terça-feira, 7 de janeiro de 2014

A acidez do solo pode ser prejudicial para as plantas. Como o calcário pode reduzir este problema?


Cinthia Faria Lopes (engenheira agrônoma)
Cristina Rincón Tamanini (engenheira agrônoma)
Beatriz Monte Serrat (Profa. Dra. do DSEA/UFPR)
Marcelo Ricardo de Lima (Prof. Doutorando do DSEA/UFPR)

LOPES, C.F.; TAMANINI, C.R.; MONTE SERRAT, B., LIMA, M.R. Acidez do solo e calagem. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, Projeto de Extensão Universitária Solo Planta, 2002. (Folder).

A IMPORTÂNCIA DA CORREÇÃO DA ACIDEZ DO SOLO

A maioria dos solos do Paraná são ácidos, ou seja, apresentam grande concentração de íons hidrogênio e/ou alumínio no solo. A acidez dos solos promove o aparecimento de elementos tóxicos para as plantas (Al) além de causar a diminuição da disponibilidade de nutrientes para as mesmas. As consequências são os prejuízos causados pelo baixo rendimento produtivo das culturas. Portanto, a correção da acidez do solo (calagem) é considerada como uma das práticas que mais contribui para o aumento da eficiência dos adubos e consequentemente, da produtividade e da rentabilidade agropecuária.

BENEFÍCIOS DA CORREÇÃO DA ACIDEZ DO SOLO

A correção adequada da acidez do solo é uma das práticas que mais benefícios traz ao agricultor, sendo uma combinação favorável de vários efeitos dentre os quais mencionam-se os seguintes:

• eleva o pH do solo (reduzindo a acidez);

• fornece cálcio e magnésio como nutrientes;

• diminui ou elimina os efeitos tóxicos do alumínio (Al);

• diminui a "fixação" de fósforo;

• aumenta a disponibilidade do NPK, cálcio, magnésio, enxofre e molibdênio no solo;

• aumenta a eficiência dos fertilizantes;

• aumenta a atividade biológica do solo e a liberação de nutrientes, tais como nitrogênio, fósforo e boro, pela decomposição da matéria orgânica;

• Em solos ricos em manganês (Mn), reduz as quantidades excessivas deste elemento presentes na solução do solo;

• Aumenta a produtividade das culturas como resultado de um ou mais dos efeitos anteriormente citados.

ESCOLHA DO CORRETIVO DE ACIDEZ DO SOLO

Muitos materiais podem ser utilizados como corretivos da acidez do solo. Os principais são: cal virgem, cal apagada, calcário calcinado, conchas marinhas moídas, cinzas, e calcário (sendo esse o mais utilizado). Tanto a eficiência como o preço é bastante variado para cada tipo de corretivo.

Corretivos com qualidade baixa são em geral mais baratos mas em compensação, devem ser usados em quantidades maiores para corrigir a acidez dos solos. O aumento da quantidade também aumenta o custo do transporte até a propriedade, bem como o custo da aplicação por área de terra corrigida. Assim, o custo final da correção da acidez do solo com um corretivo barato, mas de baixa qualidade, pode ser maior do que com um corretivo mais caro, porém de melhor qualidade. Portanto o corretivo mais vantajoso para o agricultor e que deverá ser o escolhido, é aquele que corrige a acidez dos seus solos pelo menor custo. Assim, a qualidade e o custo posto na lavoura são os dois pontos fundamentais que o agricultor deve considerar na escolha do corretivo.

A efetividade do corretivo é dado pelo valor do PRNT, ou seja, poder relativo de neutralização total. Quanto maior for o seu PRNT, mais rápido e mais efetivo este corretivo será.

QUANTIDADE DE CORRETIVO A APLICAR

Somente através da análise química do solo pode-se chegar à quantidade de calcário a aplicar. A falta ou excesso de calcário podem prejudicar a nutrição das plantas.

O Departamento de Solos e Engenharia Agrícola da Universidade Federal do Paraná possui laboratórios equipados para efetuar estas análises.

A interpretação da análise de solo e a recomendação de calagem (se necessária) devem ser feitas por Engenheiro Agrônomo ou Florestal ou por Zootecnista.

ÉPOCA DE APLICAÇÃO DO CORRETIVO

Para a obtenção dos efeitos esperados, o calcário normalmente deverá ser aplicado três meses, ou mais, antes de qualquer cultura. Com isso, tem-se tempo necessário para a eficiente neutralização da acidez do solo.

DISTRIBUIÇÃO DO CORRETIVO

Recomenda-se efetuar a distribuição do calcário o mais uniforme possível, o que depende da mão de obra e da maquinaria disponível. Porém, a distribuição com espalhadeiras que aplicam o calcário em linhas próximas sobre o solo, pode ser uma alternativa interessante.

INCORPORAÇÃO DO CORRETIVO

Uma boa incorporação do calcário no solo é fundamental para a sua eficiência, ou seja, para que esse reaja com a maior quantidade possível de solo em menor tempo.

Dependendo das condições de tempo e das máquinas disponíveis, no plantio convencional recomenda-se a incorporação do calcário das seguintes formas:

Para quantidades iguais ou inferiores a 5 toneladas por hectare (t/ha), aplicar de uma só vez, e logo após gradear. Em seguida arar e novamente gradear.
Para quantidades superiores a 5 t/ha recomenda-se dividir a aplicação, colocando-se a metade no primeiro ano de cultivo e o restante no ano seguinte, ou conforme a recomendação do Engenheiro Agrônomo ou Florestal ou do Zootecnista.

IMPORTANTE

Para situações de plantio direto não se incorpora o calcário, ele apenas é distribuído sobre a superfície à ser corrigida. Ainda nesse caso recomenda-se a aplicação de no máximo 2 t/ha por vez até completar a dose recomendada em intervalos de um cultivo para o outro.

EFEITO RESIDUAL DA CORREÇÃO

Quando utilizadas as doses recomendadas, o efeito da calagem pode ser igual ou superior a 3 anos.

Isto quer dizer que novas aplicações de calcário só deverão ser feitas após este período, mediante nova análise de solo.

Deve-se observar que o calcário é apenas um corretivo da acidez do solo e não adubo. O uso exagerado do calcário pode causar redução da produtividade das culturas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SILVA, J.C.C. Calagem: como fazer para melhorar a fertilidade da terra e aumentar seus lucros Curitiba: EMATER-PR, 1994. (Informação técnica, 26).

VOLKWEISS, S.J., TEDESCO, M.J. Calagem dos solos ácidos: prática e benefícios. Porto Alegre: UFRGS, 1984. (Boletim técnico de solos, 01).

ANDA. Comitê de Pesquisa/Técnico. Acidez do solo e calagem. 2. ed. São Paulo, 1988.

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