terça-feira, 27 de novembro de 2018

Cafeína reduz sensação de fadiga e melhora desempenho de ciclistas

25/10/2018

Substância age na fadiga mental, que é responsável pelo aumento da percepção de esforço e pela queda de rendimento
A cafeína foi administrada em cápsulas e os ciclistas ingeriram uma dosagem referente à massa corporal de cada um, sendo que foi administrado individualmente 5 mg/kg – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Estudo realizado na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP indica que a cafeína é capaz de atenuar e reverter a sensação de fadiga mental e ainda melhorar o desempenho de atletas de ciclismo. Atualmente o cansaço mental não está presente apenas na vida de pessoas com rotina agitada por diversas atividades, mas também faz parte do dia a dia de atletas.

Segundo a pesquisa de Paulo Estevão Franco Alvarenga, os atletas com fadiga mental acabam perdendo desempenho e possuem aumento na percepção de esforço para a mesma intensidade de exercício, sem nenhuma alteração fisiológica na musculatura. Dessa forma, surgiu o interesse de estudar possíveis manipulações que revertam os efeitos da fadiga mental sobre o desempenho de ciclistas.

Iniciado em 2016, o projeto de mestrado Efeitos da ingestão de cafeína sobre o desempenho de ciclistas mentalmente fadigados durante um teste de ciclismo contrarrelógio de 20 km mostrou que “a cafeína é um recurso ergogênico com efeito potencial para reverter os efeitos da fadiga mental sobre o desempenho”, afirma Paulo Estevão, que teve orientação do professor Flávio Pires, coordenador do Grupo de Estudos em Psicofisiologia do Exercício (GEPsE) da EACH.

Previamente selecionados, os ciclistas foram ao Laboratório de Ciências da Atividade Física por quatros vezes e se submeteram ao teste de contrarrelógio de 20 km, análise cortical e muscular. Havia uma amostra de ciclistas livres de qualquer manipulação, outra amostra sob o efeito de fadiga mental e nas seguintes os indivíduos mentalmente fadigados faziam a ingestão de cafeína ou placebo.
De acordo com o estudo, os ciclistas mentalmente fadigados apresentaram uma redução de 4,8% na ativação do córtex pré-frontal e consequentemente aumentaram o tempo para concluir o contrarrelógio em aproximadamente 1%. No entanto, ao ingerir cafeína, mesmo após a indução da fadiga mental, houve um aumento na ativação do córtex pré-frontal em aproximadamente 8% e redução no tempo de conclusão do teste em 1,8%. “Portanto, os sujeitos ao ingerir cafeína perceberam menos esforço comparados com as demais condições. Além disso, com a ingestão de cafeína, eles apresentaram uma maior eficiência neuromuscular”, destaca Paulo.

O estudante ressalta que, mesmo já sendo consumida em nosso cotidiano quando nos sentimos mentalmente cansados, por meio de ingestão de café, por exemplo, a cafeína deve ser utilizada para atletas sob orientação de um nutricionista, respeitando as características de dosagem e tempo de efeito da substância.

O projeto de mestrado contou também com a colaboração da professora Florentina Hettinga, da University of Essex, Inglaterra; de pesquisadores pós-doc e alunos de mestrado da EACH e de alunos de graduação da Faculdade de Ensino Superior de Bragança, em Bragança Paulista (SP).

Natália Dourado/Assessoria de Comunicação da EACH

Mais informações: (11) 3091-8161; e-mail piresfo@usp.br, com Flávio Pires

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