Sobre a importância dos quintais, cada vez mais desaparecidos e, com isso, as nossas raízes também.
sábado, 2 de março de 2013
Correntes da nutrição
Elaine de Azevedo
Além da alimentação orgânica existem muitas correntes e padrões alimentares. É importante mencionar que a dieta orgânica não exclui nenhum tipo de alimento, mas dá prioridade à origem dos alimentos como aspecto central de qualidade.
Abaixo, destacam-se algumas dessas propostas.
A linha do vegetarianismo exclui produtos de origem animal. Existem diferentes tipos de dietas vegetarianas: a ovolactovegetariana, que exclui o consumo de qualquer tipo de carne, mas prevê o consumo de ovos, leite e derivados; a lactovegetariana, que exclui carnes e ovos, mas o consumo de leite e derivados é permitido; a ovovegetariana, que exclui carnes e leite e derivados, mas o consumo de ovos é aceito; a vegetariana estrita (vegana ou vegan), que não inclui o consumo de nenhum alimento de origem animal, inclusive o mel.
A dieta crudista vem ganhando adeptos baseados na argumentação de que nossos ancestrais não ingeriam alimentos cozidos. Os seguidores da dieta crua comem apenas vegetais não cozidos, evitam carne de qualquer espécie, alimentos processados e refinados, laticínios, grãos de cereais, sal e açúcar. Já os adeptos do frugivorismo ingerem somente frutas - naturalmente cruas - consideradas as dádivas da natureza.
Na alimentação ayurvédica, o equilíbrio do corpo é vinculado a três tipos básicos de energia, denominados doshas: Vata, Pitta, Kapha. Os doshas referem-se às características constitucionais de cada indivíduo e na sua relação com o ambiente. O desequilíbrio destas energias, devido a excesso ou deficiência de um deles, pode levar o indivíduo a uma doença.
A dieta, essencialmente lactovegetariana, é ajustada a essas características individuais e espelha as necessidades mais profundas do indivíduo. A dieta ainda leva muito em consideração as especificidades locais da sua cultura de origem - a Índia e a sua religião predominante, o hinduísmo. Aspectos dos alimentos, tais como temperatura, sabor e outras características sensoriais, também são considerados na elaboração das dietas. Temperos e plantas medicinais são parte essencial da alimentação ayurvédica.
A alimentação na medicina tradicional chinesa é baseada no sistema dos cinco elementos (água, madeira, fogo, terra, metal), presentes na natureza e no ser humano, a partir dos quais todos os fenômenos naturais são classificados. Na dietoterapia chinesa a classificação entre Yin e Yang distingue os alimentos de acordo com sua natureza, sendo divididos como frios, frescos, neutros, mornos ou quentes. Além deste aspecto, a classificação dos cinco elementos atua sobre os alimentos, sendo que cada elemento corresponde a um sabor específico que determinam as recomendações individuais, dependendo de seu estado de saúde e seu equilíbrio.
Já a macrobiótica foi fundada por Ishisuka, no Japão, no fim do século 19, a partir da dieta tradicional japonesa. Esta corrente alimentar também se baseia na proposta de equilíbrio entre as energias Yin e Yang. A dieta enfatiza o consumo dos alimentos locais e a restrição de alimentos crus, de frutas, de leite e de carnes.
Admite-se o uso eventual de ovos caipiras, e de alguns tipos de peixes, além de algas, cereais integrais - especialmente o arroz - e alimentos tipicamente japoneses, como a abóbora hokkaido, o feijão azuki, o nabo fermentado, as folhas verdes, a bardana, o gergelim preto, o sal marinho, o shoyo, o tofu, o missô e a ameixa umeboshi. Esses alimentos fazem parte de uma dieta localmente adaptada ao japonês, como preconiza a macrobiótica
Na alimentação antroposófica, além da preocupação com a origem integral dos alimentos, enfatiza-se a origem biodinâmica, a qualidade e a vitalidade dos alimentos, o ritmo das refeiçoes e a prática lactovegetariana, considerando a retirada da carne como uma escolha individual, normalmente envolvida com aspectos de desenvolvimento espiritual.
A dieta probiótica foca na ingestão de cereais, sementes e grãos integrais, que devem perfazer 50% do total da dieta. As verduras cruas totalizam 30% dos alimentos consumidos diariamente, enquanto as frutas e alguns legumes cozidos, 15%. As carnes, o leite e derivados e os ovos perfazem somente 5% da dieta total. Pouca quantidade de açúcar e mel é permitida, assim como os temperos naturais (ervas, vinagre de arroz ou de maçã, azeites, sal marinho). Preconiza-se o jejum matinal com a ingestão restrita de líquidos até perto do meio-dia. A partir daí, o individuo deve fazer duas refeições principais: o almoço e o jantar. A frugalidade é estimulada e percebe-se que muitas das indicações utilizadas têm base na macrobiótica.
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Gene escondido em transgênicos pode ser tóxico para humanos
27 de janeiro de 2013
Milho transgênico: assim como soja, portador do vírus
Daily Mail e Bioscience Resource
Um gene de um vírus que pode ser tóxico para humanos foi “esquecido” durante testes para avaliar a segurança dos vegetais geneticamente modificados (transgênicos). Culturas transgênicas, como milho e soja, que estão sendo cultivadas no mundo todo para consumo humano (no Brasil, por exemplo, 90% das lavouras de soja nesta safra são transgênicas) incluem o gene, conforme aponta recente estudo apoiado pela European Food Safety Authority (EFSA), divulgado no fim de dezembro.
O estudo foi liderado por dois pesquisadores independentes e sem interesses críticos à tecnologia transgênica, Nancy Podevin (contratada pela EFSA), e Patrick du Jardin, da Unidade de Biologia Vegetal da Universidade de Liége, na Bélgica. Os especialistas revelaram que o processo de aprovação internacional para culturas transgênicas não conseguiu detectar o gene.
O problema é que este gene, conhecido como “Gene VI” tem o potencial para provocar alterações fenotípicas nos vegetais cujo resultado são proteínas tóxicas para os seres humanos. Este gene poderia também desencadear mudanças nas próprias plantas, tornando-as mais vulneráveis a pragas. O resultado foi que 54 das 86 espécies de plantas transgênicas aprovadas para cultivos comerciais nos Estados Unidos, como milho e soja, contêm o gene viral, conhecido como “Gene VI”.
Críticos dos transgênicos dizem que tais revelações deixam claro que o processo utilizado para aprovar e liberar vegetais transgênicos, em vigor há 20 anos, é falho. E argumentam que a única atitude a tomar é recolher ou destruir todas as culturas e produtos alimentícios envolvidos.
O diretor do grupo GM Freeze , Pete Riley, disse que a descoberta do gene “põe em xeque alegações de que a tecnologia transgênica é segura, precisa e previsível”. “É uma clara advertência de que os organismos geneticamente modificados não são suficientemente compreendidos para serem considerados seguros”, disse. “A autorização para essas culturas deve ser suspensa imediatamente, e os alimentos devem ser retirados da venda, até uma revisão completa e prolongada de sua segurança.”
