Publicado em 29/fevereiro/2016
Da Assessoria de Comunicação do IFSC
Citronelol pode até matar o verme, dependendo da concentração
Duas pesquisadoras do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP assinam um artigo recentemente publicado na revista científica internacional Chemico-Biological Interactions em que descrevem a atividade do terpeno ctironelol contra o Schistosoma mansoni, parasita causador da esquistossomose. Ana Carolina Mafud, pós doutoranda do Grupo de Cristalografia (GC) do IFSC e a docente aposentada Yvonne Primerano Mascarenhas analisaram as atividades de terpenos (compostos naturais presentes em plantas) contra a verminose que acomete cerca de 10 milhões de brasileiros. Ao todo, foram testados 38 terpenos e o citronelol mostrou que é capaz de danificar a proteção do parasita, dependendo da concentração.
Terpenos são uma classe de substâncias naturais que geralmente se encontram em sementes, flores, folhas, raízes e madeiras de plantas superiores. A essência de diversas plantas é considerada terpenos, como a essência de eucalipto e a citronela, por exemplo. Ana Carolina explica que o tegumento (camada externa corporal) do Schistosoma é o que permite que o verme consiga se camuflar. “Isso impede que o organismo hospedeiro crie anticorpos para exterminá-lo, pois o verme também incorpora partes de proteínas do organismo do hospedeiro, o que dificulta ainda mais seu reconhecimento como um corpo estranho”, afirma.
Os pesquisadores também verificaram que o citronelol, dependendo da concentração no Schistosoma mansoni, não só rompe seu tegumento, como também é capaz de matar o verme. Testes in vitro foram realizados no Núcleo de Enteroparasitas do Instituto Adolfo Lutz, que tem como colaborador junto ao IFSC o pesquisador Pedro Luiz da Silva Pinto, e no Núcleo de Pesquisa em Doenças Negligenciadas da Universidade de Guarulhos (UnG), coordenado por Josué de Moraes.
Citronelol
Embora com diversos resultados positivos, testes in vivo são requeridos para atestar a eficácia do terpeno no organismo humano. No entanto, como o citronelol já é uma substância liberada pela ANVISA e pelo FDA, os testes com humanos poderão ser feitos mais rapidamente e, caso os resultados sejam novamente favoráveis, um fármaco também poderá ser desenvolvido e disponibilizado com mais rapidez. “Nossos últimos testes têm sido feitos somente com medicamentos já existentes, a fim de propor o reposicionamento de fármacos”, adianta Ana Carolina.
Os pesquisadores verificaram que o citronelol age de maneira “dose-dependente” no Schistosoma, ou seja, quanto maior a dose, maior a atividade. “Verificamos também que, quanto maior for o tempo de incubação do verme, maior o efeito do citronelol. Isso, porque, quanto mais tempo o citronelol fica em contato com o Schistosoma, mais ele altera as propriedades físico-químicas do verme”, elucida a pesquisadora.
Diante disso, os pesquisadores concluíram que o modo de ação do citronelol pode ocorrer pela alteração das propriedades físico-químicas do meio, assim como anestésicos, que atuam no organismo por interações não-específicas. Estudos futuros do grupo irão em direção a essa comprovação, bem como ao melhor detalhamento dos mecanismos de ação do próprio citronelol.
Foto: Assessoria de Comunicação / IFSC
Mais informações: (16) 3373-9770
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