremos buscá-lo nas estrelas? Poderemos substituí-lo no DNA ou na fotossíntese? A ciência terá 400 anos para respondê-las. Não é impossível. Em 200 anos, a humanidade dominou o fogo e o guardou numa caixinha de palitos de fósforo.

Artigo publicado pelo jornal Correio Braziliense em 11 de janeiro de 2014
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quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Produção biodinâmica ganha adeptos entre vinicultores franceses

Um número crescente de produtores de vinho na França está adotando a agricultura biodinâmica criada pelo austríaco Rudolf Steiner, afirmando que ela melhora os vinhos. Mas há quem diga que isso é só marketing.

A colheita da uva está prestes a começar no vinhedo de Bernard Duseigneur, em Saint-Laurent-les-Arbres, no coração da região de Côte-du-Rhône, na França. O ex-banqueiro londrino, que retomou um negócio familiar, prova algumas uvas para verificar se elas já estão maduras.

Além de provar as uvas, Duseigneur também consultou um calendário astrológico para verificar o melhor dia para a colheita. O agricultor faz parte de um crescente grupo de vinicultores que aplica técnicas “biodinâmicas” em vinhedos.

“É bom ser orgânico porque não é preciso respirar produtos químicos. Mas, na condição de amante de vinhos, tenho que reconhecer que a agricultura orgânica não garante a qualidade do vinho”, afirma Duseigneur.

Para ele, a qualidade do vinho depende de reunir produtores e vinhedos em torno dos princípios escritos pelo filósofo, educador e místico alemão Rudolf Steiner há cerca de um século.

A agricultura biodinâmica é orgânica, ou seja, sem o uso de pesticidas, fungicidas e fertilizantes químicos. Mas seu conceito vai além, abrangendo também o movimento da lua e das estrelas e aplicando tratamentos “preventivos” no solo – um pouco na tradição da medicina chinesa, conta o vinicultor.

O objetivo é enriquecer o solo. Para isso, os agricultores biodinâmicos estimulam o surgimento de um ecossistema adequado, usando insetos, microorganismos, ervas daninhas e minhocas. Isso permite que as videiras cresçam num solo rico e puro, afirmam.

Sabor local

Essa técnica de produção agrada em particular vinicultores franceses. Na Califórnia, na Austrália ou na África do Sul, vinicultores acreditam que um bom vinho é fruto principalmente de seu trabalho. Na França, produzir um bom vinho significa sobretudo obter um produto que incorpore as características de solo e clima de uma região, do terroir onde é feito.

“Na Borgonha, os monges perceberam há mil anos que, usando apenas um tipo de uva – pinot noir –, eles podiam produzir vinhos muito diferentes, mesmo que as propriedades distassem apenas alguns metros umas das outras”, afirma Duseigneur.

Segundo ele, essa variação ocorre devido às diferenças nos solos. “Nós tentamos encontrar vinhos que expressem o caráter único de um local”, completa.

O conceito de agricultura biodinâmica cai como uma luva numa nação assim, avalia o especialista Olivier Magny. “Está em curso uma revolução discreta. Cada vez mais pessoas percebem que a agricultura biodinâmica deixa o solo mais vivo, o vinho mais interessante e, frequentemente, os preços mais altos”, afirma.

Magny acrescenta que a maioria dos melhores vinhos é biodinâmica. “Provavelmente o vinho mais caro do mundo, Domaine de la Romanée Conti, é biodinâmico há alguns anos”, opina.

Mas, embora certificados biodinâmicos, como Demeter ou Biodivin, possam indicar sabor e qualidade, consumidores não devem achar que esses vinhos estão sempre livres de aditivos químicos. Na Europa, é permitido que vinicultores orgânicos e biodinâmicos adicionem sulfitos para conservar o produto. A prática é frequente, apesar de esses produtores utilizarem uma quantidade menor dessa substância do que os tradicionais.

Nem sempre melhor

Mas com ou sem substâncias químicas, a ideia de que selos orgânicos ou biodinâmicos sejam indicadores de qualidade não convence o enólogo Michel Bettane, coautor do Grande Guia dos Vinhos da França.

“Há muita propaganda, hipocrisia, marketing e mentiras para o consumidor. É possível produzir um vinho excelente, utilizando de maneira inteligente substâncias químicas. Alguns dos melhores vinhos do mundo continuam sendo produzidos dessa maneira, e eles não são piores por causa disso”, afirma Bettane. “O vinagre é parte da natureza, mas o vinho, não. O vinho é parte da civilização.”

O especialista é cético sobre alguns dos métodos pouco usuais da vinicultura biodinâmica. Steiner escreveu longas instruções sobre maneiras de preparar o solo, aparentemente sem nenhuma experiências científicas para comprovar suas técnicas.

Uma de suas sugestões, a Fórmula 505, consiste em cortar cascas de carvalho em pequenos pedaços, colocá-las dentro do crânio de um animal doméstico, envolvê-lo com um pedaço de turfa e enterrá-lo num local onde corra muita água da chuva.

Em Côte-du-Rhône, Duseigneur demonstra uma de suas técnicas. Ervas daninhas recolhidas no vinhedo são fervidas, como se fossem um chá, e depois misturadas numa grande máquina. Em seguida, essa mistura é pulverizada no solo das videiras.

