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A deficiência por ferro, ou anemia ferropriva, é uma das principais deficiências nutricionais, especialmente nos países em desenvolvimento, em gestantes e lactantes. Sua natureza é multifatorial, ou seja, sua ocorrência se dá por fatores biológicos, condições socioeconômicas e culturais. Hoje, vamos entender como ela ocorre, quais são os sintomas e como podemos preveni-la!
Esta doença caracteriza-se pelos níveis sanguíneos de hemoglobina abaixo do normal, que diminuem o transporte de oxigênio para os tecidos e órgãos humanos. Pode ser causada por uma hemorragia, onde há perda excessiva de sangue; destruição da hemoglobina ou deficiência em sua produção. Neste contexto, o ferro é um nutriente essencial para a formação da hemoglobina, portanto, sua ingestão e absorção insuficientes podem levar à anemia.
Mas, como ocorre esta deficiência? Inicialmente, há diminuição de uma proteína de reserva de ferro, a ferritina sanguínea. Consequentemente, ocorre uma queda dos níveis de ferro sanguíneo, que provoca a diminuição da concentração de hemoglobina. A partir deste momento, pode surgir a anemia ferropriva.
Os principais sintomas desta doença são: fadiga generalizada; falta de apetite; palidez da pele e mucosas, principalmente na parte interna do olho e gengivas; menor disposição; dificuldade de aprendizagem e apatia. Mas, o diagnóstico deve ser confirmado por meio de um exame laboratorial, onde considera-se anemia quando os valores de hemoglobina sanguínea estiverem abaixo de 11 g/dl para gestantes e crianças de 6 meses a 6 anos, 12 g/dl para mulheres e crianças de 6 a 14 anos e 13 g/dl para homens. Outros índices também podem ajudar no diagnóstico, como o volume corposcular médio (VCM), que indica o tamanho das hemácias; a hemoglobina corposcular média (HCM), que corresponde ao peso da hemoglobina na hemácia; a concentração de hemoglobina corposcular média (CHCM), que é a concentração de hemoglobina dentro da hemácia; e a ferritina, parâmetro que avalia a quantidade de reserva de ferro corporal. Na anemia, estes índices encontram-se reduzidos.
Um estudo realizado pela Universidade Federal de Viçosa e pela Universidade Federal de São Paulo, em 2007, mostrou que, entre as crianças de 6 a 12 meses atendidas pelo sistema público de saúde, o fator mais relacionado à ocorrência de anemia não era a baixa ingestão de carne, mas sim a baixa ingestão de frutas. Os autores concluíram que, comer menos do que uma fruta por dia aumenta o risco de anemia.
Portanto, vamos entender como os alimentos podem nos ajudar a prevenir esta doença. A eficiência da absorção de ferro será determinada pelo alimento que o contém, visto que, em alimentos de origem animal, o ferro geralmente está na forma “heme”, que é de fácil absorção, diferente do ferro na forma “não heme”, encontrado em alimentos de origem vegetal. Neste contexto, as carnes vermelhas, principalmente fígado de qualquer animal e outras vísceras (miúdos), como rim e coração; carne de aves e de peixes representam as melhores fontes de ferro. Entre as leguminosas, podemos citar os feijões, grão-de-bico, ervilha e lentilha. As hortaliças folhosas verde-escuras geralmente são ricas em ferro, como o agrião, couve, cheiro verde e taioba, porém, além desse ferro encontrar-se na forma "não heme", muitas dessas plantas apresentam substâncias antinutricionais, que podem "arrastar" o ferro, impedindo o de ser absorvido, como o ácido oxálico e fítico presente no espinafre. Os grãos integrais ou enriquecidos, nozes e castanhas, melado de cana, rapadura e açúcar mascavo também são fontes de ferro. No mercado, é possível encontrar alimentos enriquecidos com ferro, como farinhas de trigo e milho, cereais matinais, entre outros.
Vale ressaltar, que a vitamina C tem a capacidade de aumentar a absorção de ferro e pode ser encontrada em abundância em frutas cítricas, como a laranja, tangerina e limão; acerola e caju. Por isto, deve-se ingeri-la juntamente com alimentos ricos em ferro ou suplementos. Em contrapartida, o cálcio é um mineral que pode inibir a absorção de ferro. Por isso, se você está anêmico, evite consumir alimentos derivados do leite junto com alimentos fontes ou suplementos de ferro.
No caso de recém-nascidos, as crianças que recebem leite materno possuem menor prevalência de anemia, visto que o ferro do leite materno tem maior absorção do que o presente no leite da vaca, o que justifica o fato deste alimento ser suficiente para fornecer um balanço adequado do mineral nos primeiros seis meses de vida.
Devido às complicações desta doença, mantenha uma dieta equilibrada em ferro e faça acompanhamentos médicos. Como vimos, se você é anêmico, evite o consumo de fontes e suplementos de ferro com alimentos ricos em cálcio e, no caso das lactantes, amamente o seu bebê exclusivamente com leite materno até os 6 meses de idade, a fim de prevenir diversas doenças, como a anemia.
Jéssica Fernanda Scatolin Russo
Graduanda em Ciências dos Alimentos (ESALQ-USP)
Sob orientação da Profª. Drª. Jocelem Mastrodi Salgado
Postado 13.08.2015 por GEAF FUNCIONAIS
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