Sobre a importância dos quintais, cada vez mais desaparecidos e, com isso, as nossas raízes também.
sexta-feira, 6 de maio de 2016
quarta-feira, 4 de maio de 2016
Óleos essenciais - I
Cleber Luís de Lima Gabriel - Engenheiro de Produção e acadêmico de Química
Para se defender dos predadores ou fatores estressantes, as plantas possuem sistemas de autodefesa. Existem as defesas físicas, como, por exemplo, por meio de seus espinhos ou de sua cutícula, e as defesas químicas utilizando os metabólitos secundários, como os óleos essenciais, também denominados de óleos voláteis.
Esses compostos, dependendo da espécie, possuem diferentes funções. Atuam para atrair polinizadores, como agentes antimicrobianos, contra calor excessivo e estresse hídrico. As plantas também utilizam os óleos essenciais para inibir a germinação de outras espécies que competem por recursos naturais como água, solo e luz, fenômeno denominado de alelopatia.
Os óleos essenciais são substâncias químicas e assim denominadas devido à sua composição lipofílica, diferente da composição glicerídica de outras gorduras e óleos.
Nos vegetais, didaticamente, ocorrem dois tipos de metabolismos, o primário e o secundário, os quais, produzem compostos, denominados, respectivamente, de metabólitos primários e metabólitos secundários. Onde os metabólitos primários são utilizados diretamente para sua alimentação e sua nutrição, sendo considerados imprescindíveis para o seu desenvolvimento e são universais, isto é, estão presentes em todas as plantas, tais como os carboidratos, os lipídios, as proteínas e os aminoácidos. Os metabólitos secundários são utilizados para garantir a adaptação da espécie em um ambiente. Dentre os secundários, são exemplos: alcaloides, flavonoides, saponinas e óleos essenciais.
Para se defender dos predadores ou fatores estressantes, as plantas possuem sistemas de autodefesa. Existem as defesas físicas, como, por exemplo, por meio de seus espinhos ou de sua cutícula, e as defesas químicas utilizando os metabólitos secundários, como os óleos essenciais, também denominados de óleos voláteis.
Esses compostos, dependendo da espécie, possuem diferentes funções. Atuam para atrair polinizadores, como agentes antimicrobianos, contra calor excessivo e estresse hídrico. As plantas também utilizam os óleos essenciais para inibir a germinação de outras espécies que competem por recursos naturais como água, solo e luz, fenômeno denominado de alelopatia.
Os óleos essenciais são substâncias químicas e assim denominadas devido à sua composição lipofílica, diferente da composição glicerídica de outras gorduras e óleos.
Os óleos essenciais são produzidos nas seguintes partes da planta: cascas de frutos (denominados cítricos), flores, folhas, raízes, cascas da árvore, resinas da casca, sementes.
Os óleos essenciais ficam dentro de “bolsas” que são denominadas tricomas. Esses tricomas são rompidos naturalmente liberando o óleo essencial onde formará uma “nuvem aromática” ao seu redor. Veja figura abaixo:
Secções transversais das folhas de Lippia sidoides
Fonte: Guimarães et al. (2014).
O óleo essencial é formado por várias substâncias. A figura ilustra as principais substâncias encontradas no óleo essencial de citronela.
Fonte: Castro et al. (2010)
Referências
CASTRO, Henrique Guilhon de; PERINI, Vilma Borges de Moura; SANTOS, Gil Rodrigues dos and LEAL, Tarcísio Castro Alves Barros. Avaliação do teor e composição do óleo essencial de Cymbopogon nardus (L.) em diferentes épocas de colheita. Rev. Ciênc. Agron. [online]. 2010, vol.41, n.2 [cited 2016-05-04], pp.308-314. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rca/v41n2/v41n2a20.pdf. Acesso em: 04 de mai 2016.
GUIMARÃES, Luiz Gustavo de Lima et al. Óleo essencial de Lippia sidoides nativas de Minas Gerais: composição, estruturas secretoras e atividade antibacteriana. Rev. Ciênc. Agron. [online]. 2014, vol.45, n.2 [cited 2016-05-04], pp.267-275. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rca/v45n2/a06v45n2.pdf. Acesso em: 04 de mai 2016.
Inteligência Ambiental – Festa do Umbu e da Vida em Uauá, artigo de Roberto Malvezzi (Gogó)
Imagem: Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada – IRPAA
[EcoDebate] Você quer ver mel em abundância, cerveja de umbu (25 reais a longuinete), bode assado com macaxeira por todo lado, geleia de umbu, compota de umbu, suco de maracujá da caatinga, rendas, artesanatos e tantos produtos que mostram a abundância da vida no Semiárido Brasileiro? Então você deveria ter ido ao 7º Festival do Umbu em Uauá, organizado pela Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (COOPERCUC).
Estamos saindo de uma seca de cinco anos, sendo dito que estamos atravessando a “maior crise econômica do Brasil da história”, que em outras épocas significaria que metade de Uauá deveria estar por outros lados do mundo, menos no sertão nordestino. E totalização dessa produção alcança cerca de 200 toneladas por ano.
Ali, onde nasce o Vaza Barris, hoje um rio seco, onde logo abaixo Conselheiro encontrou um lugar onde “jorrava leite e mel” (Canudos), às margens do Vaza Barris, sertão antigamente dito como “bravo”, a festa foi grande, cheia de vida, de produtos, de gente. O mesmo povo que começou a festa na sexta pela noite ainda estava lá 4 hs da manhã do domingo, dançando ao som da música típica da região, embora sempre apareça algum forró eletrônico para quebrar a beleza musical.
O paradigma de “convivência com o Semiárido”, intuído por homens como Guimarães Duque, Celso Furtado (Discurso de inauguração da SUDENE, 1959), foi tirada do papel e da imaginação pela sociedade civil nos últimos anos, que lhe deu carne, na troca de experiências acumuladas pela população sertaneja, com sua captação de água de chuva, o manejo da caatinga, uma agricultura conforme o ambiente, pelo cultivo do umbu, do maracujá do mato, dos animais adaptados ao Semiárido como a cabra e a ovelha. Então, a vida veio abundante, mesmo em tempos de seca.
Essas são conquistas dos últimos 20 anos, com programas construídos pela sociedade civil como a ASA (Articulação no Semiárido Brasileiro), ou por componentes como o IRPAA (Instituto Regional da Pequena Agropecuária Adaptada). Não veio dos coronéis, nem do Estado, mesmo esse um pouco mais modernizado. O que houve foi o apoio econômico dos últimos governos, o que deu escala a esse trabalho, com mais de 1 milhão de cisternas para beber e mais de 150 mil tecnologias de produção implantadas.
A COOPERCUC tem mercado interno e externo, seus produtos vão para a Itália, França e Áustria. Essa é a prova que a “irrigação” não é o único veio produtivo do Nordeste e nem o principal. O PIB da irrigação gira em torno de 2 bilhões de reais ao ano, enquanto o PIB do sequeiro em 2008 já girava em torno de 140 bilhões de reais ao ano. Portanto, os números desmentem os mitos.
Parabéns à COOPERCUC, trabalho que mostra a beleza e a viabilidade do sequeiro nordestino, com a caatinga em pé, ambiente preservado e cheio de vida. O único caminho para os biomas brasileiros sobreviverem é o da “convivência”.
Quem tem inteligência ambiental sabe.