Uma revisão da pesquisa da EFSA citada no site Bioscience Resource Project apurou que a presença do gene viral no DNA de plantas transgênicas (oriundo do vírus do mosaico da couve-flor) parece ter sido ignorada ou não notada por empresas de biotecnologia, universidades e órgãos reguladores do governo. “Esta situação representa uma falha total e catastrófica do sistema”, mostra a revisão.
A preocupação central é se a proteína produzida pelo gene VI é realmente tóxica para seres humanos e quais são as consequências do seu consumo. Esta é uma questão que só pode ser respondida por novas pesquisas.
Como em muitos outros estudos que mostram potenciais problemas causados pelos transgênicos, essa pesquisa também vem sendo questionada pelos defensores da tecnologia e seus resultados vêm causando mais polêmica para a temática da segurança dos alimentos geneticamente modificados.
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sexta-feira, 1 de março de 2013
Rio de Janeiro: Horta Orgânica é inaugurada na favela Fogueteiro
26.02.2013
Iniciativa é da secretaria estadual de Meio Ambiente
Jornal do Brasil Carolina Mazzi
Sob um forte sol e muito calor, o secretário estadual de Meio Ambiente, Carlos Minc inaugurou a Horta Orgânica da comunidade do Fogueteiro, no Rio Comprido, centro da cidade nesta terça-feira (26) ao lado de moradores e representantes de diversos projetos sociais. A iniciativa, que faz parte do projeto Comunidades Verdes, está presente em outras três favelas da cidade: Batan, Complexo do Alemão (Fazendinha) e Formiga.
"Nós estamos fornecendo os meios, a formação, que é nada mais do que nossa obrigação, para que estas pessoas possam seguir um caminho próprio de sucesso", salientou. "É preciso manter este diálogo também com as lideranças locais, para que entendamos quais as necessidades reais das comunidades. Muitas vezes se montam planos sem nem consultar os moradores", completou.
Uma destas lideranças é a presidente da Associação de Moradores do Fogueteiro, Cinthia Luna, também principal líder na implementação da horta. Junto com outras dez moradoras da favela ela exibiu, orgulhosa, as mudas de legumes, verduras, flores e árvores que começam a desabrochar no terreno, onde já funcionou um lixão. "Pretendemos consumir parte desta produção, mas queremos vender também. Além disso, estamos plantando algumas sementes de mata nativa para reflorestar a comunidade", contou.
O reflorestamento de ruas e calçadas é um dos principais alvos do projeto. Segundo Ingrid Gerolimich, superintendente da Secretaria, já foram escolhidos oito pontos no Fogueteiro para que as mudas sejam plantadas. "A idéia é fazer uma rua padrão, que possa servir de parâmetro para as demais", contou.
O terreno, que antes abrigava lixo, restos de animais e esgoto, agora renasce, com os primeiros brotos de feijão, mamão e outros alimentos, que nascem sem qualquer tipo de agrotóxico. "Acordamos todos os dias e regamos, cuidamos para que elas possam gerar bons frutos, em todos os sentidos. Isso daqui antes era horrível, agora vai virar um jardim", conta Viviane, uma das participantes do projeto.
"Transformar lixo em inclusão social" é o objetivo de Minc. "Agora queremos ampliar ainda mais os projetos, chegar em outras comunidades e aumentar as parcerias, para que estas mercadorias possam ser escoadas, gerando renda e emprego para os que participarem", afirma.
Ampliar os projetos
Na cerimônia, o secretário destacou a importância de ampliar projetos que levem cidadania aos moradores das comunidades pacificadas e a entender os limites de atuação das Unidades de Política Pacificadora (UPP). "Não podemos esperar que a polícia faça tudo, cada parte do governo tem que fazer sua contribuição para se inserir nestes locais", afirmou.
Minc também destacou os outros projetos apoiados pela sua secretaria, como a Fábrica Verde, a EcoModa, na Mangueira e o EcoBuffet. Todos, segundo ele, oferecem qualificação da mão de obra e parcerias com empresas do ramo.
Presidente da Associação de Moradores do Fogueteiro e líder do projeto, Cinthia Luna exibe com orgulho as mudas de feijão preto que começam a desabrochar
Enquanto lá do alto a horta progride, as contradições e os problemas típicos das comunidades cariocas persistem, e o Fogueteiro não é exceção: esgoto a céu aberto, problemas de falta d'água, luz elétrica vacilante e coleta de lixo instável atrapalham a vida dos moradores, que também sofrem com o transporte público precário. "Querem acabar com as vans aqui, mas não colocam nada no lugar", afirma uma morador.
"Apesar desta não ser da alçada do Meio Ambiente, estamos sempre atuando junto as secretarias responsáveis para que estes problemas sejam amenizados", afirma Ingrid.
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Nepal: Global demand for medicinal plants can boost green jobs growth in Nepal, says UN
Photo: FAO/Giulio Napolitano
28 February 2013 – The growing global demand for medicinal and aromatic plants could help drive Nepal’s green economy, particularly in poor communities where many types of such plants are harvested, says a new study released today by the United Nations Environment Programme (UNEP) in collaboration with the Government of Nepal.
More than 100 types of medicinal and aromatic plants (MAPs) are harvested in Nepal and traded in international markets. They were exported at a value of $9.8 million in 2009, up from $3 million in 2008, according to figures cited by UNEP.
“By harvesting these plants sustainably, and improving their value-added activity so collectors receive a fair share of the profits, the trade could contribute to social equity, environmental conservation and economic prosperity,” said UNEP Programme Officer Asad Naqvi.
Mr. Naqvi oversaw the report, “BioTrade: Harnessing the potential for transitioning to a green economy - The Case of Medicinal and Aromatic Plants in Nepal,” which states that despite the opportunities for sustainable trade in MAPs inside the country, most of the value-added activity and quality control mechanisms are done outside.
In addition, trade is further hampered by limited access to electricity, transportation and other gaps in infrastructure.
Among the recommendations in the report is a regularly updated inventory system that provides information on available stock and how much can be sustainably harvested.
Creation of a green economy in the context of sustainable development and poverty eradication were among the themes endorsed at the UN Conference on Sustainable Development (Rio+20) last June.
As part of turning those themes into action, Secretary-General Ban Ki-moon urged world leaders earlier this month to implement policies that protect the environment, stressing that this will also benefit their economic growth and prosperity.
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Índia: Two decades of collecting medicinal herbs
Purushothama Kammath.
He has collected over 1,000 species of plants over the past 20 years, but Purushothama Kammath’s mission is still not complete.
Kammath, a Konkani farmer from Thammanam, is on a mission to preserve what some of his community members had helped create over 300 years ago, the collection and categorization of plants for the legendary work Hortus Malabaricus.
The Hortus Malabaricus, a treatise on the medicinal properties of the flora of Kerala, was prepared under the guidance of the then Governor of Dutch Malabar, Henrik Van Reede in the 1600’s.
The treatise was undertaken with the assistance of about a 100 physicians including three prominent Konkanis including Ranga Bhat, Vinayaka Pandit and Appu Bhatt.
While the treatise was successfully published in Amsterdam and later translated to various languages, many of the plants are no longer to be seen.
