sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Agroecologia e pesquisa multiestratégica II, artigo de Roberto Naime

A agroecologia é um sistema de produção agrícola alternativa que busca a sustentabilidade da agricultura familiar resgatando práticas que permitam ao agricultor pobre produzir sem depender de insumos industriais como agrotóxicos, por exemplo. – Charge por Latuff, no Humor Político

[EcoDebate] LACEY que é pesquisador do “Swarthmore College” na Pensylvania, Estados Unidos da América. Em 2015 realizou interessante abordagem sobre agroecologia e pesquisa multiestratégica, salientando o fato de que a pesquisa conduzida sob as estratégias agroecológicas serve para ilustrar a fecundidade da pesquisa multiestratégica e apontando a relevância da agroecologia no Brasil, bem como sua crescente importância na produção dos alimentos no mundo inteiro.

LACEY (2015) sustenta que os arranjos de interações entre as atividades científicas e os valores existenciais são consistentes com a existência de uma variedade de estratégias fecundas, inclusive com algumas estratégias sensíveis ao contexto.

A agroecologia (AE) está vinculada tanto a uma forma de lavoura quanto a um corpo de pesquisa e conhecimento científico que produz está construção sistêmica e multifatorial. A agricultura “convencional” é aquela orientada ao uso intensivo de agrotóxicos e transgênicos incorporam em elevada expectativa, os valores do capital e do mercado.

Já a meta da agroecologia é a de satisfazer, simultaneamente e em um equilíbrio determinado pelos próprios agricultores e suas comunidades, uma variedade de fins, os quais refletem a perspectiva de valores da justiça social, democracia participativa e sustentabilidade, além de produzir alimentos saudáveis. E também objetiva obter produtividade, sustentabilidade dos agroecossistemas, a proteção da biodiversidade, a segurança alimentar e a saúde das suas comunidades e seus arredores, e o fortalecimento da sua cultura, valores e bem-estar.

Muitas das tecnologias utilizadas na agricultura capital-intensiva não podem ser inseridas na agroecologia. No caso da transgenia, isso acontece porque, por um lado, o uso dos transgênicos requer condições de cultivo de monoculturas e a disponibilidade de grandes quantidades de insumos e agrotóxicos. Estas condições determinaram cenários que solaparam as condições exigidas para uma agricultura sustentável.

Sem falar que a transgenia é hoje controlada pelos direitos de propriedade intelectual, que enfraqueceriam o agenciamento dos agricultores que aspiram manter seu próprio controle sobre as condições de produção e distribuição.

Os tipos de tecnologia utilizados na agroecologia refletem as condições culturais, geográficas e ecológicas da lavoura. O contexto é crucial. Por isso, a pesquisa científica, que pode produzir conhecimento relevante às práticas da agroecologia, precisa adotar variantes que informem peculiaridades locais do desenvolvimento das técnicas agrícolas tradicionais, que eram informadas pelo conhecimento local.

Por exemplo, a rotação e diversificação das culturas, o manejo ecológico das pragas o cultivo em policulturas com as variedades e espécies diferentes organizadas em arranjos apropriados, o uso de adubos verdes, a reciclagem dos nutrientes, a existência de fertilizantes naturais de fontes acessíveis localmente, e a seleção das safras de sementes para plantações futuras.

Em algumas situações, até mesmo o conhecimento indígena é de grande importância, por exemplo, como o conhecimento que informava a conservação da floresta na região amazônica

Ao mesmo tempo, a pesquisa agroecológica recorre a conhecimento obtido sob condições tradicionais, uma vez que o conhecimento de muitos dos componentes dos agroecossistemas como minerais e bactérias nos solos e outros, derivam de conhecimentos históricos e tradicionais, conforme destaca LACEY (2015).

Juntos, LACEY (2015) pondera que a sustentação é a fecundidade já demonstrada na interação entre estes arranjos de valores e conhecimentos tradicionais e o sucesso atual e as promessa das práticas da agroecologia. Estes fatores determinam que este método de produção tão vinculado a práticas existenciais, explicam os motivos da agroecologia ser um componente integral das políticas e práticas de “soberania alimentar”, propostas pelo movimento rural internacional, Via Campesina, e outros grupos ativistas.

São estas reflexões, que fogem a parâmetros lineares e cartesianos que se elabora quando se questiona os processos de evolução e seleção natural, meticulosamente abordado e descrito por Charles Darwin, que tem sido responsável ao logo dos tempos pelas modificações naturais dos seres vivos através de processos genéticos como mutações, interações gênicas e outros. Principalmente quando se abordam as relações fragmentárias e utilitaristas de biotecnologia e transgenia. Sem falar no domínio de meros interesses comerciais que hoje parecem ser hegemônicos.

A biotecnologia tem exercido esta função de uma forma que requer reflexões e ponderações. É preciso ter consciência que não existe tecnologia sem risco. Pode nunca haver nenhum problema com tudo que está sendo realizado. Mas podem vir a existir em longo prazo. A filmografia hollywoodiana é pródiga em se inspirar nestas efemérides.

Como se referiu, pode ser que estas substituições dos mecanismos evolutivos naturais, em intervalo de tempo mais representativos, produzam efeitos inesperados e determinem cenários inimagináveis.

Cautela é uma consequência natural da falta de informações verídicas sobre os seus efeitos benéficos e maléficos em prazos longos. E sobre as dificuldades de efetivar simulações dentro de molduras realistas. Parece que culturas tradicionais e conhecimentos indígenas explicitem maus presságios ainda que não fundamentados.

Sem estimular falso alarmismo e sem se tornar arauto de fábulas apocalípticas, o fato é que cada vez mais se precisa propiciar atitudes de humildade diante da complexidade da situação, para que as teorias do risco, tão propagadas por pensadores como Ulrich Beck e outros, permaneçam apenas como miragens possíveis, e não se materializem como em cenários sombrios.

Mesmo que não haja nenhuma restrição às evoluções científicas, não custa nada refletir com todas as partes interessadas que é preciso ter um pouco de humildade nas atitudes. Interferir na seleção natural, sem compreender todas as relações implícitas ou explícitas, e não lineares ou cartesianas da homeostase dos ecossistemas, sejam estes ecossistemas englobando toda a terra ou apenas a um fragmento considerado, parece um pouco pretensioso na atual fase de conhecimentos da civilização humana.

Alterações genéticas para tornar plantas e animais mais resistentes e, com isso, aumentar a produtividade de plantações e criações, é claro que são sempre bem-vindas. Mas com os devidos cuidados da prevenção e precaução. Para não tornar o mundo pior involuntariamente. Para não tornar realidade a prolífica imaginação hollywoodiana, que é fértil em exemplos bizarros.

ALTIERI, M. Agroecologia: a dinâmica produtiva da agricultura sustentável. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 1998.

EMBRAPA – EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Marco referencial em agroecologia. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2006. Disponível em: <http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/66727/1/Marco-referencial.pdf>. Acesso em: 12 maio 2013.

GARCIA, S. G. A tecnologia social como alternativa para a reorientação da economia. Estudos Avançados São Paulo, v.28, n.82, dez. 2014. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142014000300015&lng=pt&nrm=iso>. Acessos em: 20 mar. 2015, e: <http://dx.doi.org/10.1590/S0103-40142014000300015>

LACEY, H. A controvérsia sobre os transgênicos: questões científicas e éticas. Aparecida: Ideias e Letras, 2006.
_______. Valores a atividade científica 2. São Paulo: Associação Filosófica Scientiae Studia; Editora 34, 2010.
_______. Pluralismo metodológico, incomensurabilidade, e o status científico do conhecimento tradicional. Scientiae Studia, v.10, n.3, p.425-53, 2012.

LACEY, H.; MARICONDA, P. R. O modelo da interação entre as atividades científicas e os valores na interpretação das práticas científicas contemporâneas. Estudos Avançados, São Paulo, v.28, n.82, p.181-99, 2014.