Roberto Malvezzi (Gogó), Articulista do Portal EcoDebate, possui formação em Filosofia, Teologia e Estudos Sociais. Atua na Equipe CPP/CPT do São Francisco.
in EcoDebate, 04/05/2016
"Inteligência Ambiental – Festa do Umbu e da Vida em Uauá, artigo de Roberto Malvezzi (Gogó)," in Portal EcoDebate, ISSN 2446-9394, 4/05/2016,https://www.ecodebate.com.br/2016/05/04/inteligencia-ambiental-festa-do-umbu-e-da-vida-em-uaua-artigo-de-roberto-malvezzi-gogo/.
terça-feira, 3 de maio de 2016
#MeuExemploSustentável
Reutilizar pneus velhos para criar um lindo jardim e cultivar uma horta foi a ideia que agente educacional Rosaria Vieira Soares iniciou no Colégio Estadual Antonio Garcez Novaes, em Arapongas (Paraná), com o apoio das professoras Maria Rosangela de Oliveira Bonin e Irene Galuch, da pedagoga Valdenice Quintaneiro e da diretora Elisangela Cristina Perugini Mazaro. O Meu Exemplo Sustentável de hoje foi desenvolvido com a participação voluntária dos alunos, estimulando em cada um a consciência ambiental e a importância da preservação do meio ambiente.
Um grupo de amigos resolveu usar a criatividade para ajudar a Creche Alecrim, em Brasília. Pneus velhos viraram lindos puffs e mesas que seriam descartadas foram recobertas com tecido e agora apoiam as atividades recreativas das crianças. PARABÉNS ao Meu Exemplo Sustentável enviado pela Suzzie Valadares.
Agricultura sinantrópica, parte I, artigo de Roberto Naime
[EcoDebate] ANDRADE e PASINI (2014) descrevem oportunizou o registro da aplicação dos princípios da Agricultura Sintrópica de Ernst Götsch, na implantação e manejo de um experimento agroflorestal.
O objetivo foi demonstrar estratégias de recuperação de solos com fortes indícios de degradação por meio de técnicas que privilegiam a sucessão das espécies. Foram feitos consórcios complexos com espécies estratégicas como a acácia, buscando alcançar as condições ideais, sem o uso de insumos mas sim por meio de processos.
Com isso é possível reintegrar o homem ao ambiente do qual ele faz parte, ressignificando a função do agricultor cuja intervenção resulta no aumento de recursos em todos os níveis.
Após dois anos de experimento, a regeneração natural foi visivelmente estimulada, foram colhidas 28t de mandioca por hectare e as espécies madeireiras estão estabelecidas e, em um futuro breve, o ambiente herdará uma agrofloresta capaz de evoluir por sua própria dinâmica.
ANDRADE e PASINI (2014) asseveram que ao redor de todo o mundo, agricultores e pesquisadores desenvolvem soluções e práticas sustentáveis diariamente. Apesar disso, as ciências da sustentabilidade, por serem uma área cuja sistematização é ainda relativamente recente, requerem o amadurecimento de seu corpo teórico de modo a se tornar capaz de responder às questões urgentes de nosso tempo.
Em meio a tantos esforços e tantas controvérsias em torno das técnicas e tecnologias, podemos assegurar que a única certeza que podemos ter é a de que uma boa definição de agricultura sustentável emergirá da identificação do denominador comum extraído de experiências reais.
Para isso, apresentar a história de como foram alcançados resultados bem sucedidos se mostra peça fundamental na construção da base teórica e prática que dará suporte às ciências da sustentabilidade, contribuindo dessa forma para a transição em direção a uma agricultura realmente sustentável.
Também não podemos deixar de considerar que se vive hoje uma importante fase da chamada “era da informação”, em que a validação do conhecimento está intimamente ligada à sua difusão e o aprimoramento de ambos os processos é amplamente exigido.
Em um contexto de novas mídias e redes colaborativas, ideias inovadoras comunicadas de forma eficiente têm o potencial de alcançar resultados compatíveis com a velocidade, o alcance e a intensidade de nosso tempo.
A experiência de acompanhamento da implantação de uma área de cultivo em terras degradadas, segundo os métodos desenvolvidos por Ernst Götsch, procurando, eventualmente, constatar a eficiência não só de seu projeto e implantação, mas também das decisões e intervenções que seriam feitas durante o manejo da área.
Tanto o trabalho em campo quanto o trabalho de divulgação continuam em andamento e aqui procuraremos compartilhar parte das observações e resultados alcançados até o momento. Ernst Götsch é um agricultor e pesquisador suíço que migrou para o Brasil no começo da década de 80 e se estabeleceu em uma fazenda na zona cacaueira do sul da Bahia.
Desde então, vem desenvolvendo técnicas de recuperação de solos por meio de métodos de plantio que mimetizam a regeneração natural de florestas. Com o acúmulo de mais de três décadas de trabalho que resultaram na recomposição de 410 hectares de terras degradadas, Götsch elaborou um conjunto de princípios e técnicas que viabilizam integrar produção de alimentos à dinâmica de regeneração natural de florestas, sempre complexificando sistemas, ao que convencionou chamar de Agricultura Sintrópica.
Embora o trabalho de Ernst Götsch tenha se tornado extensamente conhecido por meio de mídias, cursos e consultorias, ainda há profundo desconhecimento do que sejam Sistemas Sintrópicos. Segundo Götsch, para se estabelecer tal sistema 5% do trabalho está em sua implantação e 95% no manejo.
Desta forma, foi essencial realizar esta experiência na Bahia para assim assegurar a precisão dos dados e a garantia da aplicação dos princípios da Agricultura Sintrópica, já que o próprio criador do conceito seria o responsável pela manutenção e manejo da área. Para o início do projeto, Ernst Götsch selecionou uma área experimental de 1.140m2 que se encontrava em pousio há 80 anos, e cuja vegetação e solo denunciavam alto grau de degradação.
Pesquisando o histórico da área escolhida para a experiência, tomou-se conhecimento de que lá predominavam originalmente as características de Floresta Ombrófila Densa sub-montana, até que em 1925 iniciou-se a derrubada e queima dessa mata para o plantio de mandioca.
Entre os anos de 1930 a 1940 relatos dos moradores apontam que a área foi destinada à pastagem de equinos e manejada anualmente com fogo. A partir de 1941 até o ano de 2012, foi deixada em pousio, sem registros de fogo, segundo testemunho dos vizinhos próximos e do próprio Ernst Götsch.
A vegetação no momento da implantação da experiência era constituída aproximadamente por: 70% de feto-de-gaiola com até dois metros de altura, 1% de tiririca-navalha, 19% de árvores e arbustos, com até seis metros de altura, sendo que estas últimas não conseguiam sobreviver a ponto de produzir sementes, o que Götsch atribuía à baixa resiliência do sistema, incapaz de dar um novo passo no caminho da complexificação.
Essa hipótese foi fundamental para orientar as tomadas de decisões durante o processo. A partir dessa lógica foram determinadas tanto a escolha das técnicas de plantio quanto a seleção das espécies que iriam compor o sistema, como explicaremos mais adiante. As características do solo correspondem às identificadas por Fabiana M. Peneireiro como “solos latossólicos e podzólicos argilosos com alto grau de intemperização, profundos, ricos em óxido de ferro e alumínio, considerados pouco férteis, derivados de rochas gnaissicas e graniticas de planalto cristalino, do período Pré-Cambriano” (PENEIREIRO, 1999).
A análise de solo indicou pH 4.9. Segundo Götsch, a região fora considerada não propícia e não recomendada para o cultivo de cacau segundo o mapa das terras da zona cacaueira feito pela Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC).
Foram usadas espécies fundamentais para sucessão natural, contribuindo para que o sistema adquira a resiliência necessária para voltar a ser capaz de abrigar espécies mais exigentes. “Não existem inimigos quando compreendemos a função de cada participante do sistema. É a falta de compreensão que faz com que existam preconceitos contra o eucalipto e a acácia” (GÖTSCH, 2012).
Passados dois meses da implantação, foi possível constatar o sucesso do estabelecimento das mudas de eucalipto e acácia. Apesar da comprovada presença de formigas cortadeiras, não houve ataques às plantas. Algumas das árvores começavam a nascer, os feijões desenvolviam-se bem e aqui ressalta-se a importância do manejo.