The garden which was set up in Fort Kochi for nurturing the 700 odd medicinal plants meanwhile has been all but destroyed. Now, sitting before a collection of some of his medicinal plants for the Fort Kochi Flower Show, Purushothama Kammath illustrates why it was important to bring out a collection of all the works. “The book is one of the oldest treatise on the plant wealth of Malabar. But in spite of that there is no comprehensive collection or preservation of the plants. With my collection I hope to bring them for exhibitions like the Fort Kochi Flower Show and bring out the importance of the work,”, he says.
Incidentally, the Fort Kochi Flower Show, where he is currently exhibiting his plants, is stands beside what is said to be the site of the original Hortus Malabaricus garden. Kammath says though he has over 1000 varieties of the plants, the task could still be arduous.
“There are over 700 species that find mention in the book. Most of them are from Kerala. But as difficult as the procurement of the plants would be, an even more important task would be identification. There are plants which look very similar to other plants of other species. In such cases, in spite of inspection it is often difficult to detect them,” said A V Purushothama Kamath.
But he is still keeping his fingers crossed. “With the next year’s Fort Kochi Flower Show, I hope to collect all the plants and put them on display for the audience,” says Kammath.
By Amritha K R - KOCHI
Data: 28.01.2013
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México: Crearían `farmacia viviente´ en el Oriente michoacano para rescatar plantas medicinales de la región
Lunes 18 de Febrero de 2013
Zitácuaro, Michoacán.- Crear una `farmacia viviente´ es el nuevo proyecto del productor agroecológico Gerardo Rodríguez García, quien indicó que la finalidad es preservar y multiplicar las hierbas medicinales de la región Oriente.
Agregó que actualmente la riqueza medicinal, en materia de herbolaria, está sometida a un rápido deterioro y extinción por diversos factores, de continuar esta situación, pronto se perderán muchas de las alrededor de 2 mil hierbas medicinales con que cuenta la región.
Por ello, indicó que con un crédito que consiguió compró un terreno de 8 mil 640 metros cuadrados en donde se creará la “farmacia viviente”, la idea es transplantar a ese predio todas las especies medicinales de la región Oriente.
Rodríguez apuntó que el proceso de extinción de las plantas medicinales criollas es acelerado, entre los factores mencionó el cambio climático y el uso de herbicidas por parte de campesinos, para obtener mayores cosechas; esto es muy malo, explicó, porque los químicos arrasan con todo.
Pero además hay otros factores, dijo que se dan casos en los que grandes comerciantes del mercado de Sonora (especializado en la venta de hierbas medicinales a gran escala), de la Ciudad de México, vienen a la región a saquear.
Agregó que estos comerciantes vienen con camionetas y decenas de trabajadores, luego les dan unas muertas de plantas medicinales y mandan a su gente al monte a cortar todas las que encuentren.
Y así lo hacen y en ocasiones se llevan todo, no dejan nada. Para ellos es un gran negocio porque las plantas no les cuestan casi nada, solo el día de trabajo que le pagan a sus peones y venden a gran precio.
Gerardo Rodríguez dijo que su proyecto de “farmacia viviente” conservará algunas de las variedades de plantas medicinales, para que no se extingan, en otros casos, reproducirá otras con fines comerciales; es decir, para fabricar remedios.
Pero, por ejemplo expresó que también se obsequiarán algunas a personas que se comprometan a producir más y después se las comprarán, a fin de contar con materia prima para el proyecto de remedios caseros.
Agregó que las plantas medicinales se sembrarán a partir de semillas criollas. Es decir, obtenidas de donde crecen de forma natural, sin que hayan sido modificadas genéticamente, como sucede con las que venden en las tiendas agropecuarias. Asimismo, se producirán de forma orgánica, sin químicos.
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Unicamp - Aulas Abertas Internacionais em Agroecologia
De 11 a 15 de março, serão realizadas na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) as Aulas Abertas Internacionais em Agroecologia. As atividades ocorrerão dentro da programação da semana presencial do 2º Curso de Experto Universitário en Soberania Alimentária y Agroecologia Emergente, parceria da Unicamp e outras instituições com a Universidad Internacional de Andalucia. Os interessados em participar das aulas podem se inscrever gratuitamente pelo site da Rede de Agroecologia da Unicamp: www.cisguanabara.unicamp.br/rau.
Mais informações: (19) 3235-1566
Agência FAPESP
Antidepressivos sem terapia não têm efeito, alerta pesquisador
Cérebro e Mente
Os médicos precisam reconsiderar a forma como estão prescrevendo antidepressivos.
Os estudos mais recentes vêm mostrando que os antidepressivos restauram a capacidade de determinadas áreas do cérebro a fim de contornar rotas neurais cujo funcionamento não está normal.
Mas essa mudança no "hardware" do cérebro só trará benefícios se houver uma mudança no "software" - na mente do paciente - algo que não é suprido pelos antidepressivos, só podendo ser alcançado mediante a prática, psicoterapia ou terapias de reabilitação.
O alerta contundente está sendo feito pelo renomado neurocientista Eero Castrén, da Universidade de Helsinque (Finlândia).
Plasticidade cerebral
Trata-se de uma posição surpreendentemente franca, principalmente vinda de um neurocientista respeitado mundialmente.
Afinal, milhões de pessoas em todo o mundo tomam antidepressivos seguindo receitas de seus médicos, e as empresas farmacêuticas têm faturado bilhões de dólares vendendo essas drogas.
Será então que um sistema tão amplamente aceito poderia estar totalmente errado?
É exatamente isso que mostram estudos recentes na área.
Pesquisas em modelos animais demonstram que os antidepressivos não são uma cura por si sós.
Em vez disso, o seu papel é o de restaurar a plasticidade no cérebro adulto.
Os antidepressivos reabrem uma janela da plasticidade cerebral, que permite a formação e a adaptação de conexões cerebrais através de atividades específicas e observações do próprio paciente, de forma semelhante a uma criança cujo cérebro se desenvolve em resposta a estímulos ambientais.
Reconectando as ligações do cérebro
Quando a plasticidade cerebral é reaberta, problemas causados por "falsas conexões" no cérebro podem ser tratadas - por exemplo, fobias, ansiedade, depressão etc.
A equipe do Dr. Castrén mostrou que os antidepressivos sozinhos não surtem efeitos para esses problemas, enquanto a psicoterapia sozinha obtém resultados de curta duração. Quando antidepressivos e psicoterapia são combinados, por outro lado, obtém-se resultados de longa duração.
"Simplesmente tomar antidepressivos não é o bastante. Nós precisamos também mostrar ao cérebro quais são as conexões desejadas," disse o pesquisador.
A necessidade de terapia e tratamento medicamentoso também pode explicar porque os antidepressivos às vezes não têm efeito. Se o ambiente e a situação do paciente permanecerem inalterados, a droga não tem capacidade para induzir mudanças no cérebro, e o paciente não se sente melhor.
O estudo de Castrén chamou a atenção das autoridades de saúde europeias, que lhe derem um financiamento de €2,5 milhões para detalhar suas descobertas.
Data: 27.02.2013
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Por que nosso corpo armazena gordura quando comemos à noite?
Ritmo circadiano
Os cientistas já demonstraram que o horário das refeições é tão importante quanto o que você come.
Uma das hipóteses para essa relação é que a atividade da insulina é controlada pelo relógio biológico, ou ritmo circadiano do corpo.