“Nós usamos princípios básicos. Na verdade, é senso comum. Pode soar um pouco maluco às vezes. Mas tem uma razão para tudo. Por exemplo, o estrume bovino, a nossa famosa Fórmula 500, é realmente um super-adubo”, afirma Duseigneur. “E pouco importa se há coisas que ninguém entende – o que interessa é que funciona.”

Por John Laurenson (cn), de Paris e edição de Alexandre Schossler – DW

Data: 17.10.2013

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Fauna urbana - volumes 1 e 2

caderno-educacao-ambiental-17-vol-1
caderno-educacao-ambiental-17-vol-2

Fredclarkeara After Dark (orquídea negra)



Do face
Hórtica Consultoria - São Paulo, Brazil
https://www.facebook.com/HorticaConsultoria?ref=ts&fref=ts

Agricultura Sustentável

13-agricultura-sustentavel-2012
http://www.ambiente.sp.gov.br/publicacoes/files/2013/04/13-agricultura-sustentavel-2012.pdf

Caracterización de la reciprocidad en plantas heterostilas from Divulgare on Vimeo.


De la mano de un conocido personaje, en este vídeo nos podemos adentrar un poco más en el fascinante mundo de la heterostilia, un polimorfismo genético consistente en la presencia de dos o tres formas florales dentro de una misma especie de planta. Mediante una divertida animación tenemos la posibilidad de aprender un poquito más sobre … el sexo de algunas flores. 

En el vídeo se muestra además, una nueva herramienta metodológica elaborada por el Laboratorio de Ecología y Evolución de la Universidad de Vigo para estudiar ... el sexo de las plantas!

La herramienta está disponible en:

Sequência didática ajuda na abordagem da Teoria da Evolução

Por Valéria Dias - valdias@usp.br
Publicado em 10/dezembro/2013

A pesquisadora e professora do ensino médio Tatiana Tavares da Silva desenvolveu, em sua dissertação de mestrado, uma sequência didática com base em alguns experimentos que visaram investigar a dispersão de sementes, realizados pelo cientista Charles Darwin. A pesquisa, apresentada junto ao Programa de Pós-Graduação Interunidades em Ensino de Ciências da USP, vai ajudar os professores do ensino médio a abordarem a Teoria da Evolução em sala de aula.
Replicação do experimento de dispersão de sementes feito por Charles Darwin

“Darwin observou que algumas espécies de plantas eram encontradas em locais do planeta muito diferentes e distantes entre si. Ele se perguntou como isso poderia ocorrer e levantou algumas hipóteses”, explica Tatiana. “A primeira era a das origens múltiplas dos seres vivos: espécies de plantas teriam surgido, espontaneamente, em locais diferentes e distantes entre si, simultaneamente. A outra hipótese, que Darwin acreditou, era a de uma origem única dos seres vivos e uma posterior dispersão das sementes por meio das águas do mar”, conta

Para verificar essas hipóteses, Darwin realizou alguns experimentos. Ele observou a flutuação de algumas estruturas vegetais e também que algumas plantas germinaram após a semente ficar alguns dias na água salgada. Foi assim que o cientista encontrou algumas evidências plausíveis sobre a hipótese da origem única seguida da dispersão pelo do mar.

Para a realização dos experimentos e criação da sequência didática, Tatiana aprofundou alguns itens de uma proposta didática da TV Escola (televisão pública do Ministério da Educação) e leu A Origem das Espécies, de Darwin, principalmente o capítulo 12 que aborda a distribuição geográfica. A pesquisadora também traduziu o artigo “A água do mar mata sementes?”, de Darwin, para repassá-lo aos alunos; e leu e selecionou algumas correspondências do cientista com outros naturalistas da época.

A aplicação foi realizada na Escola da Vila, na zona oeste de São Paulo, pela professora e pesquisadora Luciana Valéria Nogueira que, assim como Tatiana, é integrante do “Grupo de Pesquisa em História da Biologia e Ensino”, coordenados pela docente Maria Elice Brzezinski Prestes, do IB, e orientadora da dissertação de mestrado.
Sequência didática foi aplicada na Escola da Vila, zona oeste de São Paulo, com alunos do ensino médio

Sequência didática

Na proposta de sequência didática, a professora Luciana Valéria Nogueira apresentou aos alunos uma biografia de Darwin e o contexto histórico, científico, social e cultural do século 19. Eles receberam também dois textos: “As cinco teorias da evolução de Darwin, segundo Mayr”, de autoria de Tatiana sobre as ideias de Ernst Mayr, biólogo evolucionista do século 20; e “As cinco teorias de Darwin”, do médico Dráuzio Varella, com o objetivo de lê-los e compará-los criticamente. “O primeiro é mais detalhado e apresenta mais cuidados técnicos em relação à Teoria da Evolução. Já o segundo, de Varella, tem alguns erros conceituais.”

Após a contextualização histórica e teórica, a professora apresentou o problema que Darwin precisava resolver e pediu que os alunos criassem hipóteses. Foi exibido o documentário “Darwin’s Garden”, episódio “Dangerous ideas”, produzido pela BBC, e que reproduz o experimento de dispersão de sementes.

