sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Gingerol para o tratamento de câncer

Composições inseticidas retiradas de sementes de abacate

Zika vírus: Que caminhos tomar para controlar a epidemia e como lidar com suas consequências?

Publicada em 03/02/2016 Link para esta matéria
Muitas são as opiniões a respeito da epidemia de microcefalia e das doenças vetoriais relacionadas ao Aedes aegypti, principalmente após a OMS declarar emergência mundial por microcefalia. Maiores ainda são as associações que vêm surgindo como consequências desse grave surto. Pesquisadores, instituições científicas e o governo correm contra o tempo em busca de soluções e estratégias eficientes para seu enfrentamento. No entanto, o que ficará quando a crise passar? Quem sofrerá suas consequências? Especialistas apontam caminhos, debatem possibilidades; a população sofre, e já se fala no comprometimento de uma geração inteira – os chamados filhos da zika. Complicações neurológicas como a síndrome de Guillan-Barré, o aborto, as consequências para a saúde e o ambiente, em especial na população mais vulnerável, e o desenvolvimento de uma vacina estão entre os pontos mais preocupantes. E, para completar, na cidade do Rio de Janeiro, que receberá os Jogos Olímpicos 2016, há preocupação com a chegada dos visitantes internacionais e delegações. A ENSP quer saber o que você pensa sobre o futuro do Brasil frente ao zika vírus. Responda à pergunta e participe do mais novo tema do Blog Saúde em Pauta. Escreva! Dê sua opinião!

Este debate foi suscitado pelos Grupos Temáticos (GTs) da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) - Saúde e Ambiente; Saúde do Trabalhador; Vigilância Sanitária; Promoção da Saúde e Desenvolvimento Sustentável; e Educação Popular em Saúde -, que publicaram nota técnica advertindo quanto aos perigos das abordagens com larvicidas e nebulizações químicas, como o fumacê, e defendendo ações socioambientais transformadoras contra o zika. O documento visa aprofundar reflexões, questionamentos e fazer proposições que possam orientar as políticas públicas na intervenção preventiva frente ao surto.

O manifesto da Abrasco destaca que “todas as medidas de controle vetorial devem ser realizadas com ampla mobilização social no sentido da proteção da Saúde Pública, priorizando-se as medidas de saneamento ambiental, e orientadas pelos princípios da Política Nacional de Educação Popular em Saúde”. A Associação alerta ainda que “não pode ser adotado um discurso de responsabilização unilateral das famílias pelo controle do Aedes, eximindo o poder público de seu dever de realizar ampla reforma urbana em curto espaço de tempo: Cidades saudáveis e sustentáveis: esse é o desafio urgente”.

A nota técnica fala, também, sobre alguns fatos que podem justificar a introdução e disseminação do vírus zika, mas ainda precisam ser questionados e investigados. Entre eles estão: aumento da degradação ambiental; utilização continuada de larvicidas químicos na água de beber; intensificação de processos migratórios pela atração de grandes empreendimentos; grandes eventos de massa, como a Copa do Mundo 2014; fragilidade da vigilância epidemiológica dos municípios e dos estados; e as dificuldades na condução da vigilância da zika e chinkungunya, ao tratá-las como ‘dengue branda’.


A Revista Radis, da ENSP, de fevereiro 2016, também aborda o tema destacando a tríplice epidemia viral - dengue, chikungunya e zika -, doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. O editorial da publicação comenta como a atual crise sanitária se tornou uma prioridade para além do campo da saúde e afirma que modelo “mata-mosquito”, utilizado com sucesso por Oswaldo Cruz no início do século 20, não dá conta da complexidade da realidade atual. A revista traz ainda diferentes debates sobre o tema, como a possibilidade de alguns casos de zika evoluírem para complicações neurológicas, como a síndrome de Guillan-Barré, e os jogos eletrônicos que podem auxiliar o processo de conscientização e prevenção na área da saúde.

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Como fazer inseticidas naturais e adubação orgânica

Agroecologia Gerando Renda e Promovendo Cidadania na Serra de Teixeira

Gardening for Trees & Plants : What Kinds of Plants Repel Mosquitoes?

Revista de Nutrição publica nova edição

Autor: NUPPRE Published At: Qui 04 de Fev, 2016 
A Revista de Nutrição divulgou seu último número - Volume 29, número 01, de janeiro/fevereiro de 2016. Estão disponíveis 13 artigos para leitura online.

A Revista de Nutrição divulgou seu último número - Volume 29, número 01, de janeiro/fevereiro de 2016.

Entre os 13 artigos disponíveis, estão "Adesão ao tratamento não farmacológico: análise do impacto de três estratégias de educação em saúde e nutrição em portadores de hipertensão arterial", "Impacto das ações de um programa de educação alimentar e nutricional em uma população de adolescentes"; "Barreiras e fatores promotores do consumo de frutas e hortaliças entre usuários do Programa Academia da Saúde", entre outros.

Para navegar no sumário da Revista e acessar os artigos e outros itens de seu interesse, basta clicar aqui!


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Treating Acne with Barberries

Diário de inovações

Dica do:

Confira o vídeo com mais uma experiência do Diário de Inovações no Hackademia. Neste episódio, a Professora Andréia Marcos, de Picos (PI), utiliza o QR code para estimular a leitura e o aprendizado de poesia. >>http://www.hackademia.com.br/diario/

Legumes, raízes e hortaliças de fevereiro


Memento de fitoterapia - Prefeitura Municipal de São Paulo

Gengibre na gota

Dica da:

Decocção/infusão para bem estar

Adicionar a uma xícara e meia d´água (aproximadamente 250 ml ou 1 copo) uma colher de sobremesa de rasura (erva picada) de dente-de-leão (Taraxacum officinalis L. – Asteraceae) + uma colher de chá de rasura de sálvia (Salvia officinalis L. - Lamiaceae) + uma colher de chá de camomila-alemã (Matricaria recutita L. - Asteraceae). Levar ao fogo e deixar ferver por 2 minutos. Esse procedimento favorece dentre a liberação de diversos outros constituintes das plantas, a liberação dos polissacarídeos do dente-de-leão (pré-bióticos) e da camomila (imunomoduladores), a apigenina da sálvia e da camomila (ansiolítica), ácido ursólico da sálvia (emagrecedor, cardioprotetor), minimiza o efeito alergênico das lactonas sesquiterpênicas do dente-de-leão e da camomila, favorece a extração do ácido carnosólico da sálvia (anti-inflamatório). Após 2 minutos desligar o fogo e acrescentar + uma colher de chá de sálvia + uma colher de chá de camomila. Abafar por 20 minutos, coar e ingerir a preparação. Esse segundo procedimento favorece a extração do óleo essencial da camomila e da sálvia sem que haja muita perda por volatilização, sendo assim ocorre a preservação da tuiona presente na sálvia (antidepressiva e promotora de bem-estar), do camazuleno e do beta-bisabolol presentes na camomila (anti-inflamatórios). Sugere-se também substituir a sálvia pelo tomilho (Thymus vulgaris L. - Lamiaceae) e a camomila pela lavanda (Lavandula officinalis L. - Lamiaceae) e pelo jasmim (Jasminum officinale L. - Oleaceae) para que se promova um efeito semelhante. Esse preparação apresenta também proposta antioxidante, desintoxicante, digestiva, hepatoprotetora, hepatoregeneradora, para cefaleias dentre outras. Ingerir até 4 xícaras/dia.

