terça-feira, 26 de junho de 2012

Fatores que afetam os teores de princípios ativos - V

Aspectos da reprodução dos vegetais

Conhecer aspectos relacionados à forma de reprodução dos vegetais é essencial na produção de plantas medicinais, pois influencia na variação dos teores de princípios ativos.

Santos e Motta (2008) observam que, quando as flores apresentam estames e pistilo, são ditas perfeitas (bissexuadas) ou hermafroditas, ou monoclinas. Se apresentam somente androceu (flores estaminadas) ou somente o gineceu (flores pistiladas), são chamadas flores imperfeitas (unissexuais) ou diclinas.

Espécies monoicas

As espécies que produzem flores masculinas (estaminadas) e flores femininas (pistiladas), na mesma planta, são denominadas de monoicas. Se os estames e os pistilos estiverem na mesma flor, a planta é denominada de hermafrodita, sendo que alguns autores a consideram também como monoica.

Plantas com flores hermafroditas têm mais chances de serem autopolinizadas, e, portanto, produzir descendentes com menor variação de princípios ativos. No entanto, alguns fenômenos podem impedir que isso ocorra, como, por exemplo, a dicogamia e a autoincompatibilidade.

Na dicogamia, na mesma flor ocorrem diferenças quanto à maturidade dos órgãos masculinos e femininos, isto é, um amadurece primeiro do que o outro. Quando o outro amadurece o primeiro pode não estar mais disponível. Quanto à autoincompatibilidade, há algum impedimento fisiológico para que ocorra a autofecundação, o qual, geralmente, é de origem genética.

Infelizmente, não é possível reconhecer visualmente algum mecanismo que impede a planta monoica de se autopolinizar.

Exemplos de espécies monoicas:

Achillea millefolium
Calendula officinalis
Matricaria chamomilla
Foeniculum vulgare
Melissa officinalis
Phyllanthus niruri
Plantago major
Ruta graveolens
Salvia officinalis
Taraxacum officinale
Thymus vulgaris

Alogamia

Uma forma de reprodução que mais provoca variabilidade no teor de princípios ativos é aquela na qual o grão de pólen de um indivíduo é transportado para o estigma da flor de outro indivíduo. É denominada de alogamia ou de fertilização cruzada. A planta que possui essa forma de reprodução é classificada como alógama.

Espécies alógamas

Helianthus annuus
Petroselinum crispum
Rheum officinale
Rosmarinus officinalis

Autogamia

Se a oosfera (óvulo da flor) for fecundada pelo grão de pólen de uma mesma flor ou de flores distintas, mas presentes no mesmo indivíduo, a reprodução é denominada de autogamia, e a planta classificada como autógama.

Como nas plantas autógamas ocorre a autopolinização, espera-se menos variabilidade genética entre os indivíduos, pois as plantas que se reproduzem por autofecundação são quase ou completamente  homozigóticas.

Importante realçar que em muitas espécies podem ocorrer as duas formas, com predominância de uma. Para facilitar a classificação, tendo em vista a possibilidade de ocorrência das duas formas na mesma espécie, pesquisadores consideram plantas alógamas as que possuem mais de 40% de taxa de polinização cruzada.

Os agentes naturais da polinização, tais como, vento, insetos, pássaros, aves e morcegos, podem favorecer uma das duas formas.

Espécies autógamas

Catharanthus roseus
Ocimum basilicum
Ocimum carnosum


SANTOS, D. Y. A. C.; MOTTA, L. B. Diversidade da morfologia floral. In: SANTOS, D. Y. A. C.; CHOW, F.; FURLAN, C. M. (org.) Ensino de Botânica - Curso para atualização de professores de Educação Básica: A Botânica no cotidiano. São Paulo: Universidade de São Paulo, Fundo de Cultura e Extensão: Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, Departamento de Botânica, 2008. p.13-18. (Projeto de Cultura e Extensão).



Fonte: alterado de 


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