Após a leitura dos textos, elaboração e discussão de hipóteses sobre o problema de Darwin, e de assistirem ao documentário, os alunos foram divididos em equipes e passaram a trabalhar com os experimentos práticos: todos testaram a flutuabilidade das estruturas vegetais; alguns grupos deixaram as sementes em água salgada; e os outros plantaram as sementes que ficaram previamente em água salgada. “No final, dos seis tipos de semente, duas germinaram”, informa. Em seguida, os alunos desenvolveram três produções textuais.
Alunos puderam replicar, em sala de aula, os experimentos realizados por Charles Darwin

Resultados

Entre outros resultados, Tatiana cita que a sequência didática foi útil para os alunos conhecerem o lado experimental de Darwin: eles gostaram das atividades experimentais associadas às aulas teóricas e reconheceram a replicação dos experimentos como uma atividade diferente daquela que estavam habituados. Segundo a pesquisadora, a abordagem histórica é motivadora e facilitadora da aprendizagem.

Ao trabalhar as hipóteses de Darwin, constatou-se uma grande criatividade. “Muitos alunos sugeriram que as aves devem ter tido algum papel para a dispersão das sementes. Isso é muito próximo das ideias propostas por Darwin e de outros naturalistas”, comenta. Para ela, isso motivou o senso de observação e de aprendizado dos passos de uma pesquisa científica.

A sequência didática também ajudou os alunos a desmitificarem a ideia de Charles Darwin como um “gênio” que desenvolveu a Teoria da Evolução ao acaso: “Na verdade, o cientista realizou um grande e longo trabalho de observação, de estudos e de experimentos”, finaliza.

Imagens cedidas pela pesquisadora
Mais informações no email: tati.ts@gmail.com, com Tatiana Tavares da Silva

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Prática escolar pode promover respeito às diferenças

Júlio Bernardes - jubern@usp.br
Publicado em 16/janeiro/2014 

Na Faculdade de Educação (FE) da USP, pesquisa da pedagoga Ana Paula Sefton investigou uma proposta de prática docente e escolar que acolhe as diferenças de gênero e de sexualidade. A partir da análise do contexto de uma escola de ensino fundamental particular em Porto Alegre (Rio Grande do Sul), o trabalho identificou condições que pudessem gerar a transformação das disposições culturais de gênero e sexualidade por meio das relações sociais entre professores, gestores, alunos e familiares. O estudo procurou mostrar como a prática docente, interpelada por um ambiente escolar favorável, embora imersa em uma sociedade sexista, tem condições de levar uma socialização para o convívio das diferenças.
Educador deve rever os próprios conceitos e pré-conceitos e fazer questionamentos

“Em geral, a sociedade na qual vivemos é pautada em preceitos do patriarcado, que resultam em representações pré-definidas de como devem ser e atuar homens e mulheres em sociedade, sem considerar que tais pensamentos foram e são construídos socialmente a partir de interesses e de jogos de saber e de poder”, aponta Ana Paula. “A escola analisada apresenta práticas educativas e um ambiente de condições favoráveis para o questionamento das disposições de cultura sexistas e homofóbicas em prol do acolhimento às diferenças, sejam na relação da pessoa com ela mesma ou com as demais em sociedade.”

De acordo com a pedagoga, entre os pontos que favorecem esse resultado estão o “ambiente escolar favorável, com a convergência entre práticas pedagógicas e premissas escolares, e a formação acadêmica de excelência de docentes e gestores, incluindo a característica etária destes profissionais que tende a impulsionar uma postura aberta e reflexiva”. Ana Paula também destaca “o apoio familiar e da comunidade escolar e o acompanhamento do percurso escolar dos filhos, favorecendo que valores, experiências e significados fossem corroborados a propósitos promovidos pela escola”.

“Existe o incentivo à experiência significativa de aprendizagem dos alunos”, acrescenta a pesquisadora. “A disposição dos professores para criação de projetos em sala de aula em consonância com curiosidades e inquietações da classe, bem como os cotidianos estímulos ao autoconhecimento, percepção do outro e resolução dos conflitos através do diálogo e do acolhimento, favoreceram o pensamento de que há diferentes modos de exercer as identidades e de interagir na teia de interdependência da qual fazem parte.”

Rever conceitos e pré-conceitos

Segundo Ana Paula, os educadores devem procurar rever os próprios conceitos e pré-conceitos e passar a se questionar: “Por que é assim? Sempre foi assim? Pode ser diferente? Como fazer diferente?”. “Eles precisam buscar apoio ou oferecer a ideia de debater gênero, sexualidade e formação social junto aos gestores da escola e colegas professores”, afirma. “Ao mesmo tempo, é necessário refinar o olhar e a percepção para situações em sala de aula que possam estimular o pensamento crítico dos alunos e compartilhar as experiência com os familiares e outras turmas da escola”

Cinco pontos são necessários, de acordo com Ana Paula, para levar até a sala de aula práticas positivas para a equidade de gênero. “São eles a postura em realizar as mudanças, a preparação prévia e a atenção aos acontecimentos do dia a dia, a crença na importância de um trabalho pedagógico para as diferenças, não desistir frente aos desafios e saber que o trabalho de ‘formiguinha’ vai contagiando positivamente os demais até que se possa disseminar o espírito docente de fazer a diferença em sala de aula”, conta.

