segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Resenha de artigo sobre conhecimento relacionado às plantas medicinais por profissionais da estratégia de saúde da família

Autores da resenha:
Gabriella Müller Cesco Fieschi; Isabella Toledo Mendes de Oliveira; Lucas Taffarelo Jaqueira - acadêmicos de Medicina da Universidade de Taubaté

Prof. Marcos Roberto Furlan - coordenador das resenhas

Referência do artigo:

NASCIMENTO JÚNIOR, B. J.; TÍNEL, L.O.; SILVA, E.S. et al. Avaliação do conhecimento e percepção dos profissionais da estratégia de saúde da família sobre o uso de plantas medicinais e fitoterapia em Petrolina-PE, Brasil. 2015. Rev. bras. plantas med, v. 18, n. 1, p. 57-66, 2015. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbpm/v18n1/1516-0572-rbpm-18-1-0057.pdf. Acesso em: 21 de out 2017.

O artigo "Avaliação do conhecimento e percepção dos profissionais da estratégia de saúde da família sobre o uso de plantas medicinais e fitoterapia em Petrolina-PE, Brasil" tem como objetivo principal reconhecer se e como os profissionais de nível superior, ligados a Estratégia de Saúde da Família (ESF) do município de Petrolina-PE, utilizam e indicam plantas medicinais e fitoterápicos. 

Por meio do método de estudo transversal e de caráter exploratório e descritivo, no qual participaram 96 profissionais - 30 médicos (31,25%), 36 enfermeiros (37,5%), 22 dentistas (22,9%), 6 farmacêuticos (6,3%) e 2 nutricionistas (2,1%), analisa-se e investiga-se, utilizando entrevistas individuais, o conhecimento e a existência de prescrições de fitoterápicos para a população local atendida. 

Embora as plantas medicinais e os fitoterápicos estejam entre os principais recursos terapêuticos da Medicina Complementar e Alternativa, e vêm sendo, em uma ascensão importante, cada vez mais estudados, seja através da pesquisa básica ou aplicada, com reconhecimento na medicina baseada em evidência, os resultados apontaram em um sentido oposto à essa direção. 

Quando perguntados a respeito das prescrições e indicações, apenas 5 (5,2%) médicos responderam positivamente ao uso de plantas medicinais e fitoterápicos em suas receitas, sendo Guaco (R) e Maracujina (R) os mais citados. Conquanto, ao serem perguntados se os profissionais da saúde devem ter conhecimento sobre este assunto, 95% disse que sim. Apesar da baixa adesão dos profissionais a este tipo de tratamento e terapia, 47 deles (49%) disse que fazem utilização pessoal das plantas medicinais e fitoterápicos. 

Levando em consideração os contextos e as realidades locais, os dados obtidos permitem uma interpretação dos resultados que explicitam a falta de conhecimento e do preparo dos profissionais de diferentes áreas da saúde para o tratamento, indicações e prescrições de plantas medicinais e fitoterápicos.
Apesar da população brasileira trazer em suas tradições e culturas o cultivo e utilização destas plantas, seja como forma de infusão, tempero ou in natura, na prática de saúde, estes remédios naturais, que consigo carregam diversos benefícios, com diminuídos efeitos colaterais, maior acessibilidade, menor custo e até maior efetividade, estão às margens do cotidiano médico, mesmo tendo seus efeitos cada vez mais provados. 

Isto fortalece e sustenta a hipótese de que esta classe profissional necessita de maior aprendizagem acadêmica durante e após sua formação, seja por meio de aulas e disciplinas na grade curricular, aprendizagem prática, cursos, especializações e pós-graduação. Não menos importante, os aspectos sócio-culturais também exercem função no resultado final, as diferentes realidades entre regiões, urbanas contra rurais, mostram uma diferente forma de manutenção de tradições, e os tratamentos com plantas estão inclusos nestas. 


A extinção de qualquer tipo de preconceito contra tratamentos naturais é fundamental, já que a alopatia é vista, algumas vezes, como sendo a única possível forma de tratamento, devido ao seu primordial protagonismo. Médicos e profissionais da área da saúde que lidam com situações em que plantas medicinais e fitoterápicos poderiam ser utilizados, e com eles seus benefícios, e não os utilizam, estão perdendo uma potencial forma de tratamento, terapia e prevenção que poderia se tornar sua aliada no combate à doenças e transtornos e alcançar mais rapidamente o resultado final que deseja qualquer profissional da saúde: aliviar o sofrimento da população.

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