http://www.oocities.org/wessaaliens/species/pereskia.htm
Nos quintais de antigamente, principalmente nos dos Estados do Espírito Santo, de Minas Gerais, de São Paulo e do Rio de Janeiro, havia, com maior frequência, uma espécie que, além de ornamental, por produzir belas flores, era muito utilizada na culinária.
A presença de espinhos e a sua altura, que pode ultrapassar 2,0 metros , (há relatos de que chega a alcançar 10 metros de altura), justificam seu uso como cerca viva, protegendo a propriedade de invasores. A facilidade de plantio, pois as estacas extraídas de seus galhos enraízam com facilidade, e a pouca exigência para o seu cultivo e a resistência às pragas são outras vantagens para o seu retorno aos quintais. Curioso que, apesar da aparência muito diferente, é da mesma família dos cactos que encontramos nos jardins ou em vasos.
Seu principal nome popular é ora-pro-nóbis, e o nome científico é Pereskia aculeata. Devido ao seu alto teor protéico, ainda recebe o nome de carne-dos-pobres, se bem que não é tão comum essa denominação. É conhecida também por beldroegão, para diferenciá-la da beldroega (Portulaca oleracea), e lobrobó, sendo bom ressaltar que há outras plantas chamadas de ora-pro-nobis, como a Talinum patens. No entanto, todas essas espécies são usadas na culinária e têm, em comum, o fato de cada vez serem menos conhecidas e terem folhas suculentas e ricas em mucilagens.
Apesar de cair no esquecimento por boa parte da população, a ora-pro-nóbis ainda é consumida em um prato no qual é o principal ingrediente, juntamente ao frango. Em uma rápida pesquisa na internet, é possível encontrar quantidade significativa de receitas com essa planta.
Para cultivá-la e obter um crescimento mais rápido, o ideal é conseguir uma estaca retirada do galho, com 10 a 15 cm de comprimento, a qual será colocada em um substrato contendo partes iguais de terra comum, húmus e composto (ou esterco curtido) e umedecido diariamente. Após o enraizamento, será transplantada para local definitivo, em covas com 40 x 40 cm . Depois, é só observar seu rápido crescimento, sem dar trabalho para quem a cultiva.
Normalmente, floresce em boa parte do ano, e suas flores são muito apreciadas pelas abelhas, o que agrada também aos apicultores. Produz frutos, os quais normalmente não são consumidos, em forma de pequenas bagas redondas.
Na medicina popular é usada como emoliente, isto é, contribui para hidratar a pele e restaurar a oleosidade que é perdida no ressecamento. O seu alto teor proteico deveria ser mais bem explorado pelas indústrias alimentícias, além de ser considerada uma ótima fonte de ferro, com níveis que contribuiriam, segundo algumas pesquisas, para suprir a deficiência em crianças e adultos. No entanto, sobre esse nutriente, ainda há necessidade de analisar melhor com relação a sua disponibilidade após a ingestão.
Destaca-se, também, a presença de fibras, as quais contribuem para a prevenção de doenças, como hemorróidas, diabetes e tumores intestinais, e o baixo teor de lipídeos, compostos que, quando em excesso, contribuem para doenças cardiovasculares.
Como alimento, suas folhas são consumidas cruas, em saladas, mas o mais comum é como refogada e, depois, adicionada em sopas e omeletes. Também pode ser cozida com o arroz, enriquecendo esse alimento. Além da alimentação humana, é também utilizada, in natura ou na ração, como alimento para animais.
Não há dúvidas de que uma alimentação poderá ser melhorada consideravelmente com a incorporação da ora-pro-nóbis, da taioba e do inhame, por exemplo. Além do enriquecimento nutricional, teremos alimento de baixo custo e em quantidade. E o mais importante é que iremos resgatar nossas receitas tradicionais, muitas delas presentes de europeus e africanos.
Com tantas vantagens, não podemos ficar esperando o
tempo passar, e muitas espécies, como a ora-pro-nóbis, caírem no esquecimento.
Tratemos já de correr atrás de uma estaca e iniciar o plantio dessa espécie. E,
finalmente, outra boa notícia: ela poderá nos acompanhar por algumas décadas,
pois sua longevidade é considerável.
Texto
do autor publicado no site: http://jornalinoff.com.br/
Fiquei com vontade de provar!
ResponderExcluirÉ a folha que vale por um bifinho.
ExcluirÉ bom mesmo, já provei! Plantei em um pequeno vaso, e sempre tenho para o consumo. Boa dica! Resgatando o que ficou perdido com o progresso!
ResponderExcluirGosto também, da batata aérea e queria saber mais! Obrigada!
A batata-aérea é o cará-moela? Se for, já fiz o texto, só preciso revisar.
ResponderExcluirVamos usar os quintais como locais de resgate de nossa biodiversidade.
Curioso para experimentar dessa planta.
ResponderExcluir