quinta-feira, 6 de junho de 2013

A sombra do vizinho é melhor

Edição 208 - Junho de 2013
© FLAVIANA M. SOUZA / IF
Guarantã em detalhes: sob a árvore mãe, alta mortalidade

Quem percorre uma floresta como a da estação ecológica de Caetetus, na região central do estado de São Paulo, pode encontrar plantas de guarantã (Esenbeckia leiocarpa) crescendo de forma bastante aglomerada, com poucos competidores sob suas copas. Pensava-se que essa espécie, de algum modo, prejudicava o crescimento de outras e que a ausência quase completa de outras espécies poderia favorecer a sobrevivência de seus descendentes.

Na realidade, não é bem assim. “De modo oposto ao que pensávamos, o efeito do guarantã sobre suas próprias plantas é muito maior do que sobre outras espécies nativas”, concluiu a botânica Flaviana Maluf de Souza, do Instituto Florestal (IF), por meio de experimentos controlados na mata, em colaboração com seu colega Geraldo Franco e Ragan Callaway, da Universidade de Montana, Estados Unidos (Plant Ecology, abril).

“Sob a copa de outras espécies, a sobrevivência das plântulas [embrião já desenvolvido e protegido na semente] de guarantã é maior”, diz ela. Em seu estudo de campo, Flaviana plantou grupos de 200 sementes (100 de guarantã e 100 de cedro) sob guarantãs adultos e outras 200 sob árvores de outras espécies. Embaixo do guarantã, a germinação de suas plântulas foi 64% menor do que sob outras espécies; no caso das plântulas de cedro, essa diferença foi de 35%, o que mostra que o efeito negativo do guarantã sobre seus descendentes é bem maior do que sobre o cedro, possivelmente porque as mudas de guarantã competem mais entre elas do que com outras espécies.

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