sábado, 21 de março de 2015

7 sites para estudar online

Dica do:
Se você deseja aprimorar sua formação acadêmica e não tem tempo ou dinheiro para investir em educação tradicional, confira sete sugestões de sites que oferecem cursos online em diversas modalidades e áreas de interesse.

O investimento em sua educação pode ser uma das coisas mais recompensadoras para a carreira. Infelizmente, muitas pessoas são impedidas de realizar esse objetivo por problemas financeiros ou falta de tempo para conciliar estudos, trabalho e família. Partindo de obstáculos como esses, mas mantendo em mente que é possível vencê-los com algumas facilidades online, separamos sete sugestões de sites que ajudam você a aprimorar a formação acadêmica. Confira:

1. Coursera

O Coursera já foi recomendado muitas vezes por diversos educadores e também pela Universia Brasil. Sua plataforma agrega cada vez mais opções de curso e universidades parceiras. O melhor de tudo: todos os conteúdos são gratuitos e a maioria pode oferecer certificados de conclusão.

2. Udacity

O Udacity também é online e gratuito. Todos os cursos são feitos em nível universitário, o que representa uma certificação mais especializada para os interessados.

3. Khan Academy

Além de oferecer aulas de conteúdos para estudantes do ensino médio e preparação para testes como o SAT, o Khan Academy lançou um aplicativo gratuito permitindo que os estudantes assistam aos vídeos em aparelhos móveis.

4. Veduca

O Veduca serve como plataforma de apoio e informação. Ele oferece vídeos de diversas universidades e em mais de 20 áreas de conhecimento. Ao todo são mais de 5 mil video-aulas espalhados por 238 cursos.

5. Udemy

O Udemy oferece cursos em inglês pagos e gratuitos em diversas áreas do conhecimento, como ciências da computação e empreendedorismo.

6. The Great Courses

O site The Great Courses oferece cursos em inglês em diferentes faixas de preço e áreas de conhecimento. Você pode estudar história, gastronomia, ciência forense e muito mais.

7. edX

Desenvolvido pela Universidade de Harvard e pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o edXoferece diversos cursos na área de tecnologia.

Aproveite!


Link:

sexta-feira, 20 de março de 2015

Família norte-americana produz 3 toneladas de alimentos orgânicos no próprio quintal

Postado por Redação CicloVivo - Sexta-feira, 20 de Março de 2015 

Fonte: http://goo.gl/PG2hG6 

Você já imaginou poder encontrar todos os alimentos necessários para a sua dieta em seu próprio quintal? Pode parecer algo inalcançável, mas a família Dervaes é uma prova de que isso é possível, mesmo para quem vive em áreas urbanas.

A família norte-americana vive na região de Pasadena, a apenas 15 minutos do centro de Los Angeles, nos EUA. O projeto de ter uma fazenda urbana começou na década de 80, conforme informado por eles no site Homestead Urban. Eles explicam que no início foram considerados loucos pelos próprios vizinhos, mas tudo deu certo.
A propriedade dos Dervaes possui o tamanho médio de casas no subúrbio de cidades norte-americanas. O terreno conta com pouco mais de 1.300 metros quadrados, o suficiente para produzir comida fresca diversa e em grande quantidade durante todo o ano.
O site do projeto explica que em 2010 a colheita chegou a 3.150 quilos, com 400 tipos diferentes de alimentos. Com uma dieta vegetariana, 90% de tudo o que a família come vem de seu próprio quintal. Além do plantio, a fazenda urbana também conta com um espaço para a criação de galinhas e cabras, de onde eles tiram ovos e leite, e um apiário, usado para a produção de mel.
A família explica que o fato de ter segurança alimentar no próprio quintal os encorajou a testar outras opções para serem ainda mais independentes. Por conta disso, a casa deles é equipada com sistemas de energia alternativa e o carro é abastecido com biodiesel caseiro. 
 
Tudo o que é cultivado na Homestead Urban é orgânico e o excedente é comercializado para a própria comunidade local. Os Dervaes, no entanto, garantem que o intuito da iniciativa não é comercial, esta é apenas uma forma de evitar o desperdício e proporcionar alimentos de qualidade a outras pessoas.

Todos os detalhes desta fazenda urbana estão disponíveis no site do projeto. “Esperávamos que, documentando nossas experiências pessoais poderíamos oferecer incentivo para aqueles que lutam para viver um estilo de vida mais autossuficiente e mais simples”, explica a família. Além disso, eles acreditam que por se tratar de um exemplo real e de sucesso, o modelo pode instigar outras pessoas a replicarem em suas casas, mesmo que a área disponível para sua própria fazenda urbana seja pequena.
Link:

Acupuntura na coelhinha Flor de Liz

Diferenciado trabalho realizado no Hospital Veterinário da Uniguaçu com a coelhinha Flor de Liz, sob a responsabilidade da professora de animais silvestres, a Médica Veterinária Larissa Helena Ersching Runcos, e com a participação da acadêmica Shaiane de Oliveira.

O tratamento também ocorre em sinergismo com a reabilitação utilizando acupuntura e fisioterapia veterinária, técnicas aplicadas pela professora Médica Veterinária Claudia R Vieira Rocha e com a colaboração das acadêmicas Bruna Castilho, Caroline Cattani e Lara Spizzirri.

Os cuidados com a colehinha tem como objetivos o retorno fisiológico e o equilíbrio energético perdido pela doença, sendo que o trabalho em equipe só acrescenta no tratamento. 

Insa lança livro sobre cactos do semiárido do Brasil para público infantil

A editora do Instituto Nacional do Semiárido (Insa), Unidade de Pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), acaba de lançar o livro “Cactos do Semiárido do Brasil, ler e colorir”, voltado para o público infantil. Com texto de Arnóbio Cavalcante e ilustrações de Wedscley Melo, a proposta da obra é educar divertindo e conhecer para conservar. 

Ao ter em mãos o livro, as crianças poderão colorir as figuras e ao mesmo tempo obter informações básicas sobre as principais espécies de cactos nativos da região semiárida do Brasil. O livro enquadra-se na categoria da educação contextualizada para o Semiárido, didática na qual os conhecimentos acadêmicos são explicados para os alunos com base na realidade socioambiental onde os estudantes se encontram inseridos. A obra traz 18 desenhos de cactos nativos para colorir, junto a um texto sobre cada planta. Acompanha glossário. 

No livro são apresentadas as seguintes espécies: 1º Cacto-arrojado (Arrojadoa marylanae); 2º Facheiro (Brasilicereus phaeacanthus); 3º Mamoeiro-brabo (Brasiliopuntia brasiliensis); 4º Mandacaru (Cereus jamacaru); 5º Quiabo-do-inferno (Cipocereus minensis); 6º Cacto Aranha (Discocactus horstii); 7º Cacto Orquídea (Epiphyllum phyllanthus); 8º Mandacaru-cabeça-branca (Espostoopsis dybowskii); 9º Facheiro (Facheiroa ulei); 10º Rabo de Raposa (Harrisia adscendens); 11º Coroa de Frade (Melocactus zehntneri); 12º Ora-pro-nobis (Pereskia bahiensis); 13º Xique-xique (Pilosocereus gounellei); 14º Catana (Pseudoacanthocereus brasiliensis); 15º Quiabento (Quiabentia zehntneri); 16º Conambaia (Rhipsalis bacífera); 17º Cacto-garrafa (Stephanocereus luetzelburgii) e 18º Quipá (Tacinga inamoena). 

Cactos

Os cactos são plantas que vivem predominantemente em ambientes secos. Já foram identificadas aproximadamente 1500 espécies. Nativos do continente americano, os cactos se espalharam para diversos outros lugares do mundo com a ajuda do homem. Essas plantas podem ser utilizadas como fonte de alimento para animais domésticos e seres humanos, além de terem propriedades medicinais conhecidas pela cultura de muitos povos. 

Na natureza fornecem frutos, néctar, pólen e água para aves, insetos, mamíferos e répteis, tornando-se a base da cadeia alimentar em seu ecossistema. No mais, são plantas diferentes e por isso apresentam uma beleza única, tornando-as bastante atrativas para ornamentação e paisagismo.O pesquisador Arnóbio Cavalcante explica que “os cactos são espécies de plantas especializadas em resistir à falta de água e que, normalmente, apresentam as seguintes características: ausência de folhas, presença de espinhos e caule suculento. 

No entanto, a principal peça identificadora de um cacto é a presença de auréola”. No Semiárido brasileiro já foram catalogadas cerca de 100 espécies. O pesquisador comenta também que “o livro é um trabalho inédito e um excelente exercício para despertar nas 5 milhões de crianças (até 11 anos) que vivem no Semiárido, a vontade de cuidar da natureza local e de valorizar essas plantas magníficas, símbolos da região semiárida brasileira”. 