Vegetais: crus ou cozidos?

26 de janeiro de 2016

Karina Toledo | Agência FAPESP – O ato de cozinhar os vegetais leva necessariamente à redução do teor de compostos bioativos e da atividade antioxidante? Existe uma forma de preparo ideal, capaz de melhor preservar as propriedades funcionais desses alimentos?

Para responder a perguntas como essas, uma série de estudos vem sendo realizada com apoio da FAPESP no Instituto de Saúde e Sociedade (ISS) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), sob a coordenação da professora Veridiana Vera de Rosso.

“A conclusão a que chegamos até o momento é que não há uma regra válida para todos os alimentos. Depende, por exemplo, se o composto é solúvel em água, como as antocianinas, ou se é lipossolúvel, como os carotenoides. Da forma como está armazenado no vegetal, que no caso de carotenoides pode ser cristaloide, globular-tubular ou de cristal líquido. Se está ligado a outras moléculas, como proteínas, que são desnaturadas pelo calor durante o preparo, podendo facilitar a extração. Depende ainda da textura do alimento, do teor de água e de fibras. Não é possível dizer que um determinado tipo de processamento é melhor para todos os vegetais, assim como não dá para afirmar que é sempre melhor consumir o alimento cru”, avaliou de Rosso.

No trabalho mais recente, publicado na revista Food Chemistry, o grupo investigou o que acontecia com três classes de substâncias antioxidantes presentes na couve e no repolho roxo quando esses vegetais eram submetidos a três diferentes formas de preparo: cozimento por imersão na água, cozimento a vapor e refogado.

“Escolhemos as três formas de preparo mais empregadas no Brasil e buscamos deixar os alimentos na textura que seria agradável para a alimentação humana. Em seguida, a extração dos compostos antioxidantes presente nas amostras foi feita em laboratório”, explicou de Rosso.

No caso dos carotenoides, grupo representado pelos pigmentos que vão do amarelo ao vermelho, todas as formas de preparo levaram a uma redução significativa do teor de compostos bioativos na couve, sendo que a menos prejudicial foi o refogado. Enquanto a folha crua apresentou 155 microgramas de carotenoides totais (19 diferentes substâncias dessa classe foram avaliadas) por grama de alimento (μg/g), o número caiu para 35 μg/g na couve cozida por imersão; 43 μg/g na cozida no vapor; e 69 μg/g na refogada.

Já no repolho roxo, como o teor de carotenoides é naturalmente baixo, a diferença não foi significativa. Em relação às antocianinas (pigmentos do vermelho-alaranjado, ao vermelho vivo, roxo e azul) do repolho, o cozimento a vapor até mesmo favoreceu a extração dos compostos em laboratório, proporcionando aumento significativo do teor desses compostos.

Da folha crua foi possível obter 23,9 miligramas de antocianinas (6 diferentes substâncias dessa classe foram avaliadas) por 100 gramas do vegetal (mg/100g). No repolho cozido por imersão o número caiu para 14 mg/100g; no cozido a vapor ocorreu aumento para 28,9 mg/100g; e no refogado para 25 mg/100g.


“Como o repolho tem alto teor de fibras, a extração dos compostos é mais difícil quando a folha está crua. O cozimento a vapor promoveu o abrandamento do tecido, favorecendo a extração. Podemos inferir que o mesmo ocorre em nosso organismo, ou seja, o cozimento faz com que esses antioxidantes do repolho fiquem mais biodisponíveis para o processo digestivo. Mas, como as antocianinas são solúveis em água, devemos evitar o cozimento por imersão, pois ocorre uma grande perda durante o processo”, explicou de Rosso.


A terceira classe de substâncias antioxidantes avaliadas foi a dos compostos fenólicos. No caso do repolho, o cozimento a vapor novamente aumentou a quantidade de substâncias extraídas em comparação à folha crua, passando de 49 mg/100g para 91,4 mg/100g. O cozimento por imersão reduziu para 23,6 mg/100g e o refogado elevou para 53,3 mg/100g. Já na couve as três formas de preparo causaram redução na quantidade de compostos fenólicos extraída, sendo que nesse caso o cozimento a vapor foi o mais prejudicial (passando de 28,5 mg/100g na folha crua para 18,6 mg/100g) e o refogado o que mais preservou o nutriente (passando para 26,9 mg/100g).

Ação antioxidante nas células

O passo seguinte foi avaliar em culturas de células a atividade antioxidante desses dois alimentos, tanto na forma crua como na cozida por imersão, cozida a vapor e refogada.

“Adicionamos o extrato do alimento no meio celular e esperamos cerca de duas horas para que ele fosse metabolizado. Em seguida, adicionamos à cultura uma substância geradora de radicais livres e também uma outra substância que reage com esses radicais livre formados e torna-se fluorescente. Quanto maior é a capacidade dos antioxidantes dos alimentos de desativar os radicais livres, menos as células ficam fluorescentes”, contou de Rosso.

Segundo a pesquisadora, de maneira geral, o cozimento a vapor foi o que melhor preservou a atividade antioxidante tanto na couve quanto no repolho roxo, embora as três formas de preparo tenham demonstrado ação antioxidante significativa.

Os experimentos relatados na Food Chemistry contribuem para elucidar alguns pontos que de Rosso e colaboradores já haviam apontado com baixo nível de evidência em duas revisões de literatura sobre o tema – uma já publicada na revista Food Research International e outra recentemente aceita na revista Critical Reviews in Food Science and Nutrition.

“Nas duas revisões avaliamos cerca de mil trabalhos da literatura científica e observamos uma controvérsia enorme nos resultados. O que podemos concluir é que os componentes estão armazenados de maneira diferente em cada matriz alimentícia e isso determina se ele é mais ou menos estável quando submetido ao cozimento. Portanto, usando a mesma técnica de preparo podemos obter respostas diferentes para diferentes vegetais”, afirmou. 

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Estudo aponta fragilidade da caatinga devido a desertificação

Por Maíra Menezes (IOC/Fiocruz)

Na Bahia, quase a metade das cidades da caatinga no entorno do Rio São Francisco têm alto risco de sofrer danos provocados pelas mudanças climáticas nos próximos 25 anos. A conclusão é de um estudo realizado por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que mapeou a vulnerabilidade às alterações do clima em 84 municípios que fazem parte da bacia hidrográfica do Velho Chico e estão localizados na região do bioma caatinga. Coordenada pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) e Centro de Pesquisas René Rachou (Fiocruz Minas), a pesquisa utiliza uma metodologia desenvolvida na Fiocruz que já foi aplicada para mapear a vulnerabilidade nas cidades do Rio de Janeiro. O trabalho foi financiado pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, por meio de edital, e contou com o apoio da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz.
 
