quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Monografia sobre produtos naturais na oncologia - vincristina - http://www.anvisa.gov.br/

Camilla Djenne Buarque Müller 

Sinonímia LCR; Leurocristina; VCR 

Mecanismo de ação 

É base nitrogenada naturalmente presente em ínfimas quantidades na planta Catharanthus roseus (Vinca rosea Linn). É agente antimitótico específico para a fase M e S do ciclo celular que impede a divisão mitótica durante a metáfase ao se ligar à tubulina, impedindo sua polimerização para formar microtúbulos do feixe mitótico. Interfere também na síntese proteica e de ácidos nucleicos por bloquear a utilização do ácido glutâmico. A interrupção da mitose leva a morte celular. Os microtúbulos também têm sido associado a fagocitose e outras funções do sistema nervoso central que também são interrompidas pela vincristina, explicando reações adversas a ela associadas. 

Indicações 

Tratamento de leucemia linfoblástica aguda, linfoma de Hodgkin e não-Hodgkin, rabdomiossarcoma embrionário, sarcoma de Ewing, neuroblastoma cerebral, tumor de Wilms, mieloma, câncer de mama, carcinoma de pulmão de pequenas células. 

Contra-indicações 

Hipersensibilidade a vincristina, outros alcalóides da vinca ou a qualquer componente da formulação. Uso intratecal. Pacientes a forma desmielinizante da síndrome de Charcot-Marie-Tooth. Gravidez. 

Precauções 

A administração intratecal é fatal, realizar somente administração intravenosa. Por ser vesicante, evitar extravasamento durante a aplicação. Evitar contaminação ocular. Usar com cuidado em idosos. Testes laboratoriais ainda não conclusivos demostraram mutagenicidade. Há relatos de azoospermia e amenorreia com seu uso. É necessário modificar a dosagem em pacientes com disfunção hepática ou que tenham doença neuromuscular pré-existente. Efetuar a contagem de células sanguíneas antes de administrar nova dose. Prevenir nefropatias do ácido úrico, utilizando alopurinol. Não administrar a pacientes que estejam recebendo terapia de radiação. Profilaxia contra constipação deve ser feita para pacientes em terapia com vincristina. Categoria de risco para gestação fator D (FDA). Pode causar danos fetais quando administrada a mulheres grávidas. Não se sabe se a droga é excretada no leite materno. 

Reações adversas 

As reações adversas são geralmente reversíveis e dependentes da dose. A administração de doses únicas semanais pode causar leucopenia, dores neuríticas e constipação, sendo estas reações de curta duração. Quando a dosagem é diminuída, os efeitos podem desaparecer. O fracionamento de doses pode aumentar reações adversas. A administração intratecal leva a conseqüências neurológicas graves. 

> 10% 
Alopécia (20-70%), irritação e necrose teciduais por extravasamento. 

De 1% a 10% 
Hipotensão ortostática, hipertensão, dificuldades motoras, convulsões, dor de cabeça, depressão do sistema nervoso central, paralisia dos nervos cranianos e febre, rash cutâneo, hiperuricemia, síndrome da secreção do hormônio antidiurético inapropriado (SIADH), constipação, íleo paralítico secundário a toxicidade neurológica, ulceração oral, cólicas abdominais, anorexia, necrose intestinal, gosto metálico, náusea, vômito, perda de peso, flebite local, fotofobia. 

< 1% 
Estomatite. 

Interações medicamentosas 

Drogas que aumentam os níveis plasmáticos da vincristina: itraconazol, quinupristina e dalfopristina (inibição da atividade do citocromo P450), asparaginase (diminui o metabolismo). 

Itraconazol concomitante efeitos neuromusculares. 

A administração concomitante com mitomicina C pode causar taquipinéia e broncoespasmo severo. 

Drogas que diminuem os níveis plasmáticos: fenitoína, fosfofenitoína, carbamazepina por serem indutores do citocromo P450 3A4 e aumentarem a depuração da vincristina. 

Provoca diminuição dos níveis plasmáticos da digoxina. 

A interação de filgrastima e sargramostina com vincristina pode causar neuropatia periférica severa atípica. 

A associação de vincristina e zidovudina aumenta o risco de toxicidade hematológica. 

Farmacocinética 

Pobre absorção por via oral. Deixa a corrente circulatória rapidamente, cerca de 90% de uma dose intravenosa sendo distribuída aos tecidos após 15 a 30 minutos. Volume de distribuição de 325 l/m2 . Penetra pouco a barreira hematoencefálica. Liga-se em 75% a proteínas plasmáticas. A metabolização ocorre no fígado pelo citocromo P450 (subfamilia CYP3A). Cerca de 80% são excretados por bile e fezes e 10 a 20 %, pela urina. A meia vida final é de 24 horas. 

Prescrição / Cuidados de administração 

Via intravenosa 

A administração deve ser lenta, excedendo 1 minuto, diretamente na veia. Quando ocorrer extravasamento da veia durante a aplicação, finalizar a dose em outra veia e aplicar hialuronidase (250 U) por via subcutânea para dispersar a droga, diminuindo o desconforto e evitando celulite. Aplicar calor local por 1 hora, repetindo 4 vezes ao dia, por 3 a 5 dias. A droga não é compatível em pH alcalino. Adultos: 0,4 - 1,4 mg/m2, em injeção em bolo ou infusão contínua prolongada (até cinco dias). Dose máxima: 2 mg. Crianças: 10 kg: 1-2 mg/m2, uma vez por semana, durante 3 a 6 semanas. Dose única máxima: 2 mg. 

Ajuste de dose 

Bilirrubina sérica 1,5 - 3,0 mg/dL: administrar 50% da dose 
Bilirrubina sérica 3,0-5,0 mg/dL: administrar 25% da dose 
Bilirrubina sérica > 5,0 mg/dL: omitir a dose 

Formas Farmacêuticas 

Disponíveis no Brasil: Sulfato de vincristina: Pó liofilizado para injeção: 1 mg, 2 mg, 5 mg Solução injetável: 0,1 mg/mL, 1 mg/mL 

Disponível no Exterior Sulfato de vincristina: Injetável: 1mg/mL 

Aspectos Farmacêuticos 

As preparações somente são para uso intravenoso, pois uso intratecal usualmente resulta em morte. A estabilidade máxima é atingida em pH 4-6, ocorrendo precipitação em pH alcalino. A solução deve ser estocada em refrigerador e protegida da luz (vincristina é sensível a luz). À temperatura ambiente a estabilidade é prejudicada, sendo reportados diferentes resultados por cada fabricante. A compatibilidade da vincristina com a maioria das drogas à temperatura ambiente é de 5 a 10 minutos. A vincristina apresenta incompatibilidade com bicarbonato de sódio, doxorrubicina, etoposideo, furosemida. É compatível com bleomicina, citarabina, fluorouracil, metotrexato, metoclopramida. O armazenamento em frascos opacos de prolipropileno diminui a decomposição da droga. A inativação é necessária quando ocorre quebra da ampola ou derramamento do seu conteúdo, sendo indicado uso de solução de hipoclorito de sódio. 

Bibliografia 

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http://www.anvisa.gov.br/divulga/public/livro_eletronico/neoplasia.html#_Vincristina

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