10 de Março de 2015 Escrito Por Priscila Cardoso
A utilização de plantas medicinais como terapia curativa e preventiva é extremamente difundida no Brasil. Da mesma forma, diversos compostos extraídos de plantas têm sido úteis no desenvolvimento de diversos produtos farmacêuticos, como drogas para o tratamento do câncer, anti-inflamatórias e antibióticas.
Nesse contexto, a pesquisadora Elizabeth Soares Fernandes está coordenando um estudo para analisar opotencial terapêutico de óleos essenciais extraídos de plantas no tratamento de feridas cutâneas crônicas infectadas. Elizabeth Fernandes é doutora em Farmacologia e, para a realização deste trabalho, recebe o apoio da FAPEMA, por meio do edital Universal (nº 01/2013).
“Essa análise se dará através de modelos experimentais in vivo e in vitro. O efeitodosóleos essenciais será avaliado em feridas crônicas infectadas ou não por Staphylococcus aureus, micro-organismo mais comum encontrado nas ulcerações.Serão observados parâmetros como grau de contração da ferida, presença de tecido de granulação enecrose, produção de mediadores inflamatórios e efeito anti-bacteriano”, explica a pesquisadora.
A Dra. Elizabeth Fernandes, que é docente da Universidade Ceuma, esclarece que a ruptura da integridade de qualquer tecido leva ao processo inflamatório, com o objetivo de reparar o tecido. Este processo de restauração tecidual é um processo dinâmico que envolve mediadores solúveis, formação de elementos sanguíneos, matriz extracelular e células parenquimatosas.
“Durante a inflamação aguda, existe uma participação ativa de células residentes no tecido. Ao mesmo tempo, ocorre a liberação de diversos componentes celulares e a ativação de sistemas plasmáticos, como a coagulação. Essas alterações promovem o aparecimento dos primeiros sinais da inflamação, como calor, rubor, edema e dor. Na busca pela regulação tecidual, ocorre o acúmulo de células inflamatórias e são liberados diversos mediadores inflamatórios. Todas essas alterações ocorrem com o intuito de remover o agente agressor, remover exsudato e células mortas e preparar o local para a regeneração tecidual”, detalha a pesquisadora.
Na ausência da remoção eficiente do agente agressor, a inflamação perpetua em uma fase crônica, acometendo cerca de 1% da população adulta, em algum período da vida. Nesses casos, de acordo com um estudo realizado em Sorocaba, dependendo da duração da lesão, o paciente tende a ficar internado entre 4 a 61 dias, a um custo de médio com os procedimentos hospitalares em torno de R$ 1mil, podendo ultrapassar R$ 7mil.
“Desta maneira, o manejo do tratamento desta enfermidade é preponderante para a qualidade de vida dos pacientes. As terapias atuais, no entanto, são frequentemente insuficientes, levando ao aumento exorbitante dos custos assistenciais. Por esta razão, a descoberta de novas terapias para o tratamento de lesões cutâneas crônicas é necessária, especialmente para tratar a proporção de pacientes refratários à terapêutica convencional. Nesse contexto, os óleos essenciais estudados apresentam outras funções como promoção da formação de novos vasos sanguíneos, quimiotaxia e proliferação de células endoteliais. Deste modo, contribuiria imensamente para o tratamento de feridas cutâneas crônicas, devido às características desta enfermidade”, defende Elizabeth Fernandes.
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