quarta-feira, 3 de maio de 2017

Árvores medicinais nativas em São Paulo: pau-d’alho

Texto:
Marcos Roberto Furlan - Engenheiro Agrônomo
Jessica Tiyoko Yamashita - acadêmica de Engenharia Agronômica

Algumas espécies são identificadas facilmente pelo aroma. No entanto, essa característica não é garantia para acertar na identificação, pois há plantas com aromas bem semelhantes, devido à presença de mesmas substâncias em concentrações predominantes, como, por exemplo, o eucalipto-citriodora (Corymbia citriodora) e a citronela (Cymbopogon winterianus), que possuem citronelal, o que justifica aromas semelhantes. O mesmo acontece com o funcho (Foeniculum vulgare), a anis (Pimpinella anisum) e a anis-estrelado (Illicium verum), por possuírem o anetol como componente majoritário em seu óleo essencial. 

Dependendo da região há ocorrência de uma planta com um cheiro que a diferencia de todas as demais de sua vizinhança. Seu nome popular “pau d’alho” já indica que exala cheiro que lembra alho. Sua denominação científica é Gallesia integrifolia, pertencente à família Phytolaccaceae, podendo receber outras denominações populares, como: ibirarema, ubaeté e guararema. Nem precisa tocar ou apertar partes da planta, pois em dias quentes, o aroma sai naturalmente. De todas as partes da planta sai um forte cheiro que lembra alho.

O pau d’alho também se destaca pelo rápido crescimento e pela altura, que pode ultrapassar 30 m; pelo largo tronco, com até 1,5 m de diâmetro, e pelas folhas lisas e brilhantes. Sua distribuição no Brasil é bem ampla, pois pode ser encontrada no Sul, no Sudeste e em alguns estados do Nordeste e do Norte.

Como é planta pioneira, pode ser utilizada em reflorestamento. Tradicionalmente, sua madeira é utilizada em construções rurais, para fabrico de caixotes e outros tipos de embalagens mais leves. Serve, ainda, para paisagismo, pois além de bonita, proporciona uma ótima sombra.

Do ponto de vista medicinal, ainda há poucas pesquisas que comprovam seus usos. Popularmente, o chá das folhas é considerado eficaz contra gripe e resfriado, e as raízes são consideradas vermífugas. Também há referências contra reumatismo e antimicrobiano. Esta última ação já há estudos que comprovam, como o realizado por Arunachalam et al. (2016).

Na agricultura há estudos que comprovam sua ação alelopática e contra nematoides (FERREIRA, ÁQUILA, 2000; SILVA et al., 2011; MARCONDES et al., 2011).

Referências

ARUNACHALAM, K.; ASCÊNCIO, S. D.; SOARES, I. M.; SOUZA AGUIAR, R. W.; DA SILVA, L. I.; DE OLIVEIRA, R. G.; BALOGUN, S. O.; DE OLIVEIRA MARTINS, D. T. Gallesia integrifolia (Spreng.) Harms: in vitro and in vivo antibacterial activities and mode of action. Journal of Ethnopharmacology, v. 1, p. 128-137, 2016. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26945980. Acesso: 1 mai 2017. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26945980

CARVALHO, P.E.R. Espécies Arbóreas Brasileiras. vol. 1. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica; Colombo, PR: Embrapa Florestas, 2003.

FERREIRA, A. G.; AQUILA, M. E. A. Alelopatia: uma área emergente da Ecofisiologia. Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal, v. 12, p. 175-204, 2000. 

LORENZI, H. Árvores Brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas do Brasil, vol. 1. 4.ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2002.

MARCHIORETTO, M.S. 2012. Phytolaccaceae. In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB012578>. Acesso em: 2 mai 2017.

MARCONDES, M. M.; FERREIRA, S. G. M.; SCISLOSKI, S. F.; MATEUS, M. A. F.; FARIA, C. M. D. R. Efeito de diferentes concentrações de hidrolatos da eclosão de juvenis de Meloidogyne sp..Tropical Plant Phatology, v. 36, 2011. 

SILVA, B. F.; LAMEIRÃO, V. G.; AZEVEDO, I. H. F.; GOI, S. R. Efeito alelopático de estrato aquoso de Gallesia integrifolia (Spreng.) Harms e Schinus terebinthifolius Raddi sobre a germinação e desenvolvimento de Lactuca sativa L. e Bidens pilosa L. Anais... X Congresso de Ecologia do Brasil, 2011.
Foto: Pau d'alho
Jessica Tiyoko Yamashita

Um comentário:

  1. Gostei de ler e conhecer a Gallesia Integrifolia...
    Não será repelente de parasitas?
    Abraço, Marcos.
    ~~~~~~~~~

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