Nessa fase as intervenções de manutenção foram realizadas semanalmente e consistiam, basicamente, na retirada dos poucos brotos de regeneração de feto-de-gaiola e na poda do feijão-de-porco sempre que este ultrapassa a altura da maniveira. Nesses dois primeiros meses o feijão-de-porco foi podado duas vezes. Götsch não viu essa mesma necessidade para o feijão carioquinha pois, como seu ciclo é mais curto, ele não iria atrapalhar o desenvolvimento da mandioca, podendo inclusive valer-se dela como tutor.
Em resumo, o sistema sinantrópico privilegia o manejo como forma de recuperar naturalmente ambientes degradados com espécies que se prestam a exercer funcionalidades que tem que ser recuperadas.
Referências:
PENEIREIRO, F. M. Sistemas Agroflorestais dirigidos pela sucessão natural: um estudo de caso, São Paulo. 1999. 13 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba. 1999.
GÖTSCH, E. Projeto Agenda Götsch, Bahia, 2012. Disponível em http://agendagotsch.com/texts/, acesso em: 10 agosto 2014.
ANDRADE, Dayana Velozo Pastor PASINI, Felipe dos Santos. Implantação e Manejo de Agroecossistema Segundo os Métodos da Agricultura Sintrópica de Ernst Götsch. Cadernos de Agroecologia – ISSN 2236-7934 – Vol 9, No. 4, Nov 2014
Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.
in EcoDebate, 03/05/2016
"Agricultura sinantrópica, parte I, artigo de Roberto Naime," in Portal EcoDebate, ISSN 2446-9394, 3/05/2016, https://www.ecodebate.com.br/2016/05/03/agricultura-sinantropica-parte-i-artigo-de-roberto-naime/.
Licenciamento ambiental sob ataque severo do poder econômico, artigo de Eduardo Luís Ruppenthal
[EcoDebate] Eles não sossegam! Depois do retrocesso com a flexibilização do Código Florestal Brasileiro (atual lei 12.651, de proteção à vegetação nativa), que tem a sua constitucionalidade ainda discutida no Supremo Tribunal Federal (STF) através de quatro Ações Diretas de Inconstitucionalidade, o alvo da vez é o licenciamento ambiental. E ainda, não bastasse o crime ambiental da Samarco/Vale/BHP Billiton em Mariana cujo vazamento não foi contido e nem punido, as grandes empreiteiras, as construtoras e as empresas nacionais e internacionais do agro-hidro-mineronegócio, detentoras do poder econômico, estão agindo em favor de mudanças profundas para acabar com qualquer regulação ambiental no país.
Prestes a completar 35 anos da construção do marco legal ambiental brasileiro, o licenciamento possui falhas e questionamentos, principalmente relacionados aos problemas históricos de estruturação dos órgãos ambientais, nos níveis federal, estadual e municipal. Entendemos ser esta uma política deliberada e intencional dos governos como forma de fragilizar a atuação desses órgãos no cumprimento de suas atribuições legais tanto na gestão, no licenciamento e na fiscalização ambiental. Aliado a esse descaso proposital, vemos a complexa questão ambiental ser brutalmente simplificada numa orquestração entre os agentes do poder econômico e os da mídia comercial, esta que não aceita nenhuma política de regulação. Estes dois agentes sociais tratam a questão ambiental como um mero caso de “morosidade”, “atraso” e “entrave” ao “desenvolvimento”, ou traduzindo, como um problema aos seus lucros gananciosamente absurdos.
Atualmente há três propostas de mudanças profundas neste marco legal aparentemente vindas de três frentes. Entretanto, possuem o mesmo propósito de flexibilização. A primeira proposta está no Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) e foi apresentada pela ABEMA (Associação Brasileira de Entidades Estaduais do Meio Ambiente), entidade que representa as secretarias estaduais do Meio Ambiente; a segunda, é o Projeto de Lei 3.794, de 2014, elaborado pelo deputado Ricardo Tripoli (PSDB/SP) e está na Câmara Federal; a terceira, é o projeto de Lei 654, de 2015, apresentado pelo senador Romero Jucá (PMDB/RR), está no Senado e é uma das 28 medidas da Agenda Brasil. Sendo esta “Agenda” apresentada como uma forma de “sair mais rápido” da crise, mas entenda-se como uma forma de manter e ampliar o lucro das empresas através da implantação de um processo sumário de licenciamento ambiental de projetos ditos “estratégicos” pelo governo e de “interesse nacional”. Essa medida também está presente no programa “Uma ponte para o Futuro”, proposta pelo PMDB ao governo quando ainda era aliado, e que estará na pauta em um eventual governo Temer.
As propostas da Abema e dos congressistas, mesmo com diferenças, são destruidoras da legislação ambiental e esclareceremos o porquê nos próximos textos que divulgaremos. Pois, as nuances entre elas constituem a estratégia utilizada pelos campos políticos interessados no desmonte da legislação ambiental, denominada “bode na sala”, ou seja, o aniquilamento total defendido por Romero Jucá é até a proposta “menos pior” que a representada pela Abema. Estas três iniciativas não nos surpreendem já que os dois congressistas integram o grupo dos “representantes públicos” que atuam em defesa de seus interesses próprios e de seus financiadores de campanha. Quanto à Abema, mesmo que tenha certa legitimidade, é composta por “gestores públicos” que tiveram indicação política com o objetivo de providenciar a liberação das licenças. E assim vimos os órgãos ambientais serem transformados em verdadeiros balcões de licenciamento, onde a visão que impera sobre o meio ambiente é de um “entrave” ao “desenvolvimento”.
Coincidentemente, o direito à informação, o primeiro dos dezesseis direitos humanos violados na construção de grandes empreendimentos, como hidrelétricos, também é violado na discussão desse tema de extrema importância e dos iminentes riscos de retrocessos. Além do silenciamento da mídia comercial, o Conama abriu o período de consulta sobre a proposta da Abema durante o carnaval deste ano, o que fez com que o Ministério Público Federal (MPF) conseguisse prorrogar a definição sobre o tema. Por isso, aconteceram audiências públicas em vários estados. No Rio Grande do Sul, a audiência foi em 11 de abril e promovida pelo Ministério Público Estadual com a colaboração de vários especialistas na área, como os professores e pesquisadores da área ambiental, dentre eles os da UFRGS. Naquele momento ficaram evidentes os interesses por trás das propostas. A Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente (Abrampa) caracterizou as propostas como um retrocesso. Sua posição é de que se não houver mudanças profundas nas três referidas propostas, ações judiciais serão necessárias para questionar a sua constitucionalidade dentro do princípio do não retrocesso ambiental, assim como ocorreu diante da flexibilização do Código Florestal.
Nos próximos textos, discutiremos cada projeto e desvendaremos o verdadeiro significado de cada mudança proposta. O presente da biodiversidade brasileira está ameaçado, por isso não podemos permitir que ocorram outros retrocessos na legislação ambiental. Em tempos de crimes ambientais como aquele que vitimou os habitantes de Mariana e os demais situados nos 700 km do Rio Doce, não admitiremos o esquecimento nem o risco de repetição. Os delinquentes do meio ambiente não passarão!
Eduardo Luís Ruppenthal é Professor da rede pública estadual, biólogo e mestre em Desenvolvimento Rural pela UFRGS. Membro do Movimento Gaúcho em Defesa do Meio Ambiente (Mogdema).
in EcoDebate, 02/05/2016
"Licenciamento ambiental sob ataque severo do poder econômico, artigo de Eduardo Luís Ruppenthal," in Portal EcoDebate, ISSN 2446-9394, 2/05/2016,https://www.ecodebate.com.br/2016/05/02/licenciamento-ambiental-sob-ataque-severo-do-poder-economico-artigo-de-eduardo-luis-ruppenthal/.
Uso de antimicrobianos na agropecuária e o retorno de doenças reemergentes
Uso de antimicrobianos na agropecuária e o retorno de doenças reemergentes. Entrevista especial com Arnildo Korb
“Mantida esta perspectiva de consumo de antimicrobianos na produção animal e na saúde humana, as perspectivas futuras não são nem um pouco animadoras”, diz o biólogo.