Como exemplos de práticas docentes, a pedagoga sugere que os professores façam do diálogo e da prática do questionamento uma constante em sala de aula, provocando os aluno a alunos a criarem, a argumentarem, a mudarem suas ideias, a contribuírem com as ideias dos demais. “Eles também podem promover a criação e a reflexão sem as amarras dos modelos generificados e padrões sociais. Por exemplo, sem o ‘universo de princesas e cor de rosa para as meninas’ e sem o ‘universo azul, de lutas e aventuras’ para os meninos’”, diz. “E não contentar-se com respostas do tipo ‘sempre foi assim’, ‘a natureza é assim’, ‘eu nasci assim’, ‘na novela é assim’, ‘no conto de fadas é assim’”.

Ana Paula recomenda que os professores nutram um ambiente em que os alunos se sintam seguros em compartilhar ideias, sentimentos e opiniões. “Para isso o respeito e a compreensão do espaço do outro são fundamentais, promovendo uma teia de relação social em que o processo de socialização seja tão importante quanto a busca por um resultado futuro”, afirma. “Os docentes devem ainda atentar-se para que a própria fala ou atitude docente não seja carregada de pré-conceitos, como dizer ‘menina é mais organizada que menino’, ‘menino é tudo desatento mesmo’ ou indicar materiais por cores e desenhos conforme o gênero. Finalmente, podem usar recursos didáticos midiáticos em prol do diálogo sobre equidade de gênero e sexualidade com uma perspectiva crítica”.

Foto: Marcos Santos / USP Imagens
Mais informações: email sefton.ana@gmail.com, com Ana Paula Sefton

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As belíssimas e raras plantas verdes que habitam os Andes

Postado por: Júnior 9 de janeiro de 2014

Yareta é uma pequena planta com flor da família Apiaceae nativa da América do Sul , ocorrendo nas pastagens dos Andes no Peru , Bolívia , norte da Chile e oeste da Argentina , entre 3200 e 4500 metros de altitude. Esse tipo de planta só existe nesta região, não importa se o solo é alcalino ou ácido, cresce em média 1 cm por ano, existem plantas com mais de 3 mil anos na região.

Antes, era usada como combustível pelos povos andinos, porém devido a sua taxa de crescimento ser muito baixa (média de 1cm por ano), ficou inviável continuar usando-a para este fim. A planta se adaptou a paisagem seca e inóspita, como uma joia rara do deserto.
Veja mais em:

Plantas no escritório ajudam na qualidade de vida


Quando se opta por dar um toque verde ao ambiente de trabalho, as mudanças vão além do aspecto decorativo.

As plantas trazem diversos benefícios, e são muito importantes para quem se preocupa com o bem-estar e a saúde:

> Filtra o ar: O crescimento de plantas também ajuda a filtrar o ar, o que pode, consequentemente, melhorar a qualidade de vida.

> Aumenta a umidade do ar: Isso acontece porque 97% da água absorvida pelos vegetais é devolvida ao ambiente, aumentando em até 15% a umidade em ambientes fechados, ótimo, também, para ambientes com ar-condicionado.

> Reduz o estresse: Isso acontece porque as plantas têm influencia positiva na percepção que os trabalhadores têm do ambiente corporativo.

> Aumenta a produtividade: elas ajudam a manter o foco e melhoram a eficiência no trabalho.

> Ambiente mais alegre: Estudam apontam que pessoas que trabalham com plantas no escritório se mostraram mais satisfeitos com suas condições de trabalho em comparação com os que não tem.

Fonte: Fast Company


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Do site:

Café, cálcio e osteoporose

O consumo moderado de café não interfere na absorção do cálcio e não causa osteoporose

Prof. Dr. Darcy Roberto Lima, MD, PhD

Diversas pesquisas examinaram a relação entre o consumo de cafeína e fraturas do quadril e detectaram que o risco de fratura do quadril apresenta uma modesta relação com o consumo de doses elevadas de cafeína, superiores a cinco xícaras diárias. Mas comentam que o consumo de cafeína esta geralmente associado a outras substâncias, esta relação pode ser indireta e precisa de maiores esclarecimentos para confirmar esta suposição. Outras pesquisas concluíram que não existe relação entre o consumo de cálcio, leite fósforo, proteínas, vitamina C e cafeína e fraturas do quadril. Adicionalmente concluíram que exercícios recreacionais na infância e adolescência parecem ajudar a proteger contra este tipo de fratura.

Um grande número de estudos em mulheres no período pós-menopausa para avaliar a incidência de osteoporose através de um controle da densidade óssea e sua relação com o consumo de cálcio, cafeína e tabaco já foi realizado. Os autores concluíram que a menopausa está associada a uma diminuição da densidade óssea e osteoporose, que pode ser agravada pelo tabagismo, pois este diminui a absorção de cálcio. O consumo moderado de cafeína não possui relação com o problema. Outros autores estudaram a relação entre o consumo de cafeína e a incidência de osteoporose em diversas clínicas especializadas nos Estados Unidos e detectaram que não existe relação entre o consumo moderado de cafeína e uma maior incidência de osteoporose. Recomendam que o consumo exagerado de cafeína deve ser evitado apenas por pessoas idosas e que existe uma relação entre o consumo de cafeína e de tabaco e álcool.