Clique para ver o mapa ampliado da região estudada (imagem: IOC/Fiocruz)

A gravidade das alterações climáticas previstas para a região foi um dos fatores que levaram os pesquisadores a realizar o estudo. “Esta será uma das áreas mais afetadas pelas mudanças do clima. Além disso, o bioma da caatinga é muito peculiar e característico do nosso país. É importante preservá-lo”, afirma a pesquisadora do IOC Martha Barata, coordenadora-geral do projeto. Especialista em mudanças do clima e cidades, Martha é coordenadora do núcleo da Rede de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Urbanas (UCCRN, na sigla em inglês) para a América Latina,anunciado no ano passado.

Mais calor e menos chuva

Com base em dados do Instituto Nacional de Estudos Espaciais (Inpe), os pesquisadores identificaram as possíveis alterações de temperatura e de volume de chuvas para cada um dos 84 municípios nos próximos 25 anos considerando dois cenários de futuro: um cenário com redução nas emissões de gases do efeito estufa e menor aquecimento global, e outro que considera a progressão contínua dessas emissões e maior impacto no clima. Para 2040, a previsão é de que a média de temperatura na região suba no mínimo 0,98°C e no máximo 1,75°C. Ao mesmo tempo, o volume de chuvas anual deve cair entre 101 mm e 172 mm no conjunto dos municípios. Além da tendência geral de clima mais quente e seco, os índices apontam para a possibilidade de mudanças extremas. A cidade de Buritirama pode ficar 2,13°C mais quente. Já em Urandi, a queda na precipitação pode ser de 438 mm.


Calcular o impacto das alterações de chuvas e temperatura em cada cidade é apenas uma das etapas para determinar a vulnerabilidade da população às mudanças climáticas. Segundo Martha, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (chamado de IPCC, na sigla em inglês) define a vulnerabilidade como “a propensão a sofrer danos”. Esta é influenciada pelo nível de exposição, pela sensibilidade e pela capacidade de adaptação da população ao fator de perigo. “No estudo, consideramos que o nível de exposição é apontado pelas características ambientais, a sensibilidade pode ser percebida pela ocorrência de certas doenças, a capacidade de reação é indicada pelo perfil socioeconômico do município e o fator de perigo é a possível mudança do clima”, enumera a pesquisadora.
 
Clique e confira o mapa ampliado do Índice de Vulnerabilidade Municipal no cenário climático com redução nas emissões de gases do efeito estufa (imagem: IOC/Fiocruz)

Fatores de vulnerabilidade

Dessa forma, seguindo a metodologia desenvolvida na Fiocruz, o Índice de Vulnerabilidade Municipal é calculado a partir de quatro fatores. A situação da saúde é avaliada pela ocorrência de doenças de notificação obrigatória na área de estudo que podem sofrer impactos do clima, incluindo os registros de dengue, leishmanioses, esquistossomose e acidentes com animais peçonhentos, além das mortes causadas por diarreia em crianças menores de cinco anos. Os aspectos ambientais são analisados considerando a preservação da biodiversidade, a disponibilidade de recursos hídricos, a situação do solo e a frequência de eventos hidrometeorológicos extremos, como secas e enchentes, com e sem vítimas fatais. Já as características socioeconômicas são apontadas por indicadores oficiais, além de informações sobre as condições de saneamento local, incluindo rede de esgoto e coleta de lixo. Por fim, as previsões climáticas são inseridas na fórmula, dando origem ao Índice de Vulnerabilidade Municipal, que varia de zero a um de acordo com a padronização realizada pelos pesquisadores e aponta o risco de danos para a população devidos às mudanças do clima. “O objetivo é que este indicador seja um alerta para os gestores. Eles podem observar os fatores mais relevantes para a vulnerabilidade em cada cidade e direcionar investimentos que previnam ou minimizem os problemas”, explica a pesquisadora da Ensp Diana Marinho, coordenadora-executiva do trabalho.

Entre os 84 municípios analisados na Bahia, 34 foram classificados nas faixas de maior vulnerabilidade mesmo no melhor cenário climático. Já considerando as piores previsões para o clima, o número de cidades com vulnerabilidade alta ou muito alta chegou a 40. A maioria das cidades nesta situação está concentrada entre o oeste e o sul da região estudada, em uma área que vai de Campo Alegre de Lourdes até Mortugaba. Neste trecho, os cientistas preveem os maiores impactos do aquecimento global, tornando o clima extremamente quente e seco. Entre as cidades mais vulneráveis estão os municípios de Urandi e Rio do Pires, que revelam como os diferentes fatores contribuem para o problema: de um lado as falhas na saúde e a degradação ambiental deixam a população exposta, de outro as fortes mudanças do clima representam uma grande ameaça. O resultado é uma população com muito alta propensão a sofrer danos no futuro caso medidas de adaptação, que reduzam a vulnerabilidade da população, não sejam adotadas.
 
Clique para ver o mapa ampliado do Índice de Vulnerabilidade Municipal no cenário climático com progressão das emissões de gases do efeito estufa (imagem: IOC/Fiocruz)

Contribuição para enfrentar os riscos

Além de oferecer um panorama geral sobre a situação futura dos municípios, o estudo traz detalhes de cada indicador, o que pode ajudar as autoridades a orientar suas ações. Na saúde, seis cidades apresentaram valores muito altos de vulnerabilidade: Uibaí, que registra a maior taxa de esquistossomose; Barra do Mendes, que possui altos índices de esquistossomose e leishmaniose visceral; Mulungu do Morro, que contabiliza casos de todas as doenças pesquisadas; Guanambi, que tem a maior taxa de leishmaniose visceral; Irecê, que registra altos índices de dengue e esquistossomose; e Urandi, que tem o maior número de acidentes com animais peçonhentos. Para o perfil socioeconômico, as cidades com maior vulnerabilidade são Pedro Alexandre, Pilão Arcado e Bonito, enquanto os municípios em menor vulnerabilidade são Paulo Afonso, Irecê, Guanambi, Jaguarari e Juazeiro. Já em relação às condições ambientais, os municípios de Abaré e Gentio do Ouro apresentaram problemas em todos os critérios analisados e são considerados em situação crítica de vulnerabilidade.

Os pesquisadores ressaltam que combater os fatores de vulnerabilidade é uma forma de preparar as cidades para enfrentar as mudanças climáticas no futuro. “Problemas de saúde e de condições socioeconômicas que já existem devem ser agravados pelas mudanças do clima. As cidades precisam de investimentos para dar à população condições de lidar com eventos extremos, como a seca que deve se intensificar na região”, avalia Diana. Além disso, embora os efeitos das mudanças climáticas devam ser mais graves na parte oeste e sul da área estudada, os autores destacam que condições de vulnerabilidade foram identificadas de forma disseminada. “O município menos vulnerável da região é Paulo Afonso, que constitui um pólo econômico por causa da hidrelétrica. No entanto, ao lado deste município, está Jeremoabo, que tem alta vulnerabilidade considerando as condições socioeconômicas, ambientais e de saúde. Esse é um ponto relevante porque o poder público pode trabalhar para que as áreas mais desenvolvidas influenciem as cidades do entorno”, relata Martha.

in EcoDebate, 01/02/2016

Cubatão (SP) substitui árvores para readequar floresta urbana

Todo plantio em área urbana deve ser solicitado, nunca realizado sem autorização. Estudos apontam a melhor espécie para o local
Poda de árvore. Foto: Prefeitura Municipal de Cubatão

Pensando em readequar sua floresta urbana. a Prefeitura de Cubatão, por meio da Cursan e Secretaria de Serviços Públicos (SESEP), vem substituindo gradativamente algumas espécies que são suscetíveis aos ataques de fungos e insetos como cupins, formigas e orelhas de pau. No lugar são colocadas espécies nativas da Mata Atlântica como Manacá, Pitanga, Aldrago, Guanandi e Quaresmeira. Já que são espécies regionais, têm maior facilidade de adaptação ao clima e solo, além de aceitarem poda, gerando menor conflito junto aos equipamentos públicos e causando menos problemas como à estrutura da calçada, por exemplo.