Acesse o livro infantil Cactos do Semiárido do Brasil, ler e colorir 

Texto: Rodeildo Clemente (Assessoria de Comunicação do Insa)

Ilustração: Wedscley Melo (Designer do Insa)


Leia mais em: 

quinta-feira, 19 de março de 2015

‘A concentração dos recursos destrói a natureza e coloca vidas humanas em risco’, afirma Vandana Shiva

Para a filósofa, física e ‘ecofeminista’ indiana Vandana Shiva, a concentração de riqueza do 1% da população não é apenas injusta. “É a receita para um genocídio e um ‘ecocídio’ mundial”, disse a ativista antiglobalização em sua visita à Espanha, neste mês de março, por ocasião da primeira edição do Parabere Fórum, em Bilbao. A filósofa voltou a disparar contra os dois inimigos sobre os quais articulou sua luta: o controle dos recursos naturais, por meio de patentes conferidas para grandes multinacionais, e os organismos geneticamente modificados (OGM) destas corporações.

A reportagem é de Laura Olías, publicada por Rebelión, 17-03-2015. A tradução é do Cepat.

Shiva, de 62 anos e natural da região do Himalaia, explica suas palavras ao jornal El Diario: “Disse que os processos de acumulação de riqueza injustos e a concentração do controle sobre os recursos destroem a natureza e também colocam em risco a vida dos seres humanos. A mudança climática, a extinção das espécies, a erosão da biodiversidade e o desaparecimento da água são alguns indicadores deste ‘ecocídio’”.

A veterana ativista, que recebeu o Prêmio Right Liverhood (conhecido como o Nobel Alternativo) em 1993, é uma firme opositora das monoculturas e das sementes tratadas geneticamente em todos os casos.

A biotecnologia aplicada às sementes modifica o material genético das espécies para dotá-las de determinadas características. Algumas das vantagens que seus partidários defendem são a resistência dos materiais elaborados no laboratório a certas pragas, que reduzem o uso de herbicidas, e o aumento de produção dos cultivos. Seus opositores, como Vandana Shiva, negam as virtudes e destacam várias consequências negativas, em longo prazo, que, defendem, já começam a ser percebidas. Entre elas, o surgimento e a expansão de ervas daninhas resistentes a pesticidas que requerem outros produtos químicos para frear o seu avanço.

“Não são certos”, responde Shiva ao jornal El Diario, os possíveis efeitos positivos para o meio ambiente dos OGM, por causa da redução da aplicação de pesticidas. “O uso de produtos químicos aumentou desde que se introduziu a Biotecnologia. Ao invés de controlar as pragas, os OGM deram lugar à emergência de superpragas e super-ervas daninhas”.

Opositores e defensores da biotecnologia apresentam seus argumentos acompanhados de estudos que tentam anular a razão do outro lado. Em um artigo publicado pela revista científica Nature, a respeito do tema, alguns exemplos podem ser encontrados. A pesquisa da PG Economics, uma empresa de consultoria em Dorchester (Reino Unido), indica que a introdução do algodão manipulado salvou o planeta de 15,5 milhões de quilos de herbicidas, de 1996 a 2011, uma redução de 6,1% em relação ao que teria necessitado o algodão convencional. Outro estudo, realizado por David Mortensen – um ecologista da Universidade Estatal da Pensilvânia, na University Park –, afirma o contrário, que o uso total de herbicidas nos Estados Unidos aumentará aproximadamente de 1,5 kg por hectare, em 2013, para mais de 3,5 kg por hectare, em 2025, como um resultado direto dos cultivos geneticamente modificados.

Em relação aos efeitos sociais do uso de transgênicos, Vandana Shiva menciona um de seus argumentos mais polêmicos: os suicídios de agricultores na Índia por causa da irrupção dos cultivos de algodão Bt (geneticamente modificados), que na atualidade ocupam mais de 90% da exploração no país. A ativista indiana repete a denúncia que apresentou em muitas ocasiões, como neste artigo em The Huffinghton Post, de 2009. “A estimativa oficial do governo é que desde 1995, quando foi aberto o mercado de sementes da Índia para as multinacionais, mais de 291.000 agricultores daÍndia cometeram suicídio. Isto não é porque não podiam se dar ao luxo de plantar algodão Bt, mas, sim, porque a Monsanto (multinacional líder no comércio das sementes geneticamente modificadas) estabeleceu um monopólio de sementes de algodão”, explica para este jornal.

Shiva relaciona as causas das mortes com o aumento do preço das sementes manipuladas e com as dívidas contraídas pelos agricultores quando algumas colheitas não foram tão bem como se esperava, “porque as sementes não estavam preparadas para as condições locais.

Neste ponto, as pesquisas do International Food Policy Research Institute, de Washington DC, publicadas no mencionado artigo da revista Nature, são categóricas ao afirmar que a relação causa-efeito não fica demonstrada na comparação das duas variáveis. Enquanto a linha dos cultivos de algodão Bt, que irrompem em 2002, sobe disparadamente, entre 2005 e 2007, a variável dos suicídios se mantém mais ou menos constante no mesmo período. A linha de mortes de agricultores continua uma tendência sem grandes mudanças, ligeiramente em ascensão, desde 1997. Apesar destes e outros estudos críticos, como este artigo da revista científica Discover, a ativista insiste nas pressões da multinacional Monsanto sobre os agricultores locais e suas trágicas consequências.

As vozes mais críticas à fervorosa oposição de Shiva apontam que os oponentes dos OGM se baseiam em uma oposição ideológica, relutantes de que a ciência avance no terreno da genética, sem terem como sustentáculos dados que apoiem suas teorias sobre a contaminação e o prejuízo destes produtos.

No entanto, na Europa, onde a extensão dos transgênicos é muito menos estendida, alguns países reproduzem os mesmos argumentos. O Ministério da Agricultura francês se explicou da seguinte forma, no último mês de março: “Segundo dados científicos confiáveis e as muito recentes pesquisas internacionais, o cultivo de sementes de milhoMON 810 (tratadas geneticamente) representaria graves riscos para o meio ambiente, assim como o perigo da propagação de organismos daninhos convertidos em resistentes”.

O capital, dono do comum

O nome da multinacional Monsanto está sempre presente nas críticas de Shiva. Também nas de agricultores da América Latina que se organizam contra o poder da corporação em seus países, que faz uso de projetos de lei que favorecem sua produção frente à atividade de agricultores tradicionais.

Os argumentos da ciência a serviço do bem comum, que acompanham as virtudes dos OGM, não convencem Vandana Shiva. “Quando levamos em consideração o número de patentes destas iniciativas (das multinacionais), fica muito claro que os únicos beneficiários são as grandes empresas que operam com a finalidade de lucro, não as pessoas”.

A organização Navdanya, liderada pela ativista na Índia, “criou bancos comunitários de sementes para que os agricultores possam ter sementes próprias resistentes às pragas e que não necessitam de irrigação. Formamos os agricultores em técnicas de agricultura livres de organismos químicos. Ajudamos para que vendam suas unidades de algodão orgânico local khadi e a criar Fibras de Liberdade”, conta a ativista.

Conceitos como a autonomia alimentar ganham força em oposição a práticas nas quais os agricultores já não podem reproduzir sementes, nem cruzá-las de maneira natural por causa de uma patente. As empresas, por sua parte, vigiam para que os agricultores não roubem “seus códigos”, sem os quais não podem competir sem acesso à alta tecnologia.

A física indiana aproveitou o Parabere Fórum, um encontro internacional centrado no papel da mulher em todas as fases do processo alimentar e gastronômico, para reivindicar o papel da mulher na economia mundial. Também estimulou para que se transcenda a visão economicista do mundo, sustentada no conceito de “ganhar dinheiro”, para avançar rumo ao modelo social e econômico “mais criativo” e respeitoso com a natureza.

“A natureza não é baseada apenas na produção”, expôs, antes de manifestar que para construir uma sociedade “mais saudável e humanitária” é preciso superar os “paradigmas patriarcais”.

(EcoDebate, 19/03/2015) publicado pela IHU On-line, parceira editorial do EcoDebate na socialização da informação.

[IHU On-line é publicada pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS.]

O perigo do sal: ‘A maioria de nós nem sequer sabe o quanto de sódio consome’

OPAS/OMS convoca a indústria produtora de alimentos a reduzir o sal em seus produtos, especialmente entre os produtos consumidos por crianças, bem como pôr fim à publicidade infantil de produtos com sódio em excesso. “O sabor salgado é uma preferência adquirida”, destaca especialista, lembrando a responsabilidade de pais e demais responsáveis.
Adultos que consomem diariamente mais de 5 gramas de sal por dia estão em maior risco desenvolver pressão alta, o principal fator de risco para doenças cardiovasculares e insuficiência renal. Foto: saltwise.co.nz

A Organização Pan-Americana da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) estão convocando a indústria produtora de alimentos a reduzir o sal em seus produtos, especialmente entre os produtos consumidos por crianças. Além disso, a OPAS/OMS também pede o fim da publicidade voltadas para o público infantil de produtos com elevadas quantidades de sódio.

