Para quem acompanha os textos sobre os fatores que afetam os
teores de bioativos, no link http://quintaisimortais.blogspot.com.br/search/label/Plantas%20medicinais há
uma pergunta de como uma planta dioica pode gerar sementes, sem contar com a
participação do exemplar masculino.
A resposta está no fato de que algumas espécies, como a
citada no texto do link, são apomíticas, isto é, podem gerar sementes só com a
participação do gineceu (parte feminina da flor). Uma vantagem importante para
a fitoterapia, é que espécies apomíticas possuem pouca variabilidade genética
entre os descendentes de uma mesma planta mãe, e, consequentemente, baixa
variabilidade de princípios ativos entre eles.
Com relação a esse fenômeno, o texto abaixo fornece mais
informações.
A apomixia é considerada uma forma de propagação assexuada,
pois ocorre formação, sem que ocorra a fecundação, de sementes, o que
proporciona geração de progênies geneticamente idênticas à planta mãe
(DALL’AGNOL e SCHIFINO-WITTMANN, 2005). Segundo esses mesmos autores, e no
mesmo trabalho, a apomixia pode ser considerada como uma clonagem natural de
sementes.
O desenvolvimento do gineceu, mais especificamente dos
óvulos, é diferenciado nas plantas apomíticas, e não ocorre meiose, sendo que o
embrião se desenvolve sem a fecundação da oosfera por espermatecas, produzindo
apenas cromossomos somáticos maternos (CENARGEN, 2001).
Já foi descrita em cerca de 15% das famílias das
angiospermas e 75% das espécies apomíticas estão nas famílias Asteraceae,
Poaceae e Rosaceae (DALL’AGNOL e SCHIFINO-WITTMANN, 2005). De acordo com os
autores, o primeiro relato da ocorrência da apomixia data de 1841, quando foi
documentada a produção de sementes, de uma planta feminina da espécie do gênero Alchornea (Euphorbiaceae),
cultivada isoladamente no Jardim Botânico de Kew.
Exemplos de espécies medicinais apomíticas:
capim-limão (Cymbopogon citratus)
dente-de-leão (Taraxacum officinale)
hipérico (Hypericum perforatum)
Hypericum perforatum. Fonte: wikipedia.org
Texto: Marcos Roberto Furlan
Referências
CENARGEN. Apomixia.
Disponível em:
http://www.cenargen.embrapa.br/_comunicacao/2006/folders/fold06-21_apomixia.pdf.
Acesso em: 1 de out de 2001.
DALL’AGNOL, M.; SCHIFINO-WITTMANN, M. T. Apomixia,
genética e melhoramento de plantas. Revista
Brasileira de Agrociência, Pelotas, v.11, n. 2, p. 127-133, abr-jun, 2005
Disponível em: http://www.ufpel.tche.br/faem/agrociencia/v11n2/artigo01.pdf.
Acesso em 12 de out de 2011.
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