sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Trevos e oxalato

Texto:
Marcos Roberto Furlan - Eng. Agrônomo - UNITAU/FIC
Mariane Belfort dos Santos - acadêmica de Nutrição - UNITAU 

Apesar do consumo condensado de vegetais, no que diz respeito a diversidade, ao redor do ser humano, como em calçadas e terrenos baldios, nascem espécies com potencial alimentício. Por não comporem parte comumente da nossa alimentação, estes vegetais são denominados de plantas alimentícias não convencionais (Pancs). 

No entanto, há alguns malefícios quanto ao consumo. São escassas as pesquisas sobre os seus valores nutricionais e muitas destas espécies desenvolveram mecanismos eficiente de defesa contra predadores e parasitas. 

Estes mecanismos podem ser, por exemplo, substâncias químicas tóxicas ao predador ou parasita, ou barreiras físicas como presença de cristais de oxalato ou uma camada de silício. 

Uma das substâncias é o ácido oxálico. Este composto tem relação com a formação de cálculos, devido à deposição de cristais de oxalato de cálcio nos rins. O ânion, oxalato, ao se ligar aos íons metálicos, forma precipitados insolúveis com destaque para o oxalato de cálcio, que é o principal constituinte da forma mais comum de cálculos renais. O ácido oxálico também pode causar lesão renal. 

Outros minerais que podem ser ligar ao ácido oxálico são o ferro e o magnésio. 

Ao ingerir alimentos ricos em oxalato, o indivíduo pode ter hiperoxalúria, com formação subsequente dos cristais de oxalato de cálcio insolúvel (elemento primário de cálculos renais). 

Como excentricidade, apesar de efeitos tóxicos no organismo, o ácido oxálico tem diversas aplicações, como, por exemplo, para eliminar ferrugem de metais, para fixar corantes em tecidos. Por essa razão é usado em várias preparações de produtos de limpeza. 

Mas qual a relação de oxalatos com o trevo? O fundamento da nomenclatura oxalato é por ser derivada do gênero Oxalis. Muitas das espécies deste gênero são designadas popularmente de trevo e são consideradas ricas em oxalato. Portanto, o consumo dos trevos deve ser feito em pequenas quantidades, principalmente devido ao fato de serem consumidos crus. O cozimento reduz significativamente os teores de oxalato, mas o consumo de trevos é geralmente na forma crua. 

Outros alimentos em que o ácido oxálico pode ser encontrado são: espinafre, azedinha, tomate, inhame, carambola e outros, sendo estes mais conhecidos e consumidos rotineiramente. 
Foto: trevos são comuns nos quintais, se desenvolvendo entre as ornamentais ou nos canteiros de hortaliças. 
Autoria da foto: Mariane Belfort dos Santos

Algumas referências sobre trevos do gênero Oxalis 

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ROGERIO FIORUCCI, Antonio. et al. Ácidos Orgânicos: dos Primórdios da Química Experimental à sua Presença em Nosso Cotidiano. Química Nova na Escola, n. 15, mai. 2002. Acesso em: 07 de fev. 2019. Disponível em: https://repositorio.bc.ufg.br/xmlui/bitstream/handle/ri/15850/Artigo%20-%20Antonio%20Rog%C3%A9rio%20Fiorucci%20-%202002.pdf?sequence=5&isAllowed=y

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