Durante a Semana Mundial pela Conscientização do Sódio, celebrada entre 16 e 22 março, a OPAS/OMS também está convocando as famílias para “fugir do sódio escondido”, escolhendo mais refeições preparadas em casa e com ingredientes frescos.

“A maioria de nós nem sequer sabe o quanto de sódio consome, isto porque a maior parte do sódio que consumimos está escondido em alimentos processados, prontos para consumo. Para mudar este cenário, parte da solução deve partir da indústria produtora de alimentos, que deve reduzir o sódio nos seus produtos”, disse Branka Legetic, consultora da OPAS/OMS para Doenças Crônicas Não Transmissíveis. “Por outro lado, as pessoas devem usar menos sal no preparo de suas refeições, além de garantir que as crianças comam mais alimentos frescos e preparados em casa”, acrescentou.

As crianças são especialmente vulneráveis à publicidade e ao marketing de alimentos e, ao mesmo tempo, estão desenvolvendo seus hábitos alimentares. Os hábitos alimentares praticados na infância terão um forte impacto sobre o padrão de consumo alimentar quando adultos. O alto consumo de sal, mesmo durante a infância, tem um efeito sobre a pressão arterial e pode predispor as crianças a doenças como a hipertensão, osteoporose, asma e outras doenças respiratórias, obesidade e câncer de estômago.

O fato de que crianças e adolescentes estão em estágio de desenvolvimento é uma ótima oportunidade, e este desenvolvimento se reflete também no seu paladar . “O sabor salgado é uma preferência adquirida, por isso é possível que os pais e cuidadores tomem medidas que evitem que as crianças tenham preferências por alimentos excessivamente salgados desde a primeira infância”, destacou Legetic. “Outra estratégia é envolver as crianças e adolescentes na preparação das refeições em casa, para que eles possam estabelecer bons hábitos alimentares para toda a vida.”

Consumo de sal nas Américas

Adultos que consomem diariamente mais de 2 mil miligramas de sódio – equivalente a 5 gramas de sal por dia – estão em maior risco desenvolver pressão alta, o principal fator de risco para as doenças cardiovasculares, bem como insuficiência renal. As diretrizes oficiais da OMS recomendam que estes limites sejam ajustados para baixo quando consideramos o consumo de crianças e adolescentes, que geralmente consomem menos calorias diárias do que os adultos.

Na região das Américas, a ingestão média diária de sal é maior do que 5 gramas, variando entre 8,5 e 9 gramas no Canadá, Chile e Estados Unidos para 11 gramas no Brasil e 12 gramas na Argentina.

Desde 2009, a OPAS/OMS tem liderado os esforços regionais, por meio da ação conjunta entre os governos, especialistas em saúde, representantes da indústria e organizações não governamentais, para reduzir a ingestão de sal nas Américas.

Em 2013, a OPAS/OMS, no âmbito do consórcio para a redução do consumo de sal (Salt Smart Consortium), desenvolveu um plano de ação que conclama a indústria de alimentos processados a reduzir voluntariamente os níveis de sal em seus produtos, propondo metas específicas para a redução de sal em alguns grupos de alimentos (pães, biscoitos e bolos, carnes processadas, maionese e sopas).

O plano também prevê campanhas de sensibilização para ajudar os consumidores a entender as informações apresentadas nos rótulos dos alimentos além da conscientização do por que é importante consumir menos sódio.

Fonte: ONU Brasil

Publicado no Portal EcoDebate, 19/03/2015

quarta-feira, 18 de março de 2015

Universidade de Vigo: Descobren que beber licor de herbas é bo para a saúde

A investigadora Raquel Rodríguez coa súa tese e as herbas empregadas para o licor.

17/03/2015 

Unha tese doutoral de Ourense revela que beber un chupo é saudable, aínda que alerta sobre o uso do fiúncho na elaboración

Autor: DUVI
Un chupo de augardente de herbas é saudable.

Son moitas as comidas copiosas que acaban cun chopo dalgún licor de herbas, confiando nunha capacidade dixestiva outorgada normalmente por tradición. Sen embargo, unha investigación da Universidade de Vigo en colaboración co Consello Regulador de Augardentes e Licores de Galicia acaba de demostrar “que o seu consumo moderado pode achegar características beneficiosas para a saúde a través das materias primas das que parte”. Así o asegura Raquel Rodríguez, que na súa tese de doutoramento abordou por primeira vez o proceso de elaboración de bebidas derivadas da augardente dende os seus ingredientes ata o produto final para atopar a combinación de herbas máis axeitada a cada receita.

Grazas a esta investigación, as empresas dedicadas ao eido das augardentes e licores poden facerse unha idea de que características achegar á bebida final que se pretende elaborar “reducindo custes e tempo”. Por iso, a tese inclúe unha serie de fichas coas propiedades sensoriais e medicinais de cada unha das plantas do estudo que poden ser moi útiles para saber quecompostos vexetais empregar en función do que se queira achegar ao produto comercial, que especie de carballo ou que grao de tostado sería máis axeitado en función das características que “lle queiramos dar á bebida final sabendo as propiedades de partida da nosa augardente”.

Este estudo, levado a cabo ao abeiro do grupo de Biotecnoloxía Alimentaria do campus de Ourense, serve para coñecer o que cada unha das plantas utilizadas achega aos licores xa que, aínda que a maioría van acompañadas de propiedades aromáticas e medicinais con efectos positivos como antioxidantes, algunhas levan compostos “pouco beneficiosos para a saúde humana en elevadas concentracións”. É o caso do aceite esencial ou do extracto de folla de eucalipto, que debido ao seu composto químico máis abundante, o eucaliptol, non se debe superar un límite de inxestión diaria, ou de fiúncho, que presentou como principal quimiotipo o estragol, un composto considerado como canceríxeno.

Un total de 12 plantas están permitidas para a elaboración destes licores

Nos laboratorios do Centro de Investigación, Transferencia e Innovación (CITI) ourensán, esta química partiu da análise das plantas aromáticas coas que se fabrican os diferentes licores de herbas e augardentes, estudando a composición volátil e fenólica do aceite esencial ou do extracto empregado por medio de diferentes técnicas tradicionais e actuais. O estudo céntrase nas 12 plantas permitidas ata 2012 na elaboración destas bebidas, ano no que se autorizou o uso de calquera especie complementaria, e sabendo que é obrigatorio o uso de polo menos tres plantas para obter o selo do Consello Regulador.

Rodríguez caracterizou os aceites esenciais e os extractos destas plantas mediante técnicas cromatográficas e espectroscópicas. Desta análise concluíuse que “distintas familias de plantas achegan diferentes características á augardente e ao licor final e que, aínda que dentro da mesma familia a achega de compostos é parecido, a súa proporción cambia segundo sexa o seu quimiotipo principal”, dando pé a distintas propiedades. “Se queremos obter un licor con diferentes características teremos que utilizar compostos vexetais de distintas familias, pero se buscamos un licor con características similares escolleremos plantas da mesma rama”, asegura.

A concentración da planta e o grao de etanol é a clave do licor final

Dentro da tese de doutoramento, dirixida por Sandra Cortés e José Manuel Domínguez, a investigadora quixo tamén analizar o proceso de elaboración dos licores e augardentes, avaliando a influencia de parámetros como a concentración do composto vexetal na bebida, a porcentaxe de etanol e mesmo o tempo de maduración. Para a maceración, Rodríguez escolleu as flores da manzanilla, as folla do eucalipto, as semente de coandro e raíz de regalicia para analizar o contido fenólico total, parámetros de cor e quimiotipo. Os resultados demostraron que os parámetros que máis influían de forma xeral eran “en primeiro lugar a concentración da planta seguido daporcentaxe de etanol no augardente empregado, mentres que o tempo de maceración foi unha variable sen apenas influencia”.
O licor de herbas ten consideración protexida.

Rodríguez levou a cabo o mesmo proceso co envellecemento acelerado da augardente, empregando labras de madeira, que actualmente non están permitidas para este proceso pero que “poden ser de utilidade para avaliar que especia de barrica ou que tostado é o máis axeitado en función das características que se busquen”. E fíxoo con dúas especies decarballo (o Quercus petraea e o Quercus alba) e con distintos graos de tostado (fresco, lixeiro, medio e alto). Os resultados reflicten que, para obter maiores achegas de whiskey lactona e de vainilla como compostos con importancia sensorial procedente da madeira en contacto, de fenoles e de parámetros de cor hai que aumentar a concentración da planta empregada e apostar “por labras da especie petrae e o tostado medio”.