Outras pesquisas mostram que não existe relação entre o consumo de cafeína, osteoporose e fratura do quadril e que apenas o consumo de doses acima de 450 mg diários de cafeína pode influir na ocorrência de osteoporose apenas nas mulheres que consomem uma quantidade inferior a 800 mg de cálcio na dieta. Não existe influência na densidade óssea ou osteoporose nas mulheres que consomem café com pelo menos um copo de leite ao dia e apenas o consumo de cinco xícaras ou mais de café sem um consumo diário de leite pode estar relacionado a uma maior incidência de osteoporose em pessoas idosas ou mulheres pós-menopausa.

O climatério é aquele período da vida da mulher em que ocorre a falta de ovulação, deficiência da secreção de hormônios esteróides e uma série de mudanças regressivas dos caracteres femininos, representando a transição do período reprodutivo (menacme) ao não-reprodutivo (senectude). A menopausa é a última menstruação, que se constitui numa etapa dentro do climatério. As etapas do climatério podem ser dividas em pré, peri e pós-menopausa. A pré-menopausa é o período do final da menacme até a menopausa, a peri-menopausa é o período de um a dois anos que precede a menopausa e a pós-menopausa compreende o período entre a data do último catamênio e a senectude. O tratamento da menopausa é uma prática comum e crescente em clínica médica e estima-se que existam mais de 30 milhões de mulheres na menopausa nos Estados Unidos e mais de 20 milhões no Brasil.

O termo menopausa se refere à cessação da menstruação, tanto como parte normal da idade quanto como conseqüência da remoção cirúrgica de ambos os ovários. Fisiologicamente, um complexo de sintomas precede a cessação do fluxo menstrual e as ovulações tornam-se cada vez mais escassas antes de se estabelecer a menopausa. Uma série de alterações fisiológicas ocorrem por um a três anos, como sensações de calor, sudorese noturna, secura vaginal e dispareunia. Esta última é referida apenas com uma pergunta direta e objetiva pelo médico e resulta de vaginite atrófica devido à deficiência de estrógenos.

A idade média da ocorrência da menopausa na civilização ocidental é em torno dos 51 anos, embora exista grande variação individual. Nos casos de menopausa prematura, esta ocorre antes dos 40 anos de idade, decorrente de um padrão genético ou devido a fenômenos auto-imunes. A menopausa tardia ocorre após os 52 anos de idade. A menopausa cirúrgica devido a ooforectomia bilateral é comum e pode causar uma sintomatologia mais intensa e desagradável, devido à súbita queda no nível dos hormônios sexuais circulantes. Não há evidências de que a menopausa possa ser antecipada ou retardada em conseqüência de distúrbios emocionais ou alterações da personalidade, embora sua ocorrência geralmente se correlacione com eventos importantes na vida da mulher, como divórcio, crises de identidade ou solidão devido ao casamento de filhos adultos. Isso aumenta a sobrecarga emocional e causa grande desgaste psicológico para a mulher na menopausa.

A principal característica do período são as irregularidades dos ciclos menstruais, podendo haver menorragia devido à falta de ovulação e hiperplasia endometrial por ação estrogênica na ausência de progesterona. À medida que a menopausa se aproxima ocorre um aumento das gonadotrofinas, principalmente do FSH, que tem uma elevação mais precoce e maior que o LH. A seguir os ciclos são mais prolongados, tornam-se mais escassos até a completa supressão da menstruação, num período de um a três anos. Qualquer sangramento após este período impõe rigorosa investigação para possível aspiração ou curetagem endometrial, pela possibilidade de câncer de endométrio.

Os fogachos - sensação de calor no tronco e face, com sudorese - ocorrem na grande maioria das mulheres (80%) como conseqüência da diminuição dos hormônios ovarianos e aumento da liberação do hormônio liberador da gonadotrofina (GnRH). Este atua nas áreas adjacentes da iminência média do hipotálamo, onde é produzido, interferindo em áreas que regulam a temperatura, originando os fogachos, que são mais intensos no final do dia, no verão, após a ingestão de bebidas alcoólicas ou comidas quentes e em períodos de grande tensão. Quando os fogachos ocorrem à noite, causam importante sudorese e insônia, o que determina grande fadiga à mulher no dia seguinte.

A mucosa vaginal, com a diminuição dos níveis de estrógeno, torna-se pálida, com menor diâmetro e com menor lubrificação, o que comumente é responsável por dispareunia. A atividade sexual regular, com o uso de lubrificantes como cremes de estrógeno ou testosterona, ou o uso de estrógenos via oral, alivia e previne a dor causada pela relação sexual. A insuficiência estrogênica se reflete na uretra e na bexiga e em mulheres idosas a uretra se converte em estrutura rígida com epitélio delgado e friável. A diminuição da pressão intra-uretral devido a falta de estrogênio favorece o aparecimento de incontinência urinária de esforço. A micção fica difícil, com polaciúria, disúria, retenção e sensação de micção iminente (síndrome uretral). Há maior incidência de coronariopatia aterosclerótica.

