Os pequenos produtores do
município de Alta Floresta, localizado a 780km ao norte de Cuiabá, respondem
por 87% da agricultura local. Diante da representatividade das mini e pequenas
propriedades na cidade, o pesquisador Luiz Fernando Caldeira Ribeiro, da Universidade do
Estado de Mato Grosso (Unemat), doutor em Fitopatologia coordenou o
projeto de identificação das principais doenças causadas por bactérias e fungos
nas plantas da região para combatê-las com um método alternativo, barato e
fácil de ser adotado pelos agricultores.
O antídoto sai do próprio quintal
do produtor para ser pulverizado na lavoura. As plantas mais abundantes na
região foram escolhidas pela equipe de pesquisadores: pimenta (malagueta, bode-vermelha e bode-salmão), mamona, alho, hortelã, óleo de copaíba, cebola,
sementes de mamão, óleo de sucupira, babosa e as ervas medicinais terramicina (Alternanthera
dentata), erva-de-santa-maria (Chenopodium ambrosioides), capim-cidreira (Cymbopogon
citratus), boldo (Plectranthus barbatus), e neen (Azadirachta indica). Um
extrato aquoso foi preparado a partir de cada uma delas. O grão, ou a folha,
foi amassado e misturado com água destilada esterilizada, e posteriormente
filtrado. A única ressalva é que a mistura deve ser aplicada imediatamente após
a sua obtenção.
Os resultados mostraram que os
extratos tiveram desempenho igual ao de fungicidas e bactericidas sintéticos já
existentes, no controle de seis doenças causadas por bactérias e seis doenças
causadas por fungos, como murcha e podridão negra em vegetais, com a vantagem
de não serem produtos que poluam o ambiente ou deixam resíduos nocivos à vida.
“Mesmo que os resíduos permaneçam no campo, eles são naturais e não causam
danos”, diz Luiz. Outros benefícios apontados pelo cientista é que o método
onera pouco o custo de produção e que, por outro lado, o uso contínuo de
agrotóxicos torna fungos e bactérias resistentes, levando ao surgimento de
novos tipos de pragas.
Um dos casos expressivos
observados na pesquisa foi o da laranja tratada com extratos de pimenta e de
própolis. O fruto da planta pulverizado com o extrato, depois de colhido, chega
a durar dez dias “na prateleira”, sem apodrecer.
Os extratos aquosos naturais
podem ser usados para a pulverização preventiva e também para a curativa. Como
agente protetor, o extrato aplicado induz a planta a desenvolver resistência de
forma exógena, ou seja, de fora pra dentro. O resultado é como o de uma vacina em animais. Com objetivo
curativo, o extrato tem função de parar o crescimento da colônia de fungos ou
bactérias que já se instalaram nas plantas, inibindo a esporulação (reprodução)
dos microorganismos.
Além da laranja, eucalipto,
palmeira, tomateiro, mamoeiro, mangueira, feijão guandu, plantas de alface,
berinjela, batata, pimentão e maracujá foram tratados desta forma durante a
pesquisa. Um caso exemplar de aproveitamento das plantas no seu próprio
tratamento é o do mamoeiro. As sementes de mamão podem ser usadas em extratos
de alta concentração para combater a podridão de frutos do mamoeiro, causada
pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides.
O fungo responsável pela antracnose no mamoeiro
cresce sem nenhum tratamento.
Já aqui, imerso no extrato aquoso de pimenta o mesmo fungo,
tem seu crescimento inibido.
Esquema da avaliação da eficiência do extrato aquoso de
pimenta em bactérias do gênero Xanthomonas campestris pv. Passiflorae. Da
esquerda para a direta ocorre um aumento de concentração do extrato.
O extrato aquoso é preparado em laboratório.
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gostei interessante
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