A investigación rematou co estudo do produto final a través da análise de licores e augardentes comerciais e envellecidos en barricas de Quercus alba, Quercus petraea e Quercus robur das rexións de Limousin e Galicia e a mestura de ambas. Como resultado obtívose a potencialidade do carballo galego debido ao maior extracto de compostos fenólicos con características antioxidantes, ademais de recibir a maior puntuación por parte do panel oficial de Oruxo de Galicia na cata levada a cabo en todas as mostras. Ademais, as mostras analizadas presentaban valores dentro intervalo legal marcado polo Consello Regulador de Augardentes e Licores de Galicia,o que corrobora “unha boa elaboración destas bebidas durante todo o proceso”.

Link:

Como se prevenir do Rotavírus


Água de Beber e Água de Limpar

Poisonous Symbiosis: Scientists discover mechanics of poison production in Crotalaria

Date: March 18, 2015

Source: Christian-Albrechts-Universitaet zu Kiel

Summary:
"Many plants require nitrogenous soil to grow. However, these soils are not available in all regions. Some species therefore form a symbiosis with soil bacteria, allowing them to bind nitrogen from the air", explains a researcher. In return, the bacteria get nutrients from the plants. This symbiosis allows plants, such as peas or clover, to grow on nitrogen-poor soils – and in agriculture it replaces artificial fertilizers. The nitrogen is bound in what are known as 'root nodules', symbiosis structures, similar to organs, formed jointly on the root by bacteria and plant alike.
The Crotalaria, a member of the genus Faboideae, primarily occurs in tropical and subtropical regions.
Credit: Dietrich Ober

A working group at Kiel University (CAU) centred around Professor Dietrich Ober has discovered that symbioses between plants and bacteria are not only responsible for binding nutrients, as previously assumed, but can also be responsible for the production of plant poisons. The results were published in the journal Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

"Many plants require nitrogenous soil to grow. However, these soils are not available in all regions. Some species therefore form a symbiosis with soil bacteria, allowing them to bind nitrogen from the air," explains Professor Dietrich Ober from the CAU's Botanical Institute. In return, the bacteria get nutrients from the plants. This symbiosis allows plants, such as peas or clover, to grow on nitrogen-poor soils -- and in agriculture it replaces artificial fertilisers. The nitrogen is bound in what are known as 'root nodules', symbiosis structures, similar to organs, formed jointly on the root by bacteria and plant alike.

"Our working group studies the evolution of pyrrolizidine alkaloids. These are poisons, produced by some plants as protection against herbivores," says Ober. One example for such a plant occurring here in Germany is the infamous ragwort (Senecio jacobaea), which appears in the media again and again, because it leads to foodstuff contamination in teas and salads. However, the working group's research interest lies in different regions: "We are particularly interested in the tropical and subtropical plant genus Crotalaria, at home primarily in Africa," says Ober's associate Dr Elisabeth Kaltenegger. And: "This genus, comprising over 600 different species, not only produces the poisonous alkaloids, but also lives in symbioses with bacteria to bind nitrogen."

However, the Kiel researchers noticed that Crotalaria grown in their greenhouses is free of alkaloids -- and also free of the typical root nodules, which indicate the symbioses with bacteria. In numerous tests to induce alkaloid production in the greenhouse plants, for example by adding artificial nitrogen, it became clear that the plants were missing the symbioses with the correct bacteria for producing the poisons. During the further course of the study the researchers 'infected' the plants with the same rhizobia that occur in the Crotalaria's area of spread. Ober: "A comparison of infected and non-infected samples revealed that only the infected plants produced the defensive substances." At the end of the study the results show that the plants produce the poison themselves, but they only do this in the root nodules populated by the bacteria.

Ober: "Just last month the rhizobia were awarded "Microbe of the Year 2015" because of their growth-promoting properties by the Association for General and Applied Microbiology (VAAM). It now emerges that the influence of the bacterium on the plant's survival capabilities is even greater than was previously assumed."

Story Source:

The above story is based on materials provided by Christian-Albrechts-Universitaet zu Kiel. Note: Materials may be edited for content and length.

Journal Reference:
Simon Irmer, Nora Podzun, Dorothee Langel, Franziska Heidemann, Elisabeth Kaltenegger, Brigitte Schemmerling, Christoph-Martin Geilfus, Christian Zörb, Dietrich Ober. New aspect of plant–rhizobia interaction: Alkaloid biosynthesis in Crotalaria depends on nodulation. Proceedings of the National Academy of Sciences, 2015; 201423457 DOI: 10.1073/pnas.1423457112

Cite This Page:

Christian-Albrechts-Universitaet zu Kiel. "Poisonous Symbiosis: Scientists discover mechanics of poison production in Crotalaria." ScienceDaily. ScienceDaily, 18 March 2015. <www.sciencedaily.com/releases/2015/03/150318074350.htm>.

O dendê em sistemas agroflorestais enriquece o solo e armazena mais carbono

Inserida em sistemas agroflorestais a palmácea imobiliza carbono e melhora a fertilidade do solo.
Sistemas agroflorestais (SAFs) integrados com dendezeiros possuem alta capacidade de armazenar carbono e aumentar a quantidade de nutrientes no solo. Esses foram os primeiros resultados de um estudo conduzido pela Embrapa, em parceria com universidades e iniciativa privada, publicado na Revista Agroforestry Systems.

A pesquisa, realizada no município de Tomé-Açu, nordeste paraense, avalia o impacto de sistemas agroflorestais com o dendezeiro (palma de óleo) sobre o ciclo de carbono e nutrientes no solo. E o alto grau de acúmulo de carbono sugere que o sistemadendezeiro é eficiente para armazenar no solo o carbono que vem da biomassa triturada no preparo de área e da adubação orgânica.

Um dos principais resultados do trabalho é que a mudança de uso da terra resultou em um aumento no estoque de carbono no solo. “Geralmente quando você cultiva uma área que já foi de floresta, há uma perda de carbono no solo, mas neste caso, ele aumentou”, explica o pesquisador Steel Vasconcelos, da Embrapa Amazônia Oriental e um dos coordenadores do trabalho.

Em praticamente todas as análises, os solos com SAF e dendê – chamado de “dendê biodiverso” – apresentaram mais carbono que os solos com SAF tradicional (sem dendezeiro) e floresta secundária. O SAF mais diversificado com dendê acumulou 28% a mais carbono no solo que o SAF tradicional e 23% a mais que a floresta secundária. E o SAF menos diversificado, mas também com dendê, acumulou 34% a mais que o SAF tradicional e 29% a mais que a floresta secundária.

O pesquisador conta que foram avaliados estoques de carbono e nutrientes do soloem SAFs com plantios jovens de dendê, de cerca de dois anos e meio com preparo de área sem a utilização do fogo, baseado em técnica de corte e trituração da floresta secundária, com deposição do material triturado sobre o solo. Esses sistemas foramcomparados a uma área remanescente da floresta secundária de dez anos e a um SAFs tradicional de nove anos de idade.

No geral, os resultados são otimistas para o “dendê biodiverso”, segundo o pequisador. Os SAFs com dendê mostraram níveis mais elevados de pH do solo e de nutrientes, como fósforo, potássio, cálcio e magnésio. Assim como concentrações menores de alumínio no solo em relação à área de regeneração florestal, por exemplo.

O próximo passo do trabalho é verificar a permanência dessa substância no solo – carbono – com o passar dos anos e o amadurecimento do sistema. Sabe-se que a dinâmica de entrada e saída de carbono e nutrientes no solo muda com o tempo de vida dos plantios. No futuro, o benefício ao planeta pode resultar em renda extra ao inserir o dendê integrado a SAFs no mercado de créditos de carbono, por exemplo.

Expansão – Embora o Brasil ocupe apenas o nono lugar na produção mundial de óleo de dendê e palmiste, é um dos países com o maior potencial para expandir a área agrícola dessa cultura, pois possui solo e condições climáticas locais adequadas. O cultivo do dendezeiro encontra-se em plena expansão na Amazônia, especialmente no estado do Pará, que é responsável por 90% da produção nacional dessa oleaginosa.

De acordo com levantamento da Embrapa, dos 60 mil hectares plantados no Pará em 2008, a área da dendeicultura saltou para 162 mil hectares, em 2014, com destaque aos municípios de Tomé-Açu, Moju, Acará, Tailândia e Concórdia do Pará, no nordeste paraense.

Para a pesquisa, a combinação da dendeicultura aos Sistemas Agroflorestais tem potencial sustentável de expansão da atividade na região. “Os SAFs, além de apropriados às características da agricultura familiar na Amazônia, são alternativa sustentável à predominância do modelo da monocultura do dendê”, ressalta o pesquisador Osvaldo Kato, da Embrapa Amazônia Oriental.

Por Ana Laura Lima (MTB 1268, PA), Embrapa Amazônia Oriental.