NODARI, R. O.; GUERRA, M. P. A agroecologia: estratégias de pesquisa e valores. Estudos Avançados, São Paulo, v.29, n.83, p. 183-207, 2015.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO. Brasil agroecológico: plano nacional de agroecologia e produção orgânica – Planapo, 2013. Disponível em: <http://portal.mda.gov.br/portal/arquivos/view/BrasilAgroecologico_Baixar.pdf>. Acesso em: 12 maio 2014.

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Decreto n. 7.794, 20 agosto 2012. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Decreto/D7794.htm>. Acesso em: 12 maio 2014.

REIS DA SILVA, A. T. A conservação da biodiversidade entre os saberes da tradição e a ciência. Estudos Avançados, São Paulo, v.29, n.83, p. 233-59, 2015.

TAVARES, E. D. Da agricultura moderna à agroecologia: análise da sustentabilidade de sistemas agrícolas familiares. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil; EMBRAPA, 2009.

VIA CAMPESINA. Plataforma da Via Campesina para a agricultura, 26 maio 2010. Disponível em: <http://www.mst.org.br/Via-Campesina-apresenta-plataforma-para-agricultura>. Acesso em: 13 maio 2014.

LACEY, Hugh A agroecologia: uma ilustração da fecundidade da pesquisa multiestratégica. Estud. av. vol.29 no.83 São Paulo Jan./Apr. 2015

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

in EcoDebate, 22/12/2015
"Agroecologia e pesquisa multiestratégica II, artigo de Roberto Naime," in Portal EcoDebate, 22/12/2015, http://www.ecodebate.com.br/2015/12/22/agroecologia-e-pesquisa-multiestrategica-ii-artigo-de-roberto-naime/.

Mulheres e agroecologia, artigo de Roberto Naime

A agroecologia é um sistema de produção agrícola alternativa que busca a sustentabilidade da agricultura familiar resgatando práticas que permitam ao agricultor pobre produzir sem depender de insumos industriais como agrotóxicos, por exemplo. – Charge por Latuff, no Humor Político

[EcoDebate] SILVA e MATOS (2014) tecem considerações sobre as mulheres e a agroecologia. Analisam a condição da mulher camponesa, a origem do conceito de patriarcado como as bases para o processo de invisibilidade na produção de alimentos. Elaboram ainda considerações sobre o papel que as mulheres possuem na agroecologia e suas práticas.

O objetivo é destacar a importante função das mulheres camponesas como produtoras de alimentos e organizadoras da produção nos quintais, pomares e hortas. Além da reprodução da vida familiar, como engravidar, cuidar de idosos, doentes e crianças e promover as ações de processamento dos alimentos e cuidados com ambiente.

Por incrível que pareça, são mais as mulheres, as agentes ambientais de relevância entre as unidades de agricultura familiar ou agroecológica. E este vínculo é histórico e tradicional.

Neste contexto, SILVA e MATOS (2014) também salientam que a trajetória das mulheres camponesas está entrelaçada com os aspectos do
patriarcalismo, cujo sistema historicamente está baseado na noção da mulher como propriedade do homem, e como consequência prevalecem várias formas de machismos nesse universo simbólico e também nas práticas cotidianas no mundo camponês.

Assim sendo, a invisibilidade dos processos de produção de alimentos conduzidos por mulheres, também podem ser considerados como parte do sistema patriarcal, que torna o trabalho da mulher agricultora subvalorizado.

Mas por outro lado, as mulheres camponesas têm sido as principais guardiãs da biodiversidade, garantidoras dos sérvios ecossistêmicos prestados nas suas glebas de influência e multiplicadoras de espécies animais e vegetais. E também possuidoras de conhecimentos que podemos chamar de agroecológicos.

A situação das mulheres agricultoras possui determinadas semelhanças na sua forma de viver e de produzir em várias partes do mundo. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), “no mundo há mais de 600 milhões de mulheres rurais, a maioria agricultoras, que representam mais da quarta parte da população mundial” (SENRA; LEÓN, 2009, p. 21), embora, paradoxalmente, “as mulheres, em nível mundial, somente dispõe de 1% da posse de terras”.

Para as pesquisas da Via Campesina, as mulheres camponesas e agricultoras são as produtoras dos principais cultivos básicos em todo o mundo como arroz, trigo e milho, que proporcionam até 90% dos alimentos que consome a população empobrecida das zonas rurais. No sudeste da Ásia, as mulheres representam até 90% da mão de obra necessária ao cultivo de arroz.

Na África subsaariana, as mulheres produzem até 80% dos alimentos básicos para o consumo familiar e venda, cultivando até 120 espécies vegetais diferentes nos espaços livres junto aos cultivos comerciais dos homens. As mulheres realizam de 25% a 45% dos trabalhos agrícolas na Colômbia e Peru.

Em algumas regiões andinas, as mulheres estabelecem e mantêm os bancos de sementes do qual depende a produção de alimentos. As mulheres constituem 53% da população trabalhadora agrícola no Egito (SENRA; LEÓN, 2009, p.22). Ainda que, a maioria das mulheres esteja produzindo alimentação em diversos lugares do planeta, não são as agricultoras que estão conduzindo processos de tomada de decisões sobre o que, ou como produzir.

As pesquisas conduzidas pela Via Campesina revelam que a agricultura no mundo inteiro, tecida pelas mãos das mulheres, tem acontecido no sentido de promover fundamentalmente o combate à fome, principalmente nas áreas rurais. São as mulheres que coordenam a produção dos quintais, composto pelos alimentos que garantem o sustento imediato da família, seja pela horta e pelas frutas, pelos grãos ou pela criação de animais.

As tarefas que proporcionam bem-estar ao núcleo familiar como os cuidados com os idosos, as atenções especiais às crianças, a organização do espaço da família, não são contabilizados para as mulheres. Conforme PAULILO (2013, p. 295) a compatibilização entre os bens e serviços que passam pelo mercado e os que não passam “requer a descoberta de uma medida comum de padronização, que é dificultado por problemas como a definição do que é trabalho, a medição do tempo de trabalho e a atribuição de valor aos distintos tipos de trabalho”.

É importante saber que nem sempre o mundo foi assim organizado, da forma que é hoje. No caminho contrário ao pensamento hegemônico, estas lutas de homens e mulheres vêm questionando e organizando variadas formas de contribuir para a desnaturalização das desigualdades que as ideologias dominantes nos apresentam como verdades históricas, e que é necessário refletir (FABRI, 2011, p. 173).

Por patriarcalismo, na analogia que o próprio nome sugere, compreendemos o conjunto das relações que estão estruturas sob a responsabilidade do pai ou homem adulto, é anterior a consolidação do sistema capitalista, e possui em torno de seis mil anos na história da humanidade.

Desde seus primórdios, a família se constituiu como elemento essencial das forças produtivas, mulher e filhos são subordinados ao pai enquanto proprietário. Segundo FARIAS (2013, p. 396) nesse sistema “há ações biunívocas, da mesma forma em que há o poder e a dominação de homens alicerçados no controle sobre as mulheres, há outro poder, que se gesta mediante as formas de resistência dessas mulheres”.

O modelo patriarcal que se impõe sobre a estrutura organizacional de toda a sociedade leva-nos a “naturalizar” as relações sociais de modo desigual entre homens e mulheres, também explícito nas relações do mundo do trabalho.

Existem muitos desafios, como caracterizar o que é trabalho e medir o tempo de trabalho e mensurar os demais tempos que se gasta com educação e lazer e o valor que se atribui a cada tipo de atividade, e quais os critérios que são utilizados para imprimir um valor a cada função (PAULILO, 2013).

As mulheres camponesas e agricultoras, tem realizado desempenho fundamental na prática da agroecologia. O modo de agricultura praticado em torno do sustento da unidade familiar, geralmente tem sido realizado em sistema de integração entre pomar, horta, jardim, bosques, o que potencializa o sistema agroecológico.

