quinta-feira, 23 de abril de 2015

Silvana Nagai fala sobre importância da qualificação de profissionais para uso de plantas medicinais e fitoterápicos em saúde pública

22.04.2015
Silvana Nagai faz apresentação da proposta do curso durante reunião em Belém.
Silvana Nagai faz apresentação da proposta do curso durante reunião em Belém.Foto/Entrevista: Márcia Tait

Desde 2006 o Brasil conta com duas políticas importantes relacionadas à promoção da saúde: a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) e a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF). 

Uma parte fundamental para a implementação de ambas, do ponto de vista do acesso e da saúde, é sua efetiva incorporação dentro do atendimento do SUS. O projeto de curso de formação em andamento voltado à “Qualificação de profissionais da Estratégia Saúde da Família em Fitoterapia por meio de Plataforma de Ensino Distância” tem como proposta incidir sobre esta questão promovendo a qualificação de profissionais do SUS e, conseqüentemente, a ampliação da oferta de serviços aos usuários e usuárias do SUS. 

O curso, em fase de validação do Plano Político Pedagógico, está sendo organizado pelo Departamento de Atenção Básica do Ministério Saúde a pela Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS) da Fiocruz e será voltado aos profissionais médicos, enfermeiros e odontólogos da Estratégia Saúde da Família (ESF) e também aos farmacêuticos do Núcleo Apoio à Saúde da Família (NASF).

A seguir apresentamos a entrevista realizada com dois integrantes da equipe responsável pela elaboração do curso, Silvana Cappelleti Nagai. Silvana é coordenadora de conteúdos do curso, possui graduação e mestrado em Ciências Médicas pela UNICAMP. É autora do livro “Introdução de métodos terapêuticos alternativos: A experiência desenvolvida na rede básica de Campinas”.

ENTREVISTA

RetiSFito: Poderia começar falando um pouco sobre o significado da incorporação de práticas integrativas e complementares com uso de plantas medicinais e fitoterápicos do ponto de vista da saúde coletiva e pública? Existem políticas ou iniciativas parecidas em outros países?

Silvana Nagai: A incorporação das práticas integrativas e complementares com o uso de plantas medicinais e fitoterápicos em saúde pública representa uma ampliação no processo de cuidar para os profissionais de saúde que atendem na atenção básica do Sistema Único de Saúde e mais uma opção de tratamento por parte dos usuários. Desde o ano 2000 a Organização Mundial da Saúde recomendou aos países membros o desenvolvimento de políticas públicas relacionadas às práticas integrativas e plantas medicinais nos serviços públicos de saúde como forma de reconhecimento dos saberes tradicionais dessas terapêuticas. Existem muitas iniciativas já implantadas em outros países que contemplam essas práticas, como na Inglaterra, França e Canadá onde as plantas medicinais e os fitoterápicos são ofertados aos usuários dos serviços públicos de forma complementar ao sistema médico vigente no país. Desde de 2006 o Brasil vem incorporando esse tipo de assistência na atenção básica e aprimorando essas políticas para uma melhor assistência aos usuários do Sistema Único de Saúde.

RetiSFito: No dia-a-dia de uma unidade de saúde ou atendimento pelo SUS como acontecem os procedimentos para prescrição e utilização de plantas e fitoterápico hoje? Quais profissionais podem prescrever?

Silvana Nagai: Atualmente já temos muitos municípios em nosso país que incorporaram as plantas medicinais e fitoterápicos em seus atendimentos. Muitos profissionais de saúde estão se formando e atualizando os estudos em plantas medicinais e fitoterápicos de forma a utilizar esses recursos terapêuticos junto aos usuários do Sistema Único de Saúde. O procedimento para prescrição dos fitoterápicos e plantas medicinais se dá através do profissional de saúde médico, enfermeiro, odontólogo e farmacêutico que atuam na atenção básica, respeitando as competências de cada um. Esses profissionais precisam ter formação ou capacitação na área de fitoterapia para estarem aptos à prescrição.

RetiSFito: Em sua opinião, quais os principais desafios para ampliação do uso e acesso as plantas medicinais e fitoterápicos no SUS?

Silvana Nagai: Vejo que os principais desafios para a expansão da fitoterapia no SUS é a capacitação desses profissionais de saúde para que eles se sintam seguros em suas prescrições, junto com uma prática de educação em saúde para que se possa orientar de forma segura o uso e aplicação de fitoterápicos e plantas medicinais para a saúde pública. Há também a questão organizacional em relação à gestão municipal dessas práticas para a oferta desses fitoterápicos e plantas medicinais à população, com segurança e eficácia. Em relação aos usuários, muitos estudos indicam haver muita aceitação dessa terapêutica por uma identidade com a prática de uso tradicional da fitoterapia, já existente em nosso país.

RetiSFito: Existe uma grande demanda sobre este tipo de qualificação? Alguma estimativa, nacional ou estadual?

Silvana Nagai: Nesta última década vem se acentuando o interesse dos profissionais de saúde para a prática da fitoterapia. Já temos dentro do país cerca de oito universidades que incluíram a fitoterapia em seus currículos. Vejo isso como uma forma de interesse e expansão desta terapêutica.

RetiSFito: Do ponto de vista pedagógico e de conteúdos, quais as principais propostas do curso? É uma iniciativa pioneira?

Silvana Nagai: Estaremos ofertando, para todo o território nacional, um curso de formação em plantas medicinais e fitoterápicos, no formato ensino à distância, aos profissionais médicos, enfermeiros, odontólogos da Estratégia Saúde da Família, e farmacêuticos do Núcleo de Atenção à Saúde da Família, do Sistema Único de Saúde.

A proposta do curso, em síntese, é que contemple conteúdos relacionados à história, conceitos básicos, formulação e formas de uso dos fitoterápicos e plantas medicinais, marcadores fitoterápicos e o emprego das drogas vegetais, plantas medicinais e fitoterápicos relacionado às diversas patologias dos vários sistemas do corpo humano.

Está é uma iniciativa pioneira dentro da atenção básica que procura ampliar a assistência aos usuários na Atenção Básica do Sistema único de Saúde.

RetiSFito: Como este curso de capacitação poderá ajudar a superar estes desafios? Quais as expectativas e principais resultados que buscam com o curso?

Silvana Nagai: A capacitação desses profissionais da saúde propicia uma forma segura e eficaz de prescrição de plantas medicinais e fitoterápicos dispensada aos usuários do SUS. Também aproxima, esclarece e orienta esses usuários na utilização das plantas medicinais como forma de auto-cuidado resgatando o uso tradicional da fitoterapia. As plantas medicinais e os fitoterápicos atualmente são respaldados por uma infinidade de pesquisas científicas, realizadas no Brasil e em outros países, indicando o seu uso correto para várias patologias e isso pode auxiliar sobremaneira a ampliação da assistência na Atenção Básica de Saúde pelos profissionais de saúde desse sistema.

Conheça mais sobre este projeto de formação aqui

Entrevista 15/04/2015

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