Publicado no Portal EcoDebate, 18/03/2015

Deserto verde e Defaunação, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

“A floresta precede os povos

E o deserto os segue”
(Chateaubriand)
[EcoDebate] O Brasil já destruiu 93% da Mata Atlântica, mais de 50% do Cerrado e mais de 20% da Amazônia. A degradação não poupou outros biomas, tais como a Mata de Cocais, os Mangues, a Caatinga, a Mata de Araucária, os Pampas e o Pantanal. Assim, o Brasil que não pensa em restaurar a sua rica biodiversidade original, tem muita terra, roubada das florestas, à disposição da agricultura, do reflorestamento e da pecuária.

Ao invés do replantio de espécies nativas, a “indústria” do reflorestamento buscou espécies florestais exóticas, como o Pinus e o Eucalyptus, que se adaptaram bem no Brasil, possibilitando produtividade, no mínimo, dez vezes maior que as de muitos países de clima temperado. O rápido crescimento das plantações de Pinus e Eucalipto ocorre devido às condições favoráveis de clima, solo, extensão territorial, mão de obra, infraestrutura e capacidade gerencial produtiva das empresas que focam o lucro e não a recuperação dos ecossistemas.

As monoculturas voltadas para o lucro não contribuem para a recuperação da biodiversidade. A expressão “deserto verde” surgiu para denominar as plantações de só um tipo de árvores, como nas grandes extensões de terra destinadas para a produção de celulose, madeira ou carvão vegetal. As consequências deste tipo de plantação para o meio ambiente são: desertificação, erosão e redução de biodiversidade.

Deserto verde, por exemplo, é quando uma floresta tem cheiro de sauna e nenhuma fauna. Em geral, as grandes plantações de Pinus e Eucalipto envenenam o solo, eliminam a biodiversidade animal, a flora do local, secam as nascentes, sugam o lençol freático e reforçam a concentração fundiária.

A desastrosa combinação entre eucalipto, monocultura e agrotóxicos afeta também a saúde das pessoas que produzem alimentos em regiões próximas, pois suas terras são invadidas por animais silvestres, sem alternativa, na busca de alimentos. Os animais selvagens são vítimas da falta do habitat, da falta de corredores ecológicos e da falta de compaixão dos produtores que não admitem a “invasão” de suas terras privadas e a perda de alguns de seus animais domesticados.

Para a produção de Etanol e biocombustíveis, avança a monocultura de cana-de-açúcar, que expulsa animais, destrói ambientais e literalmente calcina os que não conseguem escapar das línguas de fogo em locais onde o corte da produção ainda é feito com fogo, como nos primeiros tempos da escravidão.

A maior parte dos ecossistemas brasileiros foi destruída e não existem corredores verdes para unir o pouco que restou dos diversos biomas. A fauna também foi destruída ou ficou ilhada em pequenas porções. A perda da fauna é definida como “defaunação”, o que está levando a uma extinção em massa de animais de pequeno, médio e todos os portes.

Este processo é global como fica claro nos estudos publicados em julho de 2014 na Revista Science que mostram taxas alarmantes de ecocídio. Segundo a Revista, o ser humano está provocando, em um curto espaço de tempo, a sexta extinção em massa no planeta. Isto acontece em função dos impactos da perda de vida devido ao empobrecimento da cobertura vegetal, à falta de polinizadores, ao aumento de doenças, à erosão do solo, aos impactos na qualidade da água, etc. Ou seja, os efeitos são sistêmicos e um dos artigos da revista Science chama este processo de “Defaunação no Antropoceno”, que ocorre devido ao aprofundamento da discriminação contra as espécies não humanas.

O crime do especismo está longe de ser objeto de uma discussão mais profunda, como já ocorreu com o racismo, o sexismo, o classismo, o homofobismo, escravismo, etc. Recentemente foi criado um site para incentivar a mobilização contra a discriminação das espécies, definindo o dia 22 de agosto de 2015, como o “Dia mundial contra o Especismo”.

O deserto verde e a defaunação afetam a vida humana e não-humana. Por exemplo, insetos, incluindo as abelhas, que polinizaram 75% da produção agrícola mundial, sofrem ameaça em escala global, com o uso generalizado de agrotóxicos. Da mesma forma, estão ameaçados morcegos e aves que controlam pragas agrícolas que, de outra forma, seriam devastadoras.

O declínio da população de anfíbios – como sapos e pererecas – aumenta a concentração de algas e outros detritos, o que compromete a qualidade dos recursos hídricos. Animais vertebrados e invertebrados desempenham papel estratégico na decomposição orgânica e ciclagem de nutrientes no ambiente. Desta forma, a defaunação afeta a saúde humana de diferentes maneiras, desde a desnutrição ao controle de doenças.

Em dezembro de 2014, o Ministério do Meio Ambiente apresentou estudo que mostra que o número de animais ameaçados de extinção no Brasil aumentou 75% entre 2003 e 2014. A nova lista nacional de espécies ameaçadas tem 395 novas espécies, a maior parte de invertebrados terrestres. Além disto existem inúmeras espécies ameaçadas que, por serem desconhecidas dos registros humanos, simplesmente não entraram nas listas de extinção.

O crescimento das atividades antrópicas no Brasil tem prejudicado de forma danosa todas as formas de vida ecossistêmicas dos biomas nacionais. Os brasileiros estão reincidindo cotidianamente nos crimes do especismo e do ecocídio. Se a dinâmica demográfica e econômica continuar sufocando a dinâmica biológica e ecológica, o Brasil destruirá a maior área de biocapacidade do Planeta a contribuir de maneira decisiva para o abismo civilizacional e ecológico, gerando um suicídio global.

Campanhas/redes:

Dia mundial contra o Especismo: http://end-of-speciesism.org/

End Ecodide on Earth https://www.endecocide.org/en/

End Ecocide: A Global Citizens’ Initiative to Protect Ecosystems

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

Publicado no Portal EcoDebate, 18/03/2015

"Deserto verde e Defaunação, artigo de José Eustáquio Diniz Alves," in Portal EcoDebate, 18/03/2015, http://www.ecodebate.com.br/2015/03/18/deserto-verde-e-defaunacao-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/.

Conhecimento, Tecnologia e Inovação para o Fortalecimento da Agricultura Familiar

ABC da Agricultura Familiar: como plantar hortaliças


El té mejora los síntomas del tracto urinario inferior

Camellia sinensis. Foto: Armin Kübelbeck (licencia CC)

La prevalencia de síntomas del tracto urinario inferior (STUI) moderados a severos afectan hasta un 50-90% de los hombres en la octava década de la vida. Los síntomas miccionales incluyen dificultades para evacuar la orina, chorro débil, micción prolongada y sensación de vaciamiento incompleto. Los estudios epidemiológicos habían evidenciado una relación entre el consumo de té y una menor incidencia de enfermedades asociadas al estrés oxidativo y/o inflamación crónica, como la obesidad, de diabetes mellitus, enfermedades cardiovasculares y afecciones urológicas como BPH y cáncer de próstata, sin embargo no existían hasta el momento estudios que evaluaran la administración combinada de extractos de té verde y té negro sobre los STUI. El objetivo de este estudio fue examinar los efectos de una mezcla de extractos de té verde y negro (AMH) en hombres con síntomas del tracto urinario inferior. Se observó una notable reducción en la escala de síntomas de la Asociación Urológica Americana, con una disminución del volumen de orina residual, así como efectos positivos respecto a la potencia y deseo sexual.


Link:

Novos sensores evitam desperdício de água na agricultura e jardinagem

10/03/15

Foto: Joana Silva
A Embrapa desenvolveu dois tipos de sensores para determinar a umidade do solo no campo e em jardins e, assim, evitar irrigação desnecessária, excesso e falta de água. São sensores que podem ser produzidos com diferentes especificações adaptados a diferentes necessidades e custo competitivo no mercado. Desenvolvidos pela Embrapa Instrumentação (SP), eles foram licenciados para comercialização por empresas brasileiras e norte-americanas. 

À frente da equipe responsável pelo desenvolvimento, o pesquisador Adonai Gimenez Calbo diz que os sensores podem até operar sem uso de energia elétrica. Eles ajudarão produtores rurais e donas de casas que cultivam plantas em vasos e em mini-hortas. Os instrumentos servem para qualquer tipo de cultura e podem ser adaptados a todas as regiões do país.

Os sensores contarão com versões para a agricultura e também para jardins e hortas domésticas. Os sensores da Embrapa não sofrem com a salinidade, o que ocorre com a maioria das tecnologias convencionais. Os instrumentos podem ser produzidos com materiais de baixo custo, como vidro e cerâmica. 

Um dos tipos é denominado sensor Diédrico e é formado por duas placas, uma de vidro e outra de cerâmica; ambas de vidro ou ambas de cerâmica. Esse sensor pode ser de leitura visual, pneumática ou elétrica e funciona como um termômetro que, em vez de temperatura, mede a força com que a umidade é retida no solo e nos substratos. 