Mas faltava comprovar definitivamente uma relação causal em toda a cadeia de eventos que vai desde o comer fora de hora até o acúmulo de gordura no organismo.
Owen McGuinness e seus colegas da Universidade Vanderbilt (EUA) afirmam agora ter comprovado uma conexão entre a atividade da insulina e nosso ritmo circadiano.
Isso sugere que uma quebra sistemática em nosso ritmo biológico pode levar à obesidade, aumentando o risco de diabetes e doenças cardiovasculares.
Insulina e resistência à insulina
Nos últimos anos, vários estudos têm encontrado uma série de ligações entre o funcionamento do relógio biológico do corpo e vários aspectos do metabolismo, os processos físicos e químicos que fornecem energia e produzem, mantêm ou destroem tecidos.
Geralmente se assume que estas variações são causadas em resposta à insulina, que é um dos mais potentes hormônios metabólicos.
No entanto, ninguém tinha realmente comprovado que a ação da insulina segue um ciclo de 24 horas, ou o que acontece quando o relógio circadiano do corpo é interrompido.
A insulina, que é produzida no pâncreas, desempenha um papel fundamental na regulação do metabolismo das gorduras e carboidratos. Quando comemos, nossa digestão decompõe os carboidratos nos alimentos em glicose, um açúcar simples, que é absorvido para a corrente sanguínea.
Um excesso de glicose no sangue é tóxico, por isso um dos papéis da insulina é estimular a transferência da glicose para nossas células, removendo assim o excesso de glicose no sangue.
Especificamente, a insulina é necessária para mover a glicose para as células do fígado, músculos e tecido adiposo. Ela também bloqueia o processo de queima de gordura para obter energia.
A ação da insulina - a capacidade do hormônio para remover a glicose do sangue - pode ser debilitada por uma série de fatores, um fenômeno denominada de "resistência à insulina", porque o corpo passa a resistir à ação normal da insulina.
Comer na hora certa
Os cientistas descobriram que os animais de laboratório - que são noturnos, com um ritmo circadiano que é um espelho exato do humano - são relativamente resistentes à insulina durante seus momentos de sono e inatividade.
Mas eles se tornam mais sensíveis à insulina - mais capazes de retirar glicose do sangue - durante a fase de alimentação e atividade no seu ciclo de 24 horas.
Como resultado, a glicose é convertida em gordura principalmente durante a fase inativa, e usada como energia e para a construção de outros tecidos durante a fase de alta atividade.
"É por isso que é bom comer durante o dia... e não comer nada entre o jantar e café da manhã," diz Carl Johnson, coautor do estudo.
Data: 27.02.2013
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Grape Seed and Skin Extract: A Weapon in the Fight Against Kidney Disease Caused by High-Fat Diets
Feb. 28, 2013 — New insight into grape seed extract as a therapeutic and preventative measure to fight obesity-induced kidney damage is presented in a new study. Grape seed and skin extract (GSSE) is known to contain powerful antioxidants. This study, published in the journal Applied Physiology, Nutrition, and Metabolism, is the first to make a link between GSSEs and high-fat-diet-induced renal disease.
The authors examined the effect of GSSE processed from a grape cultivar ('Carignan') of Vitis vinifera from northern Tunisia on rats. Rats were fed a high-fat diet that induced a low-grade reno-lipotoxicity, that is, kidney damage associated with lipids. This was characterized by elevations in plasma urea and protein in the urine. The researchers found increased deposits of triglycerides (TG) (especially saturated fatty acids), increased signs of oxidative stress and depleted copper levels in the kidneys. There was also histological evidence of disturbance in the kidney structure. When the animals received GSSE at 500 mg/kg bw (which corresponds to 35g/day for a 70 kg human adult) along with the high-fat diet there was a partial reversal of the TG deposition as well as the histological damage. The authors suggest polyphenols including resveratrol are likely the components in GSSE responsible for the positive effects. Furthermore the GSSE prevented the oxidative stress and copper depletion.
"In our research, obesity-induced leaky kidney and proteinuria are shown to be prevented by GSSE, which suggests the use of GSSE as a preventive nutriceutical for high-risk patients," said co-author Kamel Charradi, a researcher with the Laboratory of Bioactive Substance at the Center of Biotechnology of Borj-Cedria (CBBC) in Tunisia. This research group has previously published work showing the benefits of GSSE in combating obesity, heart dysfunction, brain lipotoxicity and kidney cancer.
The article "Grape seed and skin extract alleviates high-fat-diet-induced renal lipotoxicity and prevents copper depletion in rats" is available Open Access in the journal Applied Physiology, Nutrition, and Metabolism.
Journal Reference:
Kamel Charradi, Salem Elkahoui, Ines Karkouch, Ferid Limam, Ghaith Hamdaoui, Fethy Ben Hassine, Michèle Veronique El May, Ahmed El May, Ezzedine Aouani.Grape seed and skin extract alleviates high-fat diet-induced renal lipotoxicity and prevents copper depletion in rat. Applied Physiology, Nutrition, and Metabolism, 2013; 259 DOI: 10.1139/apnm-2012-0416
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Estudo mostra que redução de insetos polinizadores ameaça cultivos do mundo
A diminuição da população de insetos polinizadores silvestres, devido à perda de seu hábitat pelo aquecimento global ameaça a produção agrícola mundial, advertiu esta quinta-feira um estudo [Wild Pollinators Enhance Fruit Set of Crops Regardless of Honey Bee Abundance] internacional publicado nos Estados Unidos. Matéria da AFP, no UOL Notícias, com informações adicionais do EcoDebate.
Os 50 cientistas que participaram do trabalho analisaram dados provenientes de 600 campos de cultivos de frutas, café ou diferentes tipos de frutas secas em 20 países.
Eles comprovaram que as abelhas domésticas não são polinizadoras tão eficazes quanto outros insetos na natureza, sobretudo como as abelhas silvestres.
A queda contínua no número destes insetos desperta o temor de consequências nefastas para as colheitas e torna necessário manter e gerir a diversidade destes polinizadores para aumentar a produção agrícola a longo prazo, insistem os autores em um estudo publicado na edição desta quinta-feira da revista científica Science.
“Nosso estudo demonstra que a produção de um grande número de frutas e de grãos que permitem a variedade da alimentação está limitado porque suas flores não são suficientemente polinizadas”, afirmou Lawrence Harder, professor de biologia da Universidade de Calgary, no Canadá, um dos co-autores do estudo.
“Observamos que o fato de trazer mais abelhas domésticas a estas zonas de cultivo não era suficiente para solucionar o problema, que requer um crescimento no número de insetos polinizadores silvestres”, acrescentou.
As flores da maior parte dos cultivos devem receber o pólen antes de produzir grãos e frutos, um processo amplificado pelo trabalho dos insetos.
Estes polinizadores silvestres, como as abelhas, as moscas e os besouros, vivem geralmente em hábitats naturais ou seminaturais, como florestas, cercas vivas ou pradarias que são cada vez menos habituais, devido à sua conversão em terrenos agrícolas.
“Paradoxalmente a maior parte dos enfoques para aumentar a eficácia da agricultura como o cultivo de todas as terras disponíveis e o uso de pesticidas, reduz a abundância e a variedade de insetos polinizadores que poderiam aumentar a produção destes cultivos”, explica o biólogo.
