Notícia publicada em 2005, sobre o fitoterápico
produzido a partir da erva-baleeira
Antiinflamatório 100% nacional
Acheflan é o primeiro antiinflamatório fitoterápico
desenvolvido no Brasil. Com dois meses no mercado, empatou em vendas com o
conhecido Cataflan, informou a Agência Fapesp em 31/8. “Nenhuma parte da
pesquisa foi realizada fora do Brasil”, disse o pesquisador em farmacologia João Batista
Calixto, da Universidade Federal de Santa Catarina, que levou “vida dupla” nos
últimos sete anos, para manter o segredo do projeto, quase que totalmente
desenvolvido com recursos privados. O Laboratório Aché e o grupo de pesquisa
assinaram um contrato de prestação de serviço. “Todos que participaram
receberam pelos serviços, não existe direito sobre royalties ou algo parecido”.
O antiinflamatório é feito com base numa planta da Mata
Atlântica, a erva-baleeira ou maria milagrosa (Cordia verbenacea). O dono do
laboratório, Victor Siaulys, jogava tênis no Guarujá (SP) quando sofreu
contusão. “Apareceram com uma solução caseira que foi aplicada no ombro, e a
melhora foi bem rápida”, contou o médico Dagoberto Brandão, dono da consultoria
Pharma Consulting. Os três, então, deram início ao processo de desenvolvimento
do antiinflamatório fitoterápico nacional.
O farmacólogo pretende continuar aproximando as pesquisas
feitas na universidade e a iniciativa privada. “Existe muito ranço sobre essa
questão no Brasil. De um lado, é preciso dizer que não adianta nada existir a
patente se, por trás disso, não vier a inovação, a novidade e a aplicação
industrial”. E a iniciativa privada, para ele, deve ter em mente que o
conhecimento tem valor em si mesmo. “Muitos querem tudo de graça”. Os detalhes
do projeto foram apresentados pela primeira vez à comunidade científica na
Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (Fesbe)
encerrada em 27 de agosto na cidade de Águas de Lindóia (SP).
“O dossiê enviado à Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) com o objetivo de aprovar o medicamento é considerado uma referência”,
elogia Dagoberto Brandão. “Todas as fases dos testes pré-clínicos e clínicos
foram realizadas com absoluta precisão.” E acrescenta: “Em 100% dos testes em
humanos nenhum efeito adverso foi registrado”. Para ele, há no caso uma grande
vitória simbólica: “Isso serve para mostrar aos jovens estudantes, ao governo
em geral e a toda a população que nós podemos fazer. Isso representa um sonho
de muitas pessoas”.
Ele acredita que o que restou ao Brasil é desenvolver
medicamentos a partir de plantas. “Não adianta querer ganhar a primeira
divisão, se o nosso time está apto a jogar na segunda”. O Laboratório Aché
gastou R$ 15 milhões para desenvolver o produto, valor considerado pequeno para
o desenvolvimento de um medicamento desse tipo.
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