Os serviços de poda e remoção são pautados sempre pelas questões de segurança do pedestre e a situação do vegetal. As equipes alertam sobre o plantio indevido e aleatório de mudas e plantas nas ruas e avenidas da Cidade. Algumas espécies, popularmente conhecidas como Comigo Ninguém Pode, Coroa de Cristo, Alamandas e Figueiras por exemplo, contém substâncias tóxicas e espinhos que podem causar queimaduras, alergia e até cegueira, sendo perigosas principalmente às crianças e animais domésticos.

Todo plantio urbano deve ser solicitado pelo munícipe. Caso o morador queira mudar a arborização em frente à sua casa ou rua, deve entrar em contato com a Secretaria de Serviços Públicos (Sesesp), por meio do número 3372-8980. Uma equipe especializada irá ao local realizar um estudo e verificar quais mudas são adequadas.

Poda de árvores, serviço importante de manutenção – Segundo o engenheiro agrônomo da Cursan, Maykon Canesin Clemente, “o processo mais comum para a manutenção das árvores urbanas é a poda. Por meio dessa técnica, conseguimos conduzir a formação das mudas, eliminar ramos mortos, adequar a estrutura do vegetal e prover mais segurança para os pedestres, veículos, edificações e equipamentos urbanos. As árvores têm todas suas características morfológicas já definidas geneticamente. São características comuns aos indivíduos de mesma espécie, como, por exemplo, a arquitetura do vegetal, ou seja, altura e tipo de crescimento”.

Maykon esclarece também que os vegetais mantêm seu crescimento contínuo, porém, muitas vezes, os espaços no qual estão confinados são bem reduzidos, criando interferências, como por exemplo: cobrir equipamentos de trânsito (placas e semáforos); atrapalhar na iluminação pública, reduzindo o “cone” de luz; alcançar edificações (sacadas, janelas, casas, prédios, etc); interferir na rede de distribuição das concessionárias de energia elétrica (neste caso, somente a empresa poderá realizar a poda). “Para todas as interferências citadas, a poda consegue minimizar o conflito”, finaliza o engenheiro agrônomo.

Fonte de informações: Cursan

Texto de Melissa Caldeira, in EcoDebate, 01/02/2016

Especialista aponta que secas na Amazônia poderão ser mais longas e frequentes no futuro

Seca no rio Solimões. Foto: EBC
Peruano Jahn Carlo Espinoza palestrou em workshop promovido pelo Inpa. Evento discute as áreas de hidrologia, climatologia, dendrocronologia e análises de isótopos na bacia amazônica.
Recentemente, a Amazônia passou por longos períodos de seca, especialmente entre os anos de 2005 e 2010. Para discutir este tema, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) organizou um workshop com especialistas de várias partes do mundo nas áreas de hidrologia, climatologia, dendrocronologia e análises de isótopos na bacia amazônica.
As previsões indicam que eventos como as secas extremas serão mais frequentes e longas no futuro. Além disso, os modelos climáticos, que permitem avaliar as mudanças no clima, apontam que, por volta de 2050, pode ocorrer uma transição na vegetação na Amazônia de bosque tropical para savana.
Para o pesquisador do Instituto Geofísico do Peru, Jhan Carlo Espinoza, esses eventos são resultados da temperatura da região do Atlântico Norte, próximo à costa do Brasil até a África. “Quando esta região está mais quente do que o normal, produz mais precipitações no Atlântico e reduz as chuvas na Amazônia, causando secas extremas com os níveis dos rios mais baixos”, explicou.
Segundo ele, as secas têm sido mais intensas nas últimas décadas, porém, as inundações passaram a ser mais frequentes, especialmente a partir da década de 1970. O pesquisador destacou que, até aquele período, havia apenas cinco registros de grandes inundações. Após, os estudiosos observaram 18 acontecimentos deste porte – causados, principalmente, pelo evento La Niña, mas também pelas condições de temperatura do Atlântico Tropical Sul.
“Quando ocorre o fenômeno, existe mais fluxo de umidade que ingressa na Amazônia, permanecendo nesta região, ocorrendo precipitações de chuvas. Isto incrementa o nível dos rios, causando inundações”, assinalou Espinoza. “O clima da Amazônia está controlado em grande medida com o que ocorre nos oceanos. Cercada pelo Pacífico, por um lado com o El Niño, mas também com condições de temperatura no Atlântico”, completou.
Outras participações
O pesquisador da Universidade de Leeds (Reino unido), Manuel Gloor, falou sobre as recentes mudanças no clima da bacia amazônica e o impacto na floresta. Já o pesquisador do Laboratório de Ciência do Clima e Meio Ambiente da França, Jonathan Barichivich, falou sobre as perspectivas de longo prazo no ciclo hidrológico da Amazônia. O especialista do Inpa, Jochen Schongart, abordou sobre os anéis das árvores das regiões alagada e central da Amazônia: o que eles nos falam sobre o crescimento do clima e a relação das condições climáticas do passado.
Fonte: INPA/MCTI
in EcoDebate, 29/01/2016

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Pesquisa sobre os Resíduos Sólidos, Educação Ambiental e Responsabilidade Compartilhada – Resultados e análises 4

Este é o quarto e último artigo com os resultados e análises da pesquisa online sobre os resíduos sólidos, educação ambiental e responsabilidade compartilhada realizada no segundo semestre/2015 pelo Cenatec e o Projeto Escolas Sustentáveis – O futuro está presente! uma ação coletiva de responsabilidade ambiental e social voltada à capacitação dos educadores e comunidades escolares para o ensino/aprendizagem e o desenvolvimento de projetos integrados e contextualizados de educação ambiental nestas comunidades (http://www.cenatecbrasil.blogspot.com.br/2013/12/escolas-sustentaveis.html). Foram 284 participantes de todas as regiões do Brasil. O primeiro, segundo e terceiro artigos publicado no Portal EcoDebate analisam as primeiras sete questões propostas que identificam a) os participantes; b) o percentual por regiões brasileiras respectivas; c) as perspectivas e ações dos participantes em relação aos resíduos do consumo diário e d) as perspectivas e ações dos participantes em relação aos catadores de materiais recicláveis/reutilizáveis e à coleta seletiva e estão disponíveis nos links ao final deste texto.