Imagem: www.popularempresas.pt
O alerta da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura – FAO para o uso excessivo de antimicrobianos na agropecuária faz parte de um “paradoxo”, diz Arnildo Korb à IHU On-Line, ao comentar que ao mesmo tempo em que a FAO critica o uso demasiado dessas substâncias, afirma que a “produção mundial de alimentos necessitará dobrar até 2050 devido ao aumento da população mundial”.
O ponto problemático desta questão, segundo o biólogo, é que os dados da Organização Mundial da Saúde – OMS indicam que se “esta perspectiva de consumo” persistir, “até 2050 não haverá nenhuma classe de antimicrobianos eficiente em decorrência do aumento da resistência bacteriana”. Além disso, frisa, “existem as doenças reemergentes como a tuberculose, que em período pregresso recente alarmou a humanidade, e que pode ser controlada com antimicrobianos de primeira geração, agora reaparece com bactérias multirresistentes”. Isto significa que se o uso de antimicrobianos na agropecuária continuar aumentando, os “cientistas cogitam” a possibilidade de que “até 2050 uma em cada quatro pessoas no mundo sofrerá de tuberculose”.
Na entrevista a seguir, concedida à IHU On-Line por e-mail, Korb informa que na agropecuária“o uso de antimicrobianos atinge toda a criação intensiva, como suínos, aves e bovinos de corte. Na aquicultura, principalmente criação de peixe e camarão em cativeiro, o uso de cloranfenicol é elevado”. Conforme ele esclarece, a “principal preocupação” em relação ao uso de antimicrobianos em alimentos tem sido com resíduos dos fármacos em carnes e derivados para o consumo humano, porque “muitos antimicrobianos consumidos em excesso podem causar malformações em fetos, especialmente em dentes, causados por tetraciclinas, e fragilizar tecidos, como as cartilagens, no caso das quinolonas”.
Korb diz ainda que no Brasil a maior fiscalização ocorre nos alimentos lácteos devido à “preocupação do país em se caracterizar como um exportador destes alimentos”. No entanto, o “monitoramento das resistências das bactérias presentes nas carcaças de animais para consumo humano está apenas começando no Brasil, diferente do que tem ocorrido na Europa”, pontua.
Arnildo Korb é graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – Unijuí, mestre em Educação nas Ciências pela Unijuí e doutor em Meio Ambiente e Desenvolvimento pela Universidade Federal do Paraná – UFPR. Atualmente é professor adjunto no curso de Enfermagem da Universidade do Estado de Santa Catarina – Udesc.
Confira a entrevista.
Foto: 1.bp.blogspot.com
IHU On-Line – Que tipos de antibióticos são utilizados na agropecuária brasileira atualmente? Desde quando eles são utilizados e por quais razões?
Arnildo Korb – Primeiramente precisamos conceituar estes fármacos para entendermos os mecanismos de ação. No meio ambiente os microrganismos competem entre si por meio de substâncias, os antibióticos. A partir da descoberta da penicilina, por Alexandre Fleming em 1929, essas substâncias começaram a ser usadas isoladas para o controle de infecções. A partir da década de 40 do último século, algumas foram criadas pelo ser humano: as drogas sintéticas, a citar as sulfonamidas e as quinolonas. Ao conjunto de antibióticos e drogas sintéticas denominamos de antimicrobianos. Por isso, é mais aconselhável o uso dessa expressão quando discutimos problemas relacionados a essas drogas.
A penicilina foi a droga que revolucionou a medicina na última década e, juntamente com outros antimicrobianos, aumentou a expectativa de vida humana em no mínimo 10 anos. O fato é que, a partir da década de 70, com o fluxo migratório humano e o êxodo rural, em escala global, ocorreu a necessidade no aumento da produção de proteína animal, especialmente mais barata para a classe trabalhadora e com menor renda. Neste contexto, intensificou-se a suinocultura e a avicultura de corte. O aumento na produção requisitou investimentos no melhoramento genético, principalmente dos frangos, para garantir precocidade, com crescimento rápido e ganho de peso. Se anteriormente para produzir um frango era necessário de cinco a seis meses, agora em 40 dias está pronto para o abate.
Porém, fisiologicamente, é correto afirmar que toda vez que incluímos genes de produtividade, retiramos genes de rusticidade, implicando em baixa imunidade. Além disso, as condições de criação, com o adensamento dos frangos para evitar que estes se desloquem e gastem energia, provoca intenso estresse, aliado à irritação da pele do frango causada pela cama aviária. Esse manejo propicia o desenvolvimento de infecções cutâneas em frangos, como a colibacilose, provocadas pela Escherichia coli, e salmoneloses, o que representa altas perdas pelo descarte de carcaças. Essa sempre foi uma das principais razões para o uso de antimicrobianos na produção de frangos. Utilizados na ração, além de contribuírem para os fins profiláticos e terapêuticos, alguns antimicrobianos desempenhavam a função de promotores de crescimento, pois atuam no metabolismo da glicose e insulina.
Paralelo ao processo produtivo, o uso desordenado de derivados de penicilina (betalactâmicos) propiciou a identificação, já na década de 60, do surgimento de bactérias resistentes e que passaram a dificultar o tratamento das infecções humanas por elas desenvolvidas. A partir da década de 90, pesquisadores europeus descobriram que o uso de antimicrobianos na produção animal seleciona superbactérias, especialmente as Staphylococcus aureus resistentes à meticilina (MRSA), e a resistência de Enterococcus à vancomicina, antimicrobiano utilizado em hospitais no tratamento de infecções multirresistentes. Essa descoberta explicou o aumento no número de mortes humanas, especialmente em pacientes internados, devido à disseminação dos genes e a incapacidade de cura pelos antimicrobianos tradicionais utilizados na saúde humana. Teve-se, nesse momento, a descoberta da existência da resistência cruzada. Ou seja, uma bactéria pode tornar-se resistente a um antimicrobiano sem mesmo ter entrado em contato direto com ele. Isso ocorre por meio de um mecanismo celular denominado bomba de efluxo que libera o antimicrobiano para o meio extracelular da bactéria.
“Na agropecuária, o uso de antimicrobianos atinge toda a criação intensiva, como suínos, aves e bovinos de corte. Na aquicultura, principalmente criação de peixe e camarão em cativeiro”
Com estas descobertas, a Organização Mundial da Saúde – OMS, Organização Mundial de Saúde Animal – OIE e Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura – FAO lançaram políticas para o que denominaram como o uso prudente de antimicrobianos na produção animal, proibindo a utilização como promotores de crescimento, tirando-os das rações, e limitando para o uso de apenas algumas classes. Entre os liberados estão penicilinas, sulfonamidas, tetraciclinas, cloranfenicol e alguns quinolônicos, como a enrofloxacina. Muitos destes foram liberados pelo fato de não funcionarem adequadamente na saúde humana. NoBrasil a proibição do uso de antimicrobianos como promotores de crescimento, e orientando quais antimicrobianos podem ser utilizados para outros fins, em adesão às políticas internacionais, principalmente objetivando a exportação de carnes, foi instituída pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA por meio da Instrução Normativa nº 51 de 29 de fevereiro de 2006.
IHU On-Line – Que tipos de micróbios têm resistido ao uso de antibióticos (antimicrobianos) na agropecuária?