Os autores deste estudo destacam a importância de por em andamento novas tentativas de integrar a gestão das abelhas domésticas e os polinizadores silvestres com uma maior preservação de seu hábitat.
Destacam, ainda, que o rendimento agrícola mundial seria aumentado, permitindo aumentar a produção agrícola a longo prazo.
Wild Pollinators Enhance Fruit Set of Crops Regardless of Honey Bee Abundance
Published Online February 28 2013
Science DOI: 10.1126/science.1230200-
Data: 01.03.2013
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Comunidades Verdes, iniciativa para melhorar a qualidade de vida nas comunidades através de reflorestamento e plantio sustentáveis
Promover o desenvolvimento e melhorar a qualidade de vida nas comunidades através de ações de reflorestamento e plantio sustentáveis: esse é a proposta do projeto Comunidades Verdes, lançado pela Secretaria do Ambiente, na terça-feira (26/02), no morro do Fogueteiro, em Santa Teresa. Coordenada pela Superintendência de Território e Cidadania, a iniciativa – que também é realizada no Morro da Formiga, na Tijuca, no Complexo do Alemão, e no Batan, em Realengo – tem o objetivo de capacitar moradores em técnicas de reflorestamento, plantio de mudas, implantação de hortos comunitários, arborização e recobrimento de muros, encostas e fachadas residenciais com vegetação apropriada.
Além de investir na capacitação de 30 jardineiros por comunidade, somando um total de 120 pessoas, o projeto abrange a instalação de Núcleos Verdes nas quatro localidades, onde serão cultivadas hortaliças, flores, árvores frutíferas, plantas medicinais e ornamentais, além de mudas de espécies de Mata Atlântica para recuperação ambiental. Ao mesmo tempo, serão empreendidas, em parceria com o Sebrae, atividades de comercialização da produção das plantas cultivadas pelas Comunidades Verdes.
- Esse projeto gera benefícios em larga escala. Oferece formação profissional, gera renda para a comunidade, melhora a qualidade de vida, além de restaurar a Mata Atlântica e a biodiversidade. Além disso, o reflorestamento de áreas degradadas nas encostas, ajuda a evitar a erosão e o deslizamento de terra – explicou o secretário do Ambiente, Carlos Minc.
Os moradores que atuam no projeto passam por um curso de jardinagem e reflorestamento, que dura cerca de cinco meses, com direito a uma bolsa-auxílio de R$ 120. A meta é transformar os 30 melhores alunos das quatro localidades em jardineiros comunitários, que receberão uma gratificação de R$ 300. Os Núcleos Verdes são instalados em terrenos onde funcionavam lixões e desmanches clandestinos.
- O Núcleo Verde do morro do Fogueteiro, por exemplo, foi construído em um terreno que era usado como lixão e desmanche de carros. A ideia é pegar um terreno abandonado e transformá-lo em um ambiente de convívio social, com belos jardins e áreas de cultivo – disse Minc.
Atividades de paisagismo e embelezamento das comunidades, com plantio de vegetações em muros, fachadas e residências, também são incentivadas pelo programa estadual.
- Propomos aos alunos do projeto uma série de trabalhos paisagísticos, com intervenções na paisagem urbana das comunidades para criar um ambiente mais bonito e inspirador para os moradores – afirmou a superintendente de Território e Cidadania da Secretaria de Ambiente, Ingrid Gerolimich, que enfatizou o potencial econômico do projeto:
- É possível produzir nas comunidades algo com muita qualidade, que pode ser aproveitado pelos próprios moradores e também ser vendido em supermercados, lojas e feiras. Queremos estimular o desenvolvimento dessas áreas com consciência ambiental e ecológica.
Zélia Santos, de 63 anos, ajudou a preparar o terreno e plantar as mudas do Núcleo Verde do Fogueteiro. Para a moradora da comunidade, o projeto Comunidades Verdes oferece oportunidade de trabalho para pessoas mais velhas.
- Com a minha idade, é quase impossível arranjar um emprego no mercado de trabalho. Com a bolsa oferecida pelo projeto, posso ajudar em casa e ainda cultivar plantas lindas na minha comunidade. Carreguei terra, plantei mudas e decorei o terreno. Fico muito honrada com o meu trabalho e vou fazer tudo para deixar minha comunidade cada vez mais bonita e arborizada.
Para Cíntia Luna, de 35 anos, gestora do projeto no Fogueteiro e presidente da associação de moradores da comunidade, o programa estadual mobilizou moradores e crianças da região.
- As pessoas pararam de jogar lixo no terreno de plantio e cuidam para que o local permaneça limpo. Além disso, oferecemos pipas para as crianças que trouxessem garrafas pet para construção de canteiros de plantas. O resultado é que não se vê mais garrafas de plástico jogadas nas ruas e terrenos da comunidade. As crianças recolhem todas e vêm, satisfeitas nos entregar o material. Isso me dá muito orgulho.
Texto: Esther Medina // Fotos: Maria Eduarda Gazal / Governo do Estado do Rio de Janeiro
Data: 01.03.2013
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Governo firma compromisso com ONU e Fiesp para uso da biodiversidade na produção de alimentos
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, firmou ontem (28) um compromisso com representantes da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) de trabalhar em conjunto com a agricultura brasileira para encontrar os caminhos para conciliar o acesso aos ecogenéticos (que resulta na predisposição genética em responder de diferentes maneiras a fatores ambientais) em produção de alimentos e inovação tecnológica. O objetivo da reunião foi discutir metas de biodiversidade e o Protocolo de Nagoia, segundo maior pacto ambiental desde o Protocolo de Quioto.
“Isso vem conciliando tanto o que está na parte de alimentos da FAO e na Convenção da Diversidade Biológica. Foi uma excelente reunião e temos muito trabalho pela frente. Estamos falando da biodiversidade que nós temos e de como poderemos produzir a partir do aprimoramento tecnológico e do conhecimento genético com mais sustentabilidade”, disse a ministra.
De acordo com o secretário executivo de Conservação da Diversidade Biológica da ONU, Bráulio Dias, é preciso reforçar o debate sobre a legislação ambiental nacional, já que o Brasil é um dos poucos países que têm leis ambientais. “Há pelo menos 15 países com essa legislação, mas em todos, e o Brasil não é uma exceção, essa lei foi muito voltada para proibir a biopirataria e não para estimular o acesso aos ecogenéticos e à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico. Se não houver isso, não teremos novos produtos e benefícios que possam ser repartidos”.
Para Dias, é preciso incentivar esse desenvolvimento e a comercialização de produtos para gerar riquezas. “A riqueza deve ser melhor compartilhada para que os países de onde são originários esses recursos também se beneficiem e possam melhorar seu esforço de conservação desse material para o futuro”, disse.
Edição: Fábio Massalli
Reportagem de Flávia Albuquerque, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 01/03/2013
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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
No extremo sul da cidade de SP, agricultores apostam nos orgânicos
28/02/2013
Capital paulista tem, há 1 ano, primeiros produtores orgânicos certificados. Grupo é de Parelheiros, área de proteção ambiental, e vende em feiras.