A oitava questão de livre escolha da pesquisa solicitou que os participantes indicassem “Quanto aos resíduos tecnológicos, desgastados e/ou obsoletos (celulares, computadores, TVs, impressoras, eletrodomésticos, pilhas, lâmpadas, etc), em sua opinião, qual deve ser a atitude dos consumidores ao final da vida útil”? Foram 282 respostas com duas abstenções e os seguintes resultados:

– Descartá-los imediatamente em qualquer espaço possível, sem critérios: nenhuma resposta com 0%;

– Descartá-los junto com os outros resíduos domésticos para serem recolhidos pelos sistemas de limpeza pública: 02 respostas com 0,71%;

– Descartá-los em locais adequados, implantados especialmente para este fim (eco pontos), visando uma destinação final ambientalmente adequada: 175 respostas com 62,06%;

– Devolvê-los nas lojas e/ou locais em que foram adquiridos, visando uma destinação ambientalmente adequada: 105 respostas com 37,23%.

A terceira alternativa com a proposição dos eco pontos com 62,06% foi justificada por alguns participantes em seus comentários como a melhor opção por serem muitos eletroeletrônicos adquiridos pela internet, o que dificultaria o descarte através de outros sistemas. Possivelmente, este foi um dos principais argumentos para que a maioria dos participantes optasse por esta resposta. A devolução nas lojas ou locais de aquisição com 37,23% também demonstra a preocupação dos participantes com o descarte ambientalmente adequado e a logística reversa dos resíduos tecnológicos.

A nona questão de livre escolha da pesquisa solicitou que os participantes indicassem sua opinião “Para a cooperação dos cidadãos quanto aos aspectos relacionados com os resíduos sólidos, o que considera mais eficiente”? Foram 283 respostas e uma abstenção e os seguintes resultados:

– Legislação, leis específicas, responsabilização dos geradores e regras para os consumidores: 63 respostas com 22,26%;

– Projetos, programas e ações de educação ambiental permanentes e/ou direcionados: 145 respostas com 51,24%;

– Campanhas voluntárias pontuais sobre problemas pré-existentes: 03 respostas com 1,06%;

– Uso da mídia (jornais, TVs, rádios, revistas) para alertar sobre aspectos ambientais relacionados aos resíduos sólidos: 72 respostas com 25,44%.

As ações permanentes e/ou direcionadas de educação ambiental com 51,24% foram a alternativa mais indicada pelos participantes. Esta é a questão em que os índices estiveram mais distribuídos, possivelmente por as alternativas não serem excludentes, sendo possível utilizá-las simultaneamente através de um planejamento adequado e integrado dos projetos de educação ambiental. Certamente a existência de legislação específica e a responsabilidade dos geradores com 22,26%, o uso de mídias com 25,44% e mesmo as campanhas pontuais com 1,06% são complementares aos projetos educativos permanentes e podem sinergicamente construir consciências pró ativas quanto à responsabilidade coletiva em relação aos resíduos sólidos. Alguns comentários dos participantes neste sentido confirmam esta

A décima questão, não utilizou-se da livre escolha, mas solicitou aos participantes que “Se desejar, deixe seus comentários e outras informações que considera importantes”. Foram 97 comentários como complementos às respostas, justificativas, descrição das realidades locais, sugestões, opiniões e observações relacionadas às diversas questões propostas. Alguns destes comentários foram selecionados e estão transcritos ao final de todos os artigos publicados com as análises e resultados desta pesquisa online sobre os resíduos sólidos, a responsabilidade compartilhada e a educação ambiental.

Alguns comentários dos participantes:

“Com relação ao lixo eletroeletrônico acredito que há mercado para empresas de coleta e destinação adequada deste tipo de lixo. Uma vez contratei uma empresa chamada Loop Logística Reversa em São Paulo e recebi uma proposta com valores nada altos […]. Eles emitiram nota fiscal de serviços e laudo de descarte correto e ainda laudo de economia ambiental. […]. Acho que pode ser uma solução, pois tentei retornar a lojas e fabricantes e embora tenham nos sites que fazem o serviço (alguns deles), na prática não fazem e tive que recorrer a esta empresa, e não me arrependo”. Participante nº 32, quinta feira, 23/07/2015, 12 h 21 min.

“Combater a máfia do lixo e obrigar as empresas a cumprirem com sua parte no ciclo”. Participante nº 28, quinta feira, 23/07/2015, 10 h 46 min.

“[…], a educação ambiental é um bom caminho. Porém sem cobrança devida dos órgãos do governo fica complicado, conversando com colegas de outros países vi que a melhoria em torno do assunto só ocorre por necessidade e porque mexe no bolso, paga quem não segrega, quem não tem a devida atitude”. Participante nº 54, terça feira, 11/08/2015, 18 h 08 min.

“Alguns itens adquiridos, na 8ª questão, são pela internet às vezes. Por isso optei pelos eco pontos”. Participante nº 55, quarta feira, 12/08/2015, 09 h 06 min.

“Na questão 9, considero o melhor e mais eficiente um planejamento que envolva as quatro alternativas”. Participante nº 193, sexta feira, 20/11/2015, 06 h 50 min.

“Foi um dos últimos projetos que realizamos em equipe em minha escola, depois aposentei. Separação dos materiais utilizados, em 2002…..” Participante nº 252, segunda feira, 12/12/2015, 17 h 41 min.

Observação: a inserção deste comentário é uma homenagem do Centro de Assessoria em Resíduos Sólidos e Educação Ambiental – Cenatec e Projeto Escolas Sustentáveis – O futuro está Presente! a todos os educadores ambientais do Brasil.

Antonio Silvio Hendges, Professor de Biologia e articulista no EcoDebate, Pós Graduação em Auditorias Ambientais, assessoria em Educação Ambiental e Resíduos Sólidos –

* Nota: Leiam, também, as partes anteriores da Pesquisa sobre os Resíduos Sólidos, Educação Ambiental e Responsabilidade Compartilhada – Resultados e análises:




in EcoDebate, 04/02/2016

Pesquisa sobre os Resíduos Sólidos, Educação Ambiental e Responsabilidade Compartilhada – Resultados e análises 3


Este é o terceiro artigo com os resultados e análises da pesquisa online sobre os resíduos sólidos, educação ambiental e responsabilidade compartilhada realizada no segundo semestre/2015 pelo Cenatec e o Projeto Escolas Sustentáveis – O futuro está presente! uma ação coletiva de responsabilidade ambiental e social voltada à capacitação dos educadores e comunidades escolares para o ensino/aprendizagem e o desenvolvimento de projetos integrados e contextualizados de educação ambiental nestas comunidades (http://www.cenatecbrasil.blogspot.com.br/2013/12/escolas-sustentaveis.html). Foram 284 participantes de todas as regiões do Brasil. O primeiro e o segundo artigos publicado no Portal EcoDebate analisam as primeiras cinco questões propostas que identificam a) os participantes; b) o percentual por regiões brasileiras respectivas e c) as perspectivas e ações dos participantes em relação aos resíduos do consumo diário e estão disponíveis nos links ao final deste texto.

A sexta questão de livre escolha da pesquisa solicitou que os participantes indicassem “Em relação aos catadores de materiais recicláveis, em sua opinião, qual alternativa descreve melhor as suas atividades”? Foram 283 respostas e uma abstenção com os seguintes resultados:

– Atrapalham o trânsito e a livre circulação, espalham os resíduos e não deve ser permitido este tipo de atividade: 04 respostas com 1,42%;

– Atrapalham o trânsito e a livre circulação, mas é uma atividade importante que deve ser permitida: nenhuma resposta com 0%;

– Realizam um trabalho importante, mas que muitas vezes atrapalha e resulta na dispersão dos resíduos. Devem ser mais eficientes e responsáveis: 31 respostas com 10,95%;

– Realizam um trabalho indispensável para a reciclagem e a reintrodução de diversas matérias primas nas cadeias produtivas. Devem ser capacitados, organizados em cooperativas/associações e incentivados em suas atividades: 248 respostas com 87,63%.