Arnildo Korb – Primeiramente precisamos caracterizar o que significa resistência bacteriana. É um equívoco afirmar que as bactérias tornam-se resistentes para algum antimicrobiano. O que ocorre de fato é a seleção de genes de resistência. Explicando melhor: a todo o momento os microrganismos no meio ambiente estão sujeitos a mutações, especialmente em alguns genes que podem conferir alguma característica especial ao microrganismo, como a resistência bacteriana. Também é fato que muitas mutações que neles ocorrem são deletérias e induzem à morte do microrganismo que não consegue mais se adaptar às condições ambientais e perde a competição para os demais. Porém, quando uma mutação benéfica surge, existe a possibilidade de transferência de genes entre as bactérias, acentuando a disseminação destes genes. A disseminação de resíduos de antimicrobianos em escala global, pelos alimentos e principalmente pela água, atinge esses ambientes onde as mutações ocorrem, ou os genes são transferidos para os locais com maior concentração de resíduos; com isso, as bactérias que possuem estes genes de resistência secretam enzimas que permitem sua sobrevivência, à medida que as suscetíveis tendem a morrer. Isto é a seleção de genes de resistência. Este mesmo processo ocorre em nosso organismo, quando ingerimos alguns genes de resistência, e quando fazemos uso de antimicrobianos em processos terapêuticos, ou ingerimos resíduos em alimentos e na água, são selecionados esses genes.
Mas voltando à sua pergunta: todos os microrganismos, especialmente bactérias, podem desenvolver resistência, inclusive fungos. Em relação às bactérias, a diferença está no tipo (Gram-positiva ou Gram-negativa) e no antimicrobiano utilizado. Tanto bactérias patogênicas quanto as oportunistas podem se tornar superbactérias. Patogênicas são aquelas que não vivem na nossa microbiota normal e uma pequena quantidade é suficiente para o desenvolvimento de infecções. As oportunistas são aquelas que vivem em nosso organismo, como a Staphylococcus aureus, que coloniza a pele humana. Bactérias decompositoras, como Acinetobacter baumannii, tidas como não patogênicas, mas oportunistas, e que estão em locais como pias, pisos e entre outros, têm estado entre as principais causas de infecções e mortes em hospitais. Pelo fato destas bactérias decomporem matéria orgânica, incorporam DNA (genes) de outras bactérias, tornam-se multirresistentes. Nos hospitais a característica oportunista é facilitada pelo fato de as pessoas internadas estarem com o sistema imune debilitado.
Na agropecuária, o uso de antimicrobianos atinge toda a criação intensiva, como suínos, aves e bovinos de corte. Na aquicultura, principalmente criação de peixe e camarão em cativeiro, o uso de cloranfenicol é elevado.
“Em torno de 25 mil pessoas morrem por ano na Europa em decorrência de infecções causadas por bactérias multirresistentes”
IHU On-Line – Que riscos à saúde dos animais e dos seres humanos esses antibióticos (antimicrobianos) podem causar?
Arnildo Korb – A principal preocupação tem sido com os resíduos destes fármacos nas carnes e derivados para o consumo humano, ou seja, com os aspectos toxicológicos, pois muitos antimicrobianos consumidos em excesso podem causar malformações em fetos, especialmente em dentes, causados por tetraciclinas, e fragilizar tecidos, como as cartilagens, no caso das quinolonas. Neste sentido, o MAPA mantém um controle rigoroso sobre resíduos em alimentos por meio de seus laboratórios, como o Lanagro na Grande Porto Alegre.
Recentemente, uma maior fiscalização tem ocorrido nos alimentos lácteos, especialmente pela preocupação do Brasil em se caracterizar como um exportador destes alimentos. O monitoramento das resistências das bactérias presentes nas carcaças de animais para consumo humano está apenas começando no Brasil, diferente do que tem ocorrido na Europa. A comunidade europeia tem desenvolvido programas de monitoramento no consumo de antimicrobianos na produção animal e na saúde humana e das resistências bacterianas nos dois setores, e mesmo assim tem tido dificuldades em reduzir a incidência de bactérias multirresistentes. Em torno de 25 mil pessoas morrem por ano na Europa em decorrência de infecções causadas por bactérias multirresistentes.
IHU On-Line – Que leitura você faz do alerta da FAO, ao afirmar que o uso excessivo de antibióticos (antimicrobianos) na agropecuária ameaça a saúde e a segurança alimentar?
Arnildo Korb – Aqui reside um paradoxo. É argumento da FAO que a produção mundial de alimentos necessitará dobrar até 2050 devido ao aumento da população mundial e maior concentração desta nos grandes aglomerados urbanos. Por outro lado, está ocorrendo uma redução e envelhecimento da população no campo, o que requererá uma intensificação no modelo produtivo. Resumindo: menos pessoas no campo terão que produzir mais alimentos para mais pessoas na cidade, e isso não se faz por decreto ou sistema político autoritário, como no Camboja. Para manter o trabalhador no campo, o melhor estímulo é uma renda que lhe garanta o mínimo de qualidade de vida dentro dos padrões modernos, especialmente em países como o Brasil. Mas, para a FAO, será impossível aumentar esta produção sem o uso de antimicrobianos. Por outro lado, segundo a OMS, seguindo esta perspectiva de consumo, até 2050 não haverá nenhuma classe de antimicrobianos eficiente em decorrência do aumento da resistência bacteriana. Além disso, existem as doenças reemergentes como a tuberculose, que em período pregresso recente alarmou a humanidade, e que pode ser controlada com antimicrobianos de primeira geração, agora reaparece com bactérias multirresistentes.
Cientistas cogitam a possibilidade de que até 2050 uma em cada quatro pessoas no mundo sofrerá de tuberculose. Esse é o cenário que nos aguarda. Um retrocesso na medicina. Voltaremos à era dos chás e das terapias alternativas e da sobrevivência dos “mais fortes”. É bom considerar, ainda, que o prazo necessário entre a descoberta ou desenvolvimento de uma molécula de antimicrobiano, testes em cobaias animais e em humanos, bem como liberação e disponibilização em escala comercial, é de no mínimo dez anos, ao passo que as resistências para a maioria dos antimicrobianos têm sido observadas de um a quatro anos após o lançamento em escala comercial. Inviável, portanto, economicamente para as grandes empresas farmacêuticas do setor. O fenômeno da resistência bacteriana e da limitação no desenvolvimento de novas fórmulas, devido ao esgotamento dos sítios de ação nas bactérias, tem levado essas empresas a abandonar as pesquisas com antimicrobianos e investir no setor de doenças degenerativas, mais lucrativas em virtude do envelhecimento da população mundial e dos menores riscos da inativação desses fármacos por tolerância do organismo.
Este fato tem feito com que a OMS sugira a estas empresas a continuidade nas pesquisas para o desenvolvimento de novas drogas antimicrobianas. Porém, as mesmas empresas são as que abastecem o setor produtivo anualmente com milhares de toneladas. Somente na Europa são mais de 50 mil toneladas anuais na produção animal; acredita-se que no setor da saúde humana corresponda a 10% disso. No Brasil não temos dados sobre consumo, embora produzamos mais frangos que a Europa e a população brasileira consuma mais antimicrobianos do que os europeus. Reunidos todos os países produtores de carnes nos moldes intensivos, Estados Unidos, China, países europeus, Brasil e demais países Sul-americanos, e mantida a estimativa europeia, seguramente o consumo mundial ultrapassa 200 mil toneladas. A questão é saber como os microrganismos irão se comportar com todo esse volume de antimicrobiano lançado no meio ambiente até 2050, considerando que muitos desses produtos demoram para ser degradados.
“Na agropecuária brasileira o uso de antimicrobianos tem sido tratado dentro de uma ‘caixa preta’”
IHU On-Line – Há um modo correto de utilizar antibióticos (antimicrobianos)? O que caracteriza o “uso excessivo”?