Gabriela Gasparin Do G1, em São Paulo
Há cerca de um ano, oito agricultores familiares da capital paulista foram certificados como produtores orgânicos pelo Ministério da Agricultura. São os primeiros entre os cerca de 400 trabalhadores agrícolas cadastrados na prefeitura do município de São Paulo. O grupo planta no extremo sul da maior cidade brasileira, região com reserva de Mata Atlântica, cercada pelas represas Billings e Guarapiranga e que concentra áreas de proteção ambiental.
Desde que receberam o “selo”, os pequenos produtores rurais lutam para atrair o consumidor paulistano aos benefícios proporcionados por um alimento cultivado sem o uso de venenos – processo que dá mais trabalho, leva mais tempo e resulta em um produto, no mínimo, 30% mais caro e nem sempre tão “bonito” quanto um cultivado com agrotóxicos ou adubos químicos.
“No município de São Paulo, nós somos os primeiros e únicos produtores orgânicos certificados. Se vieram outros depois de nós, nunca ouvimos falar (…). Imagina que existe uma mata fechada, que a gente tem que atravessar. O nosso grupo está com um facão abrindo as picadas”, afirma Maria José Kunikawa, a Tomi, de 57 anos.
O Ministério da Agricultura confirmou ao G1 que o grupo é o primeiro certificado na cidade. A certificação saiu em novembro de 2011. Dos oito produtores, um desistiu do cultivo, restando apenas sete.
Para escoar a produção, a forma encontrada pelos agricultores é a venda direta em feiras de alimentos orgânicos e agricultura limpa espalhadas pela capital – a última delas foi inaugurada em novembro, próximo ao Parque do Ibirapuera, em parceria com associações e a Prefeitura. O grupo afirma, contudo, que o comércio precisa aumentar para garantir significativa melhora na renda.
Os agricultores Tomi cultiva feijão, milho, mandioca, batata doce e ervilha, entre outros, em uma área pequena, de 4 mil metros quadrados, na Ilha do Bororé, às margens da represa Billings, na divisa com São Bernardo do Campo. No ano passado, começou a plantar cambuci, fruta típica da região, visando turistas que, em trilhas e passeios, conhecem as belezas naturais da ilha.
Ela é exceção entre os sete certificados, pois não tem a agricultura como única fonte de renda – cerca de 70% do ganho de sua família vem do aluguel do sítio para festas e eventos. Os demais, contudo, dependem da produção para sobreviver.
O mais experiente deles é Zundi Murakami, de 72 anos, o Zundi da banana, que planta a fruta tropical em cinco hectares em Parelheiros. Há também Osvaldo Ochi, o seu Osvaldo do caqui, de 66 anos, que herdou os conhecimentos agrícolas do pai e sempre viveu da agricultura. Ele tem 4 mil pés de caqui (tem tratado só 1,5 mil) em uma propriedade próxima ao Parque Estadual da Serra do Mar, na divisa com o município de Itanhaém.
Somam-se ao grupo Ana Zilda Coutinho, a Ana do Mel, de 50 anos, que planta frutas, ervas e hortaliças – Especialista em abelhas, ela produz ainda mel por tradição familiar, para consumo interno; José Luis da Silva, o Zé da Floresta, de 68 anos, que planta frutas, café e palmito; além de Mauri da Silva, de 38, que cultiva principalmente hortaliças; e o mineiro José Geraldo Santiago, o Zé da Cana, que planta frutas, hortaliças e a cana, com o sonho de um dia montar seu próprio alambique.
Todos afirmam que buscaram a agricultura orgânica com um desejo comum: eliminar o uso de venenos, agrotóxicos e adubo químico para o bem de todos, preservando a natureza e a saúde tanto de quem planta como dos consumidores.
“Eu acho que deve visar o dinheiro, mas em primeiro lugar, vem a saúde. A gente está em paz com a nossa consciência, de que está produzindo um alimento saudável. O resto é consequência. Você começa a fazer uma coisa boa, as pessoas comem, percebem que faz bem. Ela vai voltar para vir buscar. Então, vai vir dinheiro, né?”, diz Tomi.
Mauri e o mineiro Zé da Cana, que trabalham na roça desde os 7 anos, garantem que já sofreram muito com o uso de agrotóxicos. “Entrei na agricultura com 7, 8 anos, ajudando meu avô. Ele mexia com mandioquinha, abóbora. Com 12 para 13 anos fui trabalhar com um [agricultor] convencional, trabalhava com pimentão (…). Ele [ia na frente] todo equipado e eu lá, tomando aquele banho de veneno na cara”, revela Mauri. “A convencional era agrotóxico, adubo químico, era o maior problema (…). Aí eu pensei, vou fazer uma coisa para o meu próprio bem, que é minha saúde, e para o bem do consumidor”, salienta Zé.
Certificação
Para conseguir a certificação, os sete receberam orientação da Associação Biodinâmica, que é cadastrada no Ministério da Agricultura. A forma de produção biodinâmica, além de não utilizar adubos químicos, venenos, herbicidas, sementes transgênicas, antibióticos ou hormônios, procura a “harmonia” do cultivo. Trabalha também com o ciclo cósmico e usa preparados homeopáticos feitos de minerais, esterco bovino e plantas medicinais. Para o selo, os agricultores pagam uma taxa que, no caso desse grupo, gira em torno de R$ 250 a R$ 350 anuais, de acordo com o tamanho e tipo de produção.
“O projeto de Parelheiros se iniciou há cerca de 3 anos e a certificação só chegou há um ano. As mudanças são muitas, com várias quebras de paradigmas. É necessário ter uma visão do todo, para entender as partes. Só compreendendo e respeitando os ciclos da natureza é que se consegue fazer agricultura biodinâmica. Eles passam trabalhar as propriedades como se elas fossem organismos vivos agrícolas”, explica Rachel Vaz Soraggi, presidente da associação.
“A gente é orgânico, mas é diferente. A gente não visa só o lucro, visa o próximo, quem vai comer o produto, tem a visão social por traz”, comenta a produtora Ana.
Os produtores explicam, contudo, que a agricultura orgânica é mais trabalhosa, por isso os produtos são mais caros. Sem venenos, nasce mais mato para ser retirado da terra. Além disso, é preciso plantar em consórcio (com um cultivo diferente do lado do outro), para os nutrientes de uma planta ajudarem a outra. O ciclo de crescimento também é cerca de 15 dias mais demorado.
Renda
O aumento da renda, contudo, o grupo ainda não viu chegar da forma pretendida. Isso porque há poucos meios de escoar a produção – a concorrência com a agricultura convencional torna inviável levar os produtos a locais tradicionais, como a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp).
A melhor forma encontrada é a venda nas feiras orgânicas nas áreas urbanas. Por conta da distância (cerca de 50 km do centro), parte do grupo produz e outra parte, além do cultivo, leva os alimentos para serem comercializados.
Como os consumidores, a maioria deles, não podem vir ver a plantação, o selo é uma garantia, quer dizer que o nosso produto é orgânico e não tem veneno nenhum” Maria José Kunikawa, agricultora
Ana do Mel e Zundi, por exemplo, são os que mais frequentam as feiras. “Na minha barraca não tem só o que eu planto, mesmo porque o que eu produzo é pouco. Levo produtos da Tomi, do Zé da Cana”, explica Ana.
