sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Flora de Poconé, MT e de Boa Vista, RR - Caimbé

Texto:


Ana Karyne Melo - Acadêmica da Universidade Federal de Roraima



Devanil Rosa Fernandes (Foguinho) - bacharelando em Farmácia, último ano com especificidade em Etnofitos/Fitoterapia. Presidente da Plampantanal (Associação dos Agricultores Familiares para o cultivo de plantas medicinais, condimentares e aromáticas de Poconé,MT)



Marcos Roberto Furlan - Engenheiro Agrônomo, Professor da Universidade de Taubaté e da Faculdade Cantareira



Caimbé em Poconé, Mato Grosso, Curatella americana


A biodiversidade brasileira, ainda pouco explorada, fornece espécies com possibilidades de usos variados, como, por exemplo, para o tratamento de doenças, para fornecimento de madeiras e como alimento.

Dentre as espécies nativas, em Poconé, município do Estado do Mato Grosso, ocorre espontaneamente o caimbé, também conhecido popularmente por lixeira, lixa ou cajueiro-do-mato. Denominado cientificamente por Curatella americana, é considerada endêmica e de ocorrência nos biomas Amazônico, Cerrado, Mata Atlântica e Caatinga. Pertence à família Dilleniaceae, possui hábito arbóreo ou arbustivo, com até 12 m de altura.

Apesar de ainda não ser comprovada cientificamente, essa espécie é utilizada pelas populações tradicionais como analgésica e anti-inflamatória. Serve para alimentação humana (os frutos), tanto as folhas para bovinos quanto os frutos para aves silvestres.


Suas folhas ásperas servem para lixar panelas ou madeira leve. A casca pode fornecer corante e tanino para curtir couro.
Referência sobre os usos:

POTT, A.; POTT, V.J. Plantas do Pantanal. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 1994.



Fotos: Caimbé em Poconé (Gênero Curatella)
Autor: Devanil Rosa Fernandes

Caimbé em Boa Vista, Roraima, Coussapoa asperifolia

Em Roraima, há uma outra espécie denominada de caimbé, cajueiro-do-banhado, fruta-de-cera, apuí, mata-pau ou caimbé-rana. Denominado cientificamente por Coussapoa asperifolia. É de ocorrência comum no bioma Amazônico, incluindo parte do Brasil e de países como Venezuela e Colômbia. Pertence à família Urticaceae. Hábito arbóreo com até 15 m de altura ou pode ser hemiepífita. 

O nome científico Coussapoa possui relação com "fruto para fazer cera". Ocorre espontaneamente e suas sementes germinam mesmo após queimadas.

Além de ser utilizada para fornecimento de madeira, possui usos medicinais pelas comunidades tradicionais, que a utilizam principalmente como detersivas e cicatrizantes. O látex também é utilizado para tratamento de febre. Pesquisas recentes indicam que os frutos possuem poder antioxidante. 

Os frutos possuem coloração avermelhada, e apesar de não serem doces e terem gosto de cera de abelha, podem ser consumidos pelo homem. As abelhas indígenas utilizam a cera para calafetar seus ninhos e as suas folhas podem ser usadas como lixa por causa de sua textura áspera. A arvore é muito ornamental quando cultivada isoladamente (http://www.colecionandofrutas.org/cousssapoaasperif.htm).

Ao utilizarem o epicarpo mucilaginoso e as sementes na construção e reparos de seus ninhos, várias espécies dessas abelhas contribuem para a dispersão dos frutos de Coussapoa asperifolia magnifolia. As evidências vieram tempos depois, quando foram encontrados em Rio Branco-AC, ninhos naturais de Partamona epiphytophylla com plântulas de C. asperifolia magnifolia brotando em suas paredes e também em frestas de caixas de criação de Melipona spp. (http://www.sbpcnet.org.br/livro/58ra/SENIOR/RESUMOS/resumo_3852.html).

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