sexta-feira, 9 de março de 2012

Bertalha





lá vem o poeta
com sua coroa de louros, bertalha, pimentão, agrião, boldo
o poeta é a pimenta do planeta

(trecho da música Assaltaram a gramática, de Lulu Santos e Wally Salomão)

Muitas espécies classificadas como hortaliças, sem justificativa, desapareceram das mesas dos consumidores, apesar de ainda resistirem como alimento em algumas regiões, inclusive como fonte de renda para produtores rurais. Algumas são reconhecidas como plantas ornamentais e, por isso, ainda são encontradas em quintais ou em jardins, às vezes sem que o proprietário saiba das propriedades nutricionais dessas plantas ou possa servi-las como alimento.
Uma que se encaixa nessa situação, isto é, de servir como alimento, ser desconhecida na alimentação, mas cultivada no jardim, é a bertalha, cujo nome científico é Basella alba. As principais e destacadas características visuais dessa planta são: presença de caule suculento, porte trepador, folhas “carnosas” e belas flores.
Possui hábito perene, e seu caule pode alcançar até 2,0 metros de comprimento. As flores possuem coloração branca, vermelha ou esverdeada; os pequenos frutos, formatos ovais ou lobulados e sementes arredondadas.
Apesar de ser bem adaptada às nossas condições, é originária do sudeste da Ásia e, atualmente, encontrada em países tropicais, como, por exemplo, Malásia, Filipinas, Moçambique e Camarões, e vários da América Central e da América do Sul, sendo que, no Brasil, foi introduzida há muito tempo.
Em outros idiomas, recebe os nomes de espinaca blanca (espanhol) ou spinach vine (inglês), pois lembra a forma de consumo e o sabor do espinafre, além de ter também folhas ricas em mucilagens. No Brasil, também são atribuídas denominações curiosas, como, por exemplo, folha-tartaruga e espinafre-indiano.
Em alguns Estados, principalmente os do Norte e do Nordeste, é considerada uma hortaliça, mas é no Rio de Janeiro onde encontramos até produtores especializados na espécie, que a comercializam na forma de maços. Também é considerável o consumo e o cultivo da bertalha em Minas e no Espírito Santo.
É uma boa fonte da vitamina A, com alto teor de cálcio e de iodo, quando comparada com a maioria das hortaliças, podendo ser um importante recurso alimentar para as comunidades. São consumidos os seus ramos tenros e as suas folhas, da mesma forma que o espinafre, cujo paladar é semelhante, podendo ser usados em sopas, refogados e saladas.
Há duas variedades de bertalha, que se diferenciam pelas cores das flores, frutos ou até dos ramos: a branca e a vermelha.  Alguns pesquisadores, porém, citam que há três tipos botânicos: Basella rubra – com hastes, pecíolos e nervuras vermelhas; Basella rubra var. alba – toda verde; e Basella rubra var. cordifolia – com folhas grandes em formato de coração.
Assim como o caruru e o espinafre, a bertalha não deve ser consumida em excesso, pois tem um considerável teor de ácido oxálico, que traz alguns prejuízos como aumento na pressão arterial.
Para saber se essa hortaliça é fresca, ideal para consumo, observe se as folhas são verde-escuro, se estão limpas, sem manchas e sem marcas de insetos. Se, ao contrário, as folhas estiverem amareladas, murchas, rasgadas, com aspecto ruim, significa que já foram colhidas há algum tempo.
Uma forma fácil de preparo é refogada, mas é bom lavar muito bem as folhas em água corrente e cozinhar apenas com o vapor. Também pode ser consumida na salada, em sopas ou omeletes. É colher e usar rapidamente, mas pode ser conservada por até três dias, se embrulhada em um saco plástico.


Texto do autor publicado no site: http://jornalinoff.com.br/ 

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