A agricultora tem, inclusive, uma máquina para fazer caldo de cana e vender a bebida orgânica na feira. Um copo de 200 ml sai por R$ 3. O maço de alface, a R$ 2. A banana prata, a R$ 4 o quilo. A nanica, a R$ 3. A bandeja de tomate orgânico custa R$ 5 e os quilos da batata e da mandioca custam R$ 5 e R$ 4, respectivamente.
E é justamente na hora de comercializar que o grupo enxerga a importância do certificado. “Como os consumidores, a maioria deles, não podem vir ver a plantação, o selo é uma garantia, que dizer que o nosso produto é orgânico e não tem veneno nenhum (…). Nós certificamos porque quem quer o selo é o consumidor. O governo exige que a gente mostre o selo para o consumidor”, diz Tomi.
Incentivo
Em parte, a certificação do grupo é resultado de um trabalho realizado na região pelos governos municipal e estadual.
Em 2010, a prefeitura de São Paulo lançou o programa Agricultura Limpa, que visa preservar a mata nativa e apoiar os agricultores no cultivo mais limpo. Como não tem poder para dar a certificação orgânica (o que é feito pelo Ministério da Agricultura), o município criou um protocolo de boas práticas agrícolas. O documento, construído em parceria com o governo estadual, dita regras para produção sem geração de danos ao meio ambiente. Esse tipo de agricultura é a melhor que se pode ter na zona sul.
Os venenos infiltram na terra e vão para a água. Dessa forma, gasta-se mais para purificar a água para as pessoas beberem”
Arpad Spalding, coordenador de projetos do Instituto Kairós.
Os produtores que aderem recebem o selo “Garça Vermelha”, que indica que seguem as boas práticas agroambientais. Não é a certificação, mas é o caminho para uma agricultura mais sustentável na região. Na zona sul, 37 propriedades agrícolas já aderiram ao protocolo, diz a prefeitura.
Associações ambientais também trabalham na zona rural em parceria com a prefeitura para dar apoio aos agricultores. Um deles é o Instituto Kairós que, em um dos projetos, ajudou a pensar formas de comercializar os produtos.
Diante do trabalho, nasceu a feira perto do Parque do Ibirapuera, inaugurada em novembro do ano passado e uma das fontes de renda dos sete agricultores certificados. “Foi criada, no começo do ano passado, a feira no Parque Burle Marx. A partir da criação dessa feira (…), surgiu a possibilidade de levar a feira ao parque do Ibirapuera”, explica Arpad Spalding, coordenador de projetos do Kairós.
A feira conta com 33 barracas que representam cerca de 300 agricultores (entre eles os 7 certificados da capital), diz Spalding. Há agricultores orgânicos de outros municípios e estados, além daqueles que não são certificados, mas possuem o selo de boas práticas da prefeitura.
“Ainda não contabilizamos quanto a feira movimenta. Tem agricultor que vende R$ 600, tem alguns que vendem R$ 2 mil. Cada barraca tem sua organização”, explica Spalding.
Além dessas feiras realizadas em parceria com a prefeitura, os sete agricultores também comercializam em outras duas feiras de produtos orgânicos na cidade, uma promovida pela Associação Biodinâmica, no Alto da Boa Vista, e uma da Associação de Agricultura Orgânica (AAO), no Parque da Água Branca, na Barra Funda.
Feira no Modelódromo do Ibirapuera é vista por agricultores como importante fonte de vendas
Abrindo caminhos
Apesar das dificuldades, os primeiros produtores orgânicos da capital acreditam que enfrentam uma fase inicial, mas estão abrindo caminho para uma nova tendência de mercado em São Paulo. Entre as formas de aumentar as vendas previstas está fornecer para supermercados e escolas.
“Antes, não havia as exigências em cima das leis, agora que veio a preocupação com as águas, outros começaram a ficar mais atentos. Dizem que, no futuro, não vai ser permitido agricultura em São Paulo que não seja a orgânica”, prevê Mauri.
Spalding, do Kairós, diz que a preservação da região é importante para a sustabilidade local. “Esse tipo de agricultura é a melhor que se pode ter na zona sul. Os venenos infiltram na terra e vão para a água. Dessa forma, gasta-se mais para purificar a água para as pessoas beberem”, explica.
“A gente está mostrando que se pode conservar, preservar, cuidar e viver bem. A gente vive melhor, a gente é mais feliz hoje”, afirma. “É difícil, né, mas eu acho que é apenas o primeiro ano. A gente tem que visar pensando em três ou quatro anos”, avalia Tomi.
Na feira, consumidores mostram que há mercado para o produto. “Antes, eu comprava [produtos orgânicos] no supermercado, mas é caríssimo. Agora, todo sábado eu venho aqui na feira [do Ibirapuera]“, diz a empresária Helena Tinoco, de 44 anos. A cozinheira Bia Goll, de 37 anos, também aprova. “Eu sempre uso produtos orgânicos. É bom poque a gente come um produto que não está degradrando o meio ambiente (…). Agora é bom que está com um preço mais legal.”
Cooperativa
De forma a melhorar a comercialização, o grupo faz parte da Cooperativa Agroecológica dos Produtores Rurais e de Água Limpa de São Paulo (Cooperapas), com outros agricultores da região. Eles enxergam a união como uma forma de agregar esforços.
Mauri explica que já há outros agricultores interessados na certificação. “O grupo está para aumentar, tem um curso que está acontecendo (…) Vamos selecionar alguns que querem se juntar com a gente e trazer para o nosso meio”, explica. “A gente aposta muito na cooperativa. Há um projeto de a cooperativa ajudar a gente com transporte, com motorista na feira, estamos colocando toda a nossa ficha na feira”, complementa.
Para o produtor, a luta está apenas no começo, mas deve gerar resultados no futuro. “Somos sete agricultores em uma luta grande, valente. A gente correu muito para inaugurar a feira, largar aqui [a produção convencional] para aprender a fazer orgânicos. Dedicar tempo, gasolina, esforço, para isso estar acontecendo hoje (…). Eu não dou mais um ou dois anos para esses convencionais se converterem a orgânicos. Uma que o consumidor não quer mais [ingerir agrotóxicos] (…). A agricultura tem que ser revista hoje, é muito sério”, opina Mauri.
Feiras orgânicas e de agricultura limpa na capital paulista:
Ibirapuera
Sábado, das 7h às 13h Modelódromo do Ibirapuera, na Rua Curitiba, 292, Vila Mariana
Parque Burle Marx
Sábados, das 7h às 13h Acesso do estacionamento pela Marginal Pinheiros (sentido Interlagos) com a Avenida Dona Helena Pereira de Morais, Panamby, Morumbi
Parque do Carmo
Sábados, das 7h às 13h. Av. Afonso de Sampaio e Souza, 951, Itaquera
Feira da Associação Biodinâmica
Quintas-feiras, das 7h às 13h Alto da Boa Vista, na Rua São Benedito, entre Rua Américo Brasiliense e a Rua Alexandre Dumas
Feira da Associação de Agricultura Orgânica (AAO)
Toda terça-feira, sábado e domingo, das 7h às 12h Parque da Água Branca, na Avenida Francisco Matarazzo, 455, Barra Funda
http://www.gvces.com.br/index.php?r=noticias%2Fview&id=256904
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Acordo de cooperação promove produção de plantas medicinais e fitoterápicos
28/01/2013
Foto: Eduardo Aigner/Ascom-MDA
A cadeia produtiva de plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos vai receber um grande estímulo em 2013 com o acordo de cooperação firmado entre o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Itaipu Binacional. A articulação entre as três instituições visa promover ações para implementar o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Juntos, os parceiros vão contribuir para desenvolver os arranjos produtivos locais, envolvendo a agricultura familiar, além de povos e de comunidades tradicionais.
