06 Março 2015
Audiovisual como meio para formar olhares para e pelas mulheres camponesas
“E foi tanta a imensidão do mar e tanto seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza. E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai: Me ajuda a olhar!” (Eduardo Galeano, Livro dos abraços, trecho retirado da apostila elaborada pela equipe de Sergio Brito/VídeoSaúde).
Nos dias 26 e 27 de fevereiro integrantes do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) e especialistas em produção audiovisual estiveram reunidos em Brasília para a 1ª Oficina de Iniciação Audiovisual do Projeto “Mulheres Camponesas contando sua história”. O projeto tem a coordenação da Vice Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção a Saúde da Fiocruz (VPAAPS/Fiocruz) e realização em parceria com a VídeoSaúde/Fiocruz e o MMC, com apoio da Fiocruz regional de Brasília.
A oficina marca o início do projeto de produção de vídeos sobre temas iniciais como - juventude camponesa, produção de alimentos saudáveis, violência contra as mulheres, valores, missão e princípios - que foram definidos em discussões internas do MMC e que serão direcionados ao longo do projeto e das etapas para construção dos roteiros. “Ao trabalhar com as Oficinas regionais do projeto “Formação de Facilitadoras para Gestão Participativa em Políticas de Saúde: Mulher Camponesa Promovendo Saúde e Produzindo Alimentos Saudáveis” nos demos conta da riqueza das práticas e experiências dessas mulheres em cada localidade e como o registro de tudo isto não cabia simplesmente em papel. Daí surgiu a idéia de construir este projeto para que as próprias mulheres camponesas pudessem registrar suas experiências e narrar suas histórias, contou Joseane Costa daVPAAPS/Fiocruz, coordenadora geral.
Durante os dois dias da Oficina os facilitadores da VídeoSaúde/Fiocruz, Sergio Luiz da Silva Brito (Documentarista e analista de gestão) e Pauliran de Freitas (Câmera e Supervisor técnico), conduziram um série de atividades voltadas à reflexão teórica sobre a linguagem audiovisual e suas finalidade e a prática e questões técnicas relacionadas a produção e trabalho com imagens e sons.
Foram apresentadas noções básicas de cinema e documentário numa perspectiva histórica, exibição filmes e produções para análise e iniciação prática em fotografia e operação de câmera. As atividades tiveram por objetivos contribuir para a familiarização dos participantes com os elementos estéticos que compõem a linguagem audiovisual e com os processos de criação, produção e distribuição de produtos audiovisuais e também subsidiar a elaboração das produções previstas no projeto “Mulheres Camponesas Contando sua História”.
O documentarista Sergio Brito lembrou ainda a necessidade de olhar a comunicação e ou audiovisual como “um campo social de disputa de sentidos que influência em várias dimensões da vida”, que sozinho não resolve os problemas sociais, mas faz parte das disputas materiais e simbólicas que vivenciamos cotidianamente. As participantes do movimento de mulheres camponesas demonstraram grande interesse nas possibilidades que o audiovisual oferece para dar visibilidade à luta das mulheres camponesas. “Apreender a produzir vídeos é uma desafio, mas também uma grande oportunidade para nós; para mostramos as lutas do movimento e nossa realidade”, colocou Julciane Inês Anzilago, integrante do MMC de Goiás.
Texto: Márcia Tait
Fotos: Pauliran de Freitas, Sergio Brito e Márcia Tait
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