Além disso, a integração do conjunto que abrange saúde, alimentação, garantia da vida, fortalecem os procedimentos da agroecologia. As mulheres, embora geralmente trabalhem muito, tem seu trabalho invisibilizado pelo modo de como é organizado o mundo do trabalho no campo.

Lutar para dar visibilidade ao trabalho das mulheres camponesas e tentar mensurar seu potencial ainda é desafiador. Os desafios são muitos, contudo as práticas agroecológicas gestadas em grupos, em unidades familiares, em associações, grupos de indígenas, quilombolas, camponeses, de mulheres e de jovens dão mostras que podem reagir adequadamente a estes paradoxos.

Mas o certo é que as mulheres são detentoras de uma profunda e histórica relação com a mãe natureza e exercem a funcionalidade de deterem e transmitirem todo conhecimento que fundamenta e sustenta a tecnologia agroecológica, tão representativa para os anseios de todas as populações que almejam que um outro mundo em equilíbrio e harmonia ambiental seja possível.

Referências:

BUTTO, Andrea. Política para as mulheres rurais: autonomia e cidadania. In: BUTTO, Andrea; DANTAS, Isolda (org.). Autonomia e cidadania: políticas de organização produtiva para as mulheres no meio rural. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Agrário, 2011.

CARRASCO, Cristina. In: A produção do viver. NOBRE, Miriam; FARIAS, Nalu (org.). Sempre Viva Organização Feminista (SOF). São Paulo: 2003.

D´ATRI, Andrea. Feminismo e marxismo: 40 anos de controvérsias. Revista Lutas Sociais, São Paulo, n. 27, p. 142-156, 2011.

FABBRI, Luciano. Um olhar feminista sobre os sujeitos da transformação social em Nuestra América. Revista Lutas Sociais, São Paulo, n. 27, p. 172-185, 2011.

FARIA, Nalu; NOBRE, Miriam. Gênero e Desigualdade. São Paulo: SOF, 1997.

FARIAS, Marisa de Fátima Lomba de. Mulheres no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). In: TEDESCHI, Losandro Antonio (org). Leituras de gênero e interculturalidade. Dourados: Editora UFGD, 2013.

MAFORT, Kelli Cristine De Oliveira. A hegemonia do agronegócio e o sentido da Reforma Agrária para as mulheres da Via Campesina. 2013. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais. Universidade Estadual de São Paulo, Araraquara, 2013.

MEDEIROS, Leonilde Servolo. Reforma Agrária no Brasil – história e atualidade da luta pela terra. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2003.

MURARO, Rose Marie. Aspectos históricos e políticos da violência contra as mulheres. Revista CEPAT Informa, n. 126, Especial, Set. /2005.

COTT, Joan. Gênero: Uma categoria útil de análise. Revista Educação e Realidade. Jul./dez. 1995: p. 71-79.

PAULILO, Maria Ignez S. FAO, Fome e Mulheres Rurais. DADOS – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, vol. 56, n. 2, 2013, p. 285-310.

VIA CAMPESINA, Declaración sobre la Soberanía Alimentaria de los Pueblos, 2009. Disponível em: http://www.viacampesina.org. Acesso: jun. 2013.

VIEIRA, Flávia Braga. Articulações Internacionais “desde abaixo” em tempos de globalização. In: GONH, Maria da Glória; BRINGEL, Breno (orgs.). Movimentos Sociais na era global. Petrópolis, Vozes, 2012.

SILVA, Sandra Procópio da e MATOS, Jatene da Costa As Mulheres Camponesas e a Produção Invisível da Agroecologia. Cadernos de Agroecologia – ISSN 2236-7934 – Vol 9, No. 4, Nov 2014

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Celebração da vida [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

in EcoDebate, 30/12/2015
"Mulheres e agroecologia, artigo de Roberto Naime," in Portal EcoDebate, 30/12/2015,http://www.ecodebate.com.br/2015/12/30/mulheres-e-agroecologia-artigo-de-roberto-naime/.

Uso de sementes crioulas na resistência camponesa em ambiente agroecológico, artigo de Roberto Naime

[EcoDebate] SARAVELLE (2014) manifesta que a chamada “revolução verde” promoveu o uso de insumos e sementes modificadas, produzidos e comercializados por corporações internacionais, resultando na perda da autonomia alimentar, cultural e da agrobiodiversidade dos camponeses e agricultores. A agroecologia busca compreender os fenômenos relacionados à agricultura, focando na Soberania Alimentar, em especial através das sementes crioulas.

SARAVELLE (2014) visando avaliar a importância destas sementes para os camponeses avaliou a são mantidas 14 variedades de milho e 28 de feijão. A principal estratégia de conservação é “in situ on farm”. A produtividade média foi de 20 sacos/ha a mais do que a média estadual no mesmo período. Portanto, as sementes crioulas são uma estratégia de resistência camponesa na reprodução da vida e agrobiodiversidade, gerando renda, autonomia de escolha do que e como plantar.

A expansão do modelo tecnicista de produção e reprodução da vida nas últimas décadas têm gerado uma série de impactos socioambientais no campo, materializados na implantação de pacote tecnológico conhecido como “Revolução Verde”, que patrocina uma perversa combinação de insumos, fertilizantes, agrotóxicos e sementes selecionadas e modificadas geneticamente, conforme SARAVELLE (2014). Todos estes insumos são produzidos e comercializados por corporações multinacionais, rigorosamente padronizadas e massificadas em todas as regiões do planeta, independente de suas condições climáticas e edáficas.

Além disto, este pacote foi causador da degradação sistemática da fertilidade natural dos solos e da agrobiodiversidade, entendida como um termo amplo que inclui todos os componentes da biodiversidade que têm relevância para a agricultura e alimentação, bem como todos os componentes da biodiversidade que constituem os agroecossistemas e as variedades e a variabilidade de animais, plantas e de microrganismos, em níveis genéticos tanto de espécies como de ecossistemas.

O sucesso de qualquer espécie depende de sua estratégia de reprodução, ou seja, como garantir alimentos, abrigo e parcerias. Cada comunidade, ao longo dos tempos, desenvolve seu modo de lidar com a natureza e os recursos disponíveis ao seu redor, interagindo com o espaço que ocupa através de uma diversidade de culturas e ritos, cerimônias e conhecimentos, que acabam por produzir diferentes territorialidades (PORTO-GONÇALVES, 2006) e também cultivares.

Assim surge a agricultura ou “cultura do campo”. Cada grupo constitui seu território e garante sua segurança alimentar através de suas “agriculturas”, de seu conhecimento construído a partir da íntima relação com o agroecossistema como qual interage.

Mas a partir da “Revolução Verde”, há um significativo incremento das monoculturas e a imposição de um modelo agroexportador altamente tecnificado, num movimento de completa negação da agricultura até então realizada, inclusive negando seu propósito de existir, que é garantir a alimentação de quem produz. A partir de então, a agricultura passa cada vez mais a ter uma lógica mercantil, sendo o alimento transformado em mercadoria.

Com o monopólio das sementes, e do novo modo de produção do conhecimento a ele associado, a produção tende a se dissociar da reprodução e da segurança alimentar (ASSESOAR, 2009) e passa a depender de algumas poucas corporações que se investem de uma posição privilegiada nas relações sociais e de poder que se configuram (PORTO-GONÇALVES, 2006).
Em oposição a este cenário tecnocrático de entendimento da questão da segurança alimentar e da proposta deste modelo de desenvolvimento para a agricultura, surge a agroecologia enquanto um campo do conhecimento baseado na perspectiva holística, de compreensão dos fenômenos relacionados à produção de alimentos, especialmente o problema do monopólio da venda das sementes pelas multinacionais e a perda da agrobiodiversidade (DE BIASE, 2010).