"É um acordo importante para a agricultura familiar. A iniciativa permitirá um apoio técnico imprescindível de uma instituição do governo tem know how nas áreas de processamento, beneficiamento e distribuição de medicamentos que é a Fiocruz. Ela vai nos ajudar a abrir um novo mercado para a agricultura familiar, o mercado de plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos", afirma o diretor do Departamento de Geração de Renda e Agregação de Valor da Secretaria da Agricultura Familiar do MDA, Arnoldo de Campos.
O diretor do MDA ressalta também a experiência da Itaipu Binacional, que já participa da gestão de projeto no mercado de plantas medicinais. "Os municípios que estão na área de atuação da Itaipu se dispõem a comprar plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos e isso nos permite construir uma importante referência para que isso aconteça em outras áreas do País", resume Campos.
O calendário de ações será executado ao longo de três anos (trinta e seis meses), sendo que o acordo pode ser renovado. A parceria vai ampliar a produção, o cultivo, o beneficiamento e a comercialização de plantas medicinais, extratos, tinturas, drogas vegetais, medicamentos e outros insumos relativos. Um dos objetivos é capacitar e qualificar a mão de obra, preferencialmente, situada em áreas de extrema pobreza. O outro é capacitar profissionais de saúde em fitoterapia para o Sistema Único de Saúde (SUS).
O Acordo, de âmbito nacional, foi assinado em 2012 e seu cronograma de ações de 2013 será fechado na primeira semana de fevereiro. O MDA fará o mapeamento das organizações econômicas da Agricultura Familiar e Povos e Comunidades Tradicionais produtores de plantas medicinais e fitoterápicos, visando à comercialização dos produtos, além de apoiar a qualificação do público beneficiário.
Atribuições
A Itaipu Binacional desenvolverá ações educativas e de capacitação relativas ao cultivo, produção, beneficiamento e assistência técnica da cadeia produtiva. A Fiocruz (instituição que trabalha com ensino, pesquisa, desenvolvimento tecnológico e produção) está encarregada de articular instituições de ensino, pesquisa e extensão para desenvolver estudos e inovações para o fortalecimento do uso de plantas medicinais e fitoterápico no SUS, entre outras ações. A Fundação é membro do Comitê Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e, também, promoverá uma rede de tecnologias sociais nesse segmento.
"Nessa parceria com o MDA, estamos conseguindo agregar faces do Programa Nacional de Plantas Medicinais que são de grande importância. Vamos contribuir com toda a cadeia produtiva", diz o vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Valcler Rangel Fernandes.
As faces do Programa citadas por Valcler são: a agregação de valor com capacitação de pessoas, contribuindo para a produção efetiva da agricultura familiar e promoção de pesquisas que possam dar qualidade para o produto fitoterápico; e o desenvolvimento de tecnologias que façam a produção ganhar escala e consiga chegar até a última etapa da cadeia produtiva (uma fábrica de medicamentos, por exemplo).
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A hora e a vez do dendê: fácil de plantar e agradável ao paladar
26/02/2013
Foto: Ascom/MDA
O óleo de palma, mais conhecido como dendê, é a oleaginosa mais produzida e consumida no mundo. O Brasil, contudo, é deficitário na produção e necessita importar o produto, mas o panorama deve mudar nos próximos anos, devido ao potencial nacional para o cultivo e produção do biodisel. “Temos uma expectativa de expansão muito grande. Nós temos uma área de 30 milhões de hectares, no mínimo, pronta para o plantio da palma”, afirma o coordenador de Biodiesel do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), André Machado.
E para promover essa expansão o objetivo é alcançar o máximo de esferas envolvidas na produção, fomento e disseminação de conhecimentos relacionados à cultura da palma de óleo. Com essa finalidade, o MDA e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em conjunto com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), promovem o I Workshop do Programa de Produção Sustentável de Palma de Óleo no Brasil: Agricultura Familiar e Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação. O seminário ocorre entre os dias 26 e 28 de fevereiro, em Belém (PA).
Segundo André, o Brasil precisa dar maior atenção ao plantio do óleo de dendê, de fácil cultivo em terras nacionais. “O pacote de produção do plantio da palma de óleo está consolidado. Existe um manual e qualquer um pode plantar. Além disso, tem uma pesquisa avançada sobre o dendê na Embrapa”, conta o coordenador.
O evento tem como público-alvo: profissionais de instituições públicas, privadas e de federações, técnicos de extensão e assistência rural (Ater), produtores e agricultores de palma de óleo.
Ainda de acordo com André, o Brasil necessita de uma maior produção do óleo. “É o mais usado no mundo. Macarrão, feijão, arroz... Se você olhar nos ingredientes do produto vai estar lá ‘óleo vegetal’. Se não estiver especificado qual óleo foi, com certeza é o de palma”, conclui.
Colaboração
Quem mais produz palma de óleo no Brasil é a agricultura familiar e um dos colaboradores é Pedro Bernardo Júnior, 27 anos. Paraense de Bujaru, Pedro dedica 10 hectares do Sítio Guimarães, de sua propriedade, ao cultivo da oleaginosa. “Nós estamos produzindo uma média mensal de três toneladas. Isso porque a gente só colhe duas vezes por mês. Mas eu já deixei um espaço reservado para poder plantar mais palma de óleo.”
Pedro recebe assistência técnica da Biopalma, empresa da Vale que também compra os frutos. Pedro endossa o coro de André Machado e acredita que a cultura ainda vai ser grande no Brasil. “A tendência é aumentar. Nós estamos em período de entressafra e o período de safra deve chegar nos próximos meses. Aí deve melhorar bastante o quanto vamos produzir. Além disso, os vizinhos aqui também estão começando a plantar”, avalia.
Pronaf Eco e Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel
Os agricultores familiares podem acessar o crédito para a produção de palma para biodiesel e para outras finalidades, como as indústrias alimentícia e cosmética. Para isso, contam com o Pronaf Eco – linha especial do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – que assegura juros de 2% ao ano, pagamento em até 14 anos e carência de seis anos.
"A palma é uma cultura que tem um potencial de produção de óleo enorme, cerca de quatro mil litros por hectare plantado. Portanto, está dentro da pauta do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), que é a diversificação de cultura", ressalta André Machado. "As empresas estão trabalhando de acordo com as regras do Selo Combustível Social. Estão fazendo contrato prévio de compra e venda e garantindo assistência técnica aos agricultores. O diferencial desses contratos é que existe uma linha de crédito de investimento criada pelo MDA que financia a cultura", explica o coordenador.
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