Edição 205 - Março de 2013
No campo das ciências da vida, homens envolvem-se em casos de má conduta científica com mais frequência do que mulheres nos Estados Unidos, e a dianteira masculina é observada em todo o espectro de carreira, da iniciação científica ao comando de grupos de pesquisa, mostra um estudo publicado no jornal on-line mBio. Os autores revisaram 228 casos de má conduta registrados pelo Escritório de Integridade de Pesquisa (ORI) norte-americano, entre 1994 e 2012. O escritório promove boas práticas de pesquisa e investiga acusações de desvio de conduta envolvendo pesquisas apoiadas pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos. No geral, 65% dos casos de fraude foram cometidos por homens, mas o percentual variou entre as fileiras acadêmicas: 88% dos docentes que cometeram faltas eram homens, em comparação com 69% dos pós-doutorandos e 58% dos estudantes de graduação.
Em cada categoria, a proporção de homens cometendo faltas foi maior do que o previsto pela distribuição por sexo dos pesquisadores em ciências da vida nos Estados Unidos. O estudo não examinou quais são as razões que levam os homens a cometer mais fraudes. Mas diferenças culturais estão entre as hipóteses capazes de explicar o fenômeno, disse Arturo Casadevall, pesquisador da Albert Einstein College of Medicine da Universidade de Yeshiva, em Nova York, um dos autores do trabalho. “Homens tendem a se arriscar mais do que as mulheres e cometer fraude implica um risco”, sugeriu. “Também pode ser que os homens sejam mais competitivos, ou que as mulheres sejam mais sensíveis à ameaça de sanções.
A melhor resposta, porém, é que ainda não sabemos. Agora que documentamos o problema, podemos começar uma discussão séria sobre o que está acontecendo e como lidar com a questão”, afirmou.
Os autores supunham que a maior parte das fraudes envolvesse estudantes e jovens pesquisadores, aqueles que sofrem maior pressão para publicar artigos no início da carreira. Contudo, foi observado que as práticas de má conduta estão espalhadas por todas as etapas da carreira universitária. “Cientistas no topo da carreira comandam grandes laboratórios e administram recursos vultosos, o que aumenta a pressão para publicar e a tentação de cometer desvios”, disse Casadevall.
“O fato de a má conduta ocorrer em todas as fases de desenvolvimento de carreira sugere que a atenção aos aspectos éticos da conduta científica não deve ser limitada àqueles pesquisadores ainda em formação, como é a prática atual.”
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