quarta-feira, 7 de março de 2012

Dente-de-leão

Foto: google.image

São inúmeras as plantas que já foram utilizadas como alimento pelo homem; mas, com o passar dos tempos muitas desapareceram das dietas das populações ou foram substituídas por outras. No entanto, algumas comunidades tradicionais ainda utilizam vegetais não convencionais na alimentação, como, por exemplo, caruru, serralha, mentruz-rasteiro, bertalha, beldroega, taioba, inhame, ora-pro-nóbis e cará, os quais podem fornecer nutrientes e substâncias para a prevenção de doenças. Apesar disto, a maioria das pessoas considera muitas destas espécies como matos, invasoras, concorrentes ou, até mesmo, plantas daninhas.

Há pesquisas, como as realizadas no Departamento de Ciências Agrárias da Universidade de Taubaté, que objetivam resgatar informações populares sobre alimentos atualmente não usuais na alimentação; demonstrar e divulgar o seu potencial alimentício; testar as formas de uso e realizar a análise de seus valores nutricionais.

No Vale do Paraíba, em qualquer um de seus municípios, mas com maior ocorrência nas localidades mais frias, há uma planta que impressiona, não só pela variedade de usos, mas também por ser um dos medicamentos e alimentos mais antigos.

Apesar de possuir vários nomes populares, é mais comum ser denominada por dente-de-leão, cujo nome científico é Taraxacum officinale Weber ex FH Wigg. No seu nome científico, a palavra officinale quer dizer que é considerado um medicamento usado desde a antiguidade.

Também recebe outros nomes populares, que são curiosos, como cabeça-de-monge, seu-pai-ficou-careca, chicória-silvestre, amor-fogoso, alface-de-cão, salada-de-toupeira, amargosa, amor-de-homem e taraxaco, dentre outros.

Rodeada de muitas crendices, sendo um delas que diz que vai chover se o vento desfizer a inflorescência. Muita gente logo se lembra de qual planta estamos nos referindo, quando mencionamos que é uma que quando bate o vento ou a assopramos, sua inflorescência se desfaz, e inúmeras sementes, dentro de seus frutos, saem voando, o que justifica outro nome popular, que é pára-quedas.

Mesmo sendo considerada em quase todos os locais que ocorre como invasora, sendo, inclusive, classificada como planta daninha, o dente-de-leão pode ser consumido na forma de saladas ou refogado. Suas raízes são utilizadas como diuréticas, e as flores consideradas melíferas. Na Europa é consumido o chá, obtido das suas raízes torradas e moídas, como substituto do café.

Em muitos países, é considerada como hortaliça, e suas folhas possuem sabor semelhante ao almeirão, e o fato de ser amarga já é um bom indicativo de planta que atua como digestiva.

Por ser uma planta espontânea, isto é, nasce sem a intervenção do ser humano, cresce com facilidade e resiste aos diferentes estresses a que é submetido, indicando que é de fácil cultivo. Outra informação de origem popular é a de que onde ela nasce o solo é bom, podendo ser plantado no local até espécies mais exigentes, como brócolis, couve-flor ou repolho.

Mesmo sendo exótica, pois é nativa da Europa e Ásia, desenvolve-se bem em quase todas as regiões do Brasil, apesar de ocorrer em maior abundância nas regiões Sul e Sudeste. No nosso Vale do Paraíba, vamos encontrá-la com melhor desenvolvimento nas cidades mais frias e durante o inverno. Propaga-se por sementes e pode ser cultivada em canteiros.

As principais características usadas para a identificação do dente-de-leão são: caule que solta látex; folhas que saem de caule muito curto; formação de inflorescência que parece um algodão; flores amarelas, que ficam sobre haste floral oca de até 30 cm de comprimento, e frutos com um chumaço de pelos na extremidade, para facilitar sua flutuação no vento.

Algumas pesquisas indicam que seus compostos químicos possuem ação medicinal, como taraxerol, que inibe a formação de lesões localizadas na área do estômago, e outros que são os responsáveis para suas ações, como antioxidante e antiinflamatório. A planta está sendo testada quanto à eficácia no tratamento da diabetes, e são comprovados cientificamente os efeitos de diuréticos de suas raízes.

Na indústria, o dente-de-leão é considerado como fonte da fibra inulina, substância usada na indústria, como agente edulcorante, e com vários benefícios terapêuticos. Para animais, o seu consumo é considerado como estimulante para a produção de leite.

Texto do autor publicado no site: http://jornalinoff.com.br/ 

Um comentário:

  1. Riquíssimas informações e combinações de palavras...de utilidade ímpar para a saúde do corpo e da mente...Parabéns

    ResponderExcluir