A osteoporose ocorre como complicação tardia da menopausa com dores articulares, achatamento das vértebras, cifose, fraturas ósseas (vértebras, costela e colo de fêmur). O uso prolongado de estrógenos protege a mulher de problemas cardíacos, por diminuir o colesterol LDL e aumentar o HDL, além de prevenir a osteoporose, os fogachos e a dispareunia. Seu uso, entretanto, aumenta o risco de câncer de mama, de endométrio (adicionar progestágeno), de litíase biliar e favorece o crescimento de miomas uterinos. Por esse motivo, apenas o médico deve efetuar uma avaliação periódica em toda mulher pós-menopausa em uso crônico de estrógenos pela via sistêmica, através de hormonioterapia de substiuição, de reposição ou suplementação, pois o climatério ocorre devido insuficiência hormonal.

A terapêutica hormonal deve ser individualizada e administrada conforme a fase em que se encontra a paciente, na pré, peri ou pós-menopausa. Pesquisas recentes (HERS e WHI) constataram que o uso de estrogênios conjugados eqüinos na dose de 0,625 mg e acetato de medroxiprogesterona na dose de 2,5 mg aumenta o risco de fenômenos tromboembólicos, o risco relativo de doença coronariana, de acidente vascular cerebral, de calculose biliar e de câncer de mama embora ocorra diminuição no risco de câncer de cólon e de fraturas osteoporóticas de fêmur e coluna. Na atualidade a tendência é o uso de baixas doses de hormônios com efeito suficiente para abolir os sintomas climatéricos, melhorar a atrofia urogenital e prevenir a perda óssea.

REFERÊNCIAS:
1 - Lima, D. R. Cuidado!!! O popular café e a poderosa mulher... podem fazer bem à saúde. Petrópolis: Medikka Ed. Científica, 2001. 111 p.
2 - Lima, D. R. Manual de Farmacologia Clínica, Terapêutica e Toxicologia. Rio de Janeiro: Medsi Ed. Científica, 2003. 3 Volumes, 3.456 p. 
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Café e atletas

Café, uma bebida natural, é a mais saudável para atletas

Prof. Dr. Darcy Roberto Lima, MD, PhD

A prática de exercícios tornou-se uma rotina comum e saudável na sociedade moderna, sendo a corrida a forma mais comum. Outras atividades como natação, ciclismo, futebol, vôlei, basquete e esportes com raquetes (tenis, "squash") envolve um numero enorme de participantes. Este exercício soma-se ao gasto energético efetuado nos locais de trabalho do ser humano, sendo menor nas sociedades sedentárias. Antes da Revolução Industrial, o trabalho braçal humano era responsável por 30 % da energia gasta nas fabricas e no campo. Na atualidade, nos países ricos e nas camadas dominantes dos países pobres, este gasto energético equivale a menos de 1 %. Isto criou a forma sedentária de vida, algo recente na história da humanidade, acostumada a uma intensa atividade física em sua evolução. Um grande número de doenças podem ser influenciadas pelo exercício, como asma ou mesmo prevenidas em sua ocorrência, como problemas cardiovasculares.

O exercício pode ser dividido em isométrico e isotônico dependendo do tipo de atividade muscular realizada. Na contração isométrica ocorre um aumento na tensão muscular sem uma mudança significativa no comprimento da fibra muscular. Nenhum trabalho externo é realizado, mas energia é gasta de forma substancial, como no halterofilismo. Em contraste, o exercício isotônico envolve o encurtamento das fibras musculares com pouco aumento na tensão, como na natação, no ciclismo ou nas corridas. A maioria dos outros exercícios envolve elementos isotônicos e isométricos.

O exercício isométrico e o isotônico diferem substancialmente nos seus efeitos fisiológicos. O exercício isométrico aumenta a resistência vascular periférica de forma generalizada, ao mesmo tempo que causa um aumento na pressão sanguínea sistólica e diastólica com pouco aumento no volume sistólico e no debito cardíaco. No exercício isotônico, a resistência vascular periférica total cai, mas a freqüência e o debito cardíaco aumentam. A pressão sistólica aumenta significativamente, com pouca alteração da diastólica,o que causa um discreto aumento na pressão arterial media. O trabalho isométrico causa uma sobrecarga de pressão ao coração, enquanto que o exercício isotônico causa uma sobrecarga de volume. Os efeitos hemodinâmicos do exercício isométrico dependem de sua intensidade.Diferentes grupos musculares também causam diferentes alterações hemodinâmicos durante o exercício.

Atividades com os membros superiores causam um maior aumento na freqüência cardíaca e na pressão sanguínea do que atividades com os membros inferiores, para uma mesmo consumo de oxigênio ou idêntico trabalho realizado. O exercício isométrico aumenta a força e a massa muscular. Atletas competitivos podem ser bastante beneficiados pelos exercícios isométricos. Pacientes em reabilitação devido problemas musculoesqueléticos também podem ser beneficiados por exercícios isométricos para aumentarem sua força muscular, principalmente quando a imobilização articular limita exercícios dinâmicos. Entretanto, o exercício isométrico estático produz uma discreto condicionamento cardiovascular e as alterações circulatórias causadas pelo exercício isométrico podem ser prejudiciais ao paciente cardiopata. Por outro lado, o exercício isotônico dinâmico é mais benéfico e produz alterações cardiovasculares de adaptação úteis em atletas e em pacientes. Por isto, a melhor e mais saudável forma de exercício é a atividade dinâmica isotônica.
O exercício físico pode trazer grandes benefícios psicológicos ao ser humano, produzindo estimulação e relaxamento psíquico. Uma melhora do humor, da auto-estima e da capacidade de trabalho tem sido observada em pessoas saudáveis e em pessoas submetidas a reabilitação cardíaca. Exercícios agudos aliviam a ansiedade e a tensão, embora a duração seja temporária por 2 a 5 horas. A atividade física reduz o risco de aparecimento de depressão e a incidência de depressão em pacientes com predisposição para tal, além de haver uma melhor capacidade de adaptação ao estresse.

