Texto:
Prof. Marcos Roberto Furlan
Mariane Sampaio Garcia - acadêmica de Medicina - Universidade de Taubaté
Prof. Marcos Roberto Furlan
Mariane Sampaio Garcia - acadêmica de Medicina - Universidade de Taubaté
A denominação de uma planta medicinal pode possuir duas origens. A primeira, denominada vernáculo popular, nome popular ou vulgar, é oriunda da população. Por ter como objetivo a troca de informações na comunidade sobre o uso de uma determinada espécie vegetal, o nome popular não possui regra. Já a segunda, consiste na nomenclatura científica, elaborada por pesquisadores e que segue regras para ser utilizada em todo o mundo.
Por ser empírico, algumas confusões podem ocorrer quando se utiliza a denominação popular. Uma delas é porque o nome de uma mesma espécie pode variar de uma região para outra. A espécie Chenopodium ambrosioides (Figura 1), de amplo uso como vermífugo, recebe, mais comumente no Norte e no Nordeste, os nomes de mastruz ou mastruço, enquanto no Sul, é mais comum ser reconhecida como erva-de-santa-maria. Importante ressaltar que o uso dessa planta deve ser indicado por profissional de saúde habilitado para prescrição de fitoterápicos ou plantas medicinais, tendo em vista sua toxicidade.
O óleo essencial do Chenopodium ambrosioides é considerado tóxico devido principalmente à presença do ascaridol, sendo que a sua intoxicação aguda tem como primeiros sinais os sintomas gastro-intestinais, seguido por alterações do sistema nervoso central, rubor facial, dificuldade visual, vertigem e parestesia (POZZATTI et al., 2010).
Figura 1. Chenopodium ambrosioides
Fonte.
Outra confusão é uma mesma planta receber várias denominações, independente da região em que se encontra. A espécie Vernonanthura condensata (Figura 2), por exemplo, pode receber os seguintes nomes populares: caferana, figatil, aluman, árvore-do-pinguço, alcachofra, boldo-baiano, boldo-de-goiás, boldo-mineiro, dentre outros.
Figura 2. Vernonanthura condensata (atual Gymnanthemum amygdalinum).
Há ainda outro fator confundível, que é o fato de um nome popular ser referência para várias espécies. O nome arnica, além da Arnica montana (figura 3), de origem europeia e de rara ocorrência no Brasil, pode ser utilizado no território brasileiro para referência a mais de vinte espécies, como, por exemplo, Solidago microglossa, Porophyllum ruderale, espécies de Lychnophora, Chaptalia nutans e Tithonia diversifolia.
Figura 3. Arnica montana.
Ponto muito importante a ser ressaltado é que a maioria das plantas que recebem a mesma denominação popular não têm a mesma composição química ou indicação terapêutica. Ilustra-se essa situação com a erva-de-são-joão (Ageratum conyzoides, Figura 4), planta usada como anti-inflamatória, enquanto que a erva-de-são-joão (Hypericum perforatum, Figura 5) é indicada para o tratamento da depressão. Ou seja, não se recomenda o uso de plantas medicinais sem o conhecimento devido do fitoterápico em questão, devido à toda essa confusão existente de nomenclatura e reais recomendações terapêuticas, além da possibilidade de possíveis efeitos adversos.
Figura 4. Ageratum conyzoides.
Figura 5. Hypericum perforatum
https://pt.wikipedia.org/wiki/Erva-de-s%C3%A3o-jo%C3%A3o#/media/File:Saint_John%27s_wort_flowers.jpg
Referência:
POZZATTI, P.N. et al. Aspectos farmacológicos e terapêuticos da utilização da Erva-de-santamaria (Chenopodium ambrosioides) em humanos e animais. PUBVET, Londrina, V. 4, N. 35, Ed. 140, Art. 946, 2010. Disponível em: http://www.pubvet.com.br/artigo/2504/aspectos-farmacoloacutegicos-e-terapecircuticos-da-utilizaccedilatildeo-danbsperva-de-santa-maria-chenopodium-ambrosioides-em-humanos-e-animaisl. Acesso em: 25 de abr 2017.
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