Sensor Diédrico, duas versões

Calbo explica que o sensor Diédrico é baseado no princípio de retenção de água por capilaridade e mede a tensão da água, ou seja, a força com que está retida no solo. Ele conta que esse sensor, usado no modo visual para medir a tensão da água ou a umidade do solo, apresenta sensibilidade para aferir ampla faixa de tensão de água. "Essa característica é utilizada para indicar o momento correto para irrigar, nos mais diversos tipos de solos e substratos. Com uma irrigação certa, as plantas aproveitam melhor os nutrientes e crescem bem", afirma.

A tecnologia será oferecida em duas versões, sensor fixo e sensor portátil, pela Tecnicer Tecnologia Cerâmica Ltda, empresa licenciada para produção em escala industrial e comercialização.

O sensor fixo, com haste porosa, é para instalação no solo e possibilita leituras entre 10 e 60 cm de profundidade. É indicado para utilização no campo, em casa de vegetação e em jardinagem. Pode ser utilizado por produtores rurais, profissionais do ensino, da pesquisa e público em geral.

A versão portátil, de base cerâmica e sem haste porosa, é destinada para leituras na superfície do solo e pode ser usada em casa de vegetação e em jardinagem. O instrumento é pequeno; cabe na palma da mão e ainda possibilita a medição em menos de um minuto e não usa bateria. É adequado para utilização em campo, casa de vegetação e em jardinagem e, além de ser destinado ao mesmo público do sensor fixo, pode ser usado em ambiente doméstico.

De acordo com Calbo, comparado a outros tensiômetros e sensores de umidade convencionais, o sensor Diédrico se distingue pela simplicidade e por não sofrer interferências de fatores como temperatura, salinidade, densidade do solo, do teor de substâncias ferromagnéticas.

Sensor IG, para agricultura e jardinagem

O outro tipo de instrumento, batizado de sensor IG, foi desenvolvido em três versões. Em miniatura, funciona em conjunto com um irrigador comercial, que a empresa Acqua Vitta Floral está adaptando para possibilitar rega automática. O sensor em solo seco se torna permeável ao ar e libera automaticamente o gotejamento, a partir de um reservatório hermético – que pode ser uma garrafa rígida de plástico transparente. É mais indicado para uso em vasos e mini-hortas. O sensor IG é instalado entre as raízes das plantas.

O sensor IG utilizado no regador doméstico automático é formado por um bloco de cerâmica poroso contendo, em seu interior, partículas de dimensões adequadas, que podem ser esferas de vidro, por exemplo. O diâmetro das esferas de vidro determina a faixa de umidade do solo medida em uma escala de tensão ou força com que a água está retida. "Quando o solo está seco, o ar atravessa o sensor e isto pode ser utilizado para acionar a irrigação. Caso o solo esteja úmido, a água retida entre as esferas interrompe a passagem do ar e, consequentemente, a irrigação", explica o pesquisador.

Os sensores IG de uso agrícola para leitura em apenas uma profundidade serão fabricados com comprimento de dez centímetros e com especificações técnicas diferenciadas para o manejo de irrigação de frutas, hortaliças, entre outras aplicações agrícolas.

A terceira versão é o IG Dual para leitura em duas profundidades. O aparelho pode, por exemplo, ter 15 ou 30 cm de comprimento e é destinado para instalação vertical nas profundidades de 30 e 60 cm. As duas versões, para uma e duas profundidades, seguem o mesmo modo de funcionamento do IG para irrigação doméstica, mas são destinados ao uso agrícola.

Calbo esclarece que o sensor IG pode ser usado no modo elétrico ou óptico. "Neste caso, o instrumento mede a reflexão da luz sobre a água contida sobre e entre as esferas de vidro. A água funciona como um filme de borracha que, conforme o solo seca se molda aos contornos das esferas de vidro, o que causa mudanças na reflexão da luz", diz.
O diretor da Tecnicer, Luis Fernando Porto, acredita que o sensor IG e o sensor Diédrico chegarão ao mercado a preços acessíveis que variam entre R$10,00 e R$150,00. A empresa, que conquistou um prêmio do governo federal em 2014 entre as 20 mais inovadoras do país, está trabalhando para aperfeiçoar os sensores e disponibilizá-los até o final do primeiro semestre deste ano.

Para ajudar os consumidores a aumentar o controle do uso da água na irrigação de lavouras e jardins, a Embrapa licenciou outras duas empresas para a produção do Sensor IG em escala comercial, a R4S e a Hidrosense. "Com quatro empresas licenciadas para o sensor IG no Brasil e uma nos Estados Unidos, esperamos que o esforço da Embrapa e seus parceiros chegue, efetivamente, aos usuários que necessitam de tecnologia, num momento em que a discussão sobre o uso da água é tão premente", avalia o chefe-adjunto de Pesquisa & Desenvolvimento da Embrapa Instrumentação, João de Mendonça Naime.

Sem desperdício

As tecnologias poderão ajudar produtores rurais como Josué Luiz Pereira, que utiliza de 400 a 500 mil litros de água diariamente para produzir 960 caixas/dia de hortaliças, sem saber, no entanto, se as plantas estão recebendo uma irrigação adequada ou não.

É muito provável que para cultivar brócolis, alface, couve, rúcula, salsinha e cebolinha em seus cinco hectares, no sítio Rancho Primavera, na periferia de São Carlos, Josué esteja usando água em excesso, duas a três vezes além do necessário, como avalia Calbo.

"Geralmente é isso que ocorre, quando não se usa nenhum método ou tecnologia - irrigar em excesso até a superfície do solo ficar encharcada para se ter certeza que não falta água para a planta", explica o pesquisador da Embrapa.

A falta ou excesso de água no solo pode trazer implicações graves ao produtor. Calbo lembra que água demais pode levar à falta de oxigênio na raiz da planta e ainda causar doenças. Com irrigação insuficiente, a água pode ficar retida fortemente no solo e inibir o crescimento e reduzir a produtividade. 

"Os aparelhos poderão ajudar na economia de água e tempo, além de influenciar na forma de manejo da irrigação das hortaliças", explica o produtor Josué Luiz Pereira, ao tomar conhecimento da tecnologia.

Interesse internacional

Os sensores de Diedro e IG também foram considerados valiosos por uma empresa internacional. A Irrometer Company Inc, com sede na Califórnia, nos Estados Unidos, assinou contrato com a Embrapa para produção das duas tecnologias.

"Espera-se assim, que em breve, as empresas licenciadas desenvolvam e disponibilizem comercialmente os sensores Diédrico e IG", diz o cientista Carlos Manoel Vaz, que atua na versão óptica do sensor IG. Ele apresentou os aparelhos nas reuniões anuais das Sociedades Americanas de Ciência do Solo, de Agronomia e das Culturas em Cincinnati e Long Beach, nos EUA, em 2014 e 2015, respectivamente, com excelente repercussão e interesse da comunidade científica e de empresas. 

Em tempos de escassez dos recursos hídricos, a tecnologia vem como uma importante aliada na hora de economizar água para irrigar, seja no campo ou na cidade. 

Joana Silva (MTb 19554/SP) 
Embrapa Instrumentação 
instrumentacao.imprensa@embrapa.br 
Telefone: (16) 2107 2901

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
Link:

‘Alimentos ultraprocessados são ruins para as pessoas e para o ambiente’, diz professor da FSP-USP

Exemplo de almoço citado pelo Guia alimentar para a população brasileira, que recomenda uma dieta baseada em alimentos in natura ou minimamente processados (foto: reprodução “Guia alimentar para a população brasileira”)

Para quem deseja uma boa alimentação, não há saída que não envolva a preparação culinária, defende o professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP) Carlos Augusto Monteiro, coordenador técnico do novo Guia alimentar para a população brasileira.

“Você não precisa cozinhar a própria comida, alguém pode prepará-la para você, mas ela não pode basicamente ser feita pela indústria de alimentos”, argumenta Monteiro.

Resultado de parceria entre o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da FSP-USP e o Ministério da Saúde, o guia foi lançado em novembro de 2014, em substituição à edição de 2006. Em vez de trabalhar com grupos alimentares e porções recomendadas, a publicação sugere como base da alimentação os alimentos frescos – como frutas, carnes, legumes e ovos – ou minimamente processados – como arroz, feijão e frutas secas. Recomenda ainda evitar os alimentos ultraprocessados, como macarrão instantâneo, salgadinhos de pacote e refrigerantes.

Na época de seu lançamento, o guia teve repercussão discreta na imprensa brasileira, mas despertou atenção nos Estados Unidos, recebendo elogios de renomados especialistas na área de nutrição.