Durante o exercício físico ocorrem alterações nos níveis plasmáticos de monoaminas e de neuropeptídeos no sistema nervoso central, causando profundas mudanças nas funções neuroendócrinas. Inúmeras funções neurológicas, como respostas visuais evocadas, condução nervosa periférica e tempo de reação aumentam com um bom condicionamento físico, enquanto que os níveis de beta-endorfina plasmática aumentam no exercício aeróbico agudo. O treinamento físico também pode diminuir o catabolismo das endorfinas, sendo possível supor que as alterações nos níveis de peptídeos opioides endógenos mediados pelo exercício físico podem causar mudanças subjetivas e do humor do atleta, benéficas não apenas na atividade física, mas no perfil psicológico do individuo.

Corredores de maratona e atletas de outras formas de exercício intenso aumentam os níveis de endorfina no cérebro, criando uma forma de auto-gratificação interna ( "self-reward"). Isto faz com que o atleta treinado siga adiante ao atingir um ponto máximo de cansaço, que leva todas as pessoas sem treinamento a pararem por fadiga. Caso os atletas tomassem café diariamente durante os treinos, na dose mínima de 4 xícaras, é possível imaginar que os ácidos clorogênicos do café bloqueariam os receptores que são estimulados pelas endorfinas, peptídeos opioides cerebrais. Isto faria com que os neurônios do cérebro aumentassem sua descarga de endorfinas para trazer o estímulo necessário para o atleta prosseguir, atingindo a auto-gratificação num nível mais alto. Atletas assim treinados, teriam um cérebro trabalhando contra uma resistência a auto-gratificação. E quando esta resistência fosse retirada, certamente este cérebro estaria com uma maior capacidade de produzir a auto-gratificação. Deste forma, atletas treinados consumindo diariamente café, caso parassem de tomá-lo na véspera e nos dias de competição, poderiam ter sua performance aumentada de forma significativa, sem qualquer tipo de "doping ". Apenas aumentando, além da capacidade dos músculos, a capacidade do cérebro de prosseguir mais além.

REFERÊNCIAS:
1 - Lima, D.R.: Café & Atletas , Jornal da ABIC, VIII, 95 , 26, 1999.
2 - Lima, D. R. Cafeína e Saúde. Rio de Janeiro: Record, 1989. 130 p.
3 - Lima, D. R. Cuidado!!! O popular café e a poderosa mulher... podem fazer bem à saúde. Petrópolis: Medikka Ed. Científica, 2001. 111 p.
4 - Lima, D. R. Manual de farmacologia clínica, terapêutica e toxicologia. Rio de Janeiro: Medsi Ed. Científica, 2003. 3 Volumes, 3.456 p.

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Plantas medicinais e aromáticas como defensivos naturais

Lilia Aparecida Salgado de Morais, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente

O termo agrotóxico passou a ser oficialmente utilizado no Brasil a partir de 1989 (Lei 7.802/89) para substituir o termo defensivo agrícola, usado para designar os venenos empregados na agricultura, porém, em alguns Estados como o Rio Grande do Sul este termo já era adotado oficialmente desde 1982 (Lei 7.747/82). 

Esta mudança ocorreu após uma grande mobilização da sociedade, evidenciando o efeito tóxico que estes produtos causam ao ambiente e à saúde, tanto animal quanto humana, ocasionada pela aplicação contínua, abusiva, muitas vezes não recomendada e desnecessária. 

Nos dias atuais, novamente a sociedade vem exercendo seu papel, buscando alimentos mais seguros, livres de contaminantes químicos, pressionando o mercado, gerando a necessidade de um resgate da pesquisa para buscar outras formas de controle de pragas e doenças de plantas que sejam mais seguras que os agrotóxicos. Mas porque resgate? 

Anteriormente à descoberta e desenvolvimento dos agrotóxicos para proteção das lavouras, os agricultores utilizavam espécies vegetais obtidas dentro de suas propriedades ou nas proximidades, como por exemplo o crisântemo (piretro), usado para o controle de pulgões, alguns coleópteros, percevejo do cafeeiro e lagartas desfolhadoras, bem como o timbó (rotenona), utilizado para controlar de besouros e lagartas mastigadoras, além de outros produtos e técnicas (cinzas, água quente, dentre outros).

Alguns países se destacavam na produção destas espécies e estas eram exportadas em grande quantidade, não apenas para proteção de culturas, mas também para controle de vetores de doenças humanas. Com a popularização do uso dos agrotóxicos, pela praticidade e efeito mais rápido, essas técnicas foram quase que totalmente abandonadas e hoje, muitas delas são chamadas “alternativas”. Dessa forma, a pesquisa vem testando os mais diversos produtos para uso agrícola, sendo que muitos já foram utilizados pelos agricultores em décadas passadas. Há uma tendência mundial em explorar novos métodos de controle, dando-se prioridade a substâncias naturais, biologicamente ativas, contra os diferentes patógenos, conhecidos como defensivos naturais.