O reconhecimento da importância dos trabalhadores com materiais recicláveis e/ou reutilizáveis é amplo, com 87,63% das respostas indicando a quarta alternativa inclusive concordando com a capacitação e incentivos organizacionais que qualifiquem e profissionalizem as suas atividades. Se tomarmos como critério a importância, 98,58% dos participantes assim consideram esta atividade, embora existam ressalvas aos métodos pelos 10,95% que optaram pela segunda alternativa. Este resultado demonstra que o estabelecimento de políticas públicas de apoio e incentivo para estes trabalhadores, assim como a sua inserção nas cadeias de logística reversa pós-consumo, capacitação e profissionalização terão bons resultados com o apoio e adesão dos consumidores aos projetos e programas implantados.

A sétima questão de livre escolha da pesquisa solicitou aos participantes que indicassem “Quanto à coleta seletiva, se estiver disponível, qual sua opção”? Foram 282 respostas e duas abstenções com os seguintes resultados:

– Não mudar a forma como descarto meus resíduos: 01 resposta com 0,35%;

– Não mudar a forma como descarto meus resíduos, mas colaborar no que for possível e que não exija esforço: 01 resposta com 0,35%;

– Colaborar em parte, realizando uma separação básica dos resíduos mais volumosos e/ou pesados: 12 respostas com 4,26%;

– Colaborar de acordo com as orientações dos órgãos responsáveis, separando e acondicionando os resíduos corretamente, inclusive nos locais e horários adequados à coleta seletiva: 268 respostas com 95, 04%.

Na quarta alternativa apontada por 95,04% dos participantes está o índice mais alto de toda a pesquisa, indicando uma clara disposição dos consumidores para colaborarem com programas de coleta seletiva se estiverem disponíveis e organizados com instrumentos e regras adequadas ao descarte correto das embalagens pós-consumo e dos produtos obsoletos. Um índice que podemos considerar aproximado dos 87,63% – segundo maior índice da pesquisa – que na questão anterior consideraram indispensável às atividades e a profissionalização dos trabalhadores com materiais recicláveis.

A análise destas duas questões indica que ao menos no âmbito desta pesquisa, que não analisa os aspectos culturais e de formação dos participantes limitando-se às questões básicas propostas, há uma ampla possibilidade para a colaboração e apoio da sociedade a projetos que tenham a coleta seletiva e a reciclagem como base para a gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos. O uso adequado de programas de educação ambiental direcionados às realidades específicas dos consumidores e cidadãos pode impulsionar e consolidar esta tendência identificada entre os participantes.

Alguns comentários dos participantes:

“[…]. São inúmeros os objetos descartados que dariam para reaproveitar e simplesmente são jogados fora. A quantidade de lixo é enorme e cresce cada vez mais, os aterros sanitários lotados e as pessoas não param de consumir. Ao meu ponto de vista é urgente a questão da conscientização, em larga escala”. Participante nº 212, segunda feira, 23/11/2015, 09 h 51 min.

“Na pergunta sobre os catadores, nenhuma reflete minha percepção. Eles ajudam sim, mas existem ferramentas melhores. Gostaria de ter respondido: nenhuma das alternativas listadas”. Participante nº 11, quarta feira, 24/06/2015, 19 h 12 min.

“1. O gerador inicial do lixo é, em grande parte a indústria e o distribuidor do produto embalado. 2. A creche, a escola, a universidade são locais onde se deve ensinar a administração da coleta do lixo”. Participante nº 130, quarta feira, 04/11/2015, 09 h 59 min.

Antonio Silvio Hendges, Professor de Biologia e articulista no EcoDebate, Pós Graduação em Auditorias Ambientais, assessoria em Educação Ambiental e Resíduos Sólidos –


* Nota: Leiam, também, as partes anteriores da Pesquisa sobre os Resíduos Sólidos, Educação Ambiental e Responsabilidade Compartilhada – Resultados e análises:



in EcoDebate, 01/02/2016

Governo estuda ampliar Bolsa Verde para proteger animais ameaçados de extinção

Famílias que moram em áreas estratégicas receberiam o Bolsa Verde para ajudar na conservação dos ecossistemas

O governo está estudando a possibilidade de incluir famílias em condições de extrema pobreza e que moram em áreas habitadas por animais ameaçados de extinção no programa Bolsa Verde. Essa possibilidade está sendo analisado por um grupo de trabalho criado por determinação do Comitê Gestor do programa.

O Programa de Apoio à Conservação Ambiental Bolsa Verde, lançado em setembro de 2011, concede, a cada trimestre, um benefício de R$ 300 às famílias em situação de extrema pobreza que vivem em áreas consideradas prioritárias para conservação ambiental. O benefício é concedido por dois anos, com possibilidade de renovação, para aliar o aumento de renda dessas populações à conservação dos ecossistemas e ao uso sustentável dos recursos naturais.

“Entre as áreas que o MMA pretende ter famílias beneficiadas está de Curaçá, onde será feita a soltura de ararinhas-azuis”, antecipou Juliana Simões, diretora do Departamento de Extrativismo. Ela se refere ao município localizado na região norte da Bahia, local onde será criada uma área de preservação.

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) dará início à fase de testes a partir de 2017. O objetivo é preparar o terreno e educar ambientalmente a população local para a soltura de aves. Até 2021, um grupo de 150 ararinhas-azuis passará a viver em liberdade em uma área de preservação a ser criada.

Curaçá é o local de origem das ararinhas-azuis e não tem mais exemplares soltos na natureza. A extinção se deu por conta de capturas ilegais, especialmente por causa do tráfico de animais silvestres. As aves a serem reintroduzidas em seu ambiente natural nasceram ou foram resgatadas de cativeiros.

A reintrodução dos animais no meio ambiente é iniciativa do Projeto Ararinha na Natureza, desenvolvido pelo ICMBio, órgão vinculado ao MMA, em parceria com a ONG alemã Associação para Conservação de Papagaios em Extinção (ACTP) e o Al Wabra Wildlife Preservation (AWWP), um criadouro particular localizado no deserto do Catar, entre outros parceiros.

“O objetivo de inserirmos essas famílias no Bolsa Verde é torná-las parceiras na proteção dos animais ameaçados de extinção. É bom lembrar que o Bolsa Verde significa benefício, mas, também, responsabilidade com o meio ambiente”, acentua Juliana.