Arnildo Korb – As duas formas corretas estão no uso de princípios ativos de classes mais baixas e na dosagem recomendada. Isso vale também para a saúde humana, em que os médicos, por vezes, prescrevem antimicrobianos de última geração para o tratamento de uma infecção simples, quando drogas tradicionais poderiam dar conta, sem com isto estimular a seleção de eventuais genes que poderiam estar presentes no organismo. No caso da agropecuária, ao utilizar somente os antimicrobianos recomendados pela FAO e OMS, e evitando o uso dos denominados criticamente importantes, como cefalosporinas de terceira geração, macrolídeos e fluorquinolonas, estaria sendo protelada a chamada “era pré-antibiótica”. O fato é que, devido à resistência cruzada, antimicrobianos tradicionais e recomendados para o uso na produção animal, indiretamente levam à seleção de genes de resistência aos antimicrobianos criticamente importantes para a saúde humana. Um exemplo é a enrofloxacina, de uso expressivo na produção animal, inclusive para animais de companhia, que, ao ser quebrada pelo fígado do animal, libera como metabólito a ciprofloxacina, uma antimicrobiano muito utilizado na saúde humana, especialmente em infecções graves.
O fato é que grande parte dos antimicrobianos não são degradados e, portanto, são eliminados no meio ambiente de forma quase intacta, e muitos deles não são degradados pelas estações de tratamento de esgotos, retornando, assim, às estações de abastecimento de água para consumo humano. Esse é um dos fatores do aumento acentuado nas resistências bacterianas no setor da saúde humana.
IHU On-Line – O que a Anvisa e o Ministério da Agricultura e Abastecimento determinam em relação ao uso de antibióticos (antimicrobianos) na agropecuária e na saúde?
Arnildo Korb – Quem tem normatizado a utilização de antimicrobianos na agropecuária é o Ministério da Agricultura e Abastecimento. A Anvisa tem normatizado os antimicrobianos na saúde humana. Existe pouco diálogo entre Anvisa e MAPA. Aliás, na agropecuária brasileira o uso de antimicrobianos tem sido tratado dentro de uma “caixa preta”. Ainda somos um país em que produzimos matéria-prima e ficamos com os poluentes. E pelo visto, esta situação permanecerá por longo período, pois dependemos do setor produtivo agropecuário, ele é fundamental para a manutenção da economia, especialmente nos Estados do Sul do país. As regiões com menos desigualdades sociais são aquelas onde estão instaladas as agroindústrias.
IHU On-Line – Como a questão do uso dos antibióticos (antimicrobianos) tem sido discutida entre os especialistas em agropecuária no país?
Arnildo Korb – Com preocupação. Não podemos desmerecer o trabalho do setor produtivo, e ocupado com profissionais altamente especializados. Aliás, poderíamos afirmar que o setor produtivo animal tem avançado mais na construção de políticas públicas e no desenvolvimento de tecnologias alternativas do que o setor da saúde humana. Apesar de sabermos que existem limitações técnicas, caso existissem alternativas, seguramente já teriam sido adotadas.
IHU On-Line – Deseja acrescentar algo?
Arnildo Korb – Mantida esta perspectiva de consumo de antimicrobianos na produção animal e na saúde humana, as perspectivas futuras não são nem um pouco animadoras. Mas poderemos adiar o caos, dando a nossa contribuição. Primeiramente, temos de ler mais sobre o assunto e com isto evitarmos com que médicos e prescritores nos queiram recomendar antimicrobianos de última geração, quando os de classes mais baixas podem ser suficientes. Enquanto pacientes teremos que compreender, também, que algumas infecções simples podem ser controladas pelo nosso organismo e que antimicrobianos não curam gripe. Por incrível que pareça, mesmo na Europa, com todo o avanço tecnológico, investimentos em educação e comunicação, 50% da população ainda acredita que antimicrobianos curam gripe.
No Brasil as pesquisas são insuficientes, mas provavelmente, se o percentual não for igual, é superior. Teremos que mudar a nossa cultura de encarar os antimicrobianos como drogas mágicas, especialmente diante da nossa insatisfação ao sairmos de um consultório médico sem uma receita. O fato é que, em nome da produção não queremos mais dar ao nosso organismo a possibilidade de descanso e de se recompor. Foi assim até o início do último século. Era assim que nossos pais nos tratavam quando estávamos com alguma infecção respiratória: “chá quente e cama”.
Outro aspecto, e que deveria ser observado é em relação às sobras de antimicrobianos, isso para não serem utilizadas como automedicação ou serem descartadas no ambiente sem tratamento. Para isto, é sempre recomendável adquirir somente a quantidade de antimicrobianos prescritos e descartar eventuais sobras em farmácias que adotam a política de recolhimento específica. No Brasil a comercialização de antimicrobianos tem sido promissora para o setor das grandes corporações farmacêuticas.
“Teremos que mudar a nossa cultura de encarar os antimicrobianos como drogas mágicas”
Em relação ao setor produtivo — e não podemos adotar um discurso hipócrita, como na academia por vezes tem se adotado —, estamos imersos em um modelo de produção e consumo mundial. Se os países europeus, como os nórdicos, estão conseguindo reduzir o consumo de antimicrobianos e das resistências, é também porque estes possuem uma economia sólida e que garante, por meio dos subsídios, uma renda satisfatória aos agricultores. É por isso que a morte de alguns animais, em decorrência de infecções, não impacta na lucratividade dos produtores, pois a renda já está garantida, mesmo que este, por vezes, nada produza. Diferente da realidade brasileira, na qual nossos heroicos agricultores mal conseguem sobreviver na atividade, especialmente pela ausência de uma política agrícola.
Pela minha vivência por alguns meses na Europa, e estudando a questão, entendi que não existem “anjos” tratando do problema. Em questão está uma disputa de mercado que é “varrida para baixo do tapete”. É por isto, embora tenhamos alguns problemas a serem corrigidos, que precisamos agir com cuidado ao lançarmos críticas ao setor produtivo agropecuário. O que precisa existir é uma maior orientação do trabalho quanto aos modos de uso. Na prática, necessitaremos começar fazendo a nossa parte enquanto urbanoides, restringindo o consumo desses fármacos na saúde humana, e técnicos dos dois setores (produção animal e saúde humana) precisam, urgentemente, parar com este jogo de encontrar culpados, pois todos são responsáveis, inclusive nós.
Por Patricia Fachin
(EcoDebate, 02/05/2016) publicado pela IHU On-line, parceira editorial da revista eletrônica EcoDebate na socialização da informação.
[IHU On-line é publicada pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos Unisinos, em São Leopoldo, RS.]
segunda-feira, 2 de maio de 2016
Vegetables irrigated with treated wastewater expose consumers to drugs
Researchers show the link between exposure to pharmaceutical contaminants and consumption of fresh produce grown in reclaimed wastewater-irrigated soil
Date: April 18, 2016
Source: The Hebrew University of Jerusalem Summary:
A new study shows that eating vegetables and fruits grown in soils irrigated with reclaimed wastewater exposes consumers to minute quantities of carbamazepine, an anti-epileptic drug commonly detected in wastewater effluents.
Research showed that healthy individuals who consumed reclaimed wastewater-irrigated produce excreted carbamazepine in their urine.
Credit: The Hebrew University of Jerusalem
A new study by a multidisciplinary team of researchers from the Hebrew University of Jerusalem and Hadassah Medical Center shows that eating vegetables and fruits grown in soils irrigated with reclaimed wastewater exposes consumers to minute quantities of carbamazepine, an anti-epileptic drug commonly detected in wastewater effluents.
Fresh water scarcity worldwide has led to increased use of reclaimed wastewater, as an alternative source for crop irrigation. But the ubiquity of pharmaceuticals in treated effluents has raised concerns over the potential exposure for consumers to drug contaminants via treated wastewater.
"Israel is a pioneer and world leader in reuse of reclaimed wastewater in the agriculture sector, providing an excellent platform to conduct such a unique study," said research co-author Prof. Benny Chefetz from the Faculty of Agriculture, Food and Environment at the Hebrew University and the Director of the Hebrew University Center of Excellence in Agriculture and Environmental Health. The study is the first to directly address exposure to such pharmaceutical contaminants in healthy humans. It was recently published in Environmental Science and Technology.
"In a randomized controlled trial we have demonstrated that healthy individuals consuming reclaimed wastewater-irrigated produce excreted carbamazepine and its metabolites in their urine, while subjects consuming fresh water-irrigated produce excreted undetectable or significantly lower levels of carbamazepine," said Prof. Ora Paltiel, Director of the Hebrew University-Hadassah Braun School of Public Health and Community Medicine, who led the research.