Defensivos naturais são produtos biológicos, orgânicos ou naturais (provenientes de plantas), pouco tóxicos, de baixa ou nenhuma agressividade ao homem e à natureza, eficientes no controle de insetos e micro-organismos nocivos e manejo simplificado.

Diversos estudos utilizando óleos essenciais e extratos provenientes de plantas medicinais, condimentares e aromáticas vem sendo realizados no controle de insetos e doenças de plantas, visando o desenvolvimento destes defensivos, o que representa mais uma opção na proteção das lavouras, principalmente no intuito de suprir as necessidades dos produtores de base ecológica e o desejo da sociedade em reduzir o uso/consumo de agrotóxicos. 

Resultados promissores são relatados no manejo de doenças e pragas em plantas cultivadas, tratamento de sementes, pós-colheita e armazenamento de grãos e sementes.

Folhas de louro (Laurus nobilis) e eucalipto (Eucaliptus spp.) são utilizadas para controlar caruncho (Callosobruchus sp.) em grãos e sementes de feijão, armazenados em recipientes fechados, como por exemplo garrafas PET. O pó das folhas e talos de alecrim-pimenta (Lippia sidoides) apresentam ação inibidora da oviposição do caruncho em feijão caupi. O óleo essencial de capim limão (Cymbopogon citratus) inibe a incidência de fungo de armazenamento (Aspergillus flavus) em sementes de milho, sendo esta atividade atribuída ao seu composto majoritário (citral), permanecendo ativo por até 210 dias após a aplicação.
File:Bay leaf pair443.jpg
Louro

Já é possível encontrar alguns produtos comerciais à base de produtos naturais. Dentre estes, encontram-se o óleo de alho e o nim (Azadirachta indica). O óleo de alho tem aplicabilidade no controle do míldio, brusone, mancha de Alternaria, ferrugem, mancha de Helminthosporium. O nim tem como principal ingrediente ativo a azadiractina, que possui ação repelente, ovicida, larvicida, inibe a alimentação causando atraso no crescimento, dentre outros. Seu extrato tem ação nematicida, bactericida e fungicida.
File:Neem (Azadirachta indica) in Hyderabad W IMG 6976.jpg

Além do uso de extratos e óleos essenciais, relatos da literatura vem comprovando que o uso de plantas medicinais como espécies companheiras em consorciação com outras culturas também pode auxiliar no controle fitossanitário das lavouras. O plantio do tomate juntamente com cravo-de-defunto (Tagetes erecta) reduz significativamente os danos causados pela pinta-preta (Alternaria solani) na cultura. O cravo-de-defunto também é muito utilizado para o controle de nematóides, mosca-branca e afídeos. O consórcio do manjericão (Ocimum basilicum) com o tomate auxilia na repelência de pragas. A urtiga (Urtica spp.) é repelente do percevejo-do-tomate (Phthia picta). 
File:Tagetes erecta, Burdwan, West Bengal, India 19 01 2013.jpg

A mucuna-preta (Mucuna sp.), em consórcio com o milho, reduz em mais de 90% a instalação dos gorgulhos nas espigas. O alecrim (Rosmarinus officinalis) é utilizado como repelente para o curuquerê-da-couve (Ascia monuste orseis) e moscas da cenoura; a hortelã (Mentha spp.) é utilizada como repelente de formigas e curuquerê-da-couve. Já o consórcio com a Erva-de-Santa-Maria (Chenopodium ambrosioides) repele pulgões e outros insetos. O coentro atrai as joaninhas, que são inimigas naturais de vários insetos predadores e de alguns ácaros de relevância agronômica.

A pesquisa na área de plantas medicinais em geral, como defensivos naturais, é promissora, vislumbrando possibilidades de novas e relevantes descobertas, porém, deve ser alicerçada em estudos interdisciplinares, para que se obtenham resultados conclusivos. Soma-se a necessidade de implantação de ensaios nas condições ecológicas de uso do produto (que ainda são em número reduzido quando comparado com a quantidade de ensaios in vitro publicados anualmente.

Os vegetais são uma fonte inesgotável de moléculas, muitas destas desconhecidas, que podem servir de modelo para síntese química, gerando produtos de baixo custo, eficazes, ambientalmente seguros, padronizados, registrados, com controle de qualidade visando à reprodutibilidade e constância de componentes químicos, e, principalmente, que atendam às necessidades dos produtores.

É importante ressaltar que os defensivos naturais, apesar de serem provenientes de princípios ativos de plantas, devem ser utilizados com critério, não devendo ser usados meramente como substituto aos agrotóxicos. Não é isto que se busca. A incidência de insetos e patógenos nas culturas é indicativo de desequilíbrio ecológico e/ou nutricional. Deve-se procurar corrigir as causas dos problemas fitossanitários das lavouras, utilizando-se destes produtos, quando realmente forem necessários.

A observação da presença de plantas indicadoras no ambiente de cultivo, a correção do solo com adubos orgânicos, a preservação dos inimigos naturais e diversificação da cultura devem ser práticas constantes para termos realmente um controle fitossanitário eficiente e alimentos saudáveis.

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