O volume de alimentos comercializados nas feiras livres do Rio de Janeiro que vai para o lixo é inferior a 10%, disse à Agência Brasil o presidente do Sindicato dos Feirantes do município do Rio, Gilberto Neder Amendoeira. Na capital fluminense, são feitas 168 feiras por semana, reunindo entre 3,5 mil e 4 mil comerciantes. Desse total, entre 700 e 800 trabalhadores são sindicalizados, segundo Amendoeira. A filiação é voluntária.
O comércio varejista de feiras livres já teve um programa de distribuição de sobras de alimentos – frutas, legumes e verduras – para abrigos de idosos e de crianças. “Mas depois isso parou, porque eles pararam de pegar as aparas”, explicou. Ele não descartou, contudo, que o projeto volte a funcionar. “Toda vez que é feito esse tipo de serviço, o feirante colabora”.
Amendoeira informou que para reduzir o desperdício por feira, a tática adotada por muitos feirantes, “a partir de uma certa hora, é baixar os preços”, o que ajudar a vender mais produtos e não ter de voltar com ela. “Isso dá a ele um rendimento, no final do dia, razoável, mas sempre sobra alguma coisa”.
Na área do atacado, a Central de Abastecimento do Estado do Rio de Janeiro (Ceasa-RJ) desenvolve há alguns anos o programa Banco de Alimentos, cuja meta é arrecadar, processar e distribuir alimentos que não estão em condições ideais de comercialização, mas que ainda são próprios para consumo.
Os produtos são doados e, quando necessário, passam por um processo de seleção e processamento no Banco de Alimentos, antes de serem entregues às instituições. O responsável pelo banco, Rafael Vollu, informou à Agência Brasil que uma equipe formada por uma assistente social e nutricionistas faz visitas técnicas a instituições que desejam integrar o programa e têm uma estrutura de cozinha para poder preparar os alimentos.
Atualmente, o programa tem em torno de 80 instituições cadastradas, entre as quais as unidades de Polícia Pacificadora da Rocinha e do Turano. “Atingimos algo em torno de 13,5 mil pessoas beneficiadas pelo Banco de Alimentos da Ceasa-RJ”. Por mês, são doadas cerca de 60 toneladas de alimentos, com projeção de até o final de 2013 dobrar essa quantidade, calcula Vollu. Entre captadores e manipuladores de alimentos e motoristas para fazer a distribuição, o programa reúne 25 pessoas.
No futuro, a ideia é captar doações também de hipermercados e grandes lojas de varejo e atacadistas. “Pegamos o descarte do mercado (da Ceasa-RJ) que é imenso”. O lixo gerado no local atinge em torno de 100 toneladas por mês. Rafael Vollu admitiu que muita coisa em termos de alimentos próprios para consumo ainda vai para o lixo, devido à dinâmica do próprio mercado que obriga os comerciantes a jogar no lixo a mercadoria refugada de seu box diante da chegada de novo carregamento. A partir do momento em que dobrar o volume de alimento captado, o número de instituições atendidas poderá aumentar.
O Banco de Alimentos começou com um total de 10 toneladas doadas por mês, em 2011, e para este ano a meta é chegar a 60 toneladas. Em outro programa, o Ceasa nos Bairros, ônibus do órgão atuam nas comunidades carentes como feiras volantes, vendendo alimentos in natura com preço tabelado de R$ 1,99 o quilo. O alimento não comercializado nos ônibus vai para o Banco de Alimentos.
A Ceasa é uma empresa vinculada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional, Abastecimento e Pesca e tem seis unidades no Rio de Janeiro: Grande Rio, São Gonçalo, Região Serrana (Nova Friburgo), Região Noroeste Fluminense (Itaocara), Região Norte Fluminense (São José de Ubá) e Região Médio Paraíba (Paty do Alferes).
Edição: Tereza Barbosa
Reportagem de Alana Gandra, da Agência Brasil, publicado pelo EcoDebate, 25/02/2013
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