The study followed 34 men and women divided into two groups. The first group was given reclaimed wastewater-irrigated produce for the first week, and freshwater-irrigated vegetables in the following week. The second group consumed the produce in reverse order.
The volunteers consumed the produce, which included tomatoes, cucumbers, peppers and lettuce, according to their normal diet and drank bottled water throughout the study to neutralize water contamination.
The researchers measured carbamazepine levels in the fresh produce and in the participants' urine. To begin with, the urinary levels of carbamazepine differed in their quantifiable concentration, with some participants having undetectable levels. Following seven days of consuming reclaimed water-irrigated produce, all members of the first group exhibited quantifiable levels of carbamazepine, while in the second group the distribution remained unchanged from baseline. Levels of carbamazepine excretion were markedly higher in the first group versus the second.
"Treated wastewater-irrigated produce exhibited substantially higher carbamazepine levels than fresh water-irrigated produce," said Prof. Paltiel.
"It is evident that those who consume produce grown in soil irrigated with treated wastewater increase their exposure to the drug. Though the levels detected were much lower than in patients who consume the drug, it is important to assess the exposure in commercially available produce," Prof. Paltiel said.
"This study demonstrates 'proof of concept' that human exposure to pharmaceuticals occurs through ingestion of commercially available produce irrigated with treated wastewater, providing data which could guide policy and risk assessments," said Prof. Chefetz.
Story Source:
The above post is reprinted from materials provided by The Hebrew University of Jerusalem. Note: Materials may be edited for content and length.
Journal Reference:
Ora Paltiel, Ganna Fedorova, Galit Tadmor, Geffen Kleinstern, Yehoshua Maor, Benny Chefetz. Human Exposure to Wastewater-Derived Pharmaceuticals in Fresh Produce: A Randomized Controlled Trial Focusing on Carbamazepine. Environmental Science & Technology, 2016; DOI: 10.1021/acs.est.5b06256
Cite This Page:
The Hebrew University of Jerusalem. "Vegetables irrigated with treated wastewater expose consumers to drugs: Researchers show the link between exposure to pharmaceutical contaminants and consumption of fresh produce grown in reclaimed wastewater-irrigated soil." ScienceDaily. ScienceDaily, 18 April 2016. <www.sciencedaily.com/releases/2016/04/160418120339.htm>.
Pollutants in fish inhibit human's natural defense system
Researchers suggest risk assessment to protect human health Date:
April 16, 2016 Source:
University of California - San Diego Summary:
In a new study, environmental pollutants found in fish were shown to obstruct the human body's natural defense system to expel harmful toxins. The research team suggests that this information should be used to better assess the human health risks from eating contaminated seafood.
This is a yellowfin tuna.
Credit: Lindsay Bonito/Scripps Oceanography
In a new study, environmental pollutants found in fish were shown to obstruct the human body's natural defense system to expel harmful toxins. The Scripps Institution of Oceanography at UC San Diego-led research team suggests that this information should be used to better assess the human health risks from eating contaminated seafood. The study was published in the April 15 issue of the journalScience Advances.
A protein found in cells of nearly all plants and animals, called P-gp, acts as the cell's bouncer by expelling foreign chemicals from the body. P-gp is well known for its ability to transport therapeutic drugs out of cancer cells and, in some cases, rendering these cells resistant to multiple drugs at once.
To determine how effective P-gp is at ridding cells of industrial and agricultural pollutants found in seafood, collectively known as persistent organic pollutants (POPs), the Scripps research team conducted a biochemical analysis of P-gp proteins from humans and mice against POPs. The scientists focused on POPs most commonly found in human blood and urine, and also detected in the muscle tissues of wild-caught yellowfin tuna. The pollutants included older "legacy" compounds such as the pesticide DDT as well as newer industrial chemicals, such as flame retardants.
Working with researchers at UC San Diego's Skaggs School of Pharmacy and Pharmaceutical Science and School of Medicine, the researchers discovered that all 10 pollutants interfered with the ability of P-gp to protect cells. The study was also the first to show how one of the 10 pollutants, PBDE-100, commonly used as a flame retardant in upholstery foam and plastics, binds to the transporter protein. The POP binds to the protein in a similar way as chemotherapeutics and other drugs, but instead of being transported out of the cell, the bound POP ultimately inhibits the protein's ability to perform its defense function.
"When we eat contaminated fish, we could be reducing the effectiveness of this critical defense system in our bodies," said Amro Hamdoun, an associate professor in the Marine Biology Research Division at Scripps, and lead author of the study.
The researchers point out that newborns and fish larvae are two of the most vulnerable populations. Newborns are particularly vulnerable since they are exposed to high concentrations of POPs in breast milk, and have low amounts of the protective P-gp protein. Fish larvae may be at increased risk since the accumulation of pollutants may slow down the animal's defense system to combat other marine pollutants, such as oil hydrocarbons encountered at oil spill sites.
"We show that these inhibitors are found in the fish we eat," said Scripps postdoctoral researcher Sascha Nicklisch, an author of the study.
The Scripps researchers suggest that environmental chemicals should be tested to determine if they impede the effectiveness of the body's natural defense system to expel these, and other foreign chemicals. The U.S. Food and Drug Administration currently recommends similar testing on pharmaceuticals.
"Its unsettling to find that all of the tested persistent environmental pollutants interfered with the P-gp protein's ability to protect cells," said Jacob James, managing director of the Waitt Foundation, who funded the study. "Even more troubling are the results showing that PBDE-100 binds to the P-gp protein, in essence latching onto and poisoning the 'bouncer' whose job it is to throw out the toxins. We can assume that some 'hot' fish carry more than one toxin and that seems like a credible triple threat, as the results with mixtures suggest that multiple toxins do act as 'force multipliers' in degrading cells ability to respond. We are the only species that can influence entire food chains and habitats, we must act more responsibly in the design and use of chemicals in our environment as well as work on economically feasible ways to measure and understand the impacts of those chemicals in seafood, and ourselves."
The National Institute of Environmental Health Sciences and the Waitt Foundation funded the study. Researchers from Sekisui XenoTech, LLC also contributed to the research study.
Story Source:
The above post is reprinted from materials provided by University of California - San Diego. The original item was written by Annie Reisewitz.Note: Materials may be edited for content and length.
Cite This Page:
University of California - San Diego. "Pollutants in fish inhibit human's natural defense system: Researchers suggest risk assessment to protect human health." ScienceDaily. ScienceDaily, 16 April 2016. <www.sciencedaily.com/releases/2016/04/160416094626.htm>.
Low fat diet helps postmenopausal women avoid deadly breast cancers
New data from women's health initiative dietary modification trial finds long-term dietary changes improves breast cancer survival rates
Date: April 16, 2016
Source: Los Angeles Biomedical Research Institute at Harbor-UCLA Medical Center (LA BioMed)
Summary:
Women who stayed on a low fat diet for approximately eight years reduced their risk of death from invasive breast cancers and improved their survival rates.
Rowan Chlebowski, LA BioMed lead researcher, presented the findings of a study that found women who stayed on a low fat diet for approximately eight years reduced their risk of death from invasive breast cancers.
Credit: LA BioMed
Women who stayed on a low fat diet for approximately eight years reduced their risk of death from invasive breast cancers and improved their survival rates when compared with women who had not followed the dietary regimen, according to a study presented at a clinical trial plenary session, entitled "Transformative Clinical Trials in Breast Cancer," at the American Association for Cancer Research (AACR) annual meeting.
An association between dietary fat intake and breast cancer outcomes was suggested nearly a half-century ago but observational findings have been inconclusive. In order to determine the effects of a low fat dietary pattern on breast cancer, Rowan Chlebowski MD, PhD, of the Los Angeles Biomedical Research Institute and colleagues from the Women's Health Initiative conducted additional analyses of a randomized clinical trial that had followed 48,835 postmenopausal women.
