quinta-feira, 21 de junho de 2012

Fatores que afetam os teores de princípios ativos - IV

Para quem acompanha os textos sobre os fatores que afetam os teores de bioativos, no link http://quintaisimortais.blogspot.com.br/search/label/Plantas%20medicinais há uma pergunta de como uma planta dioica pode gerar sementes, sem contar com a participação do exemplar masculino.

A resposta está no fato de que algumas espécies, como a citada no texto do link, são apomíticas, isto é, podem gerar sementes só com a participação do gineceu (parte feminina da flor). Uma vantagem importante para a fitoterapia, é que espécies apomíticas possuem pouca variabilidade genética entre os descendentes de uma mesma planta mãe, e, consequentemente, baixa variabilidade de princípios ativos entre eles.

Com relação a esse fenômeno, o texto abaixo fornece mais informações.

A apomixia é considerada uma forma de propagação assexuada, pois ocorre formação, sem que ocorra a fecundação, de sementes, o que proporciona geração de progênies geneticamente idênticas à planta mãe (DALL’AGNOL e SCHIFINO-WITTMANN, 2005). Segundo esses mesmos autores, e no mesmo trabalho, a apomixia pode ser considerada como uma clonagem natural de sementes.

O desenvolvimento do gineceu, mais especificamente dos óvulos, é diferenciado nas plantas apomíticas, e não ocorre meiose, sendo que o embrião se desenvolve sem a fecundação da oosfera por espermatecas, produzindo apenas cromossomos somáticos maternos (CENARGEN, 2001).

Já foi descrita em cerca de 15% das famílias das angiospermas e 75% das espécies apomíticas estão nas famílias Asteraceae, Poaceae e Rosaceae (DALL’AGNOL e SCHIFINO-WITTMANN, 2005). De acordo com os autores, o primeiro relato da ocorrência da apomixia data de 1841, quando foi documentada a produção de sementes, de uma planta feminina da espécie do gênero Alchornea (Euphorbiaceae), cultivada isoladamente no Jardim Botânico de Kew.

Exemplos de espécies medicinais apomíticas:

capim-limão (Cymbopogon citratus)
dente-de-leão (Taraxacum officinale)
hipérico (Hypericum perforatum)  
 Hypericum perforatum. Fonte: wikipedia.org

Texto: Marcos Roberto Furlan

Referências

CENARGEN. Apomixia. Disponível em: http://www.cenargen.embrapa.br/_comunicacao/2006/folders/fold06-21_apomixia.pdf. Acesso em: 1 de out de 2001.

DALL’AGNOL, M.; SCHIFINO-WITTMANN, M. T. Apomixia, genética e melhoramento de plantas. Revista Brasileira de Agrociência, Pelotas, v.11, n. 2, p. 127-133, abr-jun, 2005 Disponível em: http://www.ufpel.tche.br/faem/agrociencia/v11n2/artigo01.pdf. Acesso em 12 de out de 2011.

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