Neste contexto, os Bancos de Sementes Crioulas, estratégia surgida no Brasil na década de 1970 para a preservação “ex situ” das variedades crioulas (CORDEIRO et al., 1993), constitui-se como uma das principais formas agroecológicas de resistência adotada pelos movimentos sociais camponeses e agricultores, em oposição ao avanço das sementes controladas pelas corporações, sejam sementes híbridas ou transgênicas. O método de conservação “in situ on farm” é outra possibilidade de preservação de germoplasma onde a espécie é cultivada periodicamente (EMBRAPA, 2010), sofrendo continuamente a ação da seleção natural e artificial, numa dinâmica constante de adaptação.

SARAVELLE (2014) explicitam o estudo de caso da experiência da União das Associações Comunitárias do Interior de Canguçu (UNAIC), no Rio Grande do Sul, e o alcance da soberania alimentar em seu contexto.

Canguçu é um município com cerca de 56.000 habitantes, numa extensão territorial de, aproximadamente, 3.500 km2 (IBGE, 2008), onde estão localizados 9.444 estabelecimentos agropecuários, de acordo com o Censo Agropecuário 2006 do IBGE. Este é o município brasileiro com o maior número de estabelecimentos agropecuários.

Por este motivo, Canguçu é considerada a capital nacional da agricultura familiar. Cerca de 32.000 habitantes estão situados na zona rural (IBGE, 2006). A União das Associações Comunitárias do Interior de Canguçu (UNAIC) foi fundada em 18 de março de 1988, no município de Canguçu, na região sul do estado do Rio Grande do Sul e reunia originalmente 50 associações comunitárias, que permanecem ainda hoje associadas (SANTOS et al., 2006, p.83).

Em 2005, com a criação do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) no estado, a UNAIC já mais estruturada, voltou a realizar o fornecimento institucional, principalmente para a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB).

O passo seguinte foi a criação, no mesmo ano, do Banco Comunitário de Sementes. Este banco tinha como principal objetivo resgatar algumas variedades de sementes crioulas da região e retomar o hábito da armazenagem e troca entre os agricultores. O banco nasceu com objetivos comerciais de ser mais uma alternativa de renda pros agricultores e sociais, e para preservar espécies de importância cultural para comunidades locais.

A pesquisa de campo, realizada de forma informal e espontânea (VERDEJO, 2006), também revela uma quantidade muito grande de variedades de sementes crioulas de grãos mantidas pela entidade. São preservadas 19 variedades de milho e 30 de feijão, preferencialmente “in situ on farm”, ou seja são cultivadas anualmente e mantidas pelos próprios agricultores, ao invés da manutenção “ex situ”, onde são armazenadas em câmaras refrigeradas.

Além da possibilidade de geração de renda, as sementes crioulas também representam a liberdade de escolha de qual variedade plantar para o consumo familiar e integrado à propriedade rural. Agricultores relatam que após o beneficiamento dos grãos de milho, a porção que seria descartada por não atender o padrão necessário é utilizada na alimentação de seus porcos, não havendo desperdício de matéria orgânica.

Desta forma, não há perdas, pois as sementes plantadas inicialmente são próprias, e o destino que sua produção se direciona é controlado pelos agricultores como sujeitos das ações. Outro ponto bastante ressaltado, é a adaptação fenotípica das variedades às condições ambientais regionais.

Por conta desta característica, os custos de produção por área cultivada são bem menores se comparados às culturas que utilizam as sementes corporativas tanto híbridas, como transgênicas. A produtividade média era de 71 sacos/ha sem o auxílio de irrigação ou adubação após o plantio. A média de produtividade no estado do Rio Grande do Sul, no mesmo período, segundo dados do Atlas Socioeconômico do Rio Grande do Sul (2010), foi de 51,5 sacos/ha, se considerando sacos de 50 kg.

Se observam assim, valores de produtividade maiores das sementes crioulas produzidas em Canguçu que na média produzem 70 sacos/ha. Não é por acaso que Canguçu figura entre os maiores produtores de milho do estado, e as sementes crioulas são as grandes responsáveis por estes números.

Desde 2002 é realizada a Feira Estadual de Sementes Crioulas e Tecnologias Populares no município, com o intuito de promover a troca de sementes, não apenas da região, mas também do estado inteiro, além de divulgar a importância das sementes crioulas para a agricultura camponesa e a importância e necessidade do enfrentamento aos transgênicos.

O termo “Tecnologias Populares” foi agregado para que a Feira também abarcasse outros temas relacionados à Agroecologia, seguindo propõe ALTIERI (2001) e suas tecnologias apropriadas geradoras de autonomia. Como pode ser notado, as Feiras Estaduais de Sementes Crioulas e Tecnologias Populares são um importante espaço de trocas de conhecimento, material genético, experiências e fortalecimento político.

As sementes crioulas são livres, pois não exigem pagamento de royalties para o seu plantio, além de serem guardadas de uma safra para outra reduzindo os custos de produção. A soberania alimentar é definida pela Via Campesina Internacional como o “direito das pessoas aos alimentos saudáveis e culturalmente apropriados, produzidos através de métodos sustentáveis e saudáveis, e seu direito a definir seus próprios alimentos e sistemas de agricultura” sendo materializado na experiência da UNAIC em seu trabalho com as sementes crioulas, conforme SARAVELLE (2014).

Ocorre saudar e divulgar esta iniciativa, que é tão significativa para a simbologia e as práticas agrícolas em busca de formulação de estratégias satisfatórias de qualidade de vida, propiciada por alimentação saudável.

Referências:

ALTIERI, M. Agroecologia: a dinâmica produtiva da agricultura sustentável. Porto Alegre, RS. Editora Universidade/UFRGS, 2001.

ASSESOAR. Quem controla a semente controla o mundo in Cadernos Assesoar nº 07, Francisco Beltrão, PR, 2009. ATLAS SOCIOECONÔMICO DO RIO GRANDE DO SUL (2010). Disponível em: Acesso em: 28 out. 2010.

BRASIL. Convenção sobre Diversidade Biológica (1992). Disponível em: Acesso em: 28 out. 2010.

CORDEIRO, A et al. Gestão de bancos de sementes comunitários, Rio de Janeiro, RJ.

EMBRAPA. Conservação on farm da agrobiodiversidade, estudos etnobiológicos e segurança alimentar do povo indígena Krahô. Brasília, DF, 2010. Cadernos de Agroecologia – ISSN 2236-7934 – Vol 9, No. 4, Nov 2014 9 IBGE. Censo Agropecuário 2006. Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/agropecuaria/censoagro/2006/agr opecuario.pdf>. Acesso em: 28 out. 2010.

PORTO-GONÇALVES, C. W. A globalização da natureza e a natureza da globalização, Rio de Janeiro, RJ. Ed. Civilização Brasileira, 2006.

SANTOS, A.F.; EICHOLZ, D.E.; NEVES, E. Agricultura familiar semente da esperança. Canguçu, RS. Menestrel editora, 2006.

VERDEJO, M. E. Diagnóstico Rural Participativo – Guia prático DRP. Brasília: SAF/MDA, 2006.

SARAVALLE, Caio Yamazaki. Sementes Crioulas: estratégias de resistência camponesa na UNAIC (União das Associações Comunitárias do Interior de Canguçu-RS), Canguçu, Rio Grande do Sul. Cadernos de Agroecologia – ISSN 2236-7934 – Vol 9, No. 4, Nov 2014

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

in EcoDebate, 05/01/2016
"Uso de sementes crioulas na resistência camponesa em ambiente agroecológico, artigo de Roberto Naime," in Portal EcoDebate, 5/01/2016,http://www.ecodebate.com.br/2016/01/05/uso-de-sementes-crioulas-na-resistencia-camponesa-em-ambiente-agroecologico-artigo-de-roberto-naime/.

Pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas desenvolvem telha sustentável

Ecotelha é desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas – Divulgação Fapeam

Pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) estão desenvolvendo o protótipo de uma telha sustentável. Ela é feita, principalmente, com fibras naturais da Amazônia, como a malva e a juta, e com uma argamassa que inclui areia, resíduos de cerâmica e pouco cimento.