The women were age 50-79, had no prior breast cancer, had normal mammograms and normal dietary fat intake. Of those, 19,541 women were put on a low fat diet with nutritionist-led group sessions that sought to reduce fat intake reduction to 20% of energy and increase the consumption of fruits, vegetables and grain. The other 29,294 women in the trial followed their usual dietary patterns.
After approximately eight years of remaining on the low fat diet, 1,767 of the women were diagnosed with breast cancer. Researchers found the breast cancer overall survival from diagnosis was higher in the dietary group: 82% versus 78%. The researchers said this reduction is due, in part, to better survival following breast cancer diagnosis.
"This was the first time we had examined the deaths after breast cancer among this group, and we found that a sustained low fat diet increased the survival rates among postmenopausal women after a breast cancer diagnosis," said Dr. Chlebowski, who presented the findings at the conference. "The study also suggests that women would need to remain on the low fat diets to maintain the benefits of the dietary intervention."
The researchers also reported that most breast cancer characteristics -- including size, nodal status, and distribution of poor prognosis, triple negative cancers and HER2 positive cancers -- were similar between the two groups of women. But there were fewer progesterone receptor negative cancers in the dietary group (28.4% versus 33%). In addition, researchers noted lower cardiovascular disease mortality in the dietary group.
At the conference in New Orleans, AACR also honored Dr. Chlebowski and 12 other Women's Health Initiative investigators with the AACR Science Team of the Year award for their work on breast cancer prevention.
Other institutions and researchers participating in the study were: (Fred Hutchinson Cancer Research Center, the WHI Clinical Coordinating Center, Seattle, WA) Aaron A. Aragaki, Garnet L. Anderson and Ross L. Prentice; (Brigham and Women's Hospital, Harvard Medical School, Boston) JoAnn E, Manson; (MedStar Health Research Institute/Howard University, Washington, DC) Barbara V Howard; (Stanford Prevention Research Center, Stanford, CA) Marcia L. Stefanick; (The Ohio State University, Columbus, OH) Rebecca Jackson; (University of Arizona, Tucson/Phoenix, AZ) Cynthia A. Thompson; (University at Buffalo, Buffalo, NY) Jean Wactawski-Wende; (University of Florida, Gainesville/Jacksonville, FL) Marian Limacher; (University of Iowa, Iowa City/Davenport, IA) Robert Wallace; (University of Pittsburgh, Pittsburgh, PA) Lewis Kuller, and (Wake Forest University School of Medicine, Winston-Salem, NC) Sally Shumaker. Dr. Chlebowski reported being a consultant for Novartis, Amgen, Genentech, Genomic Health and Novo Nordisk; and serving on the speaker's bureau for Novartis and Genentech.
The Women's Health Initiative program is funded by the National Heart, Lung and Blood Institute, National Institutes of Health and Department of Health and Human Services through contracts N01WH22110, 24152, 32100-2, 32105-6, 32108-9, 32111-13, 32115, 32118-32119, 32122, 42107-26, 42129-32, and 44221.
Story Source:
The above post is reprinted from materials provided by Los Angeles Biomedical Research Institute at Harbor-UCLA Medical Center (LA BioMed). Note: Materials may be edited for content and length.
Cite This Page:
Los Angeles Biomedical Research Institute at Harbor-UCLA Medical Center (LA BioMed). "Low fat diet helps postmenopausal women avoid deadly breast cancers: New data from women's health initiative dietary modification trial finds long-term dietary changes improves breast cancer survival rates." ScienceDaily. ScienceDaily, 16 April 2016. <www.sciencedaily.com/releases/2016/04/160416094628.htm>.
domingo, 1 de maio de 2016
Compound from hops lowers cholesterol, blood sugar and weight gain
Date: April 19, 2016
Source: Oregon State University
Summary:
A recent study has identified specific intake levels of xanthohumol, a natural flavonoid found in hops, that significantly improved some of the underlying markers of metabolic syndrome in laboratory animals and also reduced weight gain.
A recent study at Oregon State University has identified specific intake levels of xanthohumol, a natural flavonoid found in hops, that significantly improved some of the underlying markers of metabolic syndrome in laboratory animals and also reduced weight gain.
The findings were published in a special issue of Archives of Biochemistry and Biophysics that was focused on "Polyphenols and Health," and they suggest a possible new approach to issues such as human obesity, high cholesterol and elevated glucose.
Combinations of these problems, collectively known as metabolic syndrome, are linked to some of the major health issues and causes of death in the developed world today -- especially cardiovascular disease and type-2 diabetes.
In this research, laboratory mice were fed a high-fat diet, and given varying levels of xanthohumol. Compared to animals given none of this supplement, the highest dosage of xanthohumol given to laboratory rats cut their LDL, or "bad" cholesterol 80 percent; their insulin level 42 percent; and their level of IL-6, a biomarker of inflammation, 78 percent.
Because they were still growing, eating a rich diet, gaining weight and becoming obese, the weight of the lab animals increased, but by 22 percent less in those receiving xanthohumol, even though all animals ate the same amount of food. Intake of xanthohumol appears to increase their oxygen consumption and metabolic rate, with implications for weight control.
"This is the first time we've seen one compound with the potential to address so many health problems," said Cristobal Miranda, a research assistant professor with OSU's Linus Pauling Institute and lead author on this study. "These were very dramatic improvements."
More research will be required to show safety and efficacy in humans, the researchers said.
"Work is still needed to further demonstrate the safety of high doses of xanthohumol, but dosages 15-30 times higher than we used have already been given to animals with no apparent problems," said Fred Stevens, a professor in the OSU College of Pharmacy, principal investigator with the Linus Pauling Institute, and corresponding author on the research.
"After further study, this might provide an effective treatment for metabolic syndrome at a very low cost."
This study for the first time also identified one of the mechanisms of action of xanthohumol -- it appears to decrease plasma levels of PCSK9, a protein that plays a role in cholesterol levels. Lowering levels of PCSK9 should increase the clearance of LDL cholesterol from the blood.
Metabolic syndrome is defined by clinical diagnosis of three or more of several conditions, including abdominal obesity, elevated lipids, high blood pressure, pro-inflammatory state, a pro-thrombotic state, and insulin resistance or impaired glucose tolerance. About 25-34 percent of the adults in the United States meet these criteria, putting them at significantly increased risk for cardiovascular disease and type-2 diabetes.
Direct health care costs arising from obesity or related disorders account for up to 10 percent of U.S. health care expenditures, the researchers noted in their study.
Xanthohumol has been the subject of considerable research for its potential health benefits, as have other flavonoids such as those found in tea, garlic, chocolate, apples and blueberries.
Xanthohumol is found naturally in hops and beer, but the highest level used in this research was 60 milligrams per kilogram of body weight per day. This corresponds to a human equivalent dose of 350 milligrams per day for a 70-kilogram person, which far exceeds any amount that could be obtained by ordinary dietary intake. A level that high would equate to a beer intake of 3,500 pints per day for a human adult.
However, that amount of xanthohumol could readily be obtained in a dietary supplement that could be taken once a day.
Story Source:
The above post is reprinted from materials provided by Oregon State University. Note: Materials may be edited for content and length.
Journal Reference:
Cristobal L. Miranda, Valerie D. Elias, Joshua J. Hay, Jaewoo Choi, Ralph L. Reed, Jan F. Stevens. Xanthohumol improves dysfunctional glucose and lipid metabolism in diet-induced obese C57BL/6J mice. Archives of Biochemistry and Biophysics, 2016; DOI: 10.1016/j.abb.2016.03.008
Cite This Page:
Oregon State University. "Compound from hops lowers cholesterol, blood sugar and weight gain." ScienceDaily. ScienceDaily, 19 April 2016. <www.sciencedaily.com/releases/2016/04/160419081800.htm>.
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