segunda-feira, 20 de abril de 2020

Cúrcuma e seus usos em animais - 2

Texto: 
Daniela Antonietti Pedra - Técnica em Radiologia e acadêmica de Medicina veterinária - UNITAU 
Marcos Roberto Furlan - Engenheiro agrônomo e Professor - FIC e UNITAU 

A cúrcuma (Curcuma longa), conforme relatado no texto anterior (http://quintaisimortais.blogspot.com/2020/04/curcuma-e-ser-uso-em-animais-1.html), tem muitas atividades farmacológicas já comprovadas por meio de pesquisas. No entanto, uma das indicações da cúrcuma contra veneno de cobra, citada com frequência por algumas comunidades tradicionais, inclusive em animais, ainda não teve o respaldo científico.

Infelizmente, acidentes com picadas de cobras em cães, por exemplo, são frequentes. Geralmente, ocorrem devido à curiosidade deles, que se aproximam e cheiram, sendo, por isso, picados no focinho, peito ou pescoço . 

Para o tratamento, é importante saber o tipo da cobra que picou, pois existem diferentes espécies de cobras venenosas, como, por exemplo, às pertencentes aos grupos botrópico (ex.: jararaca, jararacuçu e urutu), crotálico (cascavel) e elapídico (corais). Os acidentes mais comuns são com as jararacas (gênero Bothrops), cascavéis (gênero Crotalus) e corais (gênero Micrurus, dentre outros). 

As ações anticoagulantes e hemorrágicas do veneno influenciam na evolução da atividade anti-inflamatória. A ação anticoagulante ao formar trombos na microvasculatura, provoca, consequentemente, hipóxia com agravamento de dor, edema e necrose tecidual. 

Uma das contribuições ao tema foi a pesquisa feita por Herrera e Pereira (2009). Os autores relatam o diagnóstico e a conduta terapêutica relacionados à picada de serpente (gênero Botrophs), associado ao uso complementar da Curcuma longa tópica, em uma cadela, sem raça definida, com um ano de idade. 

Além do do soro polivalente (botrópico-crotálico) e da dexametasona, foi aplicada a pomada com cúrcuma + solução tópica, associada à colagenase e açúcar cristal, uma vez ao dia, com o objetivo de melhorar a necrose tecidual e regredir o halo hemorrágico, para a cicatrização por segunda intenção. Após dois meses de internação, foi iniciada a lavagem com barbatimão durante 3 dias até formar uma cicatriz elíptica de 1 cm de diâmetro e finalizou-se o tratamento.

Os autores concluíram que o uso do cúrcuma e da lavagem com barbatimão, permitiu a cicatrização quase que completa e recuperação do tecido com remissão dos sinais clínicos.

Referência

HERRERA, Mariana de Souza; PEREIRA, Rose Elisabeth Peres. Acidente com serpente do gênero Bothrops em cão. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, v.7, n.12, 6 p., 2009. Disponível em: <http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/bv4olF2Ra0J5Ncn_2013-6-24-16-40-54.pdf>.Acesso em: 20 de abr 2020.

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