Essa composição, segundo o subcoordenador da pesquisa, o doutor em engenharia João de Almeida Melo Filho, dá mais resistência ao material e pode melhorar a sensação térmica nas residências localizadas nas regiões mais quentes do país. “Além de ter menos cimento em sua constituição, ela tem também areia, que se torna um material mais barato, além das fibras naturais. A matriz que utiliza o cimento é muito frágil e as fibras naturais é que vão dar a verdadeira resistência a esse material. O conjunto que a gente chama de “material compósito” vai produzir um material com maior resistência mecânica. E a gente já verificou que tem maior desempenho térmico devido ao uso de resíduos cerâmicos”, garantiu.

Para o pesquisador, a telha sustentável terá boa aceitação pelos consumidores porque, além de ser mais barata, será parecida com as disponíveis no mercado. João de Almeida acredita que a utilização das fibras naturais para a produção das ecotelhas também vai estimular o trabalho de produtores ribeirinhos. “A gente acredita que o fato de o cultivo dessas fibras ser feito, principalmente, por comunidades ribeirinhas, a utilização dessas fibras no desenvolvimento de um material de construção e a possibilidade de que seja usado em grande escala vai incentivar essas comunidades a produzir e aumentar sua renda.

O pesquisador informou que o protótipo da ecotelha deve ficar pronto em 12 meses. Após esse processo, ele disse que será necessário um patrocínio para adquirir o maquinário destinado à produção em larga escala. O projeto recebe o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas. A entidade concede R$ 50 mil, por meio do programa Sinapse da Inovação, para o desenvolvimento de tecnologias inovadoras.

Por Bianca Paiva, da Agência Brasil, in EcoDebate, 06/01/2016

Horta orgânica de Terra Estrela, Várzea Grande (MT), artigo de Roberto Naime

[EcoDebate] PANTALEÃO et. al. (2014) descrevem e relatam a experiência agroecológica cuja origem se deu em função da adequação a uma alimentação saudável para o consumo familiar e se desdobrou em um negócio próspero e sustentável na horta orgânica de Terra Estrela, em Várzea Grande no estado do Mato Grosso.

Hortas orgânicas materializam a relevância do equilíbrio dinâmico entre o homem e a natureza que pode ser uma alternativa ao processo produtivo tradicional, favorecendo o desenvolvimento rural sustentável.

O responsável pela atividade, Egon Nord teve sua formação básica na Escola Waldorf, que possui um ensino voltado a antroposofia e agricultura alternativa e relata que sempre foi ligado à terra. O agrônomo percebeu em um trabalho de especialização feito nos assentamentos que muitos agricultores tinham excedente de produção realizado para o sustento de subsistência, muitas vezes até por falta de recursos para utilizar produtos químicos, enquanto na região urbana, existia uma demanda desses alimentos.

Foi nesse contexto que surgiu a ideia de organizar uma rede de consumo consciente. A experiência ocorreu na Horta Terra Estrela, que é distribuída em uma propriedade com mais de quatro hectares em um espaço de 18 mil metros quadrados de área de mata nativa localizada no bairro Engordador, município de Várzea Grande, no Mato Grosso.

As práticas de comercialização dos alimentos orgânicos começaram no ano de 2007, quando apesar de ter a própria horta, se compravam alimentos de diversos produtores e se revendia as hortaliças por meio de “kits” que eram distribuídos em ecopontos, para clientes previamente cadastrados. Além dos produtos frescos dos agricultores outros produtos foram agregados ao “kit”, como castanhas, queijo orgânico e outros, com o intuito de aumentar a renda.

Foi então idealizada a criação de uma loja especializada em produtos orgânicos, em que poderia agregar novos produtos e continuar com a distribuição dos “kits”.

A experiência da loja permitiu concluir que as dificuldades estavam no gerenciamento da comercialização, por se tratar de um produto perecível que pode durar pouco mais de dois dias, quando conservados em câmera fria. Então foi decidido voltar a manipular apenas os alimentos cultivados na Horta Terra Estrela.

No início de 2013, se criaram vários pontos para entrega das mercadorias. O diferencial do cultivo orgânico está na preparação do solo para a plantação, pois é usada na compostagem, folha seca, galhos, terra e estrume de aves, como de galinha. Também são usados alguns nutrientes minerais para adubação, como o pó de rochas e potássio, sendo o segundo depois do nitrogênio o nutriente mais importante para a planta, na maioria das vezes, são importados.

Na Horta Terra Estrela, não se utiliza o esterco de boi porque haveria o risco de contaminação por resíduos de agrotóxicos. Quando ocorre desequilíbrio nas plantas, com ataque de pragas ou doenças o produtor utiliza defensivos alternativos e naturais de baixo impacto ambiental como, por exemplo, o fumo e algumas caldas feitas de cal com ação fungicida.

Mas em alguns casos em que não se consegue controlar as pragas, se altera o local de cultivo. Já existe na produção a prática de rotatividade das plantações.

Porém no mês de agosto de 2014, houve a conquista do selo “orgânico” que materializou a credibilidade do consumidor na produção e maximizou as vendas destes alimentos. Dessa maneira a agricultura ecológica se consolidou no mercado, distribuindo em ecopontos, restaurantes e recentemente em um supermercado conceituado na cidade de Cuiabá.

São disponibilizados aos clientes cadastrados três kits compostos por verduras e temperos, conforme a preferência do consumidor. Os clientes da Horta Terra Estrela, combinam o dia e horário para receber os seus produtos. O preço médio de cada kit é de R$ 13 a R$ 25.

O Serviço Brasileiro de apoio à pequena e média empresa (SEBRAE), também contribuiu no processo de certificação, visto que forneceu o selo orgânico, por meio da Ecocert.

PANTALEÃO et. al. (2014) percebem que diante de toda a trajetória do empreendimento, a prática da agroecologia, pouco explorada na região, possui espaço para expansão. Com as várias tentativas de comercialização houve aprendizado que era necessário uma estratégia de logística, já que esse era o grande obstáculo a ser superado no empreendimento. As soluções encontradas para resolver estas dificuldades, foram criar uma regularidade por meio dos “kits’, fazer cadastro dos clientes e criar ecopontos fixos.

Este procedimento facilitou a gestão, diminuindo os custos e possibilitando a viabilização do comércio dos alimentos orgânicos. Alguns resultados são visíveis para o comércio como a expansão da cadeia de alimentos orgânicos, o aumento do mercado de consumidores conscientes e transformação da horta como referência. Este caso é reconhecido como sendo um caso de sucesso único na região de Mato Grosso.

Entre os produtos encontrados estão tomates-cereja, berinjela, vagem, pepino, almeirão, chicória e escarola, mamão e banana, porém a ênfase é na produção das folhas como: alface, rúcula, cebolinha, salsa, coentro e couve.

A construção desse negócio ecológico ocasionou um retorno financeiro em longo prazo e também a oportunidade de beneficiar a comunidade com melhor qualidade de vida e uma alimentação privilegiada. Após a certificação dos alimentos, passaram a ser comercializados em média 130 kits por semana, além das entregas diárias para o supermercado, que totaliza no mês cerca de 19.000 unidades de hortaliças.

Porém, se constatou que o aumento da demanda poderá ocasionar problemas de falta de produtos, por isso são mantidos apenas 2 pontos para os clientes que fazem a aquisição dos “kits”. Com isso se difunde a agroecologia para a sociedade, uma vez que a horta Terra Estrela está se tornando uma referência de comércio orgânico no estado de Mato Grosso, reconhecido como um caso de sucesso na agricultura.

Caso os produtos não possuam o selo de certificação terá dificuldade em conseguir mercado, porém esse é um risco inevitável nesse negócio, isso porque precisa cultivar primeiro para ser certificado. Há uma grande possibilidade de perda de alimentos, por motivo de chuva intensa, doenças nas lavouras ou até mesmo durante o transporte.

Ocorre saudar a iniciativa, principalmente no estado do Mato Grosso, onde até mesmo produtos de agricultura convencional se originam de outras praças.

Neste cenário, onde o estado do Mato Grosso é considerada a maior unidade produtora de grãos e proteínas do país e se identifica que 97% dos alimentos consumidos provém de fora do estado, mesmo quando resultantes de agricultura convencional se coloca a necessidade de reflexão isenta para se conhecer e se entender a realidade. Que se expressa para todos nós. E principalmente que mundo e que país se deseja legar para as gerações futuras carregue consciências mais leves.

Referências:

TAFNER JUNIOR, Armando Wilson; CORREIA, Jonas Benevides; IZAEL, Thiago, VILELA, Meriji Luciana, OLIVEIRA, Jordana; MENDONÇA, Dannyela. Cooperangi: à Caminho da Independência Química. Cadernos de Agroecologia – ISSN 2236-7934 – Vol 9, No. 4, Nov 2014

PANTALEÃO, Elba de Oliveira; OKAWADA, Fernanda Corrêa Freitas; BRESSAN, Idinéia; FERRER SILVA, Ivana Aparecida; ANDRADE, Ana Letícia Nogueira de; LOPES, Eduardo de Oliveira. Terra Estrela: O Sucesso de uma Horta Orgânica. Cadernos de Agroecologia – ISSN 2236-7934 – Vol 9, No. 4, Nov 2014

Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.

Sugestão de leitura: Celebração da vida [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.

in EcoDebate, 06/01/2016

Energia solar em telhados gera renda e melhorias no sertão baiano

Residenciais com energia solar gerada nos telhados ultrapassaram a marca de R$ 2 milhões em receita obtida com a venda da energia elétrica à distribuidora local
Microusina nos telhados tem potencial para produzir energia para abastecer 3,6 mil domicílios por ano. Foto: Caixa

Com 9.144 placas fotovoltaicas instaladas nos telhados dos blocos com quatro ou seis apartamentos, os conjuntos vizinhos do Minha Casa Minha Vida, lar de mil famílias de baixa renda, têm potencial para produzir 2,1 Megawatts (MW), capazes de abastecer 3,6 mil domicílios por ano. Transformados na maior microusina de energia solar do País, os residenciais Praia do Rodeadouro e Morada do Salitre, em Juazeiro, no sertão baiano, ultrapassaram a marca de R$ 2 milhões em receita obtida com a venda da energia elétrica à distribuidora local.

Os 5,465 Gigawatts-hora (GWh) comercializados renderam R$ 2,27 milhões líquidos entre fevereiro de 2014 e novembro de 2015 — os dados podem ser acompanhados pelo site,com defasagem de um dia. Desse bolo, uma fatia de 60% vai para o bolso das famílias, 30% são aplicados num fundo para o condomínio e a associação de moradores e os 10% restantes pagam as despesas de manutenção dos residenciais.

Investimento

Em dinheiro, o fundo de investimento arrecadou R$ 683 mil no período, o que lhe permitiu bancar melhoramentos como a reforma e ampliação dos centros comunitários, antes ocupando quiosques abertos, além da instalação de sala de informática, parada de ônibus coberta, sinalização de trânsito e de serviços de atendimento médico, odontológico e psicológico.

Os investimentos foram decididos pelos próprios moradores via associação. E mais: não há taxa de condomínio, e cada família recebeu R$ 1.366 até novembro de 2015, ou uma média de R$ 62 mensais, valor suficiente para cobrir as prestações mensais do programa Minha Casa Minha Vida, que variam de R$ 25 a R$ 80.

Modelo Sustentável

O Fundo Socioambiental Caixa investiu R$ 6 milhões em recursos não reembolsáveis no projeto, implantado pela Brasil Solair, que entrou com contrapartida de R$ 880 mil. A empresa também instalou seis torres de microgeração eólica, que produzem a energia que abastece as áreas comuns dos condomínios.

“Os resultados desse projeto são surpreendentes e nos motivam a buscar novos modelos de negócio para promover a sustentabilidade dos condomínios do Minha Casa Minha Vida”, afirmou Mara Alvim Motta, gerente executiva da Gerência Nacional de Sustentabilidade e Responsabilidade Socioambiental da Caixa.
Fonte: Portal Brasil, com informações da Agência Caixa

in EcoDebate, 07/01/2016

RS: Na capital da soja, assentados driblam uso de agrotóxicos e investem na produção orgânica

Entre os motivos para o fortalecimento desta atuação no último ano, está a busca de um novo modelo de produção e a localização dos assentamentos.
Por Catiana de Medeiros
Da Página do MST

O incentivo à produção de alimentos saudáveis, sem o uso de venenos e agroquímicos, integrou as principais ações desenvolvidas por meio do Programa de Assessoria Técnica, Social e Ambiental à Reforma Agrária (Ates), do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), no ano de 2015 no município de Tupanciretã, na região Central do Rio Grande do Sul.

Entre os motivos para o fortalecimento desta atuação no último ano, realizada pelos técnicos da Cooperativa de Trabalho em Prestação de Serviços Técnicos (Coptec), está a busca de um novo modelo de produção e a localização dos assentamentos: “a região é uma das que mais investe no monocultivo de soja à base de agrotóxicos”, lamenta Roberto da Silva, um dos coordenadores do núcleo operacional da Coptec no município.

Segundo informações do Fórum Gaúcho de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos, o RS ocupa a quarta posição entre os estados que mais usam veneno no Brasil. A estimativa de consumo destas substâncias, por habitante, é de 8,3 litros ao ano.

Já em abrangência nacional, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), são consumidos cerca de 7,5 litros por pessoa anualmente – 0,8 a menos que no RS. Este dado coloca o Brasil no topo da lista dos países que mais consomem agrotóxicos no mundo.

Contrariando esta realidade local, estadual e nacional, que tem causado cada vez mais doenças nos seres humanos e prejudicado o meio ambiente e os bens naturais, há cerca de seis anos um grupo de agricultores ligado ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) optou por adotar uma alternativa mais sustentável: a produção de alimentos orgânicos.

Hoje, além de servir para o autossustento das famílias e a comercialização em feiras e direto ao consumidor, os produtos saudáveis chegam nas instituições de ensino através do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). Somente em Tupanciretã, os assentados abastecem 20 escolas municipais e seis estaduais, envolvendo, ao todo, 23 projetos e mais de 10,5 mil quilos de alimentos.

Entre elas, está a Escola Estadual de Ensino Fundamental Tupanciretã. A instituição tem em torno de 200 alunos e há cerca de seis anos adquire, entre outros produtos, orgânicos por meio do Pnae.

Conforme o diretor Rogério Carnelosso, os alimentos são preparados para o lanche escolar, que é oferecido de segunda a sexta-feira, entre os intervalos das aulas, em dois horários: 10h15 e 15h10.

“Apesar dos procedimentos burocráticos para adquirir os alimentos, o Pnae é um bom programa, pois nos possibilita alimentar em horário escolar os nossos alunos. Muitos, às vezes, nem têm o que comer quando retornam às suas casas. Eles gostam, principalmente quando são produtos saudáveis”, disse o diretor.

Assistência e incentivos

Segundo o coordenador Silva, o grupo de produtores é composto atualmente por 14 famílias, oriundas de quatro assentamentos, que comercializam alface, repolho, tempero verde, folhas de couve, mandioca descascada, batata-doce, moranga cabotiá, alho, cenoura, beterraba, laranja, bergamota e feijão, no Pnae.

Para fortalecer o grupo e auxiliar na produção, a Coptec realiza reuniões, cursos e oficinas a cada 15 dias, além de visitas individuais nas propriedades. A cooperativa também dá assistência na elaboração de projetos de venda e na organização dos produtos para entrega, controle e prestação de contas.

Este incentivo na produção de orgânicos envole ainda outros objetivos fundamentais, que vão desde a geração de renda para os assentados até uma alimentação mais saudável para produtores e consumidores.

