domingo, 15 de março de 2015

Maranhão: Relação de alunos do IFMA com saberes populares é destaque no filme “Caxias é Lua”

Por Jorge Martins / Fotos: Jesus Chuseto 
13 de Março de 2015
A influência da Lua sobre fenômenos naturais é um assunto que fascina a humanidade desde tempos remotos. Um dos aspectos desse fascínio é a relação do ciclo lunar com as práticas agrícolas, observada sobretudo por agricultores familiares que vêm passando esses saberes adiante há gerações. E é justamente a transmissão desses conhecimentos sobre a terra que protagoniza as falas documentadas no filme “Caxias é Lua”, resultante de um projeto realizado em 2014 no Instituto Federal do Maranhão (IFMA) Campus Caxias.

O filme tem 22 minutos de duração e é composto por uma sequência de fotografias exibidas ao som de depoimentos de quatro alunos do Campus Caxias, cada um deles acompanhado de um membro da família com experiência em práticas agrícolas. A ideia partiu da professora de Geografia Mariana Balsalobre, em articulação com as ações do Núcleo de Estudos Agroecológicos e Produção Orgânica (NEAPO) de Caxias. A experiência fez parte do projeto intitulado “A agroecologia promovendo o desenvolvimento sustentável”.

Concepção do filme
“A ideia era estimular os alunos a levarem em consideração os conhecimentos que são apreendidos em outros universos que não o da escola e que podem trazer importantes contribuições para uma prática agrícola sustentável e saudável”, conta a professora. Inicialmente, essa ação do projeto incluía apenas um ensaio fotográfico e uma conversa com os alunos e seus familiares sobre agroecologia e produção de alimentos. O encontro foi registrado pelas lentes do fotógrafo espanhol Jesus Chuseto, que depois teve a ideia de transformar o material em um curta-metragem.

O resultado é um registro sobre a transmissão de saberes populares relacionados ao cultivo da terra, representado na relação entre agricultores familiares e seus filhos, netos e sobrinhos – que hoje buscam complementar conhecimentos adquiridos no IFMA com os saberes transmitidos oralmente por gerações anteriores. Para a estudante do curso técnico em Agropecuária Aléssia Vidigal – uma das alunas que participaram do filme – os conhecimentos de pessoas que trabalham com a terra precisam ser mais respeitados. “Eu espero que as pessoas possam compreender que tudo que está ao nosso redor tem valor”, comenta.
Já o fotógrafo Jesus Chuseto conta que a realização do vídeo foi uma solução encontrada por ele para evitar que todo o material coletado fosse perdido. “Depois de fazer este projeto, eu só quero fazer esse tipo de trabalho. Com pessoas, de ficar perto delas. A experiência foi muito positiva”, avalia. Trata-se do primeiro curta-metragem dirigido pelo fotógrafo, que já demonstra interesse em conhecer mais sobre as comunidades rurais do interior do Maranhão.

Saberes populares

No filme, são compartilhados conhecimentos comumente utilizados na agricultura familiar. Um deles é conservar sementes com cinzas de carvão. A técnica serve para manter as sementes até o período mais apropriado para o plantio. Esse período é escolhido pelos agricultores muitas vezes de acordo com as fases da Lua. A Lua crescente é considerada a melhor para plantar arroz, feijão, milho e mandioca. Já a minguante é vista como apropriada para plantar alguns frutos.
Outro aspecto abordado pelos agricultores no filme diz respeito às plantas medicinais. Uma das mencionadas no filme é a açoita-cavalo, utilizada por eles para auxiliar no tratamento da anemia. Outra prática relatada é a utilização de um pó produzido a partir do coco babaçu como forma de combater úlceras.

Exibições

“Caxias é Lua” foi lançado em outubro do ano passado, durante o encerramento da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia em Caxias. Na ocasião, o curta foi exibido na Praça do Panteon, onde ocorreram outras atividades do projeto “A agroecologia promovendo o desenvolvimento sustentável”. Durante toda a semana, foram expostas as fotografias que compõem o filme, além de cartazes confeccionados por alunos do IFMA com o apoio da artista plástica Luna Pesce. A programação também contou com rodas de conversa sobre agrotóxicos e plantas medicinais, quebração de coco babaçu, entre outras atividades. O documentário teve uma segunda exibição no Seminário Maranhense de Agroecologia, realizado no Campus Caxias em dezembro de 2014.


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