A portaria responsável por criar o grupo de trabalho deve ser publicada este mês. O grupo será constituído por representantes dos Ministérios do Meio Ambiente (MMA), do Desenvolvimento Agrário (MDA), e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), além do ICMBio e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Fonte: Portal Brasil, com informações do Ministério do Meio Ambiente

in EcoDebate, 02/02/2016

Estudo evidencia relação entre doenças mentais e metabólicas

Por Karina Toledo, da Agência FAPESP
Artigo publicado no Journal of Psychiatric Research mostrou que portadores de transtorno bipolar com níveis baixos de adiponectina apresentam quadro psiquiátrico e metabólico mais grave (Saudades, José Ferraz de Almeida Júnior (1899)/Wikimedia Commons)

Estudos recentes têm mostrado que doenças psiquiátricas – entre elas o transtorno bipolar e a depressão – estão frequentemente associadas a distúrbios metabólicos como diabetes do tipo 2, dislipidemia e obesidade. As evidências científicas sugerem ainda que tanto a condição psiquiátrica pode influenciar na evolução do quadro metabólico como o contrário também comumente acontece.

Essa correlação foi observada por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em um trabalho recentemente publicado no Journal of Psychiatric Research.

Os dados do estudo feito com 59 portadores de transtorno bipolar apontaram que os pacientes com níveis considerados baixos de adiponectina – hormônio produzido pelo tecido adiposo que ajuda a regular o metabolismo de glicose e de lipídeos – apresentavam um quadro psiquiátrico mais grave do que aqueles com níveis mais altos dessa proteína.

“No histórico desses pacientes com baixa adiponectina, observamos maior frequência de episódios de humor alterado, maior número de internações psiquiátricas, persistência de sintomas depressivos e pior funcionamento psicossocial. Eles também tinham mais distúrbios metabólicos, como intolerância à glicose, diabetes e dislipidemias”, contou a professora da Escola Paulista de Medicina Elisa Brietzke, coordenadora do projeto apoiado pela FAPESP.

Se os achados forem confirmados por estudos futuros, avaliou Brietzke, a dosagem de adiponectina no sangue de pacientes com transtorno bipolar poderá funcionar como um biomarcador auxiliar no prognóstico e no tratamento – sendo que níveis baixos desse hormônio seriam um indicativo de uma doença mais grave tanto do ponto de vista psiquiátrico quanto metabólico.

Além disso, segundo a pesquisadora, os resultados abrem caminho para novos estudos voltados a testar intervenções que modulem os níveis de adiponectina nos pacientes bipolares.

A pesquisa foi realizada na Unifesp durante o doutorado de Rodrigo Mansur, atualmente fellow da Universidade de Toronto, no Canadá. O objetivo inicial foi comparar em voluntários sadios e em portadores de transtorno bipolar os níveis sanguíneos de adiponectina e de leptina – outro hormônio secretado pelo tecido adiposo com importante papel na regulação metabólica e no controle do apetite.

“Esses hormônios agem tanto de forma local como sistêmica. Receptores dessas moléculas são expressos em múltiplas regiões cerebrais e a ativação deles produz efeitos fisiológicos relevantes. Ambos parecem fazer parte do controle da resposta inflamatória. Alterações na produção desses hormônios têm sido descritas em doenças metabólicas, como obesidade e diabetes tipo 2. Nossa linha de pesquisa foca na interface entre transtornos mentais e doenças metabólicas, portanto, temos interesse particular em mediadores, mecanismos e sistemas que conectam o cérebro e a periferia”, explicou Mansur.

De maneira geral, não foram observadas na pesquisa diferenças significativas nos níveis desses dois hormônios quando comparados os pacientes bipolares e os voluntários sadios – exceto quando se observou apenas as mulheres. As portadoras de transtorno bipolar tinham níveis mais baixos de adiponectina que as mulheres sem a doença.

Na avaliação de Brietzke, porém, o resultado mais interessante foi visto quando comparados apenas os níveis hormonais dos portadores da doença. “Foi clara a divisão em dois subgrupos: um com adiponectina mais baixa e doença mais grave, e outro com o nível hormonal mais elevado e quadro mais leve”, comentou a pesquisadora.

Mansur acrescentou que as diferenças foram observadas independentemente de fatores de confusão, como idade, tabagismo e uso de medicações psicotrópicas.

“A principal interpretação é a de que existe uma associação direta entre multimorbidade metabólica e curso mais grave e complicado do transtorno bipolar. Dessa maneira, a adiponectina pode ser entendida como um indicador de disfunção metabólica. Mas também é possível que, dado a importância da sinalização cerebral de adiponectina, esta molécula também tenha um efeito direto na estrutura e funcionamento cerebral e, consequentemente, na clínica do transtorno bipolar”, comentou.

Em relação à leptina não foram observadas diferenças significativas em nenhum dos grupos.

Centro versus periferia

Os estudos realizados pelo grupo da Unifesp se baseiam na hipótese de que o metabolismo periférico e o central são integrados e, portanto, a presença de uma comorbidade metabólica – como diabetes do tipo 2 – no transtorno bipolar poderia ser resultado – e/ou resultar – em funcionamento cerebral alterado.

“Evidências de múltiplas linhas de pesquisa indicam que doenças metabólicas, mesmo quando não acompanhadas de transtornos psiquiátricos, envolvem anormalidades cerebrais, como disfunção dos circuitos que regulam o processamento emocional e cognitivo. As doenças mentais, incluindo a depressão e a esquizofrenia, são diferencialmente afetadas por condições metabólicas, mesmo após controle para fatores de risco tradicionais, como sedentarismo, dieta, tabagismo e uso de medicações”, contou Mansur.

De acordo com os pesquisadores, portanto, o chamado modelo monoaminérgico – focado apenas em neurotransmissores e em terapias com antidepressivos e antipsicóticos – tem se mostrado altamente insuficiente.

“Essas terapias são capazes de ajudar uma parcela significativa da população acometida por doenças mentais, mas falham com frequência. Estudos mostram, por exemplo, taxas de resposta insatisfatória no transtorno bipolar de até 50%. Existe uma necessidade urgente de desenvolver modelos teóricos mais abrangentes para compreender a fisiopatologia dos transtornos psiquiátricos e substanciar o desenvolvimento de terapias genuinamente inovadoras e transformadoras”, afirmou Mansur.

Atualmente, no Canadá, o pesquisador participa de um estudo voltado a testar a droga liraglutida – originalmente desenvolvida contra diabetes tipo 2 – no tratamento de déficits cognitivos em indivíduos com transtornos de humor.

A liraglutida é um agonista do receptor do GLP-1, hormônio indutor de saciedade produzido no intestino delgado, cuja secreção é estimulada pela ingestão de alimentos. O GLP-1 também facilita o uso de glicose em múltiplos tecidos, inclusive no sistema nervoso.

De acordo com Mansur, estudos pré-clínicos mostraram que a liraglutida também tem efeitos neuroprotetores e neuroproliferativos, protegendo neurônios de insultos e estimulando o crescimento de dendritos e conexões sinápticas. Esses dados sugerem um possível efeito pró-cognitivo.

“Nossos dados preliminares têm mostrado uma melhora cognitiva global, envolvendo testes que medem função executiva, memória e velocidade de processamento. Nós também observamos um efeito no cérebro, um aumento em um marcador de integridade neuronal, que se correlaciona bem com essa melhora cognitiva. Um aspecto interessante é que a melhora tem sido mais intensa nos pacientes com resistência à insulina, sugerindo que essa população com problemas metabólicos seja mais responsiva a uma intervenção cujo alvo é uma via metabólica”, disse Mansur.

