terça-feira, 26 de junho de 2012

Planta da semana: erva-baleeira - II


Notícia publicada em 2005, sobre o fitoterápico produzido a partir da erva-baleeira

Antiinflamatório 100% nacional

Acheflan é o primeiro antiinflamatório fitoterápico desenvolvido no Brasil. Com dois meses no mercado, empatou em vendas com o conhecido Cataflan, informou a Agência Fapesp em 31/8. “Nenhuma parte da pesquisa foi realizada fora do Brasil”, disse o pesquisador em farmacologia João Batista Calixto, da Universidade Federal de Santa Catarina, que levou “vida dupla” nos últimos sete anos, para manter o segredo do projeto, quase que totalmente desenvolvido com recursos privados. O Laboratório Aché e o grupo de pesquisa assinaram um contrato de prestação de serviço. “Todos que participaram receberam pelos serviços, não existe direito sobre royalties ou algo parecido”.

O antiinflamatório é feito com base numa planta da Mata Atlântica, a erva-baleeira ou maria milagrosa (Cordia verbenacea). O dono do laboratório, Victor Siaulys, jogava tênis no Guarujá (SP) quando sofreu contusão. “Apareceram com uma solução caseira que foi aplicada no ombro, e a melhora foi bem rápida”, contou o médico Dagoberto Brandão, dono da consultoria Pharma Consulting. Os três, então, deram início ao processo de desenvolvimento do antiinflamatório fitoterápico nacional.

O farmacólogo pretende continuar aproximando as pesquisas feitas na universidade e a iniciativa privada. “Existe muito ranço sobre essa questão no Brasil. De um lado, é preciso dizer que não adianta nada existir a patente se, por trás disso, não vier a inovação, a novidade e a aplicação industrial”. E a iniciativa privada, para ele, deve ter em mente que o conhecimento tem valor em si mesmo. “Muitos querem tudo de graça”. Os detalhes do projeto foram apresentados pela primeira vez à comunidade científica na Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (Fesbe) encerrada em 27 de agosto na cidade de Águas de Lindóia (SP).

“O dossiê enviado à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com o objetivo de aprovar o medicamento é considerado uma referência”, elogia Dagoberto Brandão. “Todas as fases dos testes pré-clínicos e clínicos foram realizadas com absoluta precisão.” E acrescenta: “Em 100% dos testes em humanos nenhum efeito adverso foi registrado”. Para ele, há no caso uma grande vitória simbólica: “Isso serve para mostrar aos jovens estudantes, ao governo em geral e a toda a população que nós podemos fazer. Isso representa um sonho de muitas pessoas”.

Ele acredita que o que restou ao Brasil é desenvolver medicamentos a partir de plantas. “Não adianta querer ganhar a primeira divisão, se o nosso time está apto a jogar na segunda”. O Laboratório Aché gastou R$ 15 milhões para desenvolver o produto, valor considerado pequeno para o desenvolvimento de um medicamento desse tipo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário