Juliana de Camargo Januário - Medicina Veterinária - Universidade de Taubaté
Lívia Patto Gonçalves Soares - Medicina Veterinária - Universidade de Taubaté
Resumo
O uso da cannabis na medicina veterinária tem ganhado destaque devido às suas propriedades terapêuticas. Estudos demonstram que os canabinoides, como o canabidiol (CBD) e o tetraidrocanabinol (THC), atuam no sistema endocanabinoide dos animais, oferecendo benefícios no tratamento de dores crônicas, epilepsia, inflamações e distúrbios comportamentais. No entanto, o uso veterinário ainda enfrenta desafios regulatórios e riscos de toxicidade, especialmente relacionados à ingestão acidental de THC. Este artigo analisa o potencial terapêutico da cannabis na medicina veterinária, seus mecanismos de ação, indicações clínicas e as precauções necessárias para um uso seguro.
Palavras-chave: Cannabis, Canabinoides, Medicina Veterinária, Terapia, Sistema Endocanabinoide.
Introdução
O interesse no uso medicinal da cannabis tem crescido nos últimos anos, tanto na medicina humana quanto na veterinária. No Brasil, a regulamentação ainda é limitada, mas pesquisas demonstram seu potencial terapêutico para diversas condições clínicas em cães e gatos (Ramalho, 2023). Este artigo explora as aplicações da cannabis na prática veterinária, destacando seus benefícios, riscos e desafios.
Desenvolvimento
A Cannabis sativa contém compostos bioativos chamados fitocanabinoides, sendo os principais o tetraidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD). Esses compostos atuam no sistema endocanabinoide (SEC), que está presente em mamíferos e regula funções como dor, inflamação, humor e apetite.
O SEC é composto por receptores específicos:
CB1: Predominante no sistema nervoso central, influencia processos neurológicos e comportamentais.
CB2: Relacionado ao sistema imunológico, possui efeitos anti-inflamatórios e analgésicos.
A ativação desses receptores pode ser útil no manejo da dor, epilepsia e distúrbios comportamentais em animais de companhia (Ramalho, 2023). O CBD, em particular, apresenta diversas propriedades terapêuticas, incluindo:
Controle da dor e inflamação.
Redução da frequência e gravidade de convulsões em casos de epilepsia.
Modulação de distúrbios comportamentais.
Possível efeito antitumoral, inibindo a proliferação celular e induzindo apoptose em células tumorais (Ramalho, 2023).
Apesar dos benefícios, o uso da cannabis na medicina veterinária exige cautela. O THC, por exemplo, tem alto potencial psicoativo e pode causar toxicidade em animais, especialmente em cães e gatos. Sintomas de intoxicação incluem ataxia, letargia, incontinência urinária e, em casos graves, crises convulsivas (Amissah et al., 2022).
Riscos do THC:
Possui efeitos psicoativos e pode causar intoxicação grave.
Segurança do CBD: Geralmente bem tolerado, mas requer monitoramento da dose para evitar efeitos adversos.
Conclusão
O uso da cannabis na medicina veterinária apresenta um grande potencial terapêutico, especialmente no manejo da dor, epilepsia e inflamação. No entanto, é essencial que sua administração seja baseada em evidências científicas e regulamentada para garantir a segurança dos animais. Mais pesquisas são necessárias para estabelecer protocolos de dosagem seguros e eficazes.
Referências
Amissah, R. Q., Vogt, N. A., Chen, C., Urban, K., & Khokhar, J. (2022). Prevalence and characteristics of cannabis-induced toxicoses in pets: Results from a survey of veterinarians in North America. PLOS ONE, 17(4), e0261909. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0261909
Blasius, R. K., Tamura, V. S. B., & Sprada, A. G. (2021). Aplicação de canabinoides em cães e gatos: Uma revisão sistemática. Anais Eletrônico XII EPCC, UNICESUMAR.
Ramalho, J. P. L. (2023). Potencial terapêutico da Cannabis na Medicina Veterinária. Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos - UNICEPLAC.