Mansur ressalta, no entanto, que se trata ainda de um estudo-piloto, com um pequeno número de pacientes e sem um grupo placebo. “Apesar de promissores, os resultados são preliminares e ainda estão em desenvolvimento”, acrescentou.

in EcoDebate, 03/02/2016

Cidades sustentáveis e saudáveis: microcefalia, perigos do controle químico e o desafio do saneamento universal

Em Nota de alerta, Abrasco diz NÃO às mesmas medidas ineficazes e perigosas e SIM às ações socioambientais transformadoras

A Abrasco manifesta-se através da atuação dos Grupos Temáticos de Saúde e Ambiente; Saúde do Trabalhador; Vigilância Sanitária; Promoção da Saúde e Desenvolvimento Sustentável e ainda Educação Popular em Saúde, sobre a epidemia de microcefalia. O documento pretende aprofundar reflexões, questionamentos e fazer proposições que possam orientar as políticas públicas na intervenção preventiva frente ao surto.

O crescimento exponencial da epidemia de dengue (em 2015, o Ministério da Saúde registrou 1,649,008 casos prováveis desta virose no país e houve um aumento de 82,5% dos óbitos em relação ao ano anterior). A expansão territorial da infestação pelo Aedes aegypti atestam o fracasso da estratégia nacional de controle. Com o surgimento da epidemia do zika vírus, com repercussões ainda mais danosas ao ser humano, urge a revisão de nossa política e do programa de controle da infestação dos Aedes visando impedir a ocorrência de epidemias por arbovírus.

Vários fatores estão envolvidos na causa dessa tragédia sanitária. Trata-se de um fenômeno complexo. Para a Abrasco, a degradação das condições de vida nas cidades, saneamento básico inadequado, particularmente no que se refere à dificuldade de acesso contínuo a água, coleta de lixo precária, esgotamento sanitário, descuido com higiene de espaços públicos e particulares – são os principais responsáveis por esse desastre.

Observa-se que a distribuição espacial por local de moradia das mães dos recém-nascidos com microcefalia (ou suspeitos) é maior nas áreas mais pobres, com urbanização precária e saneamento ambiental inadequado. Nestas áreas, o provimento de água de forma irregular ou intermitente leva essas populações ao armazenamento domiciliar de água de modo inadequado, condição muito favorável para a reprodução do Aedes aegypti.

Associa-se a isto a debilidade do Sistema Único de Saúde – SUS e do Estado brasileiro para enfrentar este problema. Não há integração entre municípios, estados e União, o que impede a implementação de ações sincronizadas. Defendemos a constituição de estruturas de Vigilância à Saúde, em cada uma das 400 Regiões de Saúde, com unificação de recursos visando planejamento e gestão das ações tanto dos municípios quanto de estados e União.

O enfrentamento destas epidemias necessita de ações que atuem em curto e médio prazo: – Apoio e articulação de pesquisas voltadas para produção de vacinas, com prioridade para o zika vírus; estudos para produzir conhecimentos da epidemia desta doença, definindo cientificamente seu modo(s) de transmissão, danos ao sistema nervoso, desenvolvimento em escala de testes clínicos, dentre outras inciativas . – Controle da infestação de Aedes, por meio do desenvolvimento de ações imediatas em larga escala de destruição de criadouros e melhoria das condições sócio-ambientais de nossas cidades. É importante assinalar que estas intervenções urbanas precisam ser realizadas de forma contínua e sistemática, e não como campanhas sanitárias pontuais. O terceiro tipo de ação se refere ao cuidado preventivo e atenção à saúde das pessoas expostas ao risco e infectadas.

O Ministério da Saúde declarou Estado de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional, desencadeando a intensificação do controle do Aedes aegypti pelos mesmos métodos ineficazes e perigosos utilizados há 40 anos. É preciso problematizar o uso de produtos químicos numa escala que desconsidera as vulnerabilidades biológicas e socioambientais de pessoas e comunidades. O uso de tais substâncias pela Saúde Pública não tem tido efetividade, não diminui a infestação pelo Aedes e provoca danos sérios às pessoas. Os compostos organofosforados e piretroides causam graves efeitos deletérios para o sistema nervoso central e periférico, além de provocarem náusea, vômito, diarreia, dificuldade respiratória e sintomas de fraqueza muscular. No Brasil, municípios e estados têm utilizado estes produtos de maneira desastrosa. Infelizmente, não se produziu ainda consenso sobre o uso destes produtos em Saúde Pública. Agências internacionais de Saúde Pública, como o Fundo Rotatório da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda incluem o uso destes venenos, particularmente larvicidas e fumigação para diminuir a população de insetos voadores.

Preocupa-nos o uso intensivo de produtos químicos sabidamente tóxicos, como o Malathion, um verdadeiro contra senso sanitário. Este produto é um agrotóxico organofosforado considerado pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) como potencialmente cancerígeno para seres humanos.

No Estado de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional, recentemente decretado pelo Ministério da Saúde, está sendo preconizado o uso de larvicida diretamente nos carros-pipas que distribuem água nas regiões do Agreste e Sertão do Nordeste. Alertamos que esta é a mais recente ameaça sanitária imposta pelo modelo químico dependente de controle vetorial.

A Abrasco questiona: por que não foram priorizadas até agora as ações de saneamento ambiental, estratégia que parece ficar ainda mais distante? O que de fato está sendo feito para o abastecimento regular de água nas periferias das cidades? Como as pessoas podem proteger a água para consumo? Por que apesar de muitas cidades terem coleta de lixo regular, ainda se observa uma quantidade enorme de lixo diariamente presente no ambiente? E a drenagem urbana de águas pluviais? E o esgotamento sanitário?

Nós, sanitaristas e pesquisadores da Saúde Coletiva, reivindicamos das autoridades competentes a imediata revisão do modelo de controle vetorial. O foco deve ser a eliminação do criadouro e não do mosquito adulto. Os Grupos Temáticos da Abrasco desenvolveram estudos e exigem a suspensão do uso de produtos químicos e outros biocidas (ver Nota Técnica), com profundas mudanças na operacionalização do controle vetorial mediante a adoção de métodos mecânicos de limpeza e de saneamento ambiental. É necessário proteger a qualidade da água para consumo humano e garantir sua potabilidade.

O amparo às famílias acometidas pelo surto de microcefalia deve ser dado mediante a uma política pública perene, , com especial atenção ao pré-natal. Uma agenda de pesquisa deve ser proposta prevendo ampla oportunidade para que grupos interdisciplinares possam aportar novos conhecimentos em uma perspectiva transparente e participativa.

Destaca-se que todas as medidas de controle vetorial devem ser realizadas com ampla mobilização social no sentido da proteção da Saúde Pública, priorizando-se as medidas de saneamento ambiental, e orientadas pelos princípios da Política Nacional de Educação Popular em Saúde.

Não pode ser adotado um discurso de responsabilização unilateral das famílias pelo controle do Aedes, eximindo o poder público de seu dever de realizar uma ampla reforma urbana em curto espaço de tempo: Cidades saudáveis e sustentáveis: este é o desafio urgente.

Nota da ABRASCO – Associação Brasileira de Saúde Coletiva, in EcoDebate, 03/02/2016