“Nosso intuito é diversificar a produção e auxiliar os agricultores na transição para a produção orgânica”, explicou Silva.

“O povo gosta de um alimento sadio”

Inserido na prática do trabalho coletivo, o agricultor Jolcimar Guilardi, 48 anos, do Assentamento Santa Rosa de Tupanciretã, trabalha há mais de 15 anos com a produção orgânica. Para ele, mesmo estando em uma região onde há intenso uso de agrotóxicos, produzir alimentos saudáveis gera muitos benefícios.

“Nós vivemos num município que é conhecido como a capital da soja, por ser o maior produtor deste grão no estado, e, consequentemente, como um dos que mais usa agrotóxicos.

Estamos cercados por esta realidade, que também nos traz prejuízos, mas firmes para combatê-la em nossos meios e continuar a produção de alimentos saudáveis, obtendo renda e vivendo com dignidade”, destacou.

Além de entregar para escolas e vender em feiras e mercados, o assentado revelou que há projeções de a produção orgânica de assentamentos de Tupanciretã se expandir para o município de Santa Maria, também na região Central.

“Existe este desejo e já temos experiências. O povo gosta de um alimento sadio, muitas vezes não tem o que chega. Além termos mais vida e saúde, ainda conseguimos proporcionar isso à sociedade, o que é muito gratificante”, finalizou Guilardi.

in EcoDebate, 08/01/2016

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

MMA lança o Catálogo Taxonômico da Fauna Brasileira, que reúne dados de mais de 116 mil espécies

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, lançou o Catálogo Taxonômico da Fauna Brasileira. Durante dois anos, mais de 500 cientistas trabalharam na organização da lista, que conta com seres vivos de 28 ramos de categorias. Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil 

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) lançou ontem (21) o Catálogo Taxonômico da Fauna Brasileira, que reúne dados de mais de 116 mil espécies de animais. A construção dessa lista atende umas das 20 metas de conservação, chamadas de metas de Aichi, estabelecidas pela Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) da Organização das Nações Unidas.
No módulo de consulta pública, qualquer pesquisador ou interessado pode entrar na base de dados e ter todas as informações disponíveis, disse a secretária de Biodiversidade e Florestas, Ana Cristina Barros. Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil 

Prevista para ser alcançada até 2017, a meta objetiva dar a base científica para tomada de decisão sobre uso da biodiversidade. “Desde 2010 nós internalizamos essas metas, e uma delas fala da importância de termos bases sólidas, científicas, sistematizadas e disponíveis para o público. Por isso o módulo de consulta pública, onde qualquer pesquisador ou interessado pode entrar na base de dados e ter todas as informações disponíveis”, disse a secretária de Biodiversidade e Florestas, Ana Cristina Barros.

Durante dois anos, mais de 500 cientistas trabalharam na organização da lista, que conta com seres vivos de 28 ramos de categorias. “Quantificamos um dos principais patrimônios do país, e descobrir nisso que temos 30% das aves do planeta, mostra o valor das nossas matas e dos nossos campos”, disse a secretária, contando que 9% da fauna do mundo está no Brasil.

A lista pode ser acessada pelo site do MMA, pelo Portal da Biodiversidade e pelo Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira. Ela foi desenvolvida em uma parceria entre os ministérios do Meio Ambiente e da Ciência, Tecnologia e Inovação.

A Convenção da ONU foi estabelecida em 1992, durante a ECO-92 – a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro. Mais de 160 países já assinaram o acordo, que entrou em vigor em dezembro de 1993.
A 13º Conferência das Partes da convenção será realizada no México, em dezembro de 2016, sobre a biodiversidade e dos setores de desenvolvimento, segundo o secretário-executivo da Convenção, Bráulio Dias. Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil 

Em dezembro de 2016, será realizada, no México a 13º Conferência das Partes da convenção que, segundo o secretário-executivo da Convenção, Bráulio Dias, vai tratar da biodiversidade e os setores de desenvolvimento. “A questão da biodiversidade na agricultura, em florestas, pesca e turismo, são os quatro principais, mas também estamos discutindo as relações entre biodiversidade e saúde humana. Espero que a COP13 seja um marco para consolidarmos o tratamento da biodiversidade nesses outros setores”, disse.

Por Andreia Verdélio, da Agência Brasil, in EcoDebate, 22/12/2015

Mariquita en la huerta orgánica

Junto a mariquita en la huerta orgánica, los niños aprenden a conocer como se cultivan los alimentos, a conocer las hortalizas y los insectos benéficos que colaboran con la huerta orgánica.


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INTA Chicos

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Había una vez una huerta

Recopilación de las historias escritas e ilustradas por l@s chic@s para el concurso provincial de cuento ilustrado en Santa Cruz.


Las historias ilustradas que componen este libro son producciones de niñas y niños que han logrado abordar de manera artística la realidad cotidiana en la que se mueven día a día docentes y estudiantes de la provincia de Santa Cruz

Del Concurso participaron docentes y estudiantes de toda la provincia de Santa Cruz pertenecientes al nivel inicial y al primer ciclo de la escuela primaria. La convocatoria se hizo extensible a toda las entidades educativas de la provincia, tanto a zonas urbanas, peri urbanas, como rurales, que quisieran contar una historia sobre la huerta: su realización, manejo y cuidados, la interacción con el medio natural, la prevención y el manejo prudente de los alimentos desde la pequeña edad, entre otros objetivos.

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INTA Chicos

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Papas andinas. Recetas y relatos de mi tierra (inta.gob.ar)

El objetivo de esta publicación es difundir recetas culinarias en las que se incluye la papa andina como ingrediente.

Por: Andrea Martina, Clausen, Andrea Martina, Clausen Silvia Inés Suarez, Edgardo Néstor Carrizo, Adriana Balbina Andreu

Estas papas se encuentran en las provincias del Noroeste Argentino y constituyen un invalorable recurso genético cultivado, conservado y utilizado por los pobladores locales durante cientos de años. 

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Mi casa, mi huerta. Técnicas de agricultura urbana (inta.gob.ar)

Esta publicación presenta diversas tecnologías productivas, implementadas por huerteros urbanos, escuelas y diferentes instituciones. Asimismo, ofrece técnicas innovadoras de cultivo de hortalizas y aromáticas, que permiten reciclar múltiples recipientes y aprovechar patios, balcones y terrazas.


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Catálogo de plantas para techos verdes (inta.gob.ar)

En este catálogo se presentan las especies más estudiadas en el Instituto de Floricultura para su uso en Techos Verdes con sus caracerísticas más relevantes.Por: Maria Silvina SOTO, Lorena Alejandra BARBARO, Maria Andrea COVIELLA, Maria Andrea COVIELLA Santiago STANCANELLI

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Publicado en:
Ediciones INTA

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La huerta orgánica familiar (inta.gob.ar)

Promoción de la autoproducción en pequeña escala de alimentos frescos.

Por: Monica Silvia, Rubio, Monica Silvia, Rubio, Daniel Norberto DIAZ Alfredo GALLI, Marisa BERGES, Carlos CAZROLA, Mirta VELAZQUEZ, Liliana LUPI

La publicación fue realizada por el PRO-HUERTA, un programa enmarcado en la seguridad alimentaria, cuya piedra angular amalgama la capacitación progresiva, la participación solidaria y el acompañamiento sistemático de las acciones en terreno, resultando estratégicos en su operatoria la intervención activa del voluntariado (promotores) y de redes de organizaciones de la sociedad civil.

Es un programa dirigido a población en condición de pobreza, que enfrenta problemas de acceso a una alimentación saludable, promoviendo una dieta más diversificada y equilibrada mediante la autoproducción en pequeña escala de alimentos frescos por parte de sus destinatarios. El conjunto de prestaciones brindado se concreta en modelos de huertas y granjas orgánicas de autoconsumo a nivel familiar, escolar, comunitario e institucional.