Em seu blog Food Politics, Marion Nestle, professora da New York University – que, apesar do sobrenome, não tem nenhuma relação com a multinacional suíça –, afirmou que “as orientações são notáveis pelo fato de serem baseadas em alimentos que os brasileiros de todas as classes sociais comem todos os dias e considerarem as implicações sociais, culturais, econômicas e ambientais das escolhas alimentares”.

Michael Pollan, professor da University of California em Berkeley, e autor de livros como Food Rules: An Eater’s Manual (2010) e In Defense of Food: An Eater’s Manifesto (2008), disse que “as novas diretrizes brasileiras são revolucionárias” por serem “organizadas em torno de comida (e refeições!), não em torno de nutrientes”.

“Os Estados Unidos precisam seguir o exemplo do Brasil: parar de falar sobre nutrientes e começar a falar sobre comida! Este é um documento de referência”, disse o endocrinologista pediátrico Robert Lustig, professor da University of California em San Francisco, conforme reportado pela revista especializada World Nutrition.

No mês passado, quando foi divulgada a versão mais atual das diretrizes nutricionais norte-americanas – um calhamaço de 571 páginas recheadas com revisões da literatura científica –, o guia brasileiro voltou a ser destaque nos Estados Unidos. Em uma reportagem no portal Vox, por exemplo, foi apontado como “as melhores diretrizes nutricionais do mundo”.

Em entrevista concedida à Agência FAPESP, o pesquisador contou como foi o processo de levantamento das evidências científicas que dão o embasamento teórico ao guia, redigido por pesquisadores do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) da USP, com a colaboração de especialistas de todo o Brasil.

A grande preocupação, destacou Monteiro, foi criar um instrumento útil para qualquer cidadão e não apenas para os especialistas em nutrição. Além de criar uma classificação original para os alimentos com base no grau de processamento, o guia traz informações sobre os impactos ambientais das escolhas alimentares. Fala ainda sobre a importância de um ambiente adequado para as refeições e recomenda que as pessoas comam em boa companhia.

A seguir, os principais trechos da entrevista com o pesquisador:

Agência FAPESP – Como funciona a nova classificação dos alimentos proposta pelo Guia alimentar para a população brasileira?

Carlos Augusto Monteiro – O entendimento de que alimentos processados podem acarretar problemas para a saúde é antigo, mas impreciso, pois não especifica os tipos de processamento e a natureza dos problemas. Para preencher essa lacuna, nosso núcleo de pesquisa na USP criou uma classificação de alimentos baseada no grau de processamento industrial e que contempla quatro grupos. No primeiro grupo, que deve ser a base da alimentação, estão os alimentos in natura, como frutas e hortaliças. São adquiridos para consumo sem qualquer alteração após deixarem a natureza. Também estão incluídos no primeiro grupo os alimentos minimamente processados, aqueles que antes de sua aquisição foram submetidos a alterações mínimas, como grãos secos, polidos e empacotados ou moídos na forma de farinhas, cortes de carne resfriados ou congelados e leite pasteurizado. A segunda categoria corresponde a substâncias extraídas de alimentos in natura ou diretamente da natureza e usadas pelas pessoas em preparações culinárias, como óleos, gorduras, açúcar e sal. Essas substâncias, quando utilizadas, em pequenas quantidades, para temperar e cozinhar alimentos in natura ou minimamente processados, propiciam diversidade e sabor às preparações culinárias, sem comprometer sua composição nutricional. No terceiro grupo estão os produtos fabricados essencialmente com a adição de sal ou açúcar a um alimento in natura ou minimamente processado, como legumes em conserva, frutas em calda, queijos e pães. O consumo desse grupo deve ser limitado a pequenas quantidades, como acompanhamento, e não em substituição a alimentos minimamente processados e preparações culinárias. A quarta categoria, que deve ser evitada, é a dos alimentos ultraprocessados, como refrigerantes, biscoitos e salgadinhos de pacote. Esses produtos são formulações criadas pela moderna indústria de alimentos, com pouco ou nenhum alimento verdadeiro e grandes quantidades de óleo, sal e açúcar, além de muitas outras substâncias. Essas substâncias são derivadas de constituintes de alimentos ou de outras matérias orgânicas e incluem amidos modificados, isolados de proteínas, soro de leite, gordura hidrogenada e todo o grupo dos aditivos químicos. Os aditivos usados na manufatura de alimentos ultraprocessados têm como função prolongar quase indefinidamente a duração dos produtos e torná-los tão ou mais atraentes do que os alimentos verdadeiros.

Agência FAPESP – Por que devemos evitar os alimentos ultraprocessados?

Monteiro – O ultraprocessamento permite fazer produtos de muito baixo custo e de grande aceitabilidade, durabilidade e conveniência. Isso é conseguido por meio de processos tecnológicos muito sofisticados e uso de ingredientes relativamente baratos, como açúcar, gorduras, sal e aditivos. Além de ter um perfil nutricional intrinsicamente desequilibrado (muito sódio, muito açúcar, muita gordura não saudável), os processos e os ingredientes utilizados no ultraprocessamento levam a produtos que confundem o controle natural da fome e saciedade e que, nesta medida, promovem a obesidade. Primeiro, porque são produtos que contêm grande quantidade de calorias por volume. Segundo, porque, sendo praticamente pré-digeridos e contendo pouca ou nenhuma fibra alimentar, são absorvidos muito rapidamente. Terceiro porque são hiperpalatáveis. De fato, alimentos ultraprocessados são manufaturados para que sejam “irresistíveis” e isso é comumente mencionado na propaganda desses produtos. Por último, há a questão da segurança dos aditivos alimentares.

Agência FAPESP – Os aditivos alimentares não são seguros?

Monteiro – Embora a indústria só utilize aditivos alimentares legalmente permitidos, as avaliações que geram essas permissões são muito limitadas, não levando em conta efeitos de longo prazo e efeitos de interações entre aditivos. Estudos recentes vêm mostrando, por exemplo, que adoçantes artificiais e emulsificantes, aditivos muito comuns em alimentos ultraprocessados, podem alterar a microflora intestinal e destruir a camada de muco que protege o epitélio intestinal, levando ao aumento do risco de colite, obesidade, diabetes e outras doenças crônicas. Por conta do crescimento exponencial das vendas de alimentos ultraprocessados, há centenas de novos aditivos entrando no mercado todos os anos. Mesmo que apenas uma proporção ínfima desses aditivos seja prejudicial à saúde, as consequências para a saúde pública podem ser muito graves. É urgente que haja uma regulação mais criteriosa dos aditivos alimentares.

Agência FAPESP – O guia também aponta desvantagens ambientais do consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, certo?

Monteiro – O ultraprocessamento de alimentos é muito ruim para o ambiente também, pois gera uma grande quantidade de resíduos sólidos e requer maior consumo de água e de energia em comparação aos alimentos minimamente processados. Também representa risco à diversidade de espécies. Como a lógica da indústria é reduzir custos, compram apenas um tipo de laranja, um tipo de milho ou de soja. Quando consumimos diretamente os alimentos, percebemos a diferença entre, por exemplo, variedades de laranjas, de feijões ou de batatas. A cultura culinária garante a perpetuação dessa variedade. Já quando consumimos formulações industriais feitas com base em substâncias extraídas dos alimentos, não conseguimos notar diferenças. Por exemplo, quando a formulação é feita com base em amido, não há diferença se este amido vem de um ou outro tipo de milho ou mesmo se vem do arroz ou da soja. Dentre os alimentos minimamente processados, o impacto ambiental não é homogêneo e, neste sentido, o guia recomenda que a alimentação esteja baseada em uma variedade de alimentos de origem vegetal, que são os de menor impacto ambiental, e que as carnes vermelhas, em particular, sejam consumidas em pequenas quantidades.

Agência FAPESP – Por que julgaram importante incluir orientações sobre o ambiente onde se come e sobre o comer acompanhado?

Monteiro – Quando comemos sozinho, é maior a probabilidade de ligar uma televisão ou pegar um jornal para ler. Há estudos que mostram que o comer sem prestar atenção na comida (mindless eating, no idioma inglês) prejudica os sensores naturais que nos indicam que a quantidade do que comemos já é suficiente. Quando se compartilha a refeição com mais pessoas, ampliamos naturalmente a variedade de alimentos, que é essencial para a boa alimentação. E também reduz custo. Se cada um come sozinho, a opção mais econômica pode ser comprar algo pronto e pôr no micro-ondas. Essas orientações não são comuns nos guias alimentares e por isso o guia brasileiro tem atraído tanta atenção.

Agência FAPESP – Como foi o processo de elaboração do guia?