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Manejo de Biodiversidad en agroecosistemas (inta.gob.ar)



En la Argentina, los sistemas naturales se han intensificado y/o transformado en las últimas décadas en sistemas productivos, de actividades principalmente agrícolas y forestales. Estas son las más importantes causas de impacto sobre el estado de especies y poblaciones de flora, fauna y sus interacciones con el ambiente. Sin embargo, muchas de las especies de la biodiversidad son usadas por parte de las poblaciones humanas para sostener economías locales y regionales. Estos usos ocurren tanto en condiciones de subsistencia, autoconsumo o producción y siguen distintos propósitos productivos centrados en la carne, piel, pelo, o caza. Estos procesos de “uso de la naturaleza” generan distintos tipos de relaciones, beneficios y tensiones con los ecosistemas, que definen los cursos de acción. Hay especies por ejemplo que son consideradas problemas, por competir o generar daños con la producción.

Las soluciones modernas a la diversidad de situaciones problemas a resolver, ya sea que las especies representen un recurso, planteen un conflicto por daños, o ponga en riesgo la conservación de especies, poblaciones o ecosistemas, requieren de desarrollos de conocimientos y tecnologías que contemplen la complejidad y el manejo integrado de los agro-ecosistemas, con un abordaje socio-ecológico. Estos enfoques proponen diseñar los paisajes productivos de modo de recuperar los atributos de la diversidad y heterogeneidad estructural del mismo, las interacciones entre especies y el ambiente, manteniendo la funcionalidad de los procesos y así protegerlos frente a las incertidumbres y compensar los efectos de los disturbios o situaciones críticas extremas. Sin embargo, la recuperación de las condiciones ambientales podría generar nuevos conflictos con especies nativas y exóticas que se re-adaptan por encontrar en el sistema recuperado condiciones favorables para reproducir y sobrevivir adecuadamente.

En esos casos, si las prácticas de uso de agroquímicos no se modifican en el mismo sentido que los manejos de las variables del paisaje, muchas especies podrían encontrar verdaderas “trampas ecológicas” y las relaciones de los costos de los manejos y los beneficios ecológicos esperados podrían no ser lo positivo que se desea.

Varias investigaciones que se encaran en el INTA se focalizan en la comprensión de relaciones complejas entre biodiversidad y uso de la tierra, en el marco de políticas de conservación ambiental o de desarrollo. Llegar a influenciar con información científica, requiere claramente de una planificación cuidadosa del manejo de los sistemas productivos, basados en el entendimiento del delicado balance entre los componentes de la biodiversidad, el comportamiento de las especies, sus roles y respuestas a las prácticas agrícolas y a los grandes procesos de cambio en el uso de las tierras. La comprensión de las interacciones existentes y de las que se pierden son críticas para diseñar los paquetes de manejo a distintas escalas de resolución desde el micro ambiente (a nivel del lote), el meso ambiente (a nivel del establecimiento), el macro ambiente, (a nivel de un paisaje), un mega ambiente (una cuenca) que permitan pensar en prácticas que permitan sostenibilidad agronómica e integridad ecológica.

Sin embargo, no es sencillo hacer propuestas de gestión y seguimientos simultáneos de todas las especies, procesos y respuestas así como de todas las escalas en las que los procesos funcionales y los conflictos de intereses se expresan. Como parte de una primera aproximación a la contribución de estos factores, el INTA diseñó y condujo un plan de monitoreo ecotoxicológico sobre especies indicadoras a escalas de predio, mosaico y región según un conjunto de criterios que permite “tomar la temperatura” a los sistemas productivos pampeanos. Este seguimiento de mediano y largo plazo de la fauna asociada a los manejos agrícolas reales, usos de tecnologías de control de plagas, de control de la erosión del suelo y de usos de la tierra, permite no sólo orientar la toma de decisiones agronómicas y regulatorias, sino analizar las prioridades de conservación, investigación y extensión a varios niveles de resolución.

No obstante lo importante que resulta este conocimiento científico para resolver los dilemas entre producción y conservación, son varios los desafíos por delante, sobre todo encontrar el balance entre los intereses económicos y los ecológicos, que si bien son parte de la misma ecuación, los primeros son siempre de corto plazo y los segundos de largo plazo. Es clave además el entendimiento de la percepción y visión que los productores agropecuarios tienen sobre los servicios de la biodiversidad para su producción y la salud que deben tener estos procesos para alcanzar los beneficios que ellos reciben a partir de sostener la producción.

La escasa percepción de los procesos ecológicos involucrados en las actividades productivas por los actores vinculados a la producción y la investigación agropecuaria, y de las amenazas que sufren, restringe o incluso impide la adopción de estrategias de manejo para frenar o revertir la degradación ambiental y la conservación de la biodiversidad. Se comienzan a desarrollar en el INTA, abordajes innovadores para estructurar las decisiones hacia esquemas de gestión y manejo adaptativo (GMA). Este es un proceso sistemático para la mejora continua en la aplicación de políticas y prácticas, tendiente a generar mejores opciones para el logro de metas de manejo ambiental y de resolución de los variados problemas vinculados a la biodiversidad, su conservación y uso sostenible. Estas metas son consideradas como hipótesis de investigación y se genera un ciclo de aprendizaje dinámico participativo a partir de los resultados de programas operativos a campo. Su forma más efectiva es el manejo adaptativo “activo” que implementa ciclos dinámicos de acciones de manejo-diagnóstico-evaluación diseñados para comparar experimentalmente las políticas o prácticas seleccionadas, evaluando hipótesis alternativas acerca del sistema bajo gestión o manejo.

Para llevar adelante estos abordajes y ampliar la base de entendimiento en los tomadores de decisión (desde los políticos, administradores hasta los productores en sus campos), vemos esencial en el INTA generar alianzas y armar redes para la implementación de programas de educación ambiental tanto dentro del sector científico, académico y educativo como en el ámbito rural más amplio. Esperamos de esta manera mejorar la comunicación, de modo de poder influenciar la toma de decisiones que ayude a resolver problemas y dilemas (producción vs conservación) y se genere un ambiente de discusión e intercambio donde se podrían realizar síntesis de casos exitosos en la reversión de los problemas de conservación de biodiversidad. Adicionalmente, se brinde apoyo al monitoreo del alcance de metas político-técnicas locales, regionales, nacionales e internacionales, al tiempo que se ayuda a plantear un proceso de intercambio de experiencias permanentes que enriquezcan el crecimiento en la disciplina y la retroalimentación de una visión estratégica en la cual producción y conservación lleguen a ser actividades compatibles. Estos y otros temas han motivado en el INTA el abordaje de acciones de investigación, extensión, armado de redes y capacitación, intentando con todos esos ejes articulados, contribuir a dar respuestas para resolver la diversidad de problemas aplicados que vinculan a la biodiversidad con los ámbitos productivos.

La organización del contenido de la presente publicación consta de una presentación conceptual y de análisis histórico del grupo y de su producción en cuatro grandes temas: a: la ecología y manejo de especies de la fauna perjudiciales a la producción, b: el uso sostenible de especies de la flora y fauna silvestre, c: el monitoreo ecotoxicológico y de conservación de vida silvestre en agroecosistemas, y d: el monitoreo de biodiversidad y sus servicios ecosistémicos en el marco de la ecología del paisaje. En cada sección listamos las referencias bibliográficas y los resúmenes de las Publicaciones con Referato, los Manuales y Capítulos en Libros, las Presentaciones en Congresos (Orales y Murales), y los Informes especiales. Con ello, pretendemos no sólo brindar información sintética de lo producido en el recorte temporal de 22 años, sino proporcionar la oportunidad de brindar sus copias frente a requerimientos específicos. Asimismo, aportamos un listado de esfuerzos de Capacitación y Formación de Recursos Humanos y educación a los habitantes del ambiente rural, como de actividades de extensión y educación ambiental en eventos agroproductivos, los que marcan la línea formativa y de capacidades existentes en el equipo de trabajo.

A continuación, ponemos a disposición la versión .pdf y el libro en versión digital .exe, para descargar.

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