Monteiro – O processo de elaboração levou três anos e envolveu uma interação contínua e profícua entre os técnicos do Ministério da Saúde e os pesquisadores do nosso núcleo na USP. Ao longo deste processo, pudemos contar com a colaboração de muitos especialistas em áreas como nutrição, antropologia, epidemiologia, ciência de alimentos e jornalismo. Caprichamos muito na comunicação, pois a ideia era alcançar diretamente as pessoas. Essa é outra característica que faz esse guia ser diferente dos demais. Ele não é feito para profissionais de saúde, mas para todas as pessoas. Claro que profissionais de saúde, em particular nutricionistas, serão fundamentais na disseminação do conteúdo do guia, mas a premissa que adotamos foi a de que as pessoas precisam aumentar sua autonomia no que se refere à escolha dos alimentos. O processo de construção do guia foi muito rico, envolvendo oficinas com a participação de especialistas de todo o Brasil, associações profissionais, associações de defesa dos consumidores, organizações não governamentais, além de uma consulta pública da qual emergiram mais de 3 mil comentários e sugestões, que foram intensamente utilizados na versão final do guia publicada pelo Ministério da Saúde.

Agência FAPESP – Como foi a contribuição da FAPESP para a elaboração do guia?

Monteiro – Muito importante. Por exemplo, nosso principal especialista em antropologia foi o canadense Jean Claude Moubarac, que veio ao Brasil com uma Bolsa de pós-doutorado da FAPESP. Como parte do projeto de doutorado de Maria Laura da Costa Louzada, avaliamos o impacto do consumo de alimentos ultraprocessados sobre a qualidade da dieta brasileira em macro e micronutrientes e os resultados dessa avaliação foram fundamentais para orientar as principais recomendações do guia. A colaboração de Carla Adriano Martins, outra bolsista de doutorado da FAPESP foi essencial em outro componente inovador do guia brasileiro: basear as recomendações em refeições reais efetivamente praticadas pela população brasileira, utilizando fotografias do desjejum, almoço e jantar dessa população. Durante a fase final de elaboração do guia, a FAPESP ainda concedeu uma bolsa de pós-doutorado à colombiana Diana Celmira Parra Perez, interessada em levar para o seu país a experiência brasileira.

Agência FAPESP – O guia brasileiro tem sido apontado por jornalistas e especialistas norte-americanos como um exemplo. O que ele tem de diferente em relação ao guia recentemente lançado nos Estados Unidos?

Monteiro – O guia norte-americano em vigência, que é de 2010, dá grande valor, ou às vezes valor exclusivo, às evidências científicas obtidas por ensaios clínicos totalmente controlados, como se faz quando as autoridades de saúde devem fazer recomendações sobre novos medicamentos, novas vacinas ou novas modalidades de técnicas cirúrgicas. Quando se faz isso com a comida, é preciso reduzir a alimentação aos nutrientes individuais que dela fazem parte, como proteínas, ferro, vitaminas, fibras. Vou exagerar para que fique mais claro. Quando o guia alimentar dos Estados Unidos orienta o consumo de uma certa quantidade de um determinado alimento é porque este consumo propicia uma certa quantidade de um determinado nutriente que se mostrou protetor de uma determinada doença em vários ensaios clínicos controlados. O problema é que este enfoque restringe muito as dimensões da alimentação e os mecanismos que a relacionam à saúde. A relação, por exemplo, entre alimentação e obesidade envolve o conteúdo de gordura na alimentação, mas também o de fibras, a densidade energética do alimento, o sabor, a textura, a atenção no comer etc. As dimensões culturais, sociais e ambientais da alimentação, que direta ou indiretamente também influenciam a saúde são esquecidas. A nova proposta do guia americano, recentemente colocada em consulta pública, traz vários avanços e admite que as dimensões culturais, sociais e ambientais da alimentação devem ser levadas em conta nas escolhas alimentares. Mas ainda não é um instrumento que seja útil para as pessoas em geral. Da forma como foi elaborado, fica restrito a estudiosos da nutrição, que terão de fazer a transmissão e a tradução do conhecimento. Já o guia brasileiro pretende informar as pessoas diretamente.


Agência FAPESP – A pirâmide alimentar foi definitivamente abolida?
Monteiro – A pirâmide já havia sido abolida na versão do guia norte-americano de 2010, que apresentava um modelo de prato ideal, com um quarto ocupado por frutas, um quarto por hortaliças, um quarto por grãos e o quarto final por alimentos fontes de proteína, como feijões, carne, peixes e ovos, além de um copo de leite ao lado do prato. O problema é que 60% das calorias consumidas pelos norte-americanos correspondem a produtos ultraprocessados e não há uma orientação clara sobre o consumo desses alimentos. A questão do processamento dos alimentos acaba ficando escamoteada no guia americano. Quando ele recomenda o consumo de grãos, admite o consumo de produtos ultraprocessados como “cereais matinais”, muitas vezes contendo mais açúcar do que qualquer cereal. Mesmo quando o guia americano refere a preferência por cereais integrais, ele acaba admitindo biscoitos feitos com farinha integral misturada a açúcar, gordura hidrogenada e outras substâncias e aditivos. Já o guia brasileiro deixa claro que é preciso evitar todo o tipo de alimento ultraprocessado e, para tanto, não se pode abrir mão da preparação caseira dos alimentos. Afinal, alimentos ultraprocessados são feitos para substituir preparações culinárias. Felizmente, no Brasil, diferentemente dos Estados Unidos, a maior parte das pessoas ainda se alimenta de alimentos minimamente processados e preparações culinárias feitas com esses alimentos. E o guia brasileiro quer contribuir para que isso não se modifique.

Agência FAPESP – A dieta da população brasileira caminha no sentido de se parecer com a da população norte-americana?

Monteiro – Estamos em um momento de transição. Nossos estudos populacionais sobre a dieta brasileira mostram que em 2009 a proporção de alimentos ultraprocessados consumidos no Brasil correspondia a 28% do total de calorias. Em 2003 era 23% e nos anos 1980 era menos do que 20%. Esse consumo está crescendo muito, mas ainda hoje 70% das calorias que o brasileiro consome vêm de alimentos minimamente processados e de preparações culinárias. Ainda estamos “do lado de cá” e por isso o guia alimentar é muito importante. É importante levar informação, pois muitas pessoas não têm ideia das implicações de suas escolhas alimentares. Talvez saibam em parte, no que se refere ao impacto sobre a saúde. O guia mostra porque o consumo de alimentos ultraprocessados é ruim também para a sociedade, para o ambiente e para a biodiversidade. Mas sabemos que não basta apenas informar a população. O guia deixa clara a importância de políticas públicas que amparem as escolhas alimentares saudáveis, como a taxação e o controle da publicidade dos produtos ultraprocessados. Mas essas medidas só vão ser aprovadas quando houver demanda da sociedade.

Agência FAPESP – Que tipo de políticas públicas seriam necessárias?

Monteiro – A primeira delas seria regular o marketing dos alimentos ultraprocessados. No Brasil, o fator que mais faz aumentar o consumo desses produtos nem é tanto o preço, pois o custo da caloria que vem dos alimentos ultraprocessados ainda é maior do que a caloria de um alimento in natura e das preparações culinárias. Na Inglaterra, por exemplo, é o oposto e por isso lá quem cozinha é a elite. No Brasil, o principal responsável pela ampliação no consumo de ultraprocessados é o marketing sofisticado, que é muito caro, mas muito eficiente e ao alcance das empresas transnacionais que dominam o lucrativo mercado dos ultraprocessados. Essas empresas investem, como a indústria do cigarro fez no passado, de forma a glamorizar o alimento ultraprocessado e as redes de fast-food. O alvo principal é o jovem. O jovem que não participa desse consumo sente-se mal, inferior. Vários países estão regulando o marketing de ultraprocessados: França, Suécia, Canadá. Se o alimento tem muito açúcar, muito sal ou muita gordura, não pode anunciar, sobretudo para criança e para adolescente. A segunda questão é a da oferta. São necessárias políticas para garantir o acesso, políticas de abastecimento, e o Brasil está fazendo bastante coisa nessa área, mas pode fazer mais. A alimentação escolar de qualidade e baseada em alimentos minimamente processados é um dos destaques mais festejados da política brasileira de alimentação e nutrição. O terceiro fator é a política fiscal. É preciso taxar sobretudo alguns alimentos ultraprocessados. Esse tipo de política funciona e reduz o consumo. O México, um dos países com maiores taxas de obesidade e de diabetes de todo o mundo, começou no ano passado a taxar todas as bebidas adoçadas e todos os snacks com alto teor de açúcar e gordura. Outro ponto possível é oferecer algum tipo de subsídio para alimentos naturais mais caros, como hortaliças. Talvez melhor ainda seja reforçar o apoio aos pequenos agricultores, dar assistência técnica. É importantíssimo proteger a agricultura familiar, pois é ela que produz a nossa comida e, nessa área, as políticas públicas brasileiras são também muito elogiadas.

Por Karina Toledo | Agência FAPESP

Publicado no